terça-feira, 27 de julho de 2010

Ode aos pulhas

Cuspa sobre minhas mãos que constroem o mundo.
Eu evoluí na modernidade,
já sou um número, um índice.
Quero retratos na parede: todos os carros que tive.
As promissórias povoam a estante. Os livros fogem.
Adeus Marcel, adeus Miguel, adeus Hugo.
Suas histórias precisam de mais tempo do que posso dispor.
Minha boca é alimentada com o fantástico sabor do isopor.
Rima infeliz, eu sei. Mas é real o deserto infernal do capital.
A estátua da liberdade está nadando em direção ao Brasil.
Logo seremos patetas perfeitos, com roupas cheias de estrelas brancas.
Deus irá falar conosco e todos nossos filhos chamar-se-ão georges.
A voz de deus em megafones de plástico.

— bombardeiem o irã; amem israel
— bombardeiem o irã; amem israel
— bombardeiem o irã; amem israel

E responderemos balindo com sinetas made in china pro natal:

— sim, bem; amém
— sim, bem; amém
— sim, bem; amém

Depois é só privatizar a petrobrás.

“...o homem que ainda sorri, não sabe das más notícias.”
Bertold Brecht

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