segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

I'm made of dust, crumbs, illusions...


[...]
Lábios de carne.
O sangue zune.
Os ouvidos vêem Deus.
Ali ele existe.
No pré-êxtase de explodir vulcão.
A mão lisa fêmea nos bagos.
Baco! Eu sou Baco.
Dionisicamente Baco.
Ninfeta, como quero tua língua!
Belo é o crepúsculo fálico do gozo.

[...]  
Não há culpa se as coisas são tristes.
Se o modo com se abre a porta,
se enche o copo d’água e se serve a mesa o são tristes,
é porque tudo é dolorosamente feito da mesma forma,
nas engrenagens do dia-a-dia, nos dentes ácidos da monotonia,
na pasmaceira da vida morta.
Não há culpa nisso.
E se não se faz isso tudo, parece que não há vida.
É pouco o que se tem, o que se sobra.

Imersa na carne, no sangue,
os olhos da demência anunciam tristeza:
no som da campainha,
na voz ao fone,
no vidro que transpassa a luz,
no sol que aquece os pratos limpos,
na cor do carro que ainda não foi pago.
Tristeza.
Agonia.
Violão desafinado ao menor fluir da brisa.

Se eu fosse mais forte, como um cais,
cortaria os pulsos em cacos de lâmpadas,
em pontas de vasos,
em fragmentos de espelhos.
E deixaria a nau partir.

Viagem de alivio à imensidão do nada.

[...]

A lua na longa noite dos esquecidos.
Melhor ser feliz em tempo e sobre a plantação de trigo.

É lua da semana santa,
O “senhor” é morto.
É a hora da bagunça.
Ele não nos vê, assim não julga.

Queres eu da lua sonho.
Saciação.
Ardência. Serenidade. Explosão!!

Queres eu da lua minha amada.
Pele branca. Seios fartos.
Ejacular-se-ia acordes em sol.

À luz da lua, luz florestal,
luz fosca da lua,
ao bronze dos olhos pássaros,
é noite,
então beberei o vinho. 

E bêbado, Baco, tonto, verei na mariposa que rasteja no ar, 
a ninfa que acreditei um dia ter percebido em profundezas arbóreas,
na curva mansa do rio das minhas 8 vidas.   

[...]

...e Brahma dançou sozinho e extraiu sua amada do próprio corpo...



 ...e assim seguiu em paz, na beleza do silêncio...

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