sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Kalimba - neolithic jazz

E se fôssemos fundo na noite, nas alucinações dos tambores,
nas vozes das florestas, 
seres que mergulharam numa escuridão sem fim,
no hálito das árvores, nos olhos pássaros do breu?

deus nenhum dorme no fundo do limo da curva do rio,
há os olhos daqueles que espiam o que não são,
os passos da lua no firmamento carregado de pedras brilhantes,
a rave neolítica dos degradados filhos de ninguém,
as almas macunaímas que se deitam pra ver o céu girar,
peregrinos do limbo, do limbo ao vazio dos sentidos.

os escuros profundos diante dos olhos são nossas cabeças por dentro,
nossas mentes, a dança das noites em que nos perdemos ao encontrarmos a primeira clareira de pedras pré-humanas.

a voz de Iara num eco sobre as cores da mata.
as cores se projetam em sons de pássaros,
mariposas de pedras preciosas,
esmeraldas que fumaremos amanhã,
entre as pernas de Iracema.

e se de tão perdidos na densa mata noturna,
chapados de olhos vermelhos,
sacis e outros demônios,
entendêssemos que ali estávamos ao sol do meio dia?

 
Kalimba, do LP, Sol do meio dia, Egberto Gismonti - ouvia isso num passado distante, quando ainda não tinha nenhum fio de cabelo branco. Boa maneira de se começar o ano. flz 2015.

  
  


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