Prefiro o corpo da mulher nua a qualquer
ideologia, religião ou arte. Prefiro o ócio à labuta. Desejo a inércia enquanto
o planeta descreve sua trajetória na busca pela catástrofe. Dedicar-me-ei ao
nada para mostrar meu parco amor a ti, oh! Gaia, que agora és a dona de minha não
ação, enfim.
Penso mais nas árvores do que em Deus. Quantas
não foram sacrificadas, transformadas em papel para que se escrevesse, numa ode
à banalidade, que era preciso amar ao ser perfeito sobre todas as coisas e
muito pouco a natureza (?). Que tamanha vaidade é essa que deseja palavras de
veneração, bajulação, enaltecimento impressas em papel por seres tão
insignificantes, vulgares e descartáveis como nós?
Desejo a sombra solitária, o canto do regato,
o azul sereno das montanhas distantes. Amo a terra forjada pela explosão dos
vários fogos em suas entranhas e também o sol, esse deus impiedoso e democrático
que jorra luz aos quatro cantos e me aquece os ossos, amadurece a uva, fermenta o
vinho − a morada dos deuses − e ainda é
o astro que dá sentido à cerveja gelada, ao banho de rio, à nudez dos corpos.
Quero esculpir silêncios. Antídotos às
mazelas exaladas pelas bocas da mediocridade teológico-capitalista-digital. Sonho uma poesia visceral que ilumine os recantos do espírito humano e que o bolor, no qual se prolifera o fascismo que reduz a condição humana ao rastejar das quatro
patas, pulverize-se nas centelhas
dos bosques, onde as ninfas servem o vinho santo aos ateus e aos ‘atoas’, seres mergulhados nos acordes lunares de Debussy.
Que os homens silenciem dentro das canções,
não há mais o que dizer. Chega de lamúria, preciso de um acorde que me faça
viver a doce manhã que toquei com as pontas dos dedos, quando o vendaval racional
cessou por alguns segundos, ou se esqueceu de mim, não sei. Ofereço meu violão
em sacrifício pela lua e que assim, como a um sacerdote pagão que persegue a uma
dádiva, a mim seja permitido sentir os lábios da maça fresca e despudorada mais uma vez. Depois vagarei pelo deserto, como se fosse eu o beduíno que busca
o solo mais sagrado para se deitar e morrer ao lado do amor que escolheu.
Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Muito bom.
ResponderExcluirAuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Muito bom.
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