"...como um rio que não conhece sua fonte,
nem sua foz, mas que 'cavuca' as margens
de terra por todos os lados". Deleuze
“Precisamos da arte para dar sentido às
nossas vidas, pois nossa visão intelectual do mundo é superficial”. Com essa
frase o bom e velho Nietzsche, como se fosse um mestre de cerimônias circense,
ou tal como um psiquiatra que estudou Jung, buscou maneiras de aliviar a
condição humana da apresentação de si mesma para os próprios olhos. Melhor que
esses ‘despudoramentos’, esse striep-tease humano estético seja feito pela
arte. Fossem feitos por outras esferas, a morte pela decepção seria uma catástrofe
coletiva que nos levaria a uma catarse tétrica: todos mortos diante de todos
nós mortos. Olhos opacos, sangue inerte, azêmulas binárias: republicanos ou
democratas? E mais nada.
É só através da arte que poderemos escapar da
esquizofrenia do capitalismo. Giles Deleuze, a grosso modo, disse que a
sociedade produz em massa a subjetividade que usamos para formar os ‘indivíduos’
que acreditamos ser. Padrões, dispositivos, referências históricas são
avalanches de significados que brotam dos desejos da máquina de pensamento
coletivo e que são degustados numa missa economicista, onde as hóstias são os
significantes (palavras). Somos sempre agenciados, moldados pela subjetividade
da coletividade. Esperneamos através da política e só podemos nos libertar pela
arte. (em tese)
A sociedade econômica produz, freneticamente,
um dos conjuntos de subjetividades que nos agencia em moto perpétuo. O chorume dessa
subjetividade capitalista nos leva à uma paranoia, a uma esquizofrenia que
tratamos com uma forte dose de um paliativo histórico: a árvore do pensamento filosófico
tradicional. Tal árvore pode ser assim descrita: raiz = metafísica; tronco = física;
o fruto e a copa = ética/moral. O poder estaria nas mãos daqueles que podem
determinar o valor de Pi do fruto. Seus limites, suas dimensões, sua funcionabilidade,
sua posse, etc.. - A imagem do pensamento humano não é uma árvore, mas sim um rizoma (raízes entrelaçadas no subsolo da Terra) em eterno cruzamento de linhas, perspectivas e links.
Dessa forma, não há, não pode haver
indivíduos nessa máquina que produz sujeitos (‘assujeitados’) em meio a um mar de
subjetividades padronizadas. Só há o ‘ser’ ‘a-sujeitado’ que, num
projeto-pedagógico-educacional-transversal-curricular-universal, é idealizado para
um ‘devir’ em consonância com o estereótipo de cidadão-padrão que, com sua
subjetividade molecular − cada um é uma molécula – assassina sem tréguas o
indivíduo de seu DNA. Os parâmetros são frutos da esquizofrenia do capitalismo,
que é fruto da subjetividade do pensamento humano, explicado, eis o paradoxo,
por um pensamento racional humano desterritorializado: a árvore da filosofia
tradicional.
Mas na arte podemos frear a esquizofrenia com
a melancolia, com a depressão, com o sarcasmo, com a violência e até, às vezes,
com o orgasmo da produção de uma obra. É a estética da beleza que nos leva aos
ermos territórios dionisíacos, onde significados e significantes se emudecem e
a música edifica-se com a própria vida. Mas há sempre o perigo que vem do Hades:
a indústria cultural que multiplica o bálsamo Dionisíaco. Adorno não nos deixa
esquecer por muito tempo a esquizofrenia subjetiva multiplicada pelo
capitalismo e da máquina que se edifica por de trás do todo.
E no mais profundo dos fundos dos abismos precisamos
nos inventar. Não pode haver outra maneira de sermos humanos, a não ser naquela
em podemos nos inventar, sempre, sem a ditadura da subjetividade coletiva; sem o
estrangulamento do desejo, que é o movimento próprio de cada um, em favor da busca do
cidadão padrão reluzente na tela do mundo, o altar do deus esquizofrenia.
Procure respostas em Magritte. Terapias só
podem levar você a uma consonância com a esquizofrenia que diz que todos nossos
problemas, históricos e culturais, se resumem ao complexo de Édipo consumista.
Magritte e a impossível tentativa de pintar o corpo humano.
pois estamos condenados a nos inventar sempre,
mesmo que abracemos a esquizofrenia da sociedade
em claro ato de má-fé. Mesmo ainda que sejamos, nós mesmos,
indivíduos livres, será uma invenção.
Absurdo? Não, loucura racionalizada.
Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Muito bom!
ResponderExcluirPorque a Arte, em todas as suas formas, há de nos salvar a vida!
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