sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Marxismo de direita!!!! Como?


  

Uma parte significativa do mundo acadêmico deseja a 'morte' de Marx o mais rápido possível. Digo sua morte filosófica; não veem a hora de poder enterrá-lo no mundo do esquecimento, na Terra do Nunca, junto com Peter Pan. Mas é fato que o bom e o velho Marx desenvolveu uma crítica interessante sobre o capitalismo. Seu segredo? Foi ter lido Balzac. Isso é um segredo, por favor, você que é anti-marxista, não conte esse segredo ao mundo: foi Balzac quem mais ensinou Marx sobre comportamento da burguesia do que os economistas da época.
Bem, o que quero dizer é que Marx desenvolveu o conceito do economicismo para melhor interpretar o comportamento antropológico dos indivíduos nas sociedades que apostaram seu desenvolvimento no livre mercado. Ou seja, dentre os vários aspectos que compõem a vida humana, cultura, religião, política, conhecimento, economia, essa última seria a mais importante. É o que possibilita nossa real interpretação da condição humana. Confira os dados econômicos de uma sociedade de consumo e se poderá entender se ela vive bem ou não.
Marx discordou de um deus da filosofia, Hegel, que dizia que pensamento e realidade formavam uma só coisa. Hegel, no século XVIII, afirmava, também, que o Império Prussiano, no qual vivia, era a forma mais avançada de civilização, o ato pleno da sofisticação e do progresso. Ou seja, no Império Prussiano a humanidade estava no seu auge.
Hegel mantinha-se tranquilo porque acreditava que a consciência histórica dos indivíduos impediria a repetição dos erros anteriores. E mais, a sofisticação havia chegado graças ao processo dialético, um eterno atrito de ideias onde haveria sempre a ideia síntese  (a base histórica, o momento) e a 'ideia' contrária, a antítese (crítica/criatividade/inovação). Tal processo, que não cessava nunca na mente humana, causava o desenvolvimento da sociedade. (Os gregos antigos conheciam bem a dialética). 
Mas de onde vinha a dialética? Para Hegel, nascia do pensamento humano, que produzia tanto pela racionalidade especulativa, quanto pelo empirismo, que era a ação de aprender com as experiências. Um exemplo prático, no Brasil de 2018, da necessidade da dialética: será que aprendemos que o preço de nossos combustíveis atrelado ao dólar se tornou impraticável? Até quando poderemos suportar a isso? Qual antítese para tal fórmula? A tese, ou a síntese da dolarização dos preços dos combustíveis, numa sociedade que recebe seu salário em reais, necessitada de uma antítese, de uma contradição. É isso que move o processo de desenvolvimento. (E antes tarde do que nunca).
Claro que o processo dialético é uma lâmina cega, que tanto pode ir adiante, em termos civilizatórios, quanto retornar pras trevas do pensamento humano. Um código penal pode evoluir em direção a uma racionalidade moderna e eficaz, ou retroagir em direção ao código de Hamurabi, um código que já cumpriu seu papel, sua síntese. Retornar a ele seria um retrocesso.
Mas e Marx, como embarcou nesse processo dialético indicado por Hegel? Marx entendia que tal processo se dava em função das necessidades biológicas e materiais dos indivíduos. Que a mente humana e a consciência se construíam em função de como as sociedades venciam seus obstáculos. Saciar a fome, vencer o frio, dominar os animais, criar deuses, desenvolver agricultura, criar o Estado e manter a ordem era um conjunto de conceitos que se processava de forma dialética na mente dos indivíduos, e isso de forma integral; numa analogia, um conjunto de aplicativos, porque o sistema operacional, a nave mãe do processo do desenvolvimento humano era (ou é) a economia e sua dinâmica.
O pensamento crítico de Marx supervalorizou a economia e seus efeitos sobre entendimento da sociedade sobre si mesma. Assim, convencionou-se chamar tal conceito de 'economicismo'. Por isso, tal como Noam Chomsky, creio que os debates políticos modernos se dividem entre marxistas de direta e marxistas de esquerda. Chomsky até brinca e diz que Trump é um marxista de direita. Como?
É simples: marxistas de direita: são aqueles que acreditam que a sociedade vai usufruir melhor da economia se ela for projetada e idealizada para favorecer o acúmulo de renda gerado pela concorrência. Esse acúmulo de capital em poucas mãos, um dia será re-investido e a circulação do dinheiro continuaria a criar uma demanda por empregos e com isso a sociedade se manteria em níveis regulares de qualidade de vida. Deus salve a América! This is american way life. Diga-se de passagem, o que corrompeu tal mundo foi a especulação em excesso, que desconectou a economia real da economia virtual especulativa financeira.
Do outro lado estão os marxistas de esquerda: são aqueles que acreditam que a economia deve receber estímulos e controle parcial do Estado para que a circulação do dinheiro nunca cesse, e sua continua demanda mantenha empregos e concorrências num mercado livre, em convivência pacífica com programas sociais. E ainda: por vezes, tal mercado deve ser subsidiado, principalmente em sua matriz energética.
Mas as discussões políticas modernas não se limitam ao economicismo. Existem as questões morais e éticas: sexo, arte, família, religião, educação, comunicação, liberdade e etc. Entramos assim numa seara até mais complexa. Marx se defendeu bem dessa armadilha ao dizer que o modo de produção e de consumo determinam a moral e a ética dominante.
Concordo, pois quem discordaria da forte influência do consumo, e sobretudo do que se consome, nos valores morais e no comportamento ético? Seria um clichê dizer que o celular e a internet tornaram a imagem do outro, do próximo a que devo amar com a mim mesmo, segundo cristianismo, algo descartável e alimento contínuo de escárnio e depreciação, graças a uma tecnologia eficiente e de fácil acesso mercadológico?
Bem, pra falar de moral precisamos de Kant, de Immanuel Kant. E de Nietzsche, por que não? Mas num outro texto. Abraços.                     
                             
  
                  
    



sexta-feira, 8 de junho de 2018

História


No que estou pensando? Que agora é moda grupos de pseudos filósofos aparecerem em vídeo e afirmarem, categoricamente, que a guerrilha de esquerda, na ditadura militar do brasil, não lutava por liberdade. Autores desses respectivos vídeos ainda pedem, de maneira truculenta e deselegante, no mínimo, para que, internautas, após assistirem tais vídeos, os 'esfreguem' na cara de professores de História, porque são todos petistas. Bem, em tal período, os Liberais brasileiros se omitiram, ou pior, juntaram-se à ditadura e perderam o direito ao título de Liberais. Pois o Liberalismo inglês do século XVII, de John Locke, pregava o tiranicídio, que se resumia na ideia de que todo tirano deveria ser executado em praça pública, em nome da liberdade, do Estado de direito e da representatividade democrática. Num paradoxo, a esquerda do brasil fez o papel que liberais deveriam ter feito. Era um período cruel e sanguinário. Eduardo Collen Leite, o Bacuri, preso no doi-codi, acusado de ser um guerrilheiro, recebeu em mãos a edição da Folha de SP, a Folha da tarde, que seria publicada dali a horas e que noticiava em primeira página que, ele, o Bacuri, o próprio a ler o jornal, 'havia morrido' num tiroteio com os militares. Morto, primeiramente, na mídia; depois executado com requintes de crueldade e sorrisos sarcásticos no doi-codi. Era contra essa gente que a esquerda lutava. Era com essa gente que a direita 'liberal' se juntava.

domingo, 4 de março de 2018

O socialismo e o individualismo


Vários pensadores procuraram idealizar um sistema que fosse justo e universal. Em nosso senso comum, o socialismo é um sistema que parte da ideia de uma estrutura que seja a base, como um sistema operacional, para que os componentes, indivíduos, possam agir dentro de sua existência (o ser). Toda forma imaginada de socialismo, a priori, é recebida como algo fadado ao sacrifício de individualidades, somado ao peso de um Estado ineficiente.
É preciso entender que nem todos os socialistas são marxistas. Nosso 'asneiral' maior, as redes sociais, deseducam firmemente os 'leitores' que lêem 'articulistas'  que por lá se atrevem a misturam Venezuela com o enredo da escola de samba do Paraíso do Tuiuti. Thomas More e Tommaso Campanela, ambos do século XVI, são considerados socialistas utópicos (utopia, de sonho). Augusto Comte, Positivista, criador do lema, Ordem e Progresso, no século XIX, também é considerado um socialista utópico, não marxista.
Hitler também pode ser considerado um socialista, só que distópico, de pesadelo, e que também não é marxista. Ele partiu do seu próprio 'Eu', com o livro, Minha Luta, que diga-se de passagem, expõe o individualismo extremo em seu título, para imaginar uma sociedade que ansiava por ordem e desenvolvimento com base, não só na propriedade e no mercado livre, como também no extermínio daquilo que impedia o crescimento de tal sociedade: a cultura judaica. Podemos dizer que os massacres humanos, advindos das ideologias de Estado, nasceram de desejos individuais de organizar a sociedade.
Se fizermos outra comparação, semelhante no desejo, mas oposta ao resultado alcançado por Hitler, Cristo também era um socialista não marxista. Ele propagou a ideia de uma ordem que propunha diluição do poder, circulação de renda e a própria existência humana como cerne da sociedade e não como componente subjacente a um sistema macro econômico que massacra indivíduos.
O próprio antipetismo que circula de boca em boca, e faz festas nas redes sociais com os  vídeos do MBL, também é uma forma de socialismo não marxista, que esconde por de trás de sua crítica a um PT, também nada socialista marxista, (vide 13 anos de governo neoliberal, baseado no consumo) um mundo idealizado pela extrema concentração de renda, pela repressão, conservadorismo moral de ocasião e outras atrocidades mais, que em suma, formam uma distopia, ou seja, um pesadelo pra sociedade. O suposto 'Brasil Livre' que propagam em suas ideias, nasceu de um delírio individual também. E claro, intoxicado de desejos e razões próprias. Quem comprar tais ideias, lógico, enriquecerá os seus 'proprietários'.
Qual melhor sistema? Em meus parcos devaneios, acredito no Liberalismo clássico, que surgiu após a Revolução francesa, e deve ser alimentado por uma crítica marxista, não pela ideologia, e mantido pela positivação de leis com base num executivo/legislativo representativo. Evidente que os judiciário não pode ser utópico, menos ainda distópico, pois se for um ou outro, estará a um passo da tirania, que é o que surge após sua corrupção, que se inicia pela parcialidade de julgamentos. O judiciário não deve ter outra função senão a de julgar se a universalização das leis, que é a racionalidade da sociedade em ato, foi ou não burlada.
Como pode perceber, leitor, quando 'Dallagnols, Bolsonários e Cia' com pseudo discurso idealista de que um mundo melhor virá após o 'trabalho' deles sobre a Terra, entenda, isso também se constitui numa forma de socialismo não marxista, pois usa o 'moralismo' idealizado para criar a ideia que de um mundo melhor no futuro. Que os Reis Magos os abençoe e os afaste do fascismo.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A febre amarela



Caro fascista, é preciso que eu seja um monstro, um protetor de ratos, alguém anacrônico, despossuído de um juízo para que seu pensamento possa ser justificado. E digo: não há ilusão maior do que essa. Sim, como justificar os livros que você não leu, os textos que você não escreveu, a palavra que você não proferiu, o debate que você não fez e os adjetivos que proferes ao próximo que desejas longe, mesmo sendo o país uma república?
Não, nem é preciso que respondas. É só uma massa de desejos que brota de dentro de ti e que precisa de ideias prontas, de conceitos mastigados e de um molde em que teu corpo caiba pra dizeres, assim, que és 'normal'. Nada mais 'humano' do que o nazismo e o fascismo, porque se impõem com violência sobre o indivíduo e o obrigam a propagar ideias prontas em nome de uma suposta ordem, a qual não lhe é de direito opinar. É a mesma lógica do poder dos chefes das bocas de fumo sobre seus capangas.
Por isso o cristianismo é supra-humano. Só faz sentido se seus adeptos forem além de si mesmos. Deus se fez homem e como tal, mesmo dentro de suas limitações, se colocou diante de Roma como alguém que era justo; ante aos vendilhões do templo, os especuladores da época, como um guerrilheiro da honestidade; ante as prostitutas, como alguém tolerante; e contra os sepulcros caiados das instituições religiosas, colocou-se como alguém que procurava a inocência das crianças. Pois é delas o reino dos céus.
Vejo o mundo como alguém racional, e não como um beato da terra em transe, pintada de amarelo, em delírio profundo, aspirando pela destruição do Estado em nome de algo que nem sabem bem o que é. Vejo que os bodes expiatórios, eleitos pela ignorância, são 'humanos, demasiadamente humanos' e não diferem, moralmente falando, de seus críticos. A discrepância entre a visão sobre seus objetos de crítica, e o que eles são realmente, incidam uma neurose que já se constitui em doença grave. Não é o que é. É o que o desejo forjado na cachola neofascista impõe para que seja transfigurado em razão política. Teu títere tem toga, ou é dono de televisão, ou é provedor de internet, ou é a própria especulação financeira.
Cabe a você proliferar o discurso que interessa ao poder do qual você não faz parte. A assepsia que o neofascismo deseja pro mundo é 'evangelizada' por você, um a drone que atira e vigia seletivamente em prol da submissão dos povos. Por isso é preciso destruir todo o Estado Constitucional de Direito e transformá-lo em lucro. Menos a segurança pública, a polícia que mata em nome de seus negócios e que deve ser mantida com dinheiro do contribuinte; o neofascista não quer custos. - Esses eram os sonhos de Mussolini.
A inversão da lógica causada pelo delírio dessa demência amarela é prontamente diagnosticada quando o contaminado propaga, aos quatro ventos, que o atraso do país é culpa dos miseráveis que vigiam os carros, ou dos que recebem o bolsa família, ou daqueles que se beneficiam do prouni. Ao culpar a base excluída, e não o pseudo-empreendedor que se metamorfoseia em especulador e caloteiro do dinheiro público, e que a ele foi emprestado para desenvolver do mundo ao seu redor, identifica-se o capacho do fascismo. É esse homem comum que banaliza o mal e o diversifica na estrutura social com ares de 'racionalidade. Enquanto faz isso, protege, como a um sabujo, a elite predadora do Estado brasileiro. 
Quando a bestialidade da política se torna a apoteose de um espetáculo de carnaval, significa que a farsa superou a tragédia. Os livros de História, mesmo proibidos pela amoralidade da tal 'escola sem partido', dirão, no futuro, que houve um tempo em que os brasileiros foram as ruas pra pedir pra serem escravos. Afinal, a fraternidade é branca, a igualdade é vermelha, a liberdade é azul e a demência, amarela.