sexta-feira, 8 de novembro de 2019

A incompatibilidade do professor com o fascismo



A influência do nazi-fascismo no pensamento político

A palavra, fascismo, descende de uma arma usada no império romano, fascio littorio, um machado com cabo feito de varetas − fascio − que um soldado (lictor) usava para proteger os magistrados. Significado: uma vareta isolada é fácil de quebrar, mas várias bem amarradas entre si são inquebrantáveis. Foi desse objeto que se extraiu o conceito de que a ‘União faz a Força’, cujo significado deveria ser adequado à vida em sociedade.
No século XX, 1914, na mesma Roma, Benito Mussolini criou o Partido Nacional Fascista, que não possuía um estatuto definido, nem um manual doutrinário impresso, mas se desenvolvia com base nas respostas de Mussolini aos mais variados problemas da Itália. Ou seja, a visão empírica de Mussolini sobre a realidade foi a base ideológica do fascismo na Itália. Visão essa temperada por valores de tempos passados, onde Roma era o centro do mundo, graças a sua capacidade de se organizar coletivamente.
Logo após a primeira Guerra Mundial, Mussolini afirmava que o grande problema da Itália era a falta de uma união nacionalista capaz de redimir a Itália da fragmentação. O remédio, claro, era a manutenção de uma sociedade padronizada que levaria à Ordem e ao Progresso. Mussolini propagava que o papel do Estado era fundamental para que o fascismo triunfasse, por isso o mesmo deveria se ocupar somente da segurança pública, todo o resto deveria ser entregue à iniciativa privada (o que caracterizou a ideologia como extrema direita), para que trabalhasse de acordo com as diretrizes desse mesmo Estado. Ou seja, Mussolini pregava uma desestatização desenfreada no setor econômico.
Dessa forma, a receita do Duce para a construção da então ‘moderna’ sociedade italiana dos anos de 1930, partia da premissa de que todo indivíduo deveria ser moldado e adequado à máquina moral do Estado fascista. A família, a escola, o exército, a religião e a cultura deveriam ‘aperfeiçoar’ o indivíduo para que se tornasse uma eficiente peça subjacente ao sistema Estatal que o ‘protegeria’ das ‘perversidades’ da vida. O indivíduo precisava querer se integrar ao sistema com boa vontade, humildade, dedicação e com desejos de propagar tal ideologia. Em poucas palavras, o indivíduo era ‘livre para escolher o fascismo, ou o fascismo’.
O fascismo se espalhou pela Europa após a Primeira Guerra Mundial, mas foi na Alemanha que adquiriu contornos mais ‘sofisticados’ sob o ponto de vista da ideologia em si, e do poder de alcance de um Estado Totalitarista no continente. Hitler, ex-soldado da Primeira Guerra, artista amador (pintor) e amante da música de Wagner, encheu de esteróides o fascismo italiano com seu livro, Minha Luta, Mein Kempf, e o introduziu no Partido Nacional Socialista alemão, ao mesmo tempo em que o dominava politicamente.
O primeiro livro que Hitler ‘queimou’, literalmente, foi o estatuto desse Partido Nacional Socialista, onde seus discursos apaixonados tomaram corpo na ‘consciência’ de um gigantesco número de indivíduos desesperados, vítimas da crise econômica alemã, a ponto de abrirem mão da própria opinião e senso crítico para abraçarem a ‘esperança da criação de uma de nação paraíso’ que se ergueria, e o mais breve possível, quanto mais fosse capaz de destruir seus inimigos ‘históricos’, que era a própria diversidade humana constituída pela somatória das individualidades.
Ou seja, o nazi-fascismo, na Alemanha, era uma máquina estatal programada para destruir as diferenças, e se tivesse conseguido alcançar seu destino terminaria vazia de seres humanos, pois continuaria sua destruição mesmo entre aqueles que a edificaram. Esse ‘distópico’ e constante movimento destrutivo, alimentado por uma ânsia insaciável pela assepsia da diversidade, levaria esse sistema a criar um único e ‘feliz’ sobrevivente, o estereótipo do homem branco, ariano, capitalista, cristão e alemão, diluído numa massa de pessoas uniformizadas e sem nenhuma visão crítica da História e de seu próprio papel no mundo.     
O nazismo, (abreviação de nacional-socialista), decolou rumo ao poder com as aberrações propagadas por uma mente doentia, intoxicada pela “banalização do mal” e se transformou numa ‘consciência’ coletiva e sem pudor algum. Sua tétrica história, cujo ápice foi a utilização da ‘razão’, da tecnologia e da ciência para sofisticação de campos de extermínio do povo judeu, deve habitar a dolorosa memória coletiva histórica. Eis o motivo da necessidade constante de uma racionalidade crítica e democrática, no mundo ocidental republicano, para que a humanidade nunca mais pratique essa desumanização desenfreada, sofisticada e, eficiente tecnologicamente, com ela mesma.
Sim, a corrupção da razão humana foi usada como um bisturi para mutilar o corpo social diversificado para a edificação de uma barbárie sofisticada e altamente organizada. Matar com eficiência, e em alta escala, tudo aquilo que não era ‘nazista’, era sinônimo de um progresso abençoado por Deus e pelo Fuhrer. Afinal, diziam, e ainda dizem, os irresponsáveis simpatizantes do neo-nazismo, que Hitler recuperou a combalida economia alemã no período do entreguerras, o que justificaria as atrocidades cometidas como ‘meios’ que produziram fins entendidos como desenvolvidos e de uma nova ‘civilização’. Ou seja, uma demência.       
O nazi-fascismo representou a expressão maior do pensamento da ultra direita, onde um Estado (i)moralmente opressor e incompatível com o desenvolvimento cultural e artístico dos indivíduos, já que os mesmos deveriam ser padronizados pela moral da estética nazi-fascista e, caso o contrário, agissem eles mesmos por concepções próprias, nessas expressões culturais, tornar-se-iam ‘subversivos’ e passíveis de um ‘afastamento’ do convívio social, pois eram ‘identificados’ como um vírus no organismo criado pelo Fuhrer. Logo lhes caberia a censura e a condenação à morte, em nome do ‘bem’ da sociedade.
Faz-se necessário entender que, se a ultra-direita nazi-fascista privatizou o sistema econômico, em contrapartida, estatizou a estética e os caminhos que deveriam levar às expressões culturais de um modo geral. O Fuhrer só poderia ser exaltado, jamais criticado. A maneira como o Estado (o Fuhrer) determinava como o indivíduo deveria ‘ser’, afastava do horizonte o sentido democrático da sociedade e com ele o parco conceito da liberdade individual histórico filosófico. – Entenda-se o Estado de Direito como algo conduzido por uma Constituição e não por uma pessoa que se diz líder, mito, enviado de Deus, dono da razão, etc..
Podemos nos arriscar em questionar, dentro dessa sociedade nazi-fascista, qual seria o papel do professor e da própria Democracia, já que nos dias de hoje, em pleno século XXI, o espectro do nazi-fascismo emergiu com uma relativa força após a crise econômica de 2008, num ‘remake’ mais ‘suavizado’ do que ocorreu em 1929, onde o nacionalismo exacerbado levou ao altar do poder, na Europa, o nazi-fascismo como solução para os problemas criados pelo chamado ‘capitalismo constitucional ocidental’.
Parece que é quase sintomático: depois das crises econômicas, 1929 e 2008, a civilização ocidental adentrou numa ressaca de teor nazi-fascista. É paradoxal que esse nazi-fascismo pós-crise imobiliária de 2008, esse que nos ameaça, tenha dificuldade em se generalizar, a bem de todos nós, graças aquilo que também o fez se espalhar de uma forma muito maior do que se supunha imaginar, em tempos atuais: a internet com suas redes sociais, com amplo poder de divulgação de falsas notícias e falsas interpretações da realidade histórica. Porém ela é também o lugar onde se combate essa abominação.
O neofascismo tenta se propagar, nesse século XXI, por meio de um método que visa substituir a História por teses individuais de viés neo-totalitaristas. Esses nazi-fascistas pós-modernos (a benção Bauman, pelo termo pós-moderno) são os iconoclastas atuais da História. E o que vai nos proteger da extensão e contaminação do fascismo que ocorreu na primeira ressaca, após 1929 até 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, e mais suas conseqüências devastadoras para a humanidade, é nossa capacidade de manter o senso crítico de punhos em guarda e no centro do ringue do debate político. Afinal, as forças produtivas do Capital devem ser direcionadas pelo discurso político, ou o discurso político deve ser formatado pelo discurso econômico engendrado pela força motriz do capitalismo financeiro? “Ser ou e não ter; ter e não ser, eis as questões!” Ou seja, o fascismo surge da oscilação do sistema capitalista. Em períodos de declínio econômico, crise, a vingança se transforma em sentimento de justiça ao eleger os culpados por essa mesma crise. E o pior é que a esperança coletiva é substituída por um sentimento de extermínio, uma semente bizarra pra ser usada em nome da construção de um futuro para as futuras gerações.                  

A incompatibilidade da Democracia com o fascismo   

1)      A Democracia

A Democracia surgiu na Grécia Antiga, em Atenas. Foi um processo político que se iniciou no século VII a.C., com Drácon e teve seu auge no século IV a.C, com Clístenes e Péricles. De forma resumida, o povo ateniense havia conquistado uma série de direitos graças aos movimentos políticos, pois Atenas não tinha um código de leis fixo, era esse processo político, baseado nas discussões na Àgora, com suas votações abertas, quem determinava o formato da razão ‘legal’ que habitaria o senso comum do cotidiano ateniense.
A palavra Democracia pode ser traduzida como o ‘poder que vem do povo’. Porém, a palavra, ‘demos’, tinha vários significados, mas para o processo político, tal palavra era sinônima de ralé, ‘povinho’, os pobres e etc.. Para outras cidades-estados gregas, onde o poder era aristocrático, democracia significava, ‘poder dos pobres sobres os ricos’. Lembrando que aristocracia é justamente o contrário.
O motivo dessa forma política, baseada na diluição de poder, ter nascido em Atenas será sempre um mistério. Talvez possamos nos arriscar em ressaltar o aspecto metafísico dos gregos e sua relação como os mitos. Os gregos acreditavam que todo cidadão comum, ao ‘desencarnar’, habitaria o mundo inferior controlado pelo deus Hades, cuja descrição se igualaria ao inferno cristão. Vida eterna, na Grécia Antiga, ‘feliz e farta’, somente aos heróis que os deuses, em seu eterno Olimpo, permitiam nos Campos Elíseos.
Muito provavelmente, os habitantes de Atenas, influenciados por esse tipo de senso comum, entendiam a realidade, ‘grifo nosso’, como algo efêmero. Deveras, qualquer um, com um mínimo de senso crítico, perguntaria a si mesmo e aos outros qual o sentido da vida naquela cidade, onde os homens comuns não tinham terras, dinheiro, nem poder político e quando morressem, ‘submergiriam’ ao reino de Hades? E assim era desde o começo dos tempos. Mas por que não mudar a realidade?  
É inevitável apontar que, a democracia grega, surgiu como uma resposta a essas privações materiais desses homens comuns que habitavam os espaços rurais e urbanos de Atenas. A razão, que produzia as leis e as soluções para os problemas imediatos, fora invadida por uma horda de sem terras nas votações abertas da Ágora e isso transformou para sempre a história da humanidade.  − As propriedades agrícolas eram chamadas de demo; a mão de obra dessas terras também era chamada de demo.
Assim, o milagre da democracia ateniense está enraizado na capacidade de fomentar os desejos de uma vida melhor, não num futuro pós morte, mas no aqui e agora do corpo vivo, ao organizar um conjunto de idéias que se baseavam na diluição de poder, na distribuição da renda e na despersonificação do poder. Uma razão universalizada brotou da Àgora, graças aos estímulos de três ferramentas que habitavam o discurso político, ou melhor, o direto do cidadão ao discurso político: 1) isocracia: todo cidadão tem direitos políticos iguais; 2) isonomia: todos são iguais perante a lei; 3) isegoria: igualdade dos cidadãos no direto à liberdade de expressão.
Se no fascismo do século XX o Estado se transformou num cão de guarda da propriedade privada, ao mesmo tempo em que obrigava esses proprietários a um compromisso moral com os‘valores’ fascistas, a democracia ateniense propagava a necessidade da participação de um maior número possível de cidadãos no processo produtivo de sua polis. Mas deveriam ser cidadãos racionais, com liberdade de pensamento crítico e compromissados com esse sistema democrático que visava a alternância, não só na representatividade, como nos problemas que deveriam ser abordados por essa razão.
Nunca devemos esquecer que a polis ateniense permitiu a existência de homens como Sócrates, que apesar de julgado e condenado a morte pelo teor de suas idéias, teve uma longa história de diálogos, retóricas e críticas ao sistema (o poder) com seus amigos e inimigos. Numa sociedade fascista, alguém como Sócrates mal poderia começar sua trajetória. Lembrando que essa mesma Atenas também gerou uma série de homens de pensamentos independentes, os chamados filósofos. Um dos grandes exemplos é Platão, que produziu idéias e conceitos que eram muito mais devastadores para os eternos enamorados da concentração de poder e riquezas do que o próprio Sócrates.

Da incompatibilidade do professor com o fascismo

Bem, esse texto começou com a intenção de tentar explicar por que um professor não deveria votar num candidato fascista, numa eleição de um país republicano e moderno, em pleno século XXI. O adjetivo ‘moderno’ foi usado mais como uma noção de localização cronológica do Brasil na histórica mundial, do que como propriedade, qualidade dessa ‘nossa’ nação.
Detalhe: o Brasil está na modernidade, mas ainda não sabe qual seu papel nesse mundo, além de não saber ainda o que é ser moderno. Em termos gerais, limita-se a entender-se como um país do agronegócio. Uma definição pequena para um povo que poderia ser grande.

O papel professoral do educador no fascismo

a)      Numa sociedade fascista, ou de viés fascista, o professor estaria mais para um doutrinador cuja tarefa seria a de ‘aparar as saliências’, os ‘defeitos’ dos indivíduos para que esses possam se encaixar no padrão idealizado pelo Estado. Quanto mais o indivíduo, via sistema de educação, potencializar suas capacidades para ser uma peça subjacente e ‘eficiente’ ao Estado, melhor seria o resultado dessa educação.

b)      Inevitável concluir que tal função professoral, ao mesmo tempo em que alimenta esse sistema fascista, oblitera o desenvolvimento do indivíduo no sentido evolutivo da formação humana, ou da autoformação de uma identidade que o caracterizaria como ser único e indivisível, e que constituiria sua personalidade. Tal como as digitais dos dedos são únicas, a mentalidade, essa capacidade de ver o mundo e de senti-lo, somado à necessidade da liberdade de expressão oriunda dessa visão crítica, é também um fenômeno único e de vital importância à organização social em que esses mesmos seres (alunos) vivem. Aniquilar a criatividade e o processo crítico, em prol de uma ideologia, compromete o futuro da sociedade, tanto da ‘Arte’, quanto do ‘Empreendedorismo’ e sem falar na ‘Ciência’. – O fascismo, ao combater a criatividade e o senso crítico, em sua eterna necessidade de manter-se como poder e sentido moral da sociedade, nada mais faz do que impedir, como uma máquina de destruição, a evolução natural do processo de humanização, além de condená-lo à marginalidade. Claro, toda essa problemática existencial fica escondida por debaixo dos tapetes da razão, ante ao espetáculo da Ordem exibida por batalhões de indivíduos que deixaram de ser indivíduos, ao incorporar o desumano processo de militarização dos direitos humanos.               

c)      A própria função do professor, nessa sociedade fascista, se torna algo professoral, algo que associa eficiência ao cumprimento de um protocolo determinado por forças protocolares externas ao processo de ensino aprendizado. Essas forças fascistas externas, visando a manutenção de si mesmas, impõem a professores e alunos os estereótipos educacionais e profissionais que lhes interessa. Sob essa força de controle, o discurso professoral assemelha-se às funções de padres e pastores que produzem discursos baseados naquilo que o próprio rebanho já conhece, ou que já tenha por informação doméstica do que seja o ‘Conhecimento’. O controle protoclar fascista cria um território e uma fronteira para o conhecimento, atravessá-la, torna o indivíduo que está professoral num subversivo. Tal fronteira não pode ser quebrada e, caso ocorra uma ‘transgressão de liberdade de pensamento’, num momento de cognição, constituir-se-á uma heresia, um sacrilégio aos parâmetros da vida ideologicamente ordinária. Tal ato, se detectado pela administração da instituição, muito provavelmente retornará ao indivíduo professoral, algo no formato de sindicância, processo administrativo e/ou outra punição burocrática qualquer. Que fique claro a esse indivíduo professoral, passivo de ser processado, em qual território do conhecimento ele deve permanecer e jamais quebrar as fronteiras desse espaço autorizado. Mesmo que quem o autorize a professorar não tenha formação pedagógica, filosófica, antropológica e sociológica e etc..                           
                           

O professor e a Democracia

Numa suposta sociedade democrática, o papel do professor seria vasto e de difícil definição. Deve-se salientar que toda definição corre o risco de se tornar ideológica e logo petrificada com o passar do tempo, e muito fácil se torna incompatível com os desejos de outros indivíduos.
Nessa democracia, uma utopia ainda, nesses mesmos tempos pós-modernos, o professor deveria ajudar, permitir, estimular, o aluno a descobrir tudo aquilo que a família, o Estado, a cultura, o consumo, a educação, o trabalho ‘desejam’ dele. Que sentimentos emanam dessas estruturas em relação a ele? Que projetos essas mesmas estruturas projetam e/ou impedem em relação a ele?  Quais projetos (desejos) são os dele, quais são os dessas estruturas e quais são dos grupos sociais em que ele vive?
Já em nossa parca Democracia (i)real, um professor não professoral transmitiria a crítica a seu aluno, único bastião da imparcialidade, sobretudo quando esse passa a ser capaz de entender os discursos produzidos pelo senso comum, aqueles que alimentam as verdades que conduzem o corpo social em sua jornada histórica ‘das trevas da ignorância às luzes do progresso científico’.
Revelar as falsas verdades tais como os ‘meios’ criminosos que a sociedade edifica para seus ‘fins’ maiores’, que ela se permite cometer, mas que proíbe a ponto de exterminar um indivíduo que atue da mesma forma. O Estado pode ser livre para burlar a lei, o indivíduo não. O Estado Democrático Liberal, apesar de ser o mais evoluído e mais avançado do que as outras formas de organizações políticas ocidentais, também parte de um equívoco, de um processo ideologizado para a manutenção de si mesmo na consciência social, como a única forma de poder racionalmente organizado, até porque se basearia, em tese, na liberdade, em seu primeiro e simbólico artigo: todo indivíduo é livre porque é proprietário de sua própria força de trabalho e que, associada ao livre arbítrio e ao Estado Direto, instaura-se, nessa ‘sociedade livre’, o fim das injustiças históricas; além de cessar a predação do homem pelo homem. Fraternidade, igualdade e liberdade.
Em Nossos tempos ‘líquidos’, as mentes racionais do Iluminismo do século XVIII precisam de nossa ajuda. Precisamos reescrever seu primeiro artigo simbólico: a primeira propriedade de um indivíduo não é sua força de trabalho, mas sim sua identidade, sua personalidade a qual só ele tem o direto de forjar. Depois vem o resto. Forjar a própria identidade é um profundo ato de rebeldia perante este neo-fascismo que está chocando o ovo da serpente que anseia tomar o Estado e devorar todo aquele que pense algo que a incomode. Se essa serpente crescer, vai impor o estereótipo que deseja para cada um dos que a seguem apaixonadamente. E ninguém poderá dizer coisa alguma, pois a Ordem ditatorial parte da omissão da cidadania para alcançar o silêncio das massas.                                     
                                            
                                    
               
          


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