tag:blogger.com,1999:blog-5880851069418784822024-03-13T07:44:33.435-03:00(100 anos de) SOLIDÃO E COMUNICAÇÃOO Eu aspira comunicar-se com outro Eu, com alguém igualmente livre, com uma consciência similar à sua. Só dessa forma pode escapar da solidão e da loucura. (Ernesto Sábato)Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.comBlogger422125tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-4333041769312559182024-02-18T13:38:00.005-03:002024-02-18T13:41:45.764-03:00O fundo partidário - quando são aqueles que não produzem coisa alguma, mas que decidem o futuro da sociedade... <div style="text-align: justify;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV4o5cDxjbCLpA0EC1YB1V4dO6kmGeLdTsETa0rZhL4ZfadN-mNC_pSCAt-L-wSzCdpBgyHFtcHmoPs8NngsBUbC0jkkM7ttPQfMGv_1sf7Iup0KCKoLLyekNaIScAeebruoUVQjTeUKKYo_vXf1Drc0nMztBnHT34MpjqjELQxBPHQKvUWKPeAi-TMe-b/s757/pl%20pp.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="568" data-original-width="757" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV4o5cDxjbCLpA0EC1YB1V4dO6kmGeLdTsETa0rZhL4ZfadN-mNC_pSCAt-L-wSzCdpBgyHFtcHmoPs8NngsBUbC0jkkM7ttPQfMGv_1sf7Iup0KCKoLLyekNaIScAeebruoUVQjTeUKKYo_vXf1Drc0nMztBnHT34MpjqjELQxBPHQKvUWKPeAi-TMe-b/s320/pl%20pp.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="text-align: justify;"> As eleições municipais são manipuladas pelo fundo partidário. Bem, você pode pensar consigo mesmo, de onde vem tantos vereadores inespressivos, literais bananas, marionetes nas mãos dos executivos munipais? - Além dos aventureiros canditados ao cargo de prefeito. Isso é fruto do modo operandis dos partidos sem identidade que vivem no congresso à base de compra de votos em sua base, que vai do municipal ao federal passando pelo legislativo estadual. Por isso o Fundo partidário deve sempre ser aumentado. É também uma boa forma de se lavar dinheiro. Os comandantes das campanhas, nos municipios, se tornam figurinhas carimbadas em bares, gráficas, festas, contratações misteriosas que nada mais são do que lugares onde se lava esse dinheiro. Notas frias conseguidas a duras penas. </span></div></div></blockquote><p style="text-align: center;"> </p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"> Mas não se preocupe, depois esse dinheiro é recuperado com o aumento de impostos. Por isso drones sobrevovaram sua casa bem no perído da pandemia, no qual tínhamos menos recursos para aumentar a arrecadação. Foi no governo bolsonaro que as câmaras municipais, a base de PSD, PFL, PP, Patriotas e derivados criaram-se leis orgânicas a baciadas autorizando a aferição por drones das áreas construídas. Uma profunda violação da privacidade, algo que deveria ser sagrado para todo partido que se diz Libral, mas enfim, vale tudo para arrecadar mais e ampliar o cabide de empregos das prefeituras. </div></blockquote><p> </p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"> Há quem diga que um hábito de prefeitos da região a compra de sítios e chácaras para que possam enterrar dinheiro vivo. O laranjal desses prefeitos, perfeitos seguidores da política do centrão, que nada mais é do que o bo e velho patrimonialismo, não para de crescer. Mas enfim, cuide-se. Não elelge vereadores sem expressões, esses de boca mole não mais são do que marionetes que forma eleitos pela compta de votos do fundo partidário. </div><div style="text-align: justify;"> Pense bem, pois você será a maior vítima desse processo. <span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; font-size: 14px; text-align: left;"> </span> </div></blockquote><div style="text-align: justify;"> </div><p style="text-align: justify;"> </p>Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-12629634724362476062024-01-03T11:09:00.001-03:002024-01-03T20:07:06.963-03:00A ressurreição dos Reis<a href="http://2.bp.blogspot.com/_vXNxSABBR-g/TRZrPfVU5TI/AAAAAAAAAM8/aHusPm6aXao/s1600/reis.jpeg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5554745104261244210" src="https://2.bp.blogspot.com/_vXNxSABBR-g/TRZrPfVU5TI/AAAAAAAAAM8/aHusPm6aXao/s400/reis.jpeg" style="cursor: pointer; float: left; height: 212px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 223px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 130%;"><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Foi logo nas primeiras horas do ano. Terminado o baile, mãos no bolso e cigarro de chocolate no canto da boca, que fui pelas ruas desertas em busca de uma água mineral, seria a primeira de 2024. A gente pensa nessas coisas depois do Revellion: a primeira água, a primeira porta que se abre, a primeira pessoa com quem se fala, etc.. Precisava encontrar um boteco aberto. Será, àquela hora, na primeira aurora de 2024? Enquanto houver botecos haverá esperança. E assim encontrei o meu, tal como um peregrino encontra um oásis num deserto.</span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Atrás do balcão havia um homem no formato de um ovo, careca, peitudo e barrigudo, que enxugava um copo com um pano de prato amarelado e engordurado, por isso pedi uma lata de cerveja (esqueci da água mineral). Gostei dele só porque me atendeu sem dizer o ‘feliz ano novo’ que tanto eu já tinha ouvido. Ele me deu a lata e eu paguei. Quando me virei para sair, no canto, três caras fantasiados discutiam sobre um pedaço de couro esticado sobre a mesa enferrujada. Turbantes, batas e potes estranhos. Um deles era negro. Olhei pro dono e ele me fez sinal de que não sabia do que se tratava. Achei que era o espólio de algum baile à fantasia, nada de anormal para o tipo de festividade que havia acabado.<br /></span><span style="font-family: "courier new";"> Dessa vez eu fui o chato, me aproximei no intuito de ver mais de perto o que eram aquelas criaturas, e para isso usei o ‘feliz ano novo’ como disfarce. Todos olharam pra mim, tinham expressões tristes. Nos potes havia trigo, mirra e incenso. “Céus!”, exclamei alto, afinal estava à frente dos três Reis Magos, e pareciam mais perdidos do que cegos em tiroteio; o couro sobre a mesa era um mapa. O mesmo que usavam há dois mil e vinte quatro anos. “São vocês mesmos?” Todos confirmaram. Puxei uma cadeira e pedi outra cerveja ao homem ovo. Voltei para o trio e resolvi perguntar, “Qual é o problema, por que estão tristes?”</span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> A resposta foi simples, há muito não encontravam o Menino Jesus. Quando chegavam os presépios já tinham sido desmontados. Quando encontravam um ou outro ainda em ato, era muito mais pela preguiça do proprietário do que desejo de espera pelos reis magos. Além disso, o menino também se mostrava impaciente. Não queria saber de trigo, mirra e incenso. Queria vídeo-games, celulares, computadores e/ou passagens para Disneylândia e lugares afins. Ou seja, os três reis magos eram obsoletos.</span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Gaspar deu um murro na mesa e disse, “É culpa do Papai Noel, aquele...”. De certa forma ele tinha razão, com o patrocínio de refrigerantes e apoio logístico de Hollywood, Papai Noel havia se tornado na grande estrela do Natal: filmes, desenhos, comerciais e logomarcas estimulavam muito mais o consumo do que o nascimento de um menino numa manjedoura, cercado por animais e presenteado, dias depois de seu nascimento, por três reis magos com presentes simbólicos.</span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Baltazar chorava, lembrou-se de São Francisco, “...e os pobres animais do presépio, todos viraram churrasco!”. Era fato: bois, cavalos, galinhas, ovelhas tornaram-se sinônimos de carne assada na brasa. Ninguém mais se lembrava deles no Natal, haviam aquecido o menino com seus corpos quentes, mas ninguém se lembrava mais deles, nem as crianças. Era trágico, Papai Noel com certeza era um funcionário da CIA, e sua função era fazer com que os homens do mundo pensassem como os norte-americanos; e maior sucesso teria a tarefa se ela começasse com as crianças. Natal é consumo. </span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Com as primeiras lágrimas nos olhos de 2024, resolvi comprar briga com Papai Noel em defesa dos três reis magos. Pensei numa guerra do tipo X-Man, mas os três sábios me dissuadiram. ‘Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade’ era o princípio básico do Natal, e não uma guerra. Eles tinham razão, então pedi outra cerveja ao homem ovo que deixou claro que estava ao nosso lado na futura cruzada contra o homem refrigerante que se chamava Noel.<br /></span><span style="font-family: "courier new";"> Eu não agüentei e desabafei, “...vocês ainda andam de camelo e o Noel vai de helicóptero”. A concorrência era desleal. Mas a esperança não morre fácil. O homem ovo trouxe seu filho pela mão, ele morava nos fundos do boteco, além do balcão ficava não só a cozinha do bar, mas também sua casa.<br /><br />Belchior sorriu pro menino e o colocou sobre o joelho. Do trigo dourado, (que muitos pensam ser o ouro, inclusive teólogos), emanou uma luz, ela pairava sobre a mesa. O menino sorria, eu e o homem ovo ficamos no lugar dos animais, de nós exalava calor. Da mirra e do incenso vieram aroma, limpeza, tudo ficou como a água pura da montanha. A singela mulher do homem ovo saiu detrás do balcão, veio até a mesa, beijou as mãos dos magos, tomou o filho de volta e os reis entregaram a ela os presentes.</span><br /><br /><span style="font-family: "courier new";"> Os reis se curvaram e saíram, o boteco parecia novo. Fui até a rua e me deparei com uma neblina nada comum nessa época, então vi a silhueta dos Reis Magos em movimento e até agora não consegui me esquecer do barulho dos pés dos camelos. Voltei pra mesa, dessa vez o homem ovo se sentou comigo, tinha os olhos úmidos. Encheu dois copos de cerveja e disse, “...é por conta da casa”. Agradeci, bebi e perguntei, antes de sair:</span><br /><span style="font-family: "courier new";"> — Obrigado, senhor...</span><br /><span style="font-family: "courier new";"> — ...José. </span></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-50164054484432648072022-01-21T11:04:00.000-03:002022-01-22T13:49:47.960-03:00A voz do cachorro na água da torneira<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-5uTPI-HQmks/W7omtbx2vZI/AAAAAAAAB-4/2UCIaUGV0DY2v0TiExalymai2f62VhG6QCLcBGAs/s1600/hopper.gas_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="364" data-original-width="560" height="260" src="https://2.bp.blogspot.com/-5uTPI-HQmks/W7omtbx2vZI/AAAAAAAAB-4/2UCIaUGV0DY2v0TiExalymai2f62VhG6QCLcBGAs/s400/hopper.gas_.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
tempo passa infinitamente. Olho assustado a chama do fósforo e especulo quantos sistemas solares foram criados nesse fragmento de tempo. Quantos seres,
paixões, metafísicas e escatologias tiveram seu auge, declínio e inexistência, num breve piscar de um fósforo? O criador, intencionado ou não, agora cospe fumaça como uma lagarta. O que ele
me dirá sobre as 6 cascas da existência? Provavelmente que só queria fumar
depois do café. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
mundo está prestes a morrer, prestes a nascer, prestes a entender que não
poderá jamais permanecer. Como areia jogada no ar e há de formar imagens que
mal se fixam e em seguida se esvanecem e o tempo em que estiveram juntas pareceu
ser a mais profunda eternidade, juntar-se-ão ao final à imagem nenhuma, ou à
uma imagem que não poderemos entender. Não estaremos lá para dizer que não
podemos ver o que nos rodeia, nem mesmo se o tempo nos levasse em consideração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O tempo em que se passa enfermo, se arrastando
pela vida, como um ser pela metade, que importância podemos lhe dar? Nenhuma.
Melhor fugir dele como o próprio tempo o faz, ao fugir de si mesmo a todo
tempo. Não há nada em que se possa apegar. Eu preciso de memória. Mas ela vai
fugir de mim um dia desses e eu nada mais saberei sobre 'meu' eu. Do que
adianta sabedoria sobre a efemeridade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Desejo
escrever um poema no corpo do vento, invisível e flexível e descompromissado.
Fluir como a água pelo leito da terra. Desaprender a ser eu mesmo o tempo todo.
Desconectar-me do tempo, da ideia que faço do outro, da importância da opinião
do outro sobre mim, não impedir que outros tenham uma voz própria, o momento de
glória de cada um no vitral de areia, em ato efêmero de contingência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
caridade é vaidade; a insensibilidade, crueldade. Formar, moldar, evoluir, o
mundo é uma máquina inventada pelos despensares dos homens obtusos. Por que
deveria me importar com o que eles pensam? Me cansei apenas de tentar entender,
de dominar a palavra e de me inserir de modo produtivo nessa cebola irreal com
suas infinitas camadas de realidade ilusórias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Minha lavoura é o abandono. Deixar órfãs as informações da memória, elas que migrem
para outro almanaque e no seu transladar, se esfarelem como os grãos de areia
da mandala que está sob os pés de quem quer permanecer sobre o imponderável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogananda, entendi que o TAO é o que nos resta, ou a única coisa que sempre deveríamos ter seguido, mas tal como alguém que não quer seguir nada. Quando nos deixamos levar pelos descaminhos, podemos rir sem saber do que rimos; enfim edificar-se-á o caminho aos nossos olhos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">As melodias mortas continuam tocando. O parque de diversões gira sua roda e dançamos como bonecos de ventríloquos. Preciso escrever sobre a vida das árvores, das flores, do favo de mel. A voz do cachorro na água que escorre da torneira é quase que metafísica. Os chinelos de Buda não existem mais e até que ponto isso afeta o universo, não sei. Mas penso que é melhor ficar descalço na praia. O coro de gaivotas, o fluxo silencioso dos barcos, o vento cantando sobre o copo de cerveja. Zen, baby! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Perguntaram-me sobre meu ofício. Não tenho. Queria ser especialista em esquecer.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/LzqmcspkkAY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br /></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-76261161121505568432019-11-08T13:57:00.002-03:002019-11-09T12:06:44.588-03:00A incompatibilidade do professor com o fascismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-fKwJKNypHsU/XcWjbPeecwI/AAAAAAAACC0/xetFeEE-O6sjdwpgLMmpGbXUnGlD6q7MwCLcBGAsYHQ/s1600/the%2Bwall.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="436" data-original-width="1200" height="145" src="https://1.bp.blogspot.com/-fKwJKNypHsU/XcWjbPeecwI/AAAAAAAACC0/xetFeEE-O6sjdwpgLMmpGbXUnGlD6q7MwCLcBGAsYHQ/s400/the%2Bwall.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A influência do nazi-fascismo no pensamento político <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
palavra, fascismo, descende de uma arma usada no império romano, fascio
littorio, um machado com cabo feito de varetas − fascio − que um soldado (lictor) usava para proteger os magistrados. Significado: uma vareta isolada
é fácil de quebrar, mas várias bem amarradas entre si são inquebrantáveis. Foi
desse objeto que se extraiu o conceito de que a ‘União faz a Força’, cujo
significado deveria ser adequado à vida em sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">No
século XX, 1914, na mesma Roma, Benito Mussolini criou o Partido Nacional
Fascista, que não possuía um estatuto definido, nem um manual doutrinário impresso,
mas se desenvolvia com base nas respostas de Mussolini aos mais variados problemas
da Itália. Ou seja, a visão empírica de Mussolini sobre a realidade foi a base
ideológica do fascismo na Itália. Visão essa temperada por valores de tempos
passados, onde Roma era o centro do mundo, graças a sua capacidade de se
organizar coletivamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Logo
após a primeira Guerra Mundial, Mussolini afirmava que o grande problema da
Itália era a falta de uma união nacionalista capaz de redimir a Itália da
fragmentação. O remédio, claro, era a manutenção de uma sociedade padronizada
que levaria à Ordem e ao Progresso. Mussolini propagava que o papel do Estado
era fundamental para que o fascismo triunfasse, por isso o mesmo deveria se
ocupar somente da segurança pública, todo o resto deveria ser entregue à
iniciativa privada (o que caracterizou a ideologia como extrema direita), para
que trabalhasse de acordo com as diretrizes desse mesmo Estado. Ou seja,
Mussolini pregava uma desestatização desenfreada no setor econômico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dessa
forma, a receita do Duce para a construção da então ‘moderna’ sociedade
italiana dos anos de 1930, partia da premissa de que todo indivíduo deveria ser
moldado e adequado à máquina moral do Estado fascista. A família, a escola, o
exército, a religião e a cultura deveriam ‘aperfeiçoar’ o indivíduo para que se
tornasse uma eficiente peça subjacente ao sistema Estatal que o ‘protegeria’
das ‘perversidades’ da vida. O indivíduo precisava querer se integrar ao
sistema com boa vontade, humildade, dedicação e com desejos de propagar tal
ideologia. Em poucas palavras, o indivíduo era ‘livre para escolher o fascismo,
ou o fascismo’.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
fascismo se espalhou pela Europa após a Primeira Guerra Mundial, mas foi na
Alemanha que adquiriu contornos mais ‘sofisticados’ sob o ponto de vista da
ideologia em si, e do poder de alcance de um Estado Totalitarista no continente.
Hitler, ex-soldado da Primeira Guerra, artista amador (pintor) e amante da
música de Wagner, encheu de esteróides o fascismo italiano com seu livro, Minha
Luta, Mein Kempf, e o introduziu no Partido Nacional Socialista alemão, ao
mesmo tempo em que o dominava politicamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
primeiro livro que Hitler ‘queimou’, literalmente, foi o estatuto desse Partido
Nacional Socialista, onde seus discursos apaixonados tomaram corpo na
‘consciência’ de um gigantesco número de indivíduos desesperados, vítimas da crise
econômica alemã, a ponto de abrirem mão da própria opinião e senso crítico para
abraçarem a ‘esperança da criação de uma de nação paraíso’ que se ergueria, e o
mais breve possível, quanto mais fosse capaz de destruir seus inimigos ‘históricos’,
que era a própria diversidade humana constituída pela somatória das individualidades.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ou
seja, o nazi-fascismo, na Alemanha, era uma máquina estatal programada para
destruir as diferenças, e se tivesse conseguido alcançar seu destino terminaria
vazia de seres humanos, pois continuaria sua destruição mesmo entre aqueles que
a edificaram. Esse ‘distópico’ e constante movimento destrutivo, alimentado por
uma ânsia insaciável pela assepsia da diversidade, levaria esse sistema a criar
um único e ‘feliz’ sobrevivente, o estereótipo do homem branco, ariano,
capitalista, cristão e alemão, diluído numa massa de pessoas uniformizadas e
sem nenhuma visão crítica da História e de seu próprio papel no mundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
nazismo, (abreviação de nacional-socialista), decolou rumo ao poder com as
aberrações propagadas por uma mente doentia, intoxicada pela “banalização do
mal” e se transformou numa ‘consciência’ coletiva e sem pudor algum. Sua tétrica
história, cujo ápice foi a utilização da ‘razão’, da tecnologia e da ciência
para sofisticação de campos de extermínio do povo judeu, deve habitar a
dolorosa memória coletiva histórica. Eis o motivo da necessidade constante de
uma racionalidade crítica e democrática, no mundo ocidental republicano, para
que a humanidade nunca mais pratique essa desumanização desenfreada,
sofisticada e, eficiente tecnologicamente, com ela mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sim,
a corrupção da razão humana foi usada como um bisturi para mutilar o corpo
social diversificado para a edificação de uma barbárie sofisticada e altamente
organizada. Matar com eficiência, e em alta escala, tudo aquilo que não era ‘nazista’,
era sinônimo de um progresso abençoado por Deus e pelo Fuhrer. Afinal, diziam,
e ainda dizem, os irresponsáveis simpatizantes do neo-nazismo, que Hitler
recuperou a combalida economia alemã no período do entreguerras, o que
justificaria as atrocidades cometidas como ‘meios’ que produziram fins
entendidos como desenvolvidos e de uma nova ‘civilização’. Ou seja, uma
demência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
nazi-fascismo representou a expressão maior do pensamento da ultra direita,
onde um Estado (i)moralmente opressor e incompatível com o desenvolvimento
cultural e artístico dos indivíduos, já que os mesmos deveriam ser padronizados
pela moral da estética nazi-fascista e, caso o contrário, agissem eles mesmos
por concepções próprias, nessas expressões culturais, tornar-se-iam
‘subversivos’ e passíveis de um ‘afastamento’ do convívio social, pois eram
‘identificados’ como um vírus no organismo criado pelo Fuhrer. Logo lhes caberia
a censura e a condenação à morte, em nome do ‘bem’ da sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Faz-se
necessário entender que, se a ultra-direita nazi-fascista privatizou o sistema
econômico, em contrapartida, estatizou a estética e os caminhos que deveriam
levar às expressões culturais de um modo geral. O Fuhrer só poderia ser
exaltado, jamais criticado. A maneira como o Estado (o Fuhrer) determinava como
o indivíduo deveria ‘ser’, afastava do horizonte o sentido democrático da
sociedade e com ele o parco conceito da liberdade individual histórico
filosófico. – Entenda-se o Estado de Direito como algo conduzido por uma
Constituição e não por uma pessoa que se diz líder, mito, enviado de Deus, dono
da razão, etc.. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Podemos
nos arriscar em questionar, dentro dessa sociedade nazi-fascista, qual seria o
papel do professor e da própria Democracia, já que nos dias de hoje, em pleno
século XXI, o espectro do nazi-fascismo emergiu com uma relativa força após a
crise econômica de 2008, num ‘remake’ mais ‘suavizado’ do que ocorreu em 1929,
onde o nacionalismo exacerbado levou ao altar do poder, na Europa, o
nazi-fascismo como solução para os problemas criados pelo chamado ‘capitalismo
constitucional ocidental’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Parece
que é quase sintomático: depois das crises econômicas, 1929 e 2008, a civilização
ocidental adentrou numa ressaca de teor nazi-fascista. É paradoxal que esse
nazi-fascismo pós-crise imobiliária de 2008, esse que nos ameaça, tenha
dificuldade em se generalizar, a bem de todos nós, graças aquilo que também o
fez se espalhar de uma forma muito maior do que se supunha imaginar, em tempos
atuais: a internet com suas redes sociais, com amplo poder de divulgação de
falsas notícias e falsas interpretações da realidade histórica. Porém ela é
também o lugar onde se combate essa abominação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
neofascismo tenta se propagar, nesse século XXI, por meio de um método que visa
substituir a História por teses individuais de viés neo-totalitaristas. Esses
nazi-fascistas pós-modernos (a benção Bauman, pelo termo pós-moderno) são os
iconoclastas atuais da História. E o que vai nos proteger da extensão e
contaminação do fascismo que ocorreu na primeira ressaca, após 1929 até 1945,
com o fim da Segunda Guerra Mundial, e mais suas conseqüências devastadoras
para a humanidade, é nossa capacidade de manter o senso crítico de punhos em
guarda e no centro do ringue do debate político. Afinal, as forças produtivas
do Capital devem ser direcionadas pelo discurso político, ou o discurso
político deve ser formatado pelo discurso econômico engendrado pela força
motriz do capitalismo financeiro? “Ser ou e não ter; ter e não ser, eis as
questões!” Ou seja, o fascismo surge da oscilação do sistema capitalista. Em
períodos de declínio econômico, crise, a vingança se transforma em sentimento
de justiça ao eleger os culpados por essa mesma crise. E o pior é que a
esperança coletiva é substituída por um sentimento de extermínio, uma semente
bizarra pra ser usada em nome da construção de um futuro para as futuras
gerações.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A incompatibilidade da Democracia
com o fascismo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 46.35pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-list: Ignore;">1)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></i></b><!--[endif]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Democracia<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
Democracia surgiu na Grécia Antiga, em Atenas. Foi um processo político que se
iniciou no século VII a.C., com Drácon e teve seu auge no século IV a.C, com Clístenes
e Péricles. De forma resumida, o povo ateniense havia conquistado uma série de
direitos graças aos movimentos políticos, pois Atenas não tinha um código de
leis fixo, era esse processo político, baseado nas discussões na Àgora, com
suas votações abertas, quem determinava o formato da razão ‘legal’ que
habitaria o senso comum do cotidiano ateniense.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A
palavra Democracia pode ser traduzida como o ‘poder que vem do povo’. Porém, a
palavra, ‘demos’, tinha vários significados, mas para o processo político, tal
palavra era sinônima de ralé, ‘povinho’, os pobres e etc.. Para outras cidades-estados
gregas, onde o poder era aristocrático, democracia significava, ‘poder dos
pobres sobres os ricos’. Lembrando que aristocracia é justamente o contrário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
motivo dessa forma política, baseada na diluição de poder, ter nascido em
Atenas será sempre um mistério. Talvez possamos nos arriscar em ressaltar o
aspecto metafísico dos gregos e sua relação como os mitos. Os gregos
acreditavam que todo cidadão comum, ao ‘desencarnar’, habitaria o mundo
inferior controlado pelo deus Hades, cuja descrição se igualaria ao inferno
cristão. Vida eterna, na Grécia Antiga, ‘feliz e farta’, somente aos heróis que
os deuses, em seu eterno Olimpo, permitiam nos Campos Elíseos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Muito
provavelmente, os habitantes de Atenas, influenciados por esse tipo de senso
comum, entendiam a realidade, ‘grifo nosso’, como algo efêmero. Deveras,
qualquer um, com um mínimo de senso crítico, perguntaria a si mesmo e aos
outros qual o sentido da vida naquela cidade, onde os homens comuns não tinham
terras, dinheiro, nem poder político e quando morressem, ‘submergiriam’ ao
reino de Hades? E assim era desde o começo dos tempos. Mas por que não mudar a
realidade? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
inevitável apontar que, a democracia grega, surgiu como uma resposta a essas
privações materiais desses homens comuns que habitavam os espaços rurais e
urbanos de Atenas. A razão, que produzia as leis e as soluções para os
problemas imediatos, fora invadida por uma horda de sem terras nas votações
abertas da Ágora e isso transformou para sempre a história da humanidade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>− As propriedades agrícolas eram chamadas de
demo; a mão de obra dessas terras também era chamada de demo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Assim,
o milagre da democracia ateniense está enraizado na capacidade de fomentar os
desejos de uma vida melhor, não num futuro pós morte, mas no aqui e agora do
corpo vivo, ao organizar um conjunto de idéias que se baseavam na diluição de
poder, na distribuição da renda e na despersonificação do poder. Uma razão
universalizada brotou da Àgora, graças aos estímulos de três ferramentas que
habitavam o discurso político, ou melhor, o direto do cidadão ao discurso
político: 1) isocracia: todo cidadão tem direitos políticos iguais; 2)
isonomia: todos são iguais perante a lei; 3) isegoria: igualdade dos cidadãos
no direto à liberdade de expressão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Se
no fascismo do século XX o Estado se transformou num cão de guarda da
propriedade privada, ao mesmo tempo em que obrigava esses proprietários a um
compromisso moral com os‘valores’ fascistas, a democracia ateniense propagava a
necessidade da participação de um maior número possível de cidadãos no processo
produtivo de sua polis. Mas deveriam ser cidadãos racionais, com liberdade de
pensamento crítico e compromissados com esse sistema democrático que visava a
alternância, não só na representatividade, como nos problemas que deveriam ser
abordados por essa razão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nunca
devemos esquecer que a polis ateniense permitiu a existência de homens como
Sócrates, que apesar de julgado e condenado a morte pelo teor de suas idéias,
teve uma longa história de diálogos, retóricas e críticas ao sistema (o poder)
com seus amigos e inimigos. Numa sociedade fascista, alguém como Sócrates mal
poderia começar sua trajetória. Lembrando que essa mesma Atenas também gerou
uma série de homens de pensamentos independentes, os chamados filósofos. Um dos
grandes exemplos é Platão, que produziu idéias e conceitos que eram muito mais
devastadores para os eternos enamorados da concentração de poder e riquezas do
que o próprio Sócrates. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Da
incompatibilidade do professor com o fascismo<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem,
esse texto começou com a intenção de tentar explicar por que um professor não
deveria votar num candidato fascista, numa eleição de um país republicano e
moderno, em pleno século XXI. O adjetivo ‘moderno’ foi usado mais como uma
noção de localização cronológica do Brasil na histórica mundial, do que como
propriedade, qualidade dessa ‘nossa’ nação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Detalhe:
o Brasil está na modernidade, mas ainda não sabe qual seu papel nesse mundo, além
de não saber ainda o que é ser moderno. Em termos gerais, limita-se a entender-se
como um país do agronegócio. Uma definição pequena para um povo que poderia ser
grande. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
papel professoral do educador no fascismo<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 46.35pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-list: Ignore;">a)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Numa
sociedade fascista, ou de viés fascista, o professor estaria mais para um
doutrinador cuja tarefa seria a de ‘aparar as saliências’, os ‘defeitos’ dos
indivíduos para que esses possam se encaixar no padrão idealizado pelo Estado.
Quanto mais o indivíduo, via sistema de educação, potencializar suas
capacidades para ser uma peça subjacente e ‘eficiente’ ao Estado, melhor seria
o resultado dessa educação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 46.35pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-list: Ignore;">b)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Inevitável
concluir que tal função professoral, ao mesmo tempo em que alimenta esse
sistema fascista, oblitera o desenvolvimento do indivíduo no sentido evolutivo
da formação humana, ou da autoformação de uma identidade que o caracterizaria
como ser único e indivisível, e que constituiria sua personalidade. Tal como as
digitais dos dedos são únicas, a mentalidade, essa capacidade de ver o mundo e
de senti-lo, somado à necessidade da liberdade de expressão oriunda dessa visão
crítica, é também um fenômeno único e de vital importância à organização social
em que esses mesmos seres (alunos) vivem. Aniquilar a criatividade e o processo
crítico, em prol de uma ideologia, compromete o futuro da sociedade, tanto da
‘Arte’, quanto do ‘Empreendedorismo’ e sem falar na ‘Ciência’. – O fascismo, ao
combater a criatividade e o senso crítico, em sua eterna necessidade de
manter-se como poder e sentido moral da sociedade, nada mais faz do que impedir,
como uma máquina de destruição, a evolução natural do processo de humanização,
além de condená-lo à marginalidade. Claro, toda essa problemática existencial
fica escondida por debaixo dos tapetes da razão, ante ao espetáculo da Ordem
exibida por batalhões de indivíduos que deixaram de ser indivíduos, ao
incorporar o desumano processo de militarização dos direitos humanos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 46.35pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-list: Ignore;">c)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->A
própria função do professor, nessa sociedade fascista, se torna algo
professoral, algo que associa eficiência ao cumprimento de um protocolo
determinado por forças protocolares externas ao processo de ensino aprendizado.
Essas forças fascistas externas, visando a manutenção de si mesmas, impõem a
professores e alunos os estereótipos educacionais e profissionais que lhes
interessa. Sob essa força de controle, o discurso professoral assemelha-se às
funções de padres e pastores que produzem discursos baseados naquilo que o
próprio rebanho já conhece, ou que já tenha por informação doméstica do que
seja o ‘Conhecimento’. O controle protoclar fascista cria um território e uma
fronteira para o conhecimento, atravessá-la, torna o indivíduo que está
professoral num subversivo. Tal fronteira não pode ser quebrada e, caso ocorra uma
‘transgressão de liberdade de pensamento’, num momento de cognição, constituir-se-á
uma heresia, um sacrilégio aos parâmetros da vida ideologicamente ordinária. Tal
ato, se detectado pela administração da instituição, muito provavelmente
retornará ao indivíduo professoral, algo no formato de sindicância, processo
administrativo e/ou outra punição burocrática qualquer. Que fique claro a esse
indivíduo professoral, passivo de ser processado, em qual território do
conhecimento ele deve permanecer e jamais quebrar as fronteiras desse espaço
autorizado. Mesmo que quem o autorize a professorar não tenha formação
pedagógica, filosófica, antropológica e sociológica e etc..<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 1.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
professor e a Democracia<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Numa
suposta sociedade democrática, o papel do professor seria vasto e de difícil
definição. Deve-se salientar que toda definição corre o risco de se tornar
ideológica e logo petrificada com o passar do tempo, e muito fácil se torna
incompatível com os desejos de outros indivíduos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nessa
democracia, uma utopia ainda, nesses mesmos tempos pós-modernos, o professor
deveria ajudar, permitir, estimular, o aluno a descobrir tudo aquilo que a
família, o Estado, a cultura, o consumo, a educação, o trabalho ‘desejam’ dele.
Que sentimentos emanam dessas estruturas em relação a ele? Que projetos essas
mesmas estruturas projetam e/ou impedem em relação a ele?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quais projetos (desejos) são os dele, quais
são os dessas estruturas e quais são dos grupos sociais em que ele vive? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Já
em nossa parca Democracia (i)real, um professor não professoral transmitiria a
crítica a seu aluno, único bastião da imparcialidade, sobretudo quando esse
passa a ser capaz de entender os discursos produzidos pelo senso comum, aqueles
que alimentam as verdades que conduzem o corpo social em sua jornada histórica
‘das trevas da ignorância às luzes do progresso científico’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Revelar
as falsas verdades tais como os ‘<i style="mso-bidi-font-style: normal;">meios’</i>
criminosos que a sociedade edifica para seus ‘<i style="mso-bidi-font-style: normal;">fins’</i> maiores’, que ela se permite cometer, mas que proíbe a ponto
de exterminar um indivíduo que atue da mesma forma. O Estado pode ser livre
para burlar a lei, o indivíduo não. O Estado Democrático Liberal, apesar de ser
o mais evoluído e mais avançado do que as outras formas de organizações
políticas ocidentais, também parte de um equívoco, de um processo ideologizado
para a manutenção de si mesmo na consciência social, como a única forma de
poder racionalmente organizado, até porque se basearia, em tese, na liberdade, em
seu primeiro e simbólico artigo: todo indivíduo é livre porque é proprietário
de sua própria força de trabalho e que, associada ao livre arbítrio e ao Estado
Direto, instaura-se, nessa ‘sociedade livre’, o fim das injustiças históricas; além
de cessar a predação do homem pelo homem. Fraternidade, igualdade e liberdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em
Nossos tempos ‘líquidos’, as mentes racionais do Iluminismo do século XVIII
precisam de nossa ajuda. Precisamos reescrever seu primeiro artigo simbólico: a
primeira propriedade de um indivíduo não é sua força de trabalho, mas sim sua
identidade, sua personalidade a qual só ele tem o direto de forjar. Depois vem
o resto. Forjar a própria identidade é um profundo ato de rebeldia perante este
neo-fascismo que está chocando o ovo da serpente que anseia tomar o Estado e
devorar todo aquele que pense algo que a incomode. Se essa serpente crescer,
vai impor o estereótipo que deseja para cada um dos que a seguem
apaixonadamente. E ninguém poderá dizer coisa alguma, pois a Ordem ditatorial
parte da omissão da cidadania para alcançar o silêncio das massas. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-24918247371721976892019-10-24T15:39:00.003-03:002019-10-24T16:04:08.737-03:00Êmile Durkheim escreveu o Coringa!(?)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-m5Nv8r70zTU/XbHvzWcs3BI/AAAAAAAACBM/cMwRNitHxpQohqi6RPCsw8NRlQmspQHvQCLcBGAsYHQ/s1600/aaaaaacoringa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="210" src="https://1.bp.blogspot.com/-m5Nv8r70zTU/XbHvzWcs3BI/AAAAAAAACBM/cMwRNitHxpQohqi6RPCsw8NRlQmspQHvQCLcBGAsYHQ/s400/aaaaaacoringa.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
normal a gente torcer para os protagonistas no cinema. Há uma cumplicidade, uma
transferência, uma simbiose entre espectador e o herói estampado na tela. É
fácil de nos vermos no lugar do ator e até numa performance mais entusiasmada e
mais viril do que a dele. Essa é a mágica do cinema, a capacidade de nos levar
pra fora de nosso tempo e espaço para um lugar imaginário onde as emoções são
mais intensas e por que não dizer, mais reais. Como?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><o:p></o:p></span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem,
gosto muito da metáfora do filósofo Slavov Zizek sobre a icônica cena da
trilogia Matrix, quando Morfeu pergunta a Neo se ele quer tomar a pílula
vermelha que o fará ver a realidade, ou a azul, que o manterá imerso nas
ilusões da ficção da Matrix? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Zizek
afirma que a vida não é assim tão binária, por isso temos que nos ater aos
aspectos da realidade que encontramos na ficção, ou seja, quanto é verdade e
quanto é mentira na ficção e na realidade que consumimos? É no ponto de
equilíbrio entre esses extremos que podemos entender no quê nos transformamos.
− Podemos usar essa concepção de Zizek para analisarmos o funk carioca, ou mesmo
as canções sertanejas com suas letras de gosto duvidoso: o que é verdade e o
que é mentira no teor dessas expressões populares?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">No
polêmico filme, Coringa, estrelado por Joaquim Phoenix, nos deparamos com os conceitos
de Êmile Durkheim, sociólogo francês do início do século XX, que defendia que o
indivíduo era fruto da estrutura social. Mais precisamente, a família, a
educação, o trabalho, o Estado, a cultura e a religião formam e constroem esses
indivíduos que encontramos ao longo da História. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Resumindo,
não há indivíduos que não foram formados por essas estruturas. Até mesmo os que
não têm família e estudo são definidos pela sociedade pela seguinte análise:
"aquele não teve família, não teve educação, nem teve uma criação
religiosa". Até mesmo o suicídio, para Durkheim, era responsabilidade da
sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Voltando
ao filme de Joaquim Phoenix, o incômodo da narrativa se dá pelo fato de
torcermos por ele apesar de todos os assassinatos que comete: ele mata três
jovens executivos sádicos que o agridem no trem, sua mãe que mentiu pra ele a
vida toda, seu colega de trabalho e o apresentador de um programa de talk show
que o expôs ao constrangimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aliás,
como teve seu tratamento psicológico cancelado por cortes de verbas da
prefeitura nos programas sociais e mais a suspensão de seus remédios, o filme
lança essa sutil dúvida no ar: com a suspensão dos medicamentos, Arthur Fleck,
o Coringa, que trabalhava como palhaço, passou enxergar melhor as coisas e a
escolher com mais perspicácia o joio e o trigo à sua volta? Em outras palavras:
quem merecia viver ou morrer em sua vida?!<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Antes
de matar o apresentador do programa de talk show, personagem vivido por Robert De
Niro, o Coringa ainda tenta se justificar, ser ouvido, se esforça em dizer o
quanto é degradante ser constrangido e humilhado por uma sociedade que expõe os defeitos dos indivíduos considerados improdutivos e descartáveis. (Os que nasceram com defeito de fábrica).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em
outros termos, a narrativa deixa claro que, a salvaguarda do sistema
capitalista se camufla na manutenção desse discurso que a sociedade impinge aos
que são considerados perdedores: 'não há nada de errado com o sistema, você é
quem não se esforça o suficiente, e, por favor, não me venha com esse discurso
de vitimização'. O Coringa, então, diante dessa resposta, atira no apresentador
e o faz como se atirasse em toda mídia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Peço
licença para um pequeno grifo sobre o que se convêm chamar de discurso de
vitimização. Me parece ser o último fôlego da alteridade que, por ironia desse
estranho mundo em que vivemos, se manifesta, quase que exclusivamente, em quem
está em seu pior momento na vida: aquele de ter de pedir ajuda a um estranho
para continuar a sobreviver. E é nessa hora que o tipo humano chamado de homem
comum, ou cristão ocidental, diante de um pedido de piedade destila seu sadismo
e seu prazer secreto de ver o próximo se lascar ainda mais com sua negativa.
Parece haver um anseio pelo espetáculo do desespero encenado pelo pobre
perdedor que o procura em nome da misericórdia e da caridade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas
enfim, a cena do assassinato do personagem de Roberto De Niro, transmitida ao
vivo, desencadeia o caos em Gothan City. Surge uma rebeldia generalizada que
vai muito além da capacidade das forças de seguranças públicas para conter a
convulsão. São milhares de Coringas que despertam movidos pela sanha de
destruir o mundo que os fez malditos, desprezíveis e improdutivos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">'Durkheim' parece ter razão: é a sociedade quem cria os indivíduos. E quando ela nega, por
meio do Estado, o acesso aos recursos financeiros que viabilizam programas sociais, em
nome de uma ideologia econômica que preza pelo desmonte desse mesmo Estado, os Coringas emergem. E ao
que parece ela se torna vítima de sua própria negação, ao não estender a mão a quem
está imerso no desespero. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sim,
Batman é tão criminoso quanto o Coringa. Mas isso é pra um outro texto. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-61878127490159143832019-05-15T19:37:00.001-03:002019-05-15T19:46:15.093-03:00Diálogo sobre o juiz que se tornou ministro<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-EJVPuPjwgTs/XNyTyrU-K8I/AAAAAAAACAE/th8Ewr3OHScae2xSxcovO0RjDHj6n-HKQCLcBGAs/s1600/aaasocrates.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1393" data-original-width="1000" height="400" src="https://2.bp.blogspot.com/-EJVPuPjwgTs/XNyTyrU-K8I/AAAAAAAACAE/th8Ewr3OHScae2xSxcovO0RjDHj6n-HKQCLcBGAs/s400/aaasocrates.jpg" width="286" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates
se encontra com Coxístenes na Ágora (praça) de Atenas. O jovem está vestido com roupa
amarela, panela em punho, o jovem 'cidadão' é todo entusiasmo. O bom e velho
Sócrates, sempre com sua serenidade, inicia o diálogo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Agradeço aos deuses por poder
ver um jovem transbordando entusiasmos por nossa política! Creio ser isso, não
é, Coxístenes, o motivo de tão alvissareira impostação da voz d'alegria em meio
a Ágora de nossa cidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Meu bom e velho amigo, meu
mestre maior, não sabes como estou feliz em encontrá-lo, e tens razão sobre
minha felicidade. Preciso lhe contar que o juiz que condenou nobres figuras de
nossa política pelos crimes de corrupção e peculato será o ministro da justiça
de nosso novo governo. Não é maravilhoso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates: </b>E quem poderá negar fato tão 'transparente'?<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>Regozijar-me-ei<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>junto a ti nesse momento de esplendor e civismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Oh! Sócrates, fico feliz em ver-te
em consonância com nosso advento de justiça!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> E como poderia ser diferente, já
que nenhuma sociedade prolifera sem a imparcialidade de uma justiça universal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Que belas palavras, Sócrates!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Sim, sei disso. E por isso não
posso deixar de lhe perguntar antes de sair pelo mundo defendendo tal advento,
caso alguém me faça alguma pergunta, e eu, dessa forma, venha a ser pego de
surpresa a ficar sem resposta. Posso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Claro, Sócrates! Pergunte. Tal preocupação
é vital para a edificação da honestidade. Que Zeus ilumine nosso caminho!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Bem, esse juiz, que hoje é
ministro, condenou o principal adversário político do atual presidente <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>antes das <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>eleições e deixou vazar informações que podem
ter influenciado no resultado das mesmas? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Sim, mas como diz a voz do povo,
que é a mesma de deus, foi para um bem maior. Não fosse isso a 'justiça' não
chegaria ao Palácio do Planalto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Entendo. Seria aquela fórmula
dita e redita ao quatro ventos ao longo de nossa velha história política, que os
fins justificam os meios?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes</b>: Sócrates! Os deuses devem se
arrepiar com sua capacidade de entendimento. Oh! mestre! Você tem que nos
ajudar a espalhar esse entendimento do novo governo pro mundo! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Fico feliz de receber tal pedido
e irei ao templo ainda hoje para mostrar meu agradecimento aos deuses por poder
espalhar tão bela notícia. Mas, voltando à minha dúvida anterior, e se alguém
me perguntar sobre o fato do <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>político condenado,
o tal adversário do atual governo, também ter dito que os fins justificaram os
meios pelos quais governou?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Como assim, Sócrates?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Para que pudesse ter minimizado
a fome, gerado empregos, criado reservas cambiais e obras de infraestrutura, além
de boas relações internacionais, comprou votos na assembléia e cobrou propinas
das empreiteiras para membros de seu partido e da oposição e inclusive pro
antigo partido do atual presidente, que hoje anda de braços dados com todo esse
discurso de 'honestidade'. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cóxistenes:</b> Sócrates, não fosse você um
filósofo grego, eu poderia registrar o que você diz e denunciá-lo. As escolas
despedem professores que dizem esse tipo de coisa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Céus, que bom tê-lo ao meu lado,
me sinto protegido, mas ainda tenho coisas a lhe perguntar. Caso contrário,
quando for espalhar tal advento, não terei respostas pra tais questionamentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Ainda tem mais, Sócrates?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Sim. Podemos afirmar que o tal
juiz, hoje ministro da justiça, é um homem extremamente honesto e que jamais se
curvaria ante a qualquer ato de corrupção e injustiça?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Claro. Eis o motivo de sua nomeação
para tão nobre cargo, ser alguém acima de qualquer suspeita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Digamos que, com certa vista
grossa, podemos mitigar o conflito de interesses desencadeado com a condenação
do adversário do atual presidente, antes das eleições, executada pelo juiz em
questão...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> ...conflito do quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> ...de interesses. No caso, a
condenação imposta pelo juiz beneficiou o então candidato que venceu as
eleições, que depois o chamou para ministro. Se o juiz tivesse recusado o
convite, 'estaria tudo certo'. Mas é fato que o juiz se beneficiou,
politicamente, da própria sentença. Se considerarmos que a justiça é
representada por uma mulher de os olhos vendados, ocorreu algo de podre no
reino da Dinamarca, não é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Mas Sócrates, será que os
jornais não perceberam isso, pois ao ouvi-lo aqui e agora penso que era preciso
urgência em tal questionamento pelos veículo de informação, que por natureza
são obrigados a defender a justiça e a democracia de nossa cidade?! E digo
mais, pelo contrário, alguns parecem que até festejam tal nomeação, como o
jornal O Mundo, o mais lido na cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Creio que os jornais têm cuidado
com o herói que ajudaram a falsificar. Mas juntando isso ao silêncio do próprio
juiz enquanto ministro, nos deparamos com um profundo mal estar. Não o sentes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Sócrates, como assim silêncio,
você me confunde, parece uma mosca que caiu na sopa! Isso sim me dá mal estar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Perdoe-me. Vou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais devagar. Podemos dizer que o tal juiz, agora
ministro, é o exemplo vivo do mais honesto dos homens?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Mas disso não tenho dúvidas!
Quer dizer, agora tenho algumas, mas diria que a maioria das pessoas pensa que
o dito juiz é incorruptível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Então, segundo o que você diz,
ele deveria ter se manifestado quando as notícias sobre as possíveis relações
entre a família do atual presidente com os criminosos milicianos repercutiu em
todo lugar, certo? Mas é fato que manteve-se em silêncio. E mais, posso afirmar
que um homem honesto não se cala ante a tamanha barbárie, não é isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Sócrates, se nos ouvirem nos
matam. Acho melhor pararmos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Podemos
continuar outro dia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates.</b> Claro, meu amigo. Podemos até
mudar de assunto, se isso o incomoda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Coxístenes:</b> Seria maravilhoso. Do que então
conversaríamos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sócrates:</b> Que tal sobre a pseudo
necessidade da reforma da previdência? </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-38591137588167939592019-01-02T11:14:00.001-02:002022-01-22T13:19:27.453-03:00A ressurreição dos Reis<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-LEhvT51iBxo/XCy4pU9yDLI/AAAAAAAAB_Y/L_efIMSFLqQX0Ssqie2Yuu0cZcJvVRd9gCLcBGAs/s1600/os%2Breis%2Bmagos.gif" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="373" data-original-width="621" height="240" src="https://1.bp.blogspot.com/-LEhvT51iBxo/XCy4pU9yDLI/AAAAAAAAB_Y/L_efIMSFLqQX0Ssqie2Yuu0cZcJvVRd9gCLcBGAs/s400/os%2Breis%2Bmagos.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="text-indent: 35.45pt;">Foi logo nas primeiras horas do ano. Terminado o baile, mãos no
bolso e cigarro de chocolate no canto da boca, que fui pelas ruas desertas em
busca de uma água mineral, seria a primeira de 2019. A gente pensa nessas
coisas depois do Revellion: a primeira água, a primeira porta que se abre, a
primeira pessoa com quem se fala, etc. Precisava encontrar um boteco aberto.
Será, àquela hora, na primeira aurora de 2019? Enquanto houver botecos haverá
esperança. E assim encontrei o meu, como um peregrino encontra um oásis num
deserto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Atrás do balcão havia um homem no formato de um ovo, careca,
peitudo e barrigudo, que enxugava um copo com um pano de prato amarelado e
engordurado, por isso pedi uma lata de cerveja (esqueci da água mineral).
Gostei dele só porque me atendeu sem dizer o ‘feliz ano novo’ que tanto eu já
tinha ouvido. Ele me deu a lata e eu paguei. Quando me virei para sair, no
canto, três caras fantasiados discutiam sobre um pedaço de couro esticado sobre
a mesa enferrujada. Turbantes, batas e potes estranhos. Um deles era negro.
Olhei pro dono e ele me fez sinal de que não sabia do que se tratava. Achei que
era o espólio de algum baile à fantasia, nada de anormal para o tipo de
festividade que havia acabado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Dessa vez eu fui o chato, me aproximei no intuito de ver mais de perto
o que eram aquelas criaturas, e para isso usei o ‘feliz ano novo’ como
disfarce. Todos olharam pra mim, tinham expressões tristes. Nos potes havia
trigo, mirra e incenso. “Céus!”, exclamei alto, afinal estava à frente dos três
Reis Magos, e pareciam mais perdidos do que cegos em tiroteio; o couro sobre a
mesa era um mapa. O mesmo que usavam há dois mil e dez anos. “São vocês
mesmos?” Todos confirmaram. Puxei uma cadeira e pedi outra cerveja ao homem
ovo. Voltei para o trio e resolvi perguntar, “Qual é o problema, por que estão
tristes?” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">A resposta foi simples, há muito não encontravam o Menino Jesus.
Quando chegavam, dia 06/01, dia de reis, os presépios já tinham sido
desmontados. Quando encontravam um ou outro ainda em ato, era muito mais pela
preguiça do proprietário do que desejo de espera pelos reis magos. Além disso,
o menino também se mostrava impaciente. Não queria saber de trigo, mirra e
incenso. Queria vídeo-games, IPODs, celular, computador, um revólver taurus
e/ou passagens para Disneylândia e lugares afins. Ou seja, eram obsoletos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Gaspar deu um murro na mesa e disse, “É culpa do Papai Noel,
aquele...”. De certa forma ele tinha razão, com o patrocínio de refrigerantes e
apoio logístico de Hollywood, Papai Noel havia se tornado na grande estrela do
Natal: filmes, desenhos, comerciais e logomarcas estimulavam muito mais o
consumo do que o nascimento de um menino numa manjedoura, cercado por animais e
presenteado, dias depois de seu nascimento, por três reis magos com presentes
simbólicos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Baltazar chorava, lembrou-se de São Francisco, “...e os pobres
animais do presépio, todos viraram churrasco!”. Era fato: bois, cavalos,
galinhas, ovelhas tornaram-se sinônimos de carne assada na brasa. Ninguém mais
se lembrava deles no Natal, haviam aquecido o menino com seus corpos quentes,
mas ninguém se lembrava mais deles, nem as crianças. Era trágico, Papai Noel,
com certeza, era um funcionário da CIA, e sua função era fazer com que os
homens do mundo pensassem como os norte-americanos; maior sucesso teria a
tarefa se ela começasse com as crianças. Natal é consumo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Com as primeiras lágrimas nos olhos de 2011, resolvi comprar briga
com Papai Noel em defesa dos três reis magos. Pensei numa guerra do tipo X-Man,
mas os três sábios me dissuadiram. ‘Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade’ era
o princípio básico do Natal, e não uma guerra. Eles tinham razão, então pedi
outra cerveja ao homem ovo que deixou claro que estava ao nosso lado na futura
cruzada contra o homem refrigerante que se chamava Noel. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Eu não agüentei e desabafei, “...vocês ainda andam de camelo e o
Noel vai de helicóptero”. A concorrência era desleal. Mas a esperança não morre
fácil. O homem ovo trouxe seu filho pela mão, ele morava nos fundos do boteco,
além do balcão ficava não só a cozinha do bar, mas também sua casa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Belchior sorriu pro menino e o colocou sobre o joelho. Do trigo
dourado, (que muitos pensam ser o ouro, inclusive teólogos), emanou uma luz,
ela pairava sobre a mesa. O menino sorria, eu e o homem ovo ficamos no lugar
dos animais, de nós exalava calor. Da mirra e do incenso vieram aroma, limpeza,
tudo ficou como a água pura da montanha. A singela mulher do homem ovo saiu
detrás do balcão, veio até a mesa, beijou as mãos dos magos, tomou o filho de
volta e os reis entregaram a ela os presentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">Os reis se curvaram e saíram, o boteco parecia novo. Fui até a rua
e me deparei com uma neblina nada comum nessa época, então vi a silhueta dos
Reis Magos em movimento e até agora não consegui me esquecer do barulho dos pés
dos camelos. Voltei pra mesa, dessa vez o homem ovo se sentou comigo, tinha os
olhos úmidos. Encheu dois copos de cerveja e disse, “...é por conta da casa”.
Agradeci, bebi e perguntei, antes de sair:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">- Obrigado, senhor...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span face=""arial" , "sans-serif"" style="color: black;">-...José.</span><span face=""arial" , "sans-serif""><o:p></o:p></span></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-35497067336702017952018-10-05T13:51:00.001-03:002018-10-05T13:53:24.889-03:00Marxismo de direita!!!! Como?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-gnn29LhBLYY/W7eTyy-UCvI/AAAAAAAAB-U/K3Y6zyV4sTk3lsTJLnHaDZs5crP1ZHCywCLcBGAs/s1600/marxIII.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="477" data-original-width="680" height="280" src="https://2.bp.blogspot.com/-gnn29LhBLYY/W7eTyy-UCvI/AAAAAAAAB-U/K3Y6zyV4sTk3lsTJLnHaDZs5crP1ZHCywCLcBGAs/s400/marxIII.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Uma
parte significativa do mundo acadêmico deseja a 'morte' de Marx o mais rápido
possível. Digo sua morte filosófica; não veem a hora de poder enterrá-lo no
mundo do esquecimento, na Terra do Nunca, junto com Peter Pan. Mas é fato que o
bom e o velho Marx desenvolveu uma crítica interessante sobre o capitalismo.
Seu segredo? Foi ter lido Balzac. Isso é um segredo, por favor, você que é anti-marxista, não conte esse segredo ao mundo: foi Balzac quem mais ensinou Marx
sobre comportamento da burguesia do que os economistas da época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem,
o que quero dizer é que Marx desenvolveu o conceito do economicismo para melhor
interpretar o comportamento antropológico dos indivíduos nas sociedades que
apostaram seu desenvolvimento no livre mercado. Ou seja, dentre os vários aspectos que compõem a vida humana,
cultura, religião, política, conhecimento, economia, essa última seria a mais
importante. É o que possibilita nossa real interpretação da condição humana. Confira os dados econômicos de uma sociedade de consumo e se poderá entender se
ela vive bem ou não. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Marx
discordou de um deus da filosofia, Hegel, que dizia que pensamento e realidade
formavam uma só coisa. Hegel, no século XVIII, afirmava, também, que o Império
Prussiano, no qual vivia, era a forma mais avançada de civilização, o ato pleno
da sofisticação e do progresso. Ou seja, no Império Prussiano a humanidade
estava no seu auge. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Hegel
mantinha-se tranquilo porque acreditava que a consciência histórica dos
indivíduos impediria a repetição dos erros anteriores. E mais, a sofisticação
havia chegado graças ao processo dialético, um eterno atrito de ideias onde haveria
sempre a ideia síntese<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(a base histórica,
o momento) e a 'ideia' contrária, a antítese (crítica/criatividade/inovação). Tal
processo, que não cessava nunca na mente humana, causava o desenvolvimento da
sociedade. (Os gregos antigos conheciam bem a dialética). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas
de onde vinha a dialética? Para Hegel, nascia do pensamento humano, que produzia
tanto pela racionalidade especulativa, quanto pelo empirismo, que era a ação de
aprender com as experiências. Um exemplo prático, no Brasil de 2018, da necessidade da dialética: será que
aprendemos que o preço de nossos combustíveis atrelado ao dólar se tornou
impraticável? Até quando poderemos suportar a isso? Qual antítese para tal
fórmula? A tese, ou a síntese da dolarização dos preços dos combustíveis, numa sociedade que recebe seu salário em reais, necessitada de uma antítese, de
uma contradição. É isso que move o processo de desenvolvimento. (E antes tarde do que nunca).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Claro
que o processo dialético é uma lâmina cega, que tanto pode ir adiante, em
termos civilizatórios, quanto retornar pras trevas do pensamento humano. Um
código penal pode evoluir em direção a uma racionalidade moderna e eficaz, ou
retroagir em direção ao código de Hamurabi, um código que já cumpriu seu papel,
sua síntese. Retornar a ele seria um retrocesso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas
e Marx, como embarcou nesse processo dialético indicado por Hegel? Marx entendia
que tal processo se dava em função das necessidades biológicas e materiais dos
indivíduos. Que a mente humana e a consciência se construíam em função de como
as sociedades venciam seus obstáculos. Saciar a fome, vencer o frio, dominar os
animais, criar deuses, desenvolver agricultura, criar o Estado e manter a ordem
era um conjunto de conceitos que se processava de forma dialética na mente dos indivíduos,
e isso de forma integral; numa analogia, um conjunto de aplicativos, porque o sistema
operacional, a nave mãe do processo do desenvolvimento humano era (ou é) a
economia e sua dinâmica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
pensamento crítico de Marx supervalorizou a economia e seus efeitos sobre
entendimento da sociedade sobre si mesma. Assim, convencionou-se chamar tal conceito de 'economicismo'. Por isso, tal como Noam Chomsky, creio que os debates políticos
modernos se dividem entre marxistas de direta e marxistas de esquerda. Chomsky
até brinca e diz que Trump é um marxista de direita. Como? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
simples: marxistas de direita: são aqueles que acreditam que a sociedade vai
usufruir melhor da economia se ela for projetada e idealizada para favorecer o
acúmulo de renda gerado pela concorrência. Esse acúmulo de capital em poucas
mãos, um dia será re-investido e a circulação do dinheiro continuaria a criar
uma demanda por empregos e com isso a sociedade se manteria em níveis regulares
de qualidade de vida. <span lang="EN-US">Deus salve a América! This is american way life. </span>Diga-se de passagem, o que
corrompeu tal mundo foi a especulação em excesso, que desconectou a economia
real da economia virtual especulativa financeira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Do
outro lado estão os marxistas de esquerda: são aqueles que acreditam que a economia
deve receber estímulos e controle parcial do Estado para que a circulação do
dinheiro nunca cesse, e sua continua demanda mantenha empregos e concorrências
num mercado livre, em convivência pacífica com programas sociais. E ainda: por
vezes, tal mercado deve ser subsidiado, principalmente em sua matriz
energética.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas
as discussões políticas modernas não se limitam ao economicismo. Existem as questões
morais e éticas: sexo, arte, família, religião, educação, comunicação,
liberdade e etc. Entramos assim numa seara até mais complexa. Marx se defendeu
bem dessa armadilha ao dizer que o modo de produção e de consumo determinam a
moral e a ética dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Concordo, pois quem discordaria da forte influência do consumo, e sobretudo do que
se consome, nos valores morais e no comportamento ético? Seria um clichê dizer
que o celular e a internet tornaram a imagem do outro, do próximo a que devo amar com a mim mesmo, segundo cristianismo, algo descartável e
alimento contínuo de escárnio e depreciação, graças a uma tecnologia eficiente
e de fácil acesso mercadológico? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem,
pra falar de moral precisamos de Kant, de Immanuel Kant. E de Nietzsche, por
que não? Mas num outro texto. Abraços. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-58136939743571807422018-06-08T12:47:00.000-03:002018-06-08T12:47:42.459-03:00História<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-j8W4fwAX9N4/WxqkzOMgwTI/AAAAAAAAB9c/bELP0jYmJScXs9x1Jt9T0wA-JmsZG5grACLcBGAs/s1600/folha_ditadura06_folha_tarde.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="277" data-original-width="353" height="251" src="https://1.bp.blogspot.com/-j8W4fwAX9N4/WxqkzOMgwTI/AAAAAAAAB9c/bELP0jYmJScXs9x1Jt9T0wA-JmsZG5grACLcBGAs/s320/folha_ditadura06_folha_tarde.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: left;">No que estou pensando? Que agora é moda grupos de pseudos filósofos aparecerem em vídeo e afirmarem, categoricamente, que a guerrilha de esquerda, na ditadura militar do brasil, não lutava por liberdade. Autores desses respectivos vídeos ainda pedem, de maneira truculenta e deselegante, no mínimo, para que, internautas, após assistirem tais vídeos, os 'esfreguem' na cara de professores de Histór</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; text-align: left;">ia, porque são todos petistas. Bem, em tal período, os Liberais brasileiros se omitiram, ou pior, juntaram-se à ditadura e perderam o direito ao título de Liberais. Pois o Liberalismo inglês do século XVII, de John Locke, pregava o tiranicídio, que se resumia na ideia de que todo tirano deveria ser executado em praça pública, em nome da liberdade, do Estado de direito e da representatividade democrática. Num paradoxo, a esquerda do brasil fez o papel que liberais deveriam ter feito. Era um período cruel e sanguinário. Eduardo Collen Leite, o Bacuri, preso no doi-codi, acusado de ser um guerrilheiro, recebeu em mãos a edição da Folha de SP, a Folha da tarde, que seria publicada dali a horas e que noticiava em primeira página que, ele, o Bacuri, o próprio a ler o jornal, 'havia morrido' num tiroteio com os militares. Morto, primeiramente, na mídia; depois executado com requintes de crueldade e sorrisos sarcásticos no doi-codi. Era contra essa gente que a esquerda lutava. Era com essa gente que a direita 'liberal' se juntava.</span></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-17620504582686985822018-03-04T19:04:00.001-03:002019-01-02T10:20:12.535-02:00O socialismo e o individualismo<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-vWVd-_QwNHU/WpxtXWiE2ZI/AAAAAAAAB9M/MnZ0C9_A5aE2a5mkiRNGeK23WzPZRfxbgCLcBGAs/s1600/social.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="285" data-original-width="400" height="285" src="https://1.bp.blogspot.com/-vWVd-_QwNHU/WpxtXWiE2ZI/AAAAAAAAB9M/MnZ0C9_A5aE2a5mkiRNGeK23WzPZRfxbgCLcBGAs/s400/social.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; text-indent: 1cm;">Vários
pensadores procuraram idealizar um sistema que fosse justo e universal. Em
nosso senso comum, o socialismo é um sistema que parte da ideia de uma
estrutura que seja a base, como um sistema operacional, para que os componentes,
indivíduos, possam agir dentro de sua existência (o ser). Toda forma imaginada
de socialismo, a priori, é recebida como algo fadado ao sacrifício de
individualidades, somado ao peso de um Estado ineficiente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
preciso entender que nem todos os socialistas são marxistas. Nosso 'asneiral'
maior, as redes sociais, deseducam firmemente os 'leitores' que lêem
'articulistas' que por lá se atrevem a
misturam Venezuela com o enredo da escola de samba do Paraíso do Tuiuti. Thomas
More e Tommaso Campanela, ambos do século XVI, são considerados socialistas
utópicos (utopia, de sonho). Augusto Comte, Positivista, criador do lema, Ordem
e Progresso, no século XIX, também é considerado um socialista utópico, não
marxista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Hitler
também pode ser considerado um socialista, só que distópico, de pesadelo, e que
também não é marxista. Ele partiu do seu próprio 'Eu', com o livro, Minha Luta,
que diga-se de passagem, expõe o individualismo extremo em seu título, para
imaginar uma sociedade que ansiava por ordem e desenvolvimento com base, não só
na propriedade e no mercado livre, como também no extermínio daquilo que
impedia o crescimento de tal sociedade: a cultura judaica. Podemos dizer que os
massacres humanos, advindos das ideologias de Estado, nasceram de desejos
individuais de organizar a sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Se
fizermos outra comparação, semelhante no desejo, mas oposta ao resultado
alcançado por Hitler, Cristo também era um socialista não marxista. Ele
propagou a ideia de uma ordem que propunha diluição do poder, circulação de
renda e a própria existência humana como cerne da sociedade e não como
componente subjacente a um sistema macro econômico que massacra indivíduos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
próprio antipetismo que circula de boca em boca, e faz festas nas redes sociais
com os vídeos do MBL, também é uma forma
de socialismo não marxista, que esconde por de trás de sua crítica a um PT, também
nada socialista marxista, (vide 13 anos de governo neoliberal, baseado no
consumo) um mundo idealizado pela extrema concentração de renda, pela
repressão, conservadorismo moral de ocasião e outras atrocidades mais, que em
suma, formam uma distopia, ou seja, um pesadelo pra sociedade. O suposto 'Brasil
Livre' que propagam em suas ideias, nasceu de um delírio individual também. E claro,
intoxicado de desejos e razões próprias. Quem comprar tais ideias, lógico, enriquecerá
os seus 'proprietários'. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Qual
melhor sistema? Em meus parcos devaneios, acredito no Liberalismo clássico, que
surgiu após a Revolução francesa, e deve ser alimentado por uma crítica
marxista, não pela ideologia, e mantido pela positivação de leis com base num
executivo/legislativo representativo. Evidente que os judiciário não pode ser
utópico, menos ainda distópico, pois se for um ou outro, estará a um passo da tirania,
que é o que surge após sua corrupção, que se inicia pela parcialidade de
julgamentos. O judiciário não deve ter outra função senão a de julgar se a
universalização das leis, que é a racionalidade da sociedade em ato, foi ou não
burlada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Como pode perceber,
leitor, quando 'Dallagnols, Bolsonários e Cia' com pseudo discurso
idealista de que um mundo melhor virá após o 'trabalho' deles sobre a Terra, entenda,
isso também se constitui numa forma de socialismo não marxista, pois usa o 'moralismo' idealizado para criar a ideia que de um mundo melhor no futuro. Que os Reis Magos os abençoe e os afaste do fascismo.</span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-5110659973943332272018-02-16T09:50:00.000-02:002018-02-16T11:31:46.871-02:00A febre amarela<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-26_A2AsndfY/WobFG9FeiUI/AAAAAAAAB8g/wDmx12GKeO8c3FbU-FU4qjrDTHBpbFlAACLcBGAs/s1600/FASCISTA.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="211" src="https://2.bp.blogspot.com/-26_A2AsndfY/WobFG9FeiUI/AAAAAAAAB8g/wDmx12GKeO8c3FbU-FU4qjrDTHBpbFlAACLcBGAs/s320/FASCISTA.jpeg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Caro
fascista, é preciso que eu seja um monstro, um protetor de ratos, alguém
anacrônico, despossuído de um juízo para que seu pensamento possa ser
justificado. E digo: não há ilusão maior do que essa. Sim, como justificar os
livros que você não leu, os textos que você não escreveu, a palavra que você
não proferiu, o debate que você não fez e os adjetivos que proferes ao próximo
que desejas longe, mesmo sendo o país uma república? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Não,
nem é preciso que respondas. É só uma massa de desejos que brota de dentro de
ti e que precisa de ideias prontas, de conceitos mastigados e de um molde em
que teu corpo caiba pra dizeres, assim, que és 'normal'. Nada mais 'humano' do
que o nazismo e o fascismo, porque se impõem com violência sobre o indivíduo e
o obrigam a propagar ideias prontas em nome de uma suposta ordem, a qual não
lhe é de direito opinar. É a mesma lógica do poder dos chefes das bocas de fumo
sobre seus capangas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Por
isso o cristianismo é supra-humano. Só faz sentido se seus adeptos forem além
de si mesmos. Deus se fez homem e como tal, mesmo dentro de suas limitações, se
colocou diante de Roma como alguém que era justo; ante aos vendilhões do
templo, os especuladores da época, como um guerrilheiro da honestidade; ante as
prostitutas, como alguém tolerante; e contra os sepulcros caiados das
instituições religiosas, colocou-se como alguém que procurava a inocência das
crianças. Pois é delas o reino dos céus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="background: white; color: #1d2129;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vejo o mundo como alguém racional, e não como
um beato da terra em transe, pintada de amarelo, em delírio profundo, aspirando
pela destruição do Estado em nome de algo que nem sabem bem o que é. Vejo que
os bodes expiatórios, eleitos pela ignorância, são 'humanos, demasiadamente
humanos' e não diferem, moralmente falando, de seus críticos. A discrepância entre
a visão sobre seus objetos de crítica, e o que eles são realmente, incidam uma
neurose que já se constitui em doença grave. Não é o que é. É o que o desejo
forjado na cachola neofascista impõe para que seja transfigurado em razão
política. Teu títere tem toga, ou é dono de televisão, ou é provedor de
internet, ou é a própria especulação financeira. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="background: white; color: #1d2129;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Cabe a você proliferar o discurso que interessa
ao poder do qual você não faz parte. A assepsia que o neofascismo deseja pro
mundo é 'evangelizada' por você, um a drone que atira e vigia seletivamente em
prol da submissão dos povos. Por isso é preciso destruir todo o Estado
Constitucional de Direito e transformá-lo em lucro. Menos a segurança pública,
a polícia que mata em nome de seus negócios e que deve ser mantida com dinheiro
do contribuinte; o neofascista não quer custos. - Esses eram os sonhos de
Mussolini. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="background: white; color: #1d2129;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A inversão da lógica causada pelo delírio dessa
demência amarela é prontamente diagnosticada quando o contaminado propaga, aos
quatro ventos, que o atraso do país é culpa dos miseráveis que vigiam os carros,
ou dos que recebem o bolsa família, ou daqueles que se beneficiam do prouni. Ao
culpar a base excluída, e não o pseudo-empreendedor que se metamorfoseia em especulador
e caloteiro do dinheiro público, e que a ele foi emprestado para desenvolver do
mundo ao seu redor, identifica-se o capacho do fascismo. É esse homem comum que
banaliza o mal e o diversifica na estrutura social com ares de 'racionalidade. Enquanto
faz isso, protege, como a um sabujo, a elite predadora do Estado brasileiro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #1d2129;">Q</span>uando
a bestialidade da política se torna a apoteose de um espetáculo de carnaval,
significa que a farsa superou a tragédia. Os livros de História, mesmo
proibidos pela amoralidade da tal 'escola sem partido', dirão, no futuro, que
houve um tempo em que os brasileiros foram as ruas pra pedir pra serem
escravos. Afinal, a fraternidade é branca, a igualdade é vermelha, a liberdade
é azul e a demência, amarela. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<br />Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-12519631557546031612017-12-31T11:23:00.003-02:002017-12-31T11:23:20.275-02:00A estrela<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-CSriSoLif4o/WkjkqvIqF4I/AAAAAAAAB8Q/f53C4Jx99_gA2nVeThDteHURXrH9GozSgCLcBGAs/s1600/estrela%2BI.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="601" height="318" src="https://3.bp.blogspot.com/-CSriSoLif4o/WkjkqvIqF4I/AAAAAAAAB8Q/f53C4Jx99_gA2nVeThDteHURXrH9GozSgCLcBGAs/s320/estrela%2BI.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na
noite densa e escura os homens precisam de luz, de algo que lhes dê sentido.
Uma canção, um abraço, a lembrança de alguém que a vida achou melhor levar pra
outros caminhos. Ao final de cada ano, o passado se comprime em nossas
lembranças, o ciclo da vida aparece diante de nossos olhos. Ele é indiferente,
mas nós não conseguimos deixar de senti-lo próximo, tal como se olhássemos no
espelho e, por um momento, questionássemos o quê fazemos aqui, nessa Terra? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As
Festas de fim de ano são noturnas, por isso tentamos iluminar os céus com
nossos efêmeros fogos de artifício. Buscamos na embriaguez dos brindes um
sentido metafísico, a frase perfeita, o abraço reconfortante. Procuramos a
humanidade que perdemos diante das escolhas nada confortáveis, aquelas que nos tornaram
seres menores ao longo do caminho. Mas são elas que justificarão, hoje e amanhã, os supostos fins
alcançados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nos
negamos ao longo do tempo muito mais do que o fez Pedro, antes do galo cantar.
A negação de Pedro está em todos nós, porque defendemos os poderosos com
discursos de produtividade, dedicação e importância da obediência. Claro, é
muito confortável confundir sujeição com respeito e responsabilidade. E mais
fácil ainda mesclar trabalho com adulação aos sepulcros caiados na busca pela
sobrevivência básica; pra engolir a auto-excrescência, ou fazemos terapias, ou
tiramos selfs com os algozes da ética e babamos ovos de elogios a eles em redes
sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E
se Pedro não tivesse negado a Cristo antes do galo cantar, mas sim o afirmado
como referência e estrela guia de sua obra? Claro, Pedro iria anunciar que, a
partir daquele instante, estaria iniciando sua guerra contra Roma, contra os
poderosos, contra os vendilhões do templo, contra os 'caiafas' da vida e se
juntaria à massa de pecadores excluídos. Tornar-se-ia a pedra da resistência
física e real contra o mal que já corrompia a humanidade à época: dinheiro e
poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Feliz
Natal! Diz a coca-cola. Feliz Natal! Diz a Globo com sua musiquinha,
"...hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou!...". Tempo este
recheado por uma reforma da previdência indigna, pela criação de novas leis de
Trabalho bárbaras e desumanas, por uma justiça corrupta e delirante que
sustenta o pesadelo como se fosse razão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas
sim, a festa de Copacabana é a maior do mundo, podemos comemorar felizes; e em
fevereiro, claro, tem carnaval; mas não há mais fuscas nem violões. Somente
Pablo Vittar e MBL, ícones da caretice. Pior é aquele que se intitula Mito e
pede que se compre armas em supermercados. Oh! Glória, atiraremos, no futuro,
uns nos outros, enquanto desejamos um feliz Natal. Sim, é a apoteose do
absurdo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A
solução que querem nos impor como se fosse uma livre escolha? Resposta: copiar
os EUA em tudo, pois afinal temos um potencial inigualável para a idiotice. Deveras,
não vejo nada novo surgir da contramão, tudo é Global. E tem mais: o velho
herói do cinema quer mais guerras e quer construir muros; nos quer fora da
Terra sagrada do consumo. Somos a escória, os imigrantes que adentram a terra
prometida a poucos. E fazemos isso porque o venerável Tio Sam, o herói do
cinema, destruiu a nossa terra com sua geopolítica, com a ganância que lhe é
peculiar. E segue o fluxo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ora, direis ouvires
as estrelas do por vir de seus sonhos? Mas pra isso, precisamos de horizontes.
Felicidades. FLZ 2018. </span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-44064886027015736522017-11-28T10:53:00.002-02:002017-11-28T10:53:26.603-02:00Apocalipse<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-ARp6ahEy3Ew/Wh1cJkQFD4I/AAAAAAAAB8A/ihRdhdpVXjM4i-1uJtkLpUOwjJBdlA9awCLcBGAs/s1600/apocalipse.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="390" data-original-width="860" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-ARp6ahEy3Ew/Wh1cJkQFD4I/AAAAAAAAB8A/ihRdhdpVXjM4i-1uJtkLpUOwjJBdlA9awCLcBGAs/s400/apocalipse.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Apocalipse
é uma palavra que vem do grego e quer dizer revelação, ou o ato de despertar.
Em nossa cultura judaico-cristã tornou-se sinônimo de um cataclismo, um colapso
anunciado por um discurso obscuro sobre o fim dos tempos e que se personificará
com a destruição de tudo o que conhecemos no mundo tal como ele é. Apocalipse é
também o nome do último livro da Bíblia, escrito por João, no Novo Testamento, e
que por meio de uma linguagem subjetiva descreve a estética do fim da vida na
Terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Creio
que tal evento, se ocorrer, será exclusivamente em nossas mentes, no
intra-humano, no intra-crânio, na maneira como entendemos o mundo e sobretudo
no valor dos outros humanos e animais para nossas vidas; seria o fim do senso
comum cooperativo. Em outros termos, quando tal cooperação desaparecer por
completo da face da Terra, a mente individual encontrará um ambiente tão
angustiante quanto solitário, ante ao peso de um universo indiferente à nossa História.
Seremos julgados por uma natureza que não sabe o que é o bem ou o mal, mas que
seguirá seu fluxo sem se preocupar com quem estiver vivo em seu seio. Sim, a
natureza continuará sem nós se continuarmos a achar que podemos viver sem ela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O
primeiro sintoma do Apocalipse ocorreu no final do século XIX, quando a
humanidade se entendeu como moderna e sonhou, delirou e acreditou que poderia
viver uma vida desvinculada da força natural que a trouxera até aquele presente
momento. Máquinas, protocolos e inteligência, a todo vapor, na busca por
excesso e desperdício. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A
mola propulsora do sistema passou a ser
a insanidade. E as camadas de subjetividades extraídas da loucura da
vida moderna tornaram-se conhecimento. Justificá-lo com teorias de gestão e
marketing , num seqüestro constante da ética e da moral para um espaço-tempo
repleto de urgências, ansiedades e patologias disfarçadas por uma infinidade de
planilhas, passou a ser o sentido da vida. O essencial do ser, nas sociedades
modernas, deveras, passou a basear-se no descartável alcançado pelo excesso de
uma produção continuamente revigorada por si mesma, a qual nosso livre arbítrio
e escolhas são ineficazes e imperceptíveis. Aceitar a perda da liberdade como
sinônimo dessa mesma 'liberdade' foi nosso primeiro pecado 'civilizatório'.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pobre
daquele que pensa que o Apocalipse virá em função das escolhas sexuais dos
habitantes da Terra, ou sobre os prazeres ínfimos dos prisioneiros da
urbanidade, dos submissos ante as decisões dos donos do Capital com suas
profundas manipulações pelos meios de comunicação e pelo mundo acadêmico. O
Apocalipse será a solidão alimentada por um esperança de um futuro melhor numa
terra desolada e devastada pelo pensamento único, somado à omissão. Nos
tornamos intolerantes para com as escolhas sexuais alheias e tolerantes para
com a corrupção, a violência (fardada e/ou civil) e mais a extinção da
natureza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas
alguns anjos já estiveram entre nós, só que não os ouvimos. Manoel de Barros
pediu, em sua obra, para que nos conectássemos com a beleza do ínfimo, das
coisas singelas. Henry Thoreau disse que, se ficássemos sentados observando a um
bosque, nos chamariam de vagabundos; já se cortássemos as árvores e depois
fizéssemos um muro ao redor da desolação desarborizada, diriam que somos
empreendedores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A auto-infidelidade
que praticamos é nossa rota para sentimentos depressivos e agonizantes, eis o
Apocalipse. Sonhamos com muros que separem pessoas com base no poder de consumo;
desejamos que drones exterminem as periferias; que pinturas sejam proibidos em
museus; que pensar no outro e praticar a alteridade sejam coisas arcaicas e que
devem, sistematicamente, ser esquecidas. Dar-se-á o fim, quando inteligência e
consciência divorciarem-se definitivamente.</span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-73273655437987465142017-11-28T10:45:00.001-02:002017-11-30T13:04:59.721-02:00O absurdo<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-5mm9hYrUKxQ/Wh1aNm9bQkI/AAAAAAAAB70/02ZwQ9Vpp708lP8nERKvrPsRfulGwqtKQCLcBGAs/s1600/albert-camus-a-revolta-do-homem-absurdo-7-638.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="479" data-original-width="638" height="300" src="https://2.bp.blogspot.com/-5mm9hYrUKxQ/Wh1aNm9bQkI/AAAAAAAAB70/02ZwQ9Vpp708lP8nERKvrPsRfulGwqtKQCLcBGAs/s400/albert-camus-a-revolta-do-homem-absurdo-7-638.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
sentido da vida, pra mim, está no desejo de vencer o absurdo que ronda nossa
existência desde sempre. A vida, claro, nos sugere ser desprovida de razão,
pois a morte não permite que edifiquemos nada que vá além do pó. Mas mesmo
assim, nos intoxicamos com 'certezas' e somos cada vez mais altivos com nossas
vãs teorias. Seres feitos do barro, com armaduras confeccionadas pela vaidade,
estruturas à base de sepulcros caiados e, sem nenhum grafite pra ilustrar uma
boa mensagem, somos resumidos, atualmente, por selfs vazias que são
desconectadas de nosso processo histórico; um dos campos do conhecimento que pode nos dar um mínimo de consciência necessária ante ao processo evolutivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">É
com base nisso que me preocupo com essa onda de conservadorismo/intolerância
que assola o país e o mundo. O senso comum é como os carburadores dos carros
mais antigos, vez ou outra precisa de uma limpeza. De onde virá tal faxina? Talvez
da arte, da liberdade sexual, da política, ou da consciência ambiental que está
demorando um pouco além da conta pra se tornar parte inegável de nosso mundo.
Detalhe: jamais a renovação virá da intolerância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vivemos
tempos em que nossa classe média anda a produzir massa fecal com a mente, uma
inversão fisiológica que muitos dirão ser cíclica. Outros dirão que nada mais é
do que uma falta de pudor elevada à enésima potência e que causa esse 'natural'
afastamento da inteligência social. É óbvio que os intolerantes dessa classe
social não se preocupam com a literatura, com o cinema e nem com o teatro, mas
fazem protestos nas portas de museus exigindo proibições sobre assuntos que
desconhecem. E isso, lamentável, virou moda no Brasil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ainda
tem mais: na busca pelo aumento do poder de consumo, essa mesma classe média
passou a expressar ‘pérolas’ racistas, preconceito sexual, conceitos de
extermínio e falso moralismo em anexo a um discurso supostamente sofisticado de
redução do Estado e abandono dos pobres e miseráveis a si mesmos. Tudo isso em
prol de algo que chamam de meritocracia; como se isso pudesse torná-la mais abastada
da noite pro dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">'Em
suma', o sentido da vida vai muito além do ‘direito’ de ser um racista, um
misógino, um elitista, um conservador retrógrado que prega a pena de morte e a aquisição
de armas de fogo como ingredientes necessários para o funcionamento de uma
‘sociedade de consumo ordeira’. Sabemos que o consumismo vive do excesso e do
desperdício, e que isso não nos levará ao paraíso ou ao auge da evolução. Pelo
contrário, eis a patologia. A classe média está com lúpus e ataca partes de si
mesma como se fossem demônios, tudo em busca do ‘direito’ de comprar bugigangas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sim, o suicídio, a criação
de bodes expiatórios e as aspirações consumistas são formas de se praticar o Absurdo. </span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-86484840578553648512017-05-16T11:23:00.006-03:002024-01-03T13:27:36.253-03:00A Liberdade: entre Crusoé e Heráclito<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-YOCm1c1UjbM/WRsLO-dUpeI/AAAAAAAAB5M/iLVWZzpD0tsvhcZ6D38owLQXz92S6PzLACLcB/s1600/kula%2BIV.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="315" src="https://3.bp.blogspot.com/-YOCm1c1UjbM/WRsLO-dUpeI/AAAAAAAAB5M/iLVWZzpD0tsvhcZ6D38owLQXz92S6PzLACLcB/s320/kula%2BIV.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Algo
que se assemelha à liberdade há de surgir quando pudermos controlar, ou
esquecer, as forças motrizes que nos cercam, que até nos dão sentido
antropológico, mas ao mesmo tempo nos escravizaram ao longo da História: o
Capital, o Estado, Deus, a Ciência e até mesmo se pode arriscar uma citação de
nosso aprisionamento aos aspectos culturais. São identidades que nos
trancafiam em conceitos por meio da subjetividade exigida pelos lastros dos
mesmos com a realidade. Achar o Ser em meio a tantos conceitos exalados por uma
longa ação histórica, em constante processo de auto-refutação, se torna algo
dantesco; podemos dizermo-nos, sem medo, como criaturas sísificas. - Talvez
controlar as forças motrizes venha a ser algo igual a esquecê-las.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Vivemos,
ao longo do tempo, com a ideia de que o Ser brotaria vívido e evoluído após séculos
de labuta dos fornos da dialética, em exaustivas tarefas de forjamento do homem-verdade-ser-livre
em definitivo. Algo que fosse intenso em si mesmo e soberano sobre protocolos e
sistemas. Mas parece que não há ser que o possa 'sê-lo' fora dos aspectos
fenomenológicos. Sem história, razão e fenomenologia, não existimos. Os
sistemas seriam experiências acumuladas e ratificadas pela razão que emana continuamente
do processo histórico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Heráclito
sobrepôs a física à ontologia quando afirmou que não se pode atravessar a mesma
água de um rio duas vezes. Inserido o tempo, mais nossa dependência e submissão
a ele, somos induzidos a pensar, por meio do conceito de Heráclito que, além de
perecíveis, somos prescindíveis quanto à questão do criação, estruturação e
manutenção do ser e que não podemos, apesar do livre arbítrio, escolher, manter
e refutar 'o ser em si', no decorrer de (sua) história. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Já fenomenologia se alimenta da impressão que temos do mundo. São essas impressões que
nos formam, nos dão nossa consciência, além da maneira como vamos seguir em
frente, na relação pessoal com outros seres e como próprio sentido do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Robson
Crusoé, clássico da literatura de Daniel Defoe, após sobreviver a um naufrágio,
necessita reconstruir sua vida, seu ser, a partir dos escombros do navio que
flutuam nas águas litorâneas da ilha onde se encontra só e desconectado da
civilização, mas não de si mesmo. Além dos objetos e suas funções e significados,
Crusoé mergulha na memória, no seu sentido e na racionalidade para
(re)construir um mundo habitável. O pobre náufrago não tem escolha, senão
desobedecer a Heráclito e atravessar, por meio da memória e por várias vezes,
as mesmas águas do rio de seu tempo de existência pessoal e civilizatório para
continuar em frente, ou simplesmente não morrer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Dessa
forma, os sistemas, as forças motrizes, impõem sua estrutura ao ser que, ao
agir por meio delas, há de crer em si mesmo como algo livre e autêntico e
senhor das escolhas binárias que hão de determinar a morfologia do espaço
geográfico. O espaço que se cria constantemente por meio da teoria exalada pela
força atual do capital. - No Egito antigo criava-se cidades e monumentos em
nome da religiosidade, da vida eterna do Faraó; Brasília foi construída para
servir a política, a independência dos poderes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Robson
Crusoé tenta recriar seu mundo, seus valores, para que isso lhe possibilite, quase
que como um prêmio de consolação, a conversar consigo mesmo em meio ao abandono
e à solidão em que se encontra; isso lhe dá um parco sentido à vida de náufrago
em que se encontra. Ele não esquece da
metafísica, nem dos hábitos civilizatórios que o identificam como tal. Sua memória,
sua consciência, sua vontade, não se cansam de buscar nas águas do passado de
sua vida, e também da própria sociedade que habitava, aquilo que ele deve ser
naquele momento. Deveras, mesmo solitário, Crusoé não é livre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif">A
existência, para que possa ser livre, dessa forma, deve se afastar da
fenomenologia da existência que paira no passado, e precisará ter ares de
esquecimento e desconexão para ser possível o início de algo levemente esboçado
numa concretude de liberdade. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif">Um abandono do processo dialético que,
supostamente, se embasa numa racionalidade inquestionável e que se reflete na história,
torna-se necessário para se começar algo livre, inclusive da própria consciência.
Num neologismo, necessita-se bem mais que a negação da dialética, precisamos
criar a 'desconexolética'. Além do esquecimento, da capacidade de esquecer quantas
vezes for necessário para o bem estar do ser que anseia a liberdade. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span face="Arial, Helvetica, sans-serif"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><o:p></o:p></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-18735717188775534242017-04-24T15:54:00.000-03:002017-04-24T16:05:32.199-03:00O rei, o liberal e o pensador<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Do
que se pode lembrar, era uma vez num reino distante. O rei havia se declarado
proprietário único e inequívoco das terras e dos animais que habitavam os
bosques e as florestas. Assim, ninguém poderia caçar e/ou plantar para se
alimentar, salvo fosse para dar a maior parte para o rei e sua corte. Gente que
nunca trabalhou, mas que se dizia dona de tudo e isso era em nome de Deus,
aquele que justificava a organização do mundo como tal; não havia injustiça no
mundo, mas sim a vontade de Deus. – Deveras, o povo passava fome.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Com
o passar do tempo, surgiu um homem que desafiou a organização do mundo. Como
era um caçador capaz de capturar os animais de grande porte com facilidade,
batia no peito e berrava nas tavernas que o mundo deveria ser daqueles que
fossem capazes de domá-lo. A eficiência da técnica de caçar, plantar e pescar é
que deveriam ser critérios para que as pessoas fossem donas de terras e
animais, não um rei supostamente autorizado por um deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Essas
novas idéias se espalharam com o tempo. O rei deixou de existir e quem passou a
dar ordens foram os homens que se intitulavam liberais, que ainda escolherem
representantes para apoiar e justificar suas idéias a respeito de como o mundo
deveria funcionar. Agora não mais pela vontade de Deus, mas sim por meio das
ações dos mais eficientes sobre a Terra. Aqueles que fossem mais especialistas
na caça e no plantio seriam as novas referências sobre o local do poder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dessa
forma, o que parecia ser um avanço, era, na realidade, uma outra forma de
controle e de subjugação da maioria por um minoria exclusivista. O pensamento
do Liberal havia vencido o rei, mas em contrapartida, havia impossibilitado o
surgimento de uma variedade de habilidades humanas, no que dizia respeito a ser
e existir e viver, selecionando e permitindo somente pessoas que tivessem as
mesmas habilidades de sobrevivência do Liberal inicial, para ocuparem a base da
pirâmide social. Existir era um processo contínuo de micro-amputações de
habilidades e desejos em prol de uma eficiência única, que deveria manter-se em
contínuo funcionamento para a glória exclusiva dos lucros dos homens que haviam
se apossado das terras e dos animais. - Deveras, o povo ainda passava por
privações e não era feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O
tempo, como senhor da razão, tornou as idéias dos liberais velhas e
anacrônicas. Para se manter no poder os liberais usavam a força armada e
criaram instituições para reproduzirem seus jargões sobre a realidade, os
termos que deveriam se constituir na matéria prima do senso comum, que dessa
forma propagaria, aos quatro ventos, que a vida era assim e desde que o mundo
era mundo. Era a formatação de um modelo que permitia os privilégios de alguns
poucos sobre a maneira de pensar a História da espécie humana, um ‘arbítrio
irracional’ se impondo à História universal como se fosse algo inquestionável,
uma racionalidade última e definitiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os
liberais nunca se importaram com o fato de que manteriam o poder de maneira
decadente. Isso nunca os incomodou. Mas sabemos que não se pode controlar o
espírito humano. E em meio às multidões dos reinos dos homens serviçais dos
liberais, começaram a surgir pensadores. Homens que usavam a lógica e razão
para subverterem o universo criado pelos ditos liberais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na
mesma taverna onde antes o especialista em caça fizera sua aparição, um homem
de barbas vermelhas dizia a todos que a natureza não era uma máquina que
poderia ser apropriada, nem por reis e nem de liberais, mas sim um organismo
vivo que produzia pela biodiversidade. Se todos criassem animais em terras
coletivas e também permitissem e estimulassem a produção agrícola
diversificada, em comunhão com animais e plantas e outros seres humanos, todos
teriam tempo para viver, in loco, as possibilidades do verbo ser. E não mais a
cópia barata e constate de posturas de ações teorizadas e espalhadas pelo mundo
por meio de palestras de gestão e de uma imprensa de braços dados como os
simulacros do marketing liberal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os
pensadores criaram espaços dissidentes dentro das linhas do pensamento ortodoxo
liberal e passaram a ser 'cassados' por isso. Revelaram que muitas verdades eram apenas dogmas, ilusões que
permitiam o controle das massas, compostas por indivíduos que pensavam de maneira
igual e que viviam com medo de algo que nem sabiam o que era. Por isso evitavam pensar
no trabalho como algo que lhes desse identidade social e cultural, ao mesmo
tempo em que os envolveria, de novo, com o meio ambiente do qual haviam nascido. Somente a eficácia do lucro deveria ser discutida, para que o mundo pudesse ser, em paz, para sempre, 'neo-liberal’. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-61212584594774097182017-04-17T14:55:00.001-03:002018-02-20T12:35:45.413-03:00Diálogo sobre as ilusões a respeito de um prefeito caviar<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">(Coxístenes se depara com
Sócrates nas ruas de Atenas)<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Sócrates, é graças aos deuses que lhe encontro pelas ruas de Atenas. Nosso
prefeito, Desnodória, é o mais comentado e citado nas redes sociais. Todos só
falam dele e de suas 'conquistas', como aquela de se vestir de gari. Que belos
tempos são estes, em que um prefeito se torna um ídolo? Que pensas sobre isso,
caro Sócrates. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Não posso negar que a 'fama', por gestos tão 'nobres', cerca o tal prefeito. E
nem posso deixar de pensar na 'qualidade' da platéia que o cerca, sobretudo no
quesito da lógica, digo da lógica política e social, Coxístenes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Sócrates, como sempre, sou inclinado a dizer que não te entendi, meu caro. Porém, devo-lhe adiantar que nosso estimado
prefeito tem certa aversão à palavra: social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Sim, isso ficou claro quando ele apagou os grafites da cidade e sem uma
consulta prévia da própria sociedade que o elegeu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Mas aí é que está, caro Sócrates, ele conseguiu dar a volta por cima. Foram
várias as críticas, inclusive a última feita por uma empresa, a Amazon, sobre o
cinza sombrio que agora cobre nossa cidade. Ele, o Desnodória, respondeu que,
ao invés de criticar, a empresa deveria doar livros e aparelhos eletrônicos
para as nossas escolas. Achei isso genial, Sócrates! Como não se encantar, se
apaixonar por algo tão maravilhoso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Se me permite, caro Coxístenes, toda paixão é cega, como já disseram nossos
sábios filósofos; entre eles, Flaviano de Corinto. E com base nisso, se me
permite, dentro de minha ignorância, gostaria de lhe fazer uma pergunta. Posso fazê-la?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Mas é claro, Sócrates. Pergunte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
O prefeito, o Desnodória, é um homem de negócios, um empresário, um gestor e logo, em função disso, supostamente,
teria potencial para ser um bom administrador público. Seus asseclas sempre
afirmam isso de maneira veemente, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
É exatamente isso, Sócrates. Ele foi eleito com base nesse discurso: um gestor
apolítico. Ou um não político. Bem, algo do gênero, se não me engano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Então eu não me equivocaria se achasse
que o dito prefeito, que por enquanto só faz alarde nas redes sociais, pedisse
às empresas, tais como essa Amazon, que doassem livros e computadores para
nossas crianças, mas com base nos próprios grafites, tal como se dissesse:
"...se empresas doarem livros e computadores para nossas escolas,
poderíamos produzir coisas ainda mais bonitas que os 'nossos' grafites. Não só
melhoraríamos a formação do cidadão, como também no embelezamento estético da
cidade".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Sócrates, você me confunde. Pode me explicar melhor?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
A questão está ligada ao processo educacional. Todo prefeito deve ter em mente
a importância da educação. Dessa forma, se ele mostrasse o que a cidade já fez
de correto, as ditas ações que nos tornaram melhores, e as potencializasse, eu
diria que ele não só estaria protegendo, como também estimulando o pensamento
ético do senso comum, base para a construção saudável do espaço geográfico em
que vivemos todos nós.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Agora me confesso perdido, Sócrates.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Ele não só apagou grafites, mas estraçalhou formas de pensamentos sociais,
provindos do sistema educacional. Pense na sociabilidade que se fez ao redor da
produção dos grafites? Quanta gente foi envolvida na execução dessas obras? E
mais: Desnodória interferiu negativamente na forma de como as futuras gerações
irão olhar pra cidade. O que era cor, expressão, tornou-se cinza(s) em função
da arbitrariedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Mas e aquela polêmica toda que causou?
Você é polêmico... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Exato, Coxístenes. Ele usou a polêmica, a usa ainda, não para ampliar a visão
política do cidadão, mas sim para remediá-las com a possibilidade de negócios,
mesmo que isso destrua e corrompa pensamentos e concepções estimulados pela
educação. Afinal, qualquer um pode ser um bárbaro, um chefe de boca de fumo que
só sabe polemizar e resolver essas mesmas polêmicas, geradas por ele mesmo, com
os negócios embasados num autoritarismo semeado de lucratividade e proibições.
Ele induz a sociedade a aceitar uma 'servidão' diante da gestão que propõe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coxístenes:
Sócrates, você quer dizer nosso prefeito usa uma lógica de homem de negócios
privados, tal como se fosse um chefe de boca de fumo, para administrar a
cidade? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates:
Não quero ser tão polêmico assim, meu caro. Mas espero o dia em que ele se vestirá
de professor, de enfermeiro, de desempregado, de artista de rua, de camelô, de
artesão de, de um doente que necessita das farmácias do SUS que ele vai fechar,
de operário..."um simples operário
que sabia exercer sua profissão".</span><b><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <b> <o:p></o:p></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <o:p></o:p></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-20127900074240655322017-03-29T08:54:00.002-03:002017-03-30T10:44:17.286-03:00Sobre as meias e a maneira de pensar<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-BvjcaaBeAFs/WNugYkPLiXI/AAAAAAAAB4Y/vVMPvc5BI0IldiCobTr_bhd84MMlGf6wgCLcB/s1600/16298808_1210019132415621_3785008979402654547_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-BvjcaaBeAFs/WNugYkPLiXI/AAAAAAAAB4Y/vVMPvc5BI0IldiCobTr_bhd84MMlGf6wgCLcB/s320/16298808_1210019132415621_3785008979402654547_n.jpg" width="305" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">As
meias separam a pele dos pés da aspereza dos calçados, sejam eles sintéticos ou
de couro. Para enfrentarmos o mundo, e suas engrenagens, usamos as mesmas meias
dos jogadores de basquete da América do norte. São de algodão, têm elástico,
podem ser brancas, coloridas e/ou com faixas. Elas aquecem os pés em dias
outonais e invernais. - Os homens de negócio que usam terno preferem as meias
de poliéster.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Bem,
sempre fui criticado em minha família por usar meias ao avesso. Já as mulheres
que me viram só de meia, nunca prestaram a atenção nisso. Há algo mais para se ver
na nudez exposta na escuridão das alcovas do que a maneira de como se usa as
meias. Mas voltando ao tom familiar, 'vestir' meias ao avesso pode ser um
sintoma de desleixo e indisciplina. Essa foi a sentença que recebi de meus
ancestrais. Do mesmo jeito que não se lia um livro de trás pra frente, ou se
entrava num cinema depois do início de um filme, diziam, também, meus familiares, que não se vestia um par de meias pelo avesso. Talvez, quem sabe, numa canção de
Caetano Veloso, mas não na vida real, não. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Várias
vezes tentei explicar que, para a pele humana, era muito mais confortável que
aquela costura toda, feita por máquinas, ficasse em contato com o calçado e que
a simetria do lado externo das meias suavizava a vida dos pés e tornozelos. Era
uma bela maneira de se evitar coceiras e incômodos, como os causados por
aqueles gomos costurados que ficavam entre os dedos dos pés por horas e horas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas
o conservadorismo tende a se assustar com pequenas liberdades tomadas por
sujeitos insignificantes. Usar um par de meias ao avesso pode subverter as
ordem das coisas do mundo e minimizar alguns valores morais tão caros à
sociedade e a seu funcionamento hierárquico. Exemplo: um soldado raso é só uma 'coisa'
que deve usar as meias do lado certo e não um ser humano que pode optar pelo
conforto da pele dos pés. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Se trocarmos o objeto da análise, as meias, pelo amor, veremos que o efeito pode
ser quase o mesmo. O amor é como um casaco de pele que vestimos com deferência
e orgulho. Talvez seja aquilo que mais nos torne humanos e insuportáveis. Afinal,
é uma peça confeccionada pelo tragicômico e inconseqüente espírito de Eros. E
diga-se de passagem, por dentro é revestido de espinhos e por fora é liso como
a pele de um bebê foca; desses bem branquinhos. Vesti-lo ao avesso o transforma
numa arma de sobrevivência, numa armadura capaz de deitar ao chão os espíritos
que habitam nossas ilusões e sempre vêm nos prometer o paraíso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Claro,
podemos habitar o avesso de várias vestimentas e trajes. Como no smoking da
conversação, por exemplo, um traje que é revestido de silêncio. E ao vesti-lo
nos seus contrários, nos livramos da mediocridade dos debates acadêmicos, do discurso idiotizado dos admiradores do Dória-MBL-gestão-padrão-fascista e ignorâncias mais. Adquirimos,
assim, a saborosa proteção do silêncio e da invisibilidade; além da
possibilidade da fuga permanente da chatice, da monotonia e da falsa educação
de salão que nos obriga a saudações e convenções proclamadas pelo status quo. -
E também dos imbecis em qualquer situação e/ou idioma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Talvez
por isso se diga, no senso comum, que ao se vestir uma camisa ao avesso, isso corresponderia
a um medo (in)consciente de fugir de um provável ataque de um 'cachorro louco'. Dessa forma, se o
avesso de tal peça de vestimenta é um amuleto para espantar a loucura de alguns que desejam
tomar satisfações sobre a vida que não lhes diz respeito, há pouca gente de
camisa ao avesso em função do enorme número de lunáticos à solta. Não sei ao certo o tamanho do diâmetro da proteção de tal amuleto, mas o
fato é que, se espanta cachorros e homens loucos, há de ter o mesmo efeito da
canja de galinha: se não faz mal, melhor prevenir do que remediar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em suma, melhor ofertar o avesso ao público e proteger o lado
humano, senão é o pobre homem sincero e humilde quem acaba transfigurado em
obsolescência programada e antes mesmo de aprender a dizer, não! Afinal, o inferno são o outros!</span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <o:p></o:p></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-77291281230359782962017-03-13T15:41:00.001-03:002018-02-20T13:16:27.423-03:00Diálogo sobre a honestidade de um juiz<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: start;">
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i>
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i>
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>Imagem: Aristóteles.</i><a href="https://1.bp.blogspot.com/-1rBYSfcn0pE/WoxAbTixq1I/AAAAAAAAB88/MnSlR7nqAxEOiPVC4jJ6Qhnt4K0ba4yawCLcBGAs/s1600/arist%25C3%25B3les.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="460" data-original-width="901" height="203" src="https://1.bp.blogspot.com/-1rBYSfcn0pE/WoxAbTixq1I/AAAAAAAAB88/MnSlR7nqAxEOiPVC4jJ6Qhnt4K0ba4yawCLcBGAs/s400/arist%25C3%25B3les.jpg" width="400" /></a></div>
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></i>
<i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates se encontra com Coxístenes na praça de Atenas</span></i></div>
<div style="display: inline; margin-top: 6px; text-align: start;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Coxístenes</b>: Caro Sócrates, te encontro num dos grandes momentos de nossa história! A Justiça, podemos dizer, se personifica. Ela vive e fará nosso futuro melhor.<br /><b>Sócrates</b>: Sua empolgação me alegra, porque sei que isso é fruto de um sentimento cívico que anseia pela ética, caro Coxístenes. Que os deuses o abençoem.<br /><b>Coxístenes:</b> E não poderia ser de outra forma, caro Sócrates. Moróclides, nosso juiz, anda a conduzir com maestria processos contra forças políticas populares acusadas de corrupção. Forças políticas que já nos governaram. É o tempo do advento profetizado pelos oráculos.<br /><b>Sócrates:</b> Que assim seja, Coxístenes. Mas se me permite um questionamento, pois se não o fizer não seria eu o Sócrates, a mosca, que todos já conhecem. E eis a questão: ando a perceber que alguns poderosos políticos também têm aplaudido tal juiz. De certa forma, isso me causa estranheza, e até mesmo preocupação, pois o poder em nossa sociedade se alcança, digamos, nem sempre de uma maneira justa. E claro, logo se torna privilégio. Em termos de ética pública, onde há privilégio político há injustiça. Ou estarei errado, caro entusiasta cívico, ao dizer que um grande número de homens injustos e corruptos se regozija com a ação desse juiz?<br /><b>Coxístenes:</b> Não, Sócrates, parece que não. A bem da verdade nem tinha pensado nisso.<br /><b>Sócrates:</b> Então, aprofundemos: além dos poderosos políticos que estão a aplaudir o tal juiz, estão também os poderosos das empresas de comunicação. Acho que concordaria comigo se eu te lembrasse que tais empresas estão longe de um comportamento moral adequado e agem muito mais por interesses econômicos próprios do que pelo bem da ética.<br /><b>Coxístenes</b>: Iluminado Sócrates, ainda não tinha observado a qualidade moral do salão que anda a aplaudir esse divino juiz! Isso é grave!<br /><b>Sócrates:</b> Exato. Entre os réus de tão nobre juiz, está Péricles, homem que lutou contra os poderosos ao distribuir terras, reduziu o poder da aristocracia com o voto popular nas assembleias populares, abriu universidades e programas sociais que reduziram a fome e a miséria. Claro, como homem comum, não está acima dessa mesma lei votada nas assembleias. Mas me parece, muito mais por ‘falta de atenção’ do que por uma ‘abjeta intenção política de nosso juiz’, que nosso sistema jurídico age, nesse momento, com exclusiva intenção de penalizar Péricles. Não como cidadão, mas como força política. Assim sendo, pergunto: seria esse o motivo de endeusamento do juiz pelos inimigos políticos de Péricles?<br /><b>Coxístenes:</b> Agora me sinto confuso. Não sei mais se ainda sei o que é a Justiça!<br /><b>Sócrates: </b>Sim, também sinto o mesmo. Mas sei que é extremamente injusto determinar que a única possibilidade de se existir, como indivíduo, seja aquela que possibilita o contínuo enriquecimento dos poderosos. O próprio ser no mundo não é o suficiente para se criar uma política de bem estar social. Muito mais que homens corruptos, um sistema injusto é a própria corrupção personificada pelo desmanche do Estado em prol dos negócios que passam a ser feitos de forma privada, onde antes havia atendimento público social.<br /><b>Coxístenes</b>: Sócrates, será que a História nos perdoará?<br /><b>Sócrates:</b> Não sei, a História parece ter sido proibida. Mas entendo que fazer justiça não é destruir a capacidade de um cidadão de fazer política. Não estão desejando apenas a prisão de Péricles, mas a destruição de suas idéias que passaram a ser, também, sinônimo de uma política de Estado de bem estar social. Basta ver a reforma da trabalhista aprovada pelos poderosos que dirigem o governo atual. Confirmada, será uma escultura da injustiça.<br /><b>Coxístenes:</b> E começamos essa discussão com base na suposta imparcialidade de um juiz que nos levaria à uma Justiça maior. Precisamos avisar aos jornais que tal injustiça ocorre em nossa cidade. Ó Sócrates, eles irão nos ouvir a tempo de corrigirmos essa injustiça?<br /><b>Sócrates: </b>Às vezes a esperança se confunde com a omissão. E assim afundamos ainda mais nas trevas das Cavernas. Mas vá, Coxístenes, só você pode arrumar aquilo que estragou. Adeus amigo, e que os deuses tenham piedade de ti.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Coxístenes</b>: Irei Sócrates, mas por onde devo começar? </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Sócrates:</b> Comece interrogando os 'partidários' de tal juiz se ele, como proprietário de casa própria, recebe do Estado o auxílio moradia. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b>Coxístenes</b>: Mas isso seria uma imoralidade, Sócrates. Que moral pode ter um juiz que burla o sistema assim, de forma tão...tão corrupta?</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sócrates: Coloque de novo a panela no fogão, Coxístenes. É pra isso que ela foi feita. </span></div>
</div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-47947827731888657642017-03-01T14:17:00.000-03:002017-03-01T14:17:51.614-03:00O 'Chullachaqui'<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">É um espírito vazio de si mesmo que se
tornou uma imagem fantasmagórica que vaga pelas florestas equatoriais sul-americanas,
perdido num tempo sem tempo, num espaço imemorial do futuro/passado pré-cosmogônico,
onde tudo ainda não começou ou já foi destruído. E deveras reina o caos. É
assim que os índios no alto rio Amazonas interpretam a fotografia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Mais isso é muito mais do que uma
simples análise dos efeitos do daguerreótipo na racionalidade mitológica indígena
sobre as estranhas mágicas praticadas pelos homens brancos e seus souvenires tecnológicos.
- Na Amazônia peruana, Chullachaqui é um espírito que aparece para os solitários
que se perdem na floresta, ele tem um pé diferente, um pé de cabra, e ilude sua
vítima a ponto de fazê-la desaparecer em espaços vazios do mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Nossa sociedade modernizada também
produz os seus "chullachaquis" através das infinitas fotografias
produzidas pelas câmeras dos celulares, daguerreótipos digitais, postados a exaustão
nas redes sociais. Imagens vazias, legendadas por frases que vão desaparecendo
lentamente até que mergulharão na ausência total de significado. Fantasmas e
mais fantasmas multiplicando-se num mundo com uma profunda ausência de palavras.
- Seria esse o sonho de Wittengeistein: um lugar onde as várias camadas de
subjetividades que envolvem as palavras são dissolvidas por Chullachaquis, só
restando, por fim, imagens, denotações multicores de fantasmas expostos e
apresentados por sinais polidos a exaustão a ponto de tornaram-se placas/esculturas/palavras?
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Em tempos de evolução da tecnologia e da
bio-química, a longevidade tem se tornado uma característica marcante dessa
sociedade digital, onde o corpo vem vencendo o tempo. Porém o cérebro parece não
conseguir acompanhar esse 'puxadinho' de vida 'biológica'. É a dança de milhões
e milhões de pessoas com Alzheimer e outras doenças mentais que nos transformam
em Chullachaquis modernos. No auge da doença, sobra apenas uma imagem de alguém
que já existiu e que perde, lentamente, o passado e se despede do futuro. Em
pouco tempo já não sabe mais quem é e nem o que deve fazer. Só restam a imagem,
o silêncio e o caos mental. As palavras se tornam grunhidos. Não há esperanças
ou uma subjetividade mínima que possam consolar o que se falta a 'viver' nesse
puxadinho possibilitado pela bio-química.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Alguns mais aficionados pelo mundo da
mitologia dirão que os Chullachaquis resgatam as pessoas de seus mundos pasteurizados
e acromáticos, salvando-os de uma destruição
causada pela insignificância e os apresenta à chacrona, planta
alucinógena usada em chás amazônicos. Ao bebê-la, dissolvida no chá, o
solitário se projeta em alucinações no interior da metafísica indígena que dá
sentido à vida. Por isso esses mitos 'tricksters', (traiçoeiros), preferem os
corações abandonados que até já pensaram em vender a própria alma aos infernos,
em troca de alguma dose de hedonismo pulsante nesse mundo 'concreto' que se 'liquefaz'
dia após dia. - Se Immanuel Kant criou a Crítica da razão Pura, os xamãs
amazônicos criaram a Análise do Padrão Psicodélico Puro, pois a divindade que
habita o princípio ativo da chacrona, em tese, criaria alucinações padronizadas.
Ao decodificá-las e entendê-las encontraríamos o sentido da vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">O Coiote, Macunaíma, Loki, Chullachaqui,
entre outros, são tricksters, espíritos traiçoeiros que nos ajudam a evoluir espiritualmente
enquanto também evoluem porque nascem sem caráter, mas com uma propensão gigantesca
às traquinagens e molecagens. Isso se dá, grifo nosso, em função de uma
ausência de uma consciência histórica linear. Esses seres não contam o tempo de
forma binária e em somatória acumulativa escatológica. - Estar sempre no mesmo
espaço natural, a floresta, contando o tempo através das luas, torna o índio
amazônico o campo da batalha entre o bem e mal desprovido de parâmetros, paradigmas,
axiomas e caracteres racionais históricos; eis o puro feeling em ação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Afinal, cada animal é um aspecto da alma
humana que vagueia pela Terra e ao defrontar-se consigo mesmo, a todo instante,
na busca pela essência das coisas, não pode a alma ser encontrada em algo
mediado por uma moral positivada pela razão de um tempo histórico tradiconal. O
relativismo latitudinário ilimitado da psicodelia advinda da chacrona torna-se
a única chave de abertura para um mundo que não é um mundo, um sentido que não
é um sentido, mas que fará dos seres da florestas algo mais puro e benéfico ao
próprio universo, pois afinal dissolver-se-ão
no âmago insondável da irracionalidade e quem sabe, da felicidade. Assim é,
assim seja. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mazel Tov. </span><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span><span style="font-family: times new roman, serif;"> <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-38696287926849366502016-12-09T17:35:00.000-02:002019-11-09T11:53:14.174-03:00Porque é mais fácil!<div class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-pCCiryzyjsI/XcbSUbW5vWI/AAAAAAAACDA/wkK4ndIKe-kWaDeO9lgW9IFouVc2IR-WwCLcBGAsYHQ/s1600/cruzeiro%2Bmissisppi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="889" data-original-width="1165" height="244" src="https://1.bp.blogspot.com/-pCCiryzyjsI/XcbSUbW5vWI/AAAAAAAACDA/wkK4ndIKe-kWaDeO9lgW9IFouVc2IR-WwCLcBGAsYHQ/s320/cruzeiro%2Bmissisppi.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Observar é uma tarefa fora de moda,
porque parte do princípio da existência do outro. Em tempos em que um dos
gestos mais comuns é da auto-fotografia (selfs), sentar-se à beira do caminho para
olhar o fluxo de pessoas me parece um gesto antropológico já em extinção.
Quando me dou a esse luxo, o de parar pra olhar o movimento das gentes, não
tiro o celular do bolso para ler as mensagens enviadas pelos grupos sociais
virtuais. Me concentro nos desconhecidos que estão diante de meus olhos em
movimento. Até mesmo porque não tenho celular, e nem me interessa ter algo do gênero.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dias desses, num Shopping Center, deixei
meu corpo cinqüentenário descansar numa daquelas cadeiras que ficam no entroncamento
de corredores. ‘Salas de estar’ para um breve descanso do consumidor. Lugares
planejados, talvez, para os eternos transeuntes reorganizarem seus planos de navegação
através daquela catedral do consumo. Mas digo que é um excelente ponto de
observação para uma iniciação nos significados da linguagem da estética
moderna. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O consumo no Shopping Center é feito por
um movimento humano que se assemelha a um êxodo num carrossel. As pessoas vão e
vêm dos mesmos lugares para os mesmos pontos de início, ou final. O tempo não
só é dinheiro, como também é o movimento constitucional do (direito) de ir e
vir; mas deve ser contínuo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em meio à contemplação do fluxo, iniciei
meu trabalho de identificação. Comecei por selecionar, a esmo, um indivíduo. Depois
abstrai sua imagem do todo e abri as portas de minhas especulações por meio da
percepção que sempre busca respaldo no conteúdo histórico. - O homem que abstraí
da massa tinha quase a minha idade, cheguei a pensar que era um antigo
conhecido do tempo de escola, mas logo vi que não. Era magro, bem arrumado, mas
seus braços, seu rosto e seu cabelo já não conseguiam mais esconder o grau
natural de deterioração do corpo. O contraste com as vitrines e luzes e objetos
expostos para regozijo do consumo era evidente. Mas o que se passava em sua
cabeça?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Caminhava junto a esposa e sempre
respondia a ela afirmativamente, ao mesmo tempo em verificava se a carteira ainda
estava no bolso da calça. Diante dos cartazes do cinema, parecia conhecer todos
os filmes que ainda não tinha assistido. Nas promoções da loja fazia cálculos, distinguia
o que era melhor do que não era. Mantinha um comportamento digno de respeito naquela
atmosfera que exalava a sacralidade que ele absorvia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Como todo homem é rei em sua abstração,
tive coragem de me aproximar para perguntar por que ele se movia daquele jeito,
gesticulava exatamente como fazia naquele momento enquanto olhava a tudo como
se fosse de uma forma programada, uma repetição dos movimentos corporais das
outras pessoas que nos circundavam. Uma linguagem corporal clonada para que o
todo jamais fosse incomodado com a possibilidade da existência de alguma
individualidade heterodoxa. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sua reposta foi telepática. “Porque é mais
fácil. Me acalma a idéia de que haja alguém no controle. De que exista regras
criadas pra mim e não por mim. Que tudo é assim desde que o mundo é mundo. Me
sinto útil não sendo eu mesmo. A ordem é meu Deus. Me sinto como parte de algo.
Aliás, se me permite, eu não te conheço de outros tempos?”. Não respondi e me
afastei. Encaixei-o de novo na paisagem e o deixei seguir. Fora uma estranha
confissão. Corajosa. Por demais corajosa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> Segui em frente entre
a idéia de amar a realidade de forma inconteste, ou de libertá-la de si mesma,
desse mergulho na auto-assepsia que nos conduz a um resfriamento da existência.
Anarquizar a replicação do nada em suas exposições de multifaces. Então, depois
me lembrei de um templo hindu, Lakshmana, do século X, rodeado por esculturas
em alto relevo que retratam corpos em todas as posições sexuais imagináveis. Porém,
dentro do templo, para o observador que se arrisque na busca por uma resposta a
tantos corpos nus expostos à luz do sol, somente um imenso espaço vazio. O nada
representado e exposto e sem pudor. A profundidade da mensagem parece viva.
Somos vazios e em inércia histórica, desfilando em galerias de consumo. Depois
disso, peguei meu carro e fui embora. Meu tempo já havia passado. </span></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-53138686852255797842016-11-23T13:36:00.002-02:002019-11-09T11:57:58.428-03:00Eus<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-I0mZBTdHRic/XcbTit_X4kI/AAAAAAAACDM/hnp-7qnuFxMAcFI21tWvn4Z7y4kkPqv1ACLcBGAsYHQ/s1600/kula%2BIV.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="505" height="395" src="https://1.bp.blogspot.com/-I0mZBTdHRic/XcbTit_X4kI/AAAAAAAACDM/hnp-7qnuFxMAcFI21tWvn4Z7y4kkPqv1ACLcBGAsYHQ/s400/kula%2BIV.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Não fosse nossa consciência, seria fácil
de nos definir como algoritmos de carne e osso. É fato que ainda não sabemos se
nosso cérebro é capaz de um armazenamento infinito de dados e até aonde vai
nossa memória, em volume. Há uma variável: o tempo que vivemos, somado à
maneira de como memorizamos, processamos e edificamos uma consciência sobre o
que temos em mente. Isso nos faz, de maneira constantes, seres subjetivos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fisicamente, sobre o cérebro ainda,
somos tentados a determinar-lhe um limite de cálculos. Mas nossa mente parece
poder associar imagens e fazer analogias em quantidades infinitas. Nossa
consciência passa a perceber o que a mente é capaz de sonhar, pensar, teorizar
por caminhos que vão da razão ao absurdo. Somos seduzidos pelas limitações da
educação tradicional a enquadrar a realidade ao racional básico; ainda não
entendemos que tanto o absurdo, quanto o lógico, o bizarro e o assombro formam
a realidade, a concretude que nos circunda e com a qual interagimos por meio da
cognição de pacotes de informação via percepção.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Charles Darwin observou as gerações das
espécies ao longo do tempo e se deparou com o poder da hereditariedade advindo
da fascinante gestação dos seres vivos por eles mesmos. Os genes, unidades
mínimas da genética, que transmitem características físicas e funcionais de
nossos antepassados, possuem um desejo de retornar ao que já foram, apesar de
cada vez que venham a nascer para manter a sobrevivência da espécie, tornarem-se
aptos às exigências do mundo exterior; o que causa as mutações. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Darwin percebeu uma inclinação nos genes,
um ‘desejo’ de reverter o fluxo da evolução pra origem, pra fonte, de onde toda
matéria orgânica veio evoluindo há bilhões de anos. Nosso primeiro sentimento
de religar-se a algo maior do que nós é inconsciente e evolutivo, como se quiséssemos
romper a barreira do tempo e espaço. Do instinto à metafísica, por meio de
desejo de um ‘eterno retorno’. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A mutação de fenótipos e genótipos
ocorre, não só pela seleção natural, mas também na direção de nossos avós e
tataravós. Sim, Darwin me ensinou que posso ser o encontro de meu tataravô com
meu avô em mim mesmo. Sou o Avatar deles, viajantes dos séculos XIX e XX,
respectivamente. Essa foi a maneira que encontraram para visitar o futuro, e o
fazem através de meus olhos e por meio de minha consciência que emerge de
neurônios feitos de partes dos genes que já foram deles. Agora eu sou o
portador do anseio do retorno ao passado que sempre caminha do presente ao futuro.
Santo paradoxo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Somente Fernando Pessoa poderia suportar
a ideia de ser um Avatar de heterônimos possuidores de vários antepassados
diferentes e não consangüíneos. Imagine, leitor, o peso da carga: Alberto
Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e ‘Ele’ mesmo, Fernando Pessoa. Se
pudéssemos calcular, exponencialmente, os tataravós e avós desses heterônimos,
todos fundidos nele pela evolução, Pessoa revelar-se-ia uma Legião de <i>personas</i> em ato. Deveras, Pessoa foi uma
Legião porque era muitos e em todos, sofreu as durezas da condição humana. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sei que a ciência determina que grande
parte da hereditariedade ocorre por meio da herança dos genes recessivos, que
são ‘explicados com clareza’ pelos professores de biologia em ‘claríssimos’
exercícios num quadro cheio de AA e Aa que terminam em outros AA e Aa e tudo
fica ‘claro’ como numa noite sem luar. Mas esses genes não transmitem somente a
estrutura física, suas características e potenciais inclinações às patologias,
mas também a personalidade, o temperamento, a fantástica tendência de mergulhar
numa profunda solidão e fugir do mundo; ou mesmo a subjetiva espiritualidade
que baseia-se em algo metafísico. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Claro que não menosprezo a influência
social, dos aspectos culturais, ou mesmo não me esqueço das velhas histórias de
irmãos gêmeos que são criados separados e formam personalidades diferentes no
decorrer da vida. Dependendo do lugar em que se é criado, tataravós e avós
ficam adormecidos, não são acionados e desaparecem na superfície da
personalidade de seu avatar. Uma estranha morte que mistura esquecimento com
falta de estímulo repetidos pelo meio ambiente e que os genes já têm em memória.
E assim surgem novos seres com novas personalidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Poeticamente falando, somos em ato, em
si mesmos, o que já fomos no passado. Seres que sempre nascem com um desejo que
pode ser explicado como um contínuo pulso de um eterno retorno de si mesmos e que
edificamos para uso próprio e para manutenção do grupo em que vivemos. Somos Sartre
e Nietzsche: <i>o ser em si mesmo e num
eterno retorno.</i> Genótipo/fenótipo, mutação, hereditariedade em ad infinitum.
Dessa forma, ‘claro’, somos algoritmos. Que Loucura! No início eu disse que não
podemos ser algoritmos. Seríamos, então, uma possibilidade infinita de
multiplicação de algoritmos finitos?</span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">
<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-57790818425922187162016-09-09T19:04:00.001-03:002016-09-09T19:04:06.377-03:00"E se fôssemos todos cegos?"<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Claro, acreditaríamos na imparcialidade
do juiz tucano, Sérgio Moro. A credibilidade não é uma característica do
judiciário. Talvez seja a última estação de nossas ilusões. Acreditamos que no
judiciário encontraremos a Justiça, cega e imparcial. Mas não, nele habita
somente as sandices conservadoras de estrupícios e marionetes como Gilmar
Mendes e 'Janots' da vida. - O próprio slogan propagado por energúmenos, nas
redes sociais, IN MORO WE TRUST, é o que é, o que se apresenta como imagem
significante: palavras escritas num idioma hegemônico (ainda imperialista) que
se beneficia de nossas cabeçadas políticas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A manada vestida de amarelo nas
passeatas, em delírio profundo, - que resolvi chamar de nova febre amarela, ou
mesmo de, A Praga -, chafurdou sem nenhum pudor na lama das imoralidades
políticas com seus gritos de ordem patéticos. Produziram selfies e mais selfies
com militares, ato masoquista profundo, ao mesmo tempo em que criavam espaço
para fomentação de uma opinião pública que passou a acreditar que desejava a
troca do comando do Estado. Com isso, cegou-se diante do cerco da canalha que se
armava para tomar o poder por meio dos bastidores dessa reacionarismo
analfabeto, cujo os maiores avatares são os membros do MBL. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Precisamos entender que, os contaminados
pela Praga, entendiam que a substituição do Governo Dilma poderia vir de
qualquer lado, de qualquer esgoto, pois qualquer coisa seria melhor do que aquele
governo eleito democraticamente. Foi um método similar ao empregado na
substituição de técnicos de futebol. Porém, por debaixo dos panos, o grupo que
assumiria o comando, após os protestos e o impechment, já se vendia de véspera ao poder econômico
especulativo empresarial, prometendo 'reformas' na previdência social, nas leis
de trabalho e mais a redução dos programas sociais. Dessa forma, segue o slogan:
IN MORO WE TRUST. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A mídia, acostumada a transmitir
pornografia, violência, baboseiras, conteúdos que lhes são característicos, não
viu maiores problemas na fusão Temer/Cunha em assumir o comando do país. Acho que
foi a primeira vez que se viram representados de fato, em gênero, número e grau,
algo que possibilitou uma ressonância além do DNA; a criminalidade se conhece,
se reconhece e se respeita muito mais do que nossa vã filosofia pode supor. E
segue slogan: IN MORO WE TRUST. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas o trágico não se encerra num só
capítulo, nem num grande 'finale', mas sim transubstancia-se num grande 'continuum'
(cotidiano) asfixiante que começa a se arrastar em nossas vidas como se ela não
pudesse ser de outra forma. Até mesmo o Papa Francisco I, chefe de uma das instituições
mais conservadoras do mundo, a ICAR, sob o ponto de vista econômico-político,
lamentou "o velório da decência" no Brasil, com a ascensão do crime
organizado ao comando do Estado; e isso tudo junto ao lastimável apoio da mídia,
mais a propagação do nefasto slogan, IN MORO WE TRUST. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É de se salientar que a chaga exposta
revela uma sociedade corrupta, que não tem vergonha e nem pudor de destituir um
governo eleito democraticamente, para permitir a tomada do comando por um
exército de pulhas. Nos detalhes percebemos a picardia. Pois mesmo sob aquela
justificativa constitucional de que o temerário vice-presidente também foi
eleito, e isso o torna 'límpido' e legítimo herdeiro perante o processo impeachment,
só mesmo um mentecapto não perceberia a responsabilidade desse mesmo príncipe
(das trevas), que num passe de mágica, torna-se isento de culpa, nessa mesma
coligação, desse mesmo governo, diante das tão famosas pedaladas fiscais que
foram consideradas crime de responsabilidade fiscal. IN MORO WE TRUST.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em outras palavras, se Temer foi eleito,
também é responsável pela gestão do governo nos negócios do Estado. Logo
deveria ser impedido em anexo. Mas corrompe-se a lógica ignorada por todos, perante
a tanta safadeza. Temer fica, e com as portas dos cofres públicos abertos às
aves de rapina. IN MORO WE TRUST.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alguns juristas saíram menores desse
processo corrupto como um todo. Exemplo: Miguel 'I-reale' jr e sua assistente
descalibrada, descompensada, delirante, farsante a ponto de usar a metafísica
pra justificar a 'peça' canalha transmitida ao vivo aos sete cantos do mundo, a
tal de Janaina, musa anti-orgasmo da coxinalha. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando não há justiça jurisprudente, tal
como na Idade Média, recorresse a Deus para se explicar o inexplicável. A
classe média se indignou porque Lula e seus petralhas extorquiram propinas das
ricas empreiteiras. Mas se calou perante ao roubo da merenda escolar por
governadores desse sudeste pseudo desenvolvido. E nem se manifestou diante da
corrupção da imagem e do nome de Deus, citado mais do que em vão, diga-se de
passagem, num ato de corrupção do mais alto nível para justificar o assalto à
República do Brasil, durante o processo de
julgamento do impeachment. Dessa vez: WE SHIT IN JANAINA. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 115%;">Não uso a palavra
Golpe, porque o fato em si está abaixo desse substantivo. Fica além da barbárie.
Abaixo do saque. Imerso no esgoto. Excrescência da classe média dissolvida nas
papilas gustativas da manada de amarelo. IN MORO WE TRUST.</span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-68159655823061090432016-05-27T13:03:00.002-03:002017-05-17T13:52:20.736-03:00A era da inércia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-8FuK0-BzIRo/V0hvNeuSLZI/AAAAAAAAB3c/YCqkmXW6GuY4TG7Bp-tlWNdcDKlpRda3ACLcB/s1600/selfies.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://3.bp.blogspot.com/-8FuK0-BzIRo/V0hvNeuSLZI/AAAAAAAAB3c/YCqkmXW6GuY4TG7Bp-tlWNdcDKlpRda3ACLcB/s320/selfies.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><b>I - A inércia </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nunca o momento, o instante no cotidiano, foi tão dilatado e
alimentado por um continuísmo vigoroso; é a epifania da efemeridade. Esse <i>momento</i>, esse pequeno espaço entre passado e presente, é a própria
definição do mundo pós-moderno em sua essência. É pra esse instante glorificado
pelo consumo, que renasce a cada instante nas redes sociais, que devemos
direcionar e re-direcionar nossas vidas. É nesse espaço-tempo que nosso mundo deve ser sempre forjado
e re-formatado, além de continuamente cultuado, com suas sobreposições de infinitas texturas superficiais descontinuadas o suficiente para impedir uma visão crítica
sobre o processo como um todo. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A dinâmica de tal processo ocorre mais por sua desconexão com a
historicidade, do que para uma epifania de libertação da Humanidade das
ideologias do <i>por vir</i>, o que sempre foi uma proposta teológica inocente do cristianismo, que além de propagar o altruísmo, propunha o "<i>olhar os lírios do campo e não a preocupação com o amanhã!". </i>Eis uma profunda divergência com o capitalismo especulativo pós-moderno: o lucro que habita o futuro, o vir a ser da mais valia. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; text-indent: 1cm;"> A
crítica a esse espaço 'vital' e abrangente da pós-modernidade, que mais se assemelha
a veiculação de desejos de consumidores do que a expressão pertinente de uma
pensamento político e questionador, engendrados por indivíduos singulares, é algo descartável e arcaica. Mais consumo e auto-venereção em selfies e menos pensamento histórico e análises estéticas é a síntese. Vender e se vender e ser consumido sem se preocupar com o design. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Dançamos
entorpecidos pela vaidade da ideia que fazemos de nós mesmos, aptos a esse
mundo de <i>consumo-expressão-digital & redes sociais</i>, no qual nos vemos
envoltos, somada à visão, ou visões, que os outros podem ter sobre nós. Deslocamos
nossa 'essência', primeiramente, na história, para o espelho; depois, em tempos atuais, ao perfil das redes
sociais e finalmente ela se territorializa, se é que é possível tal termo, nos
breves comentários que recebemos dos outros viajantes do eterno presente dessas redes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Produzimos
esse auto-feitiço-narciso porque perdemos a noção da necessidade histórica da
produção coletiva. A maneira e as necessidades como as sociedades produzem seus
bens se relaciona diretamente com a expressão cultural, quando, nalguns casos,
ambos formaram a mesma coisa, a mesma arte. Produção e processo cultural sem
lacunas, sem distanciamentos e deslocamentos diametrais, claro, coube mais às
culturas da antiguidade e às sociedades dos séculos XIX e parte do século XX. <i>Essa intrínseca relação é perceptível em</i>
<i>Balzac, em seu livro, A Comédia Humana, onde
o escritor elaborou sua trama com base nos hábitos de trabalho do comerciante
de tecidos, Guilaume de Chevrel, e nos romances de suas filhas; seu poder sobre
o desenrolar dos fatos, da vida das gerações mais novas e de seus funcionários,
a presença da arte nos quadros de um jovem pintor apaixonado por uma de suas
filhas. A mente social coletiva, questionável ou não em seus valores, difere em gênero, número e grau do que vivemos hoje. Os antigos gregos, por sua vez,
não separavam técnica, tecnologia do conceito de arte. <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na pós-modernidade medimos
o tempo através dos bens de consumo que deixaremos de usar e também por meio
daqueles que estão para ser adquiridos. Bilhões de consumidores sabem, ou
aspiram, em qual roupa estarão vestidos na próxima estação, pois isso os
definirá como inclusos no mundo aparente e superficialmente arquitetado para
uma conexão digital continuamente desconectada da história e observada à
exaustão pelos internautas, aos quais é necessário uma conexão-desconexa, executada
numa exibição continua aos olhares desses outros sobre nós mesmos. Eis a
sobreposição de paradoxos e mais paradoxos. A conexão desconectada eternamente
diante dos olhos (telas) alheias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> O Eu arquitetado pela pós-modernidade
digitalizada está longe de qualquer proposta poético-metafísica, menos ainda
está próximo de um ceticismo cientifizado e criado pelo choque do conhecimento
com a Moral. Contrariamente, mais se aproxima de uma Teologia do consumo, com
seu manual de comportamento e aspirações e pasteurizações de um mundo
abastecido e embasado por uma série infindável de automatics-selfs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Os
objetos, por sua vez, não evoluem, se metamorfoseiam. Uma repaginação constante
pra evitar a percepção visual da decadência, da des-historização dos
indivíduos. A corrupção da Estética se percebe na limitação de seu papel
pós-moderno de ludibriar a percepção visual da coletividade, para que a
sensação momentânea de renovação e sofisticação, independentemente de sua
origem na produção, estejam sempre presentes nesse momento efêmero, dono de uma
aspiração de eternidade, e que também de uma maneira onipresente, evite o
sintoma de desgaste e do aniquilamento da criatividade, além da crise moral que
sempre se anuncia inebriada pelo sono do conforto do consumo.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> A metamorfose
constante da estética dos objetos, sobretudo os eletroeletrônicos, é um
paliativo para as i-moralidades pós-modernas, pois as ações que tais objetos
possibilitam, se são possíveis, cientificamente, podem ser executas sem medo pela sociedade. Em suma: não é preciso haver consciência crítica sobre o ato em si. Aliás, viver sob a égide da
possibilidade tecnológica, ao final, é sempre um alívio. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Tal
metamorfose nos bens de consumo desencadeia, ainda, uma noção de tempo
não-linear, mas sim caleidoscópico. A mensuração do tempo pela momentaneidade
da moda e do consumo de bens inseridos nas atmosfera dos desejos, acelera ainda
mais os problemas ecológicos e políticos. - O mundo isolado do consumo
pós-moderno é imune não só ao pensamento histórico, mas também ao geográfico-filosófico-artístico.
Um paraíso em inércia, sustentado pela votabilidade incontrolável do desing dos
bens de consumo descartáveis e 'duráveis'.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><b>II - Selfies: auto-antropofagia narcisa e/ou capitalismo e canibalismo</b></span></div>
Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-588085106941878482.post-44889151391891398512016-05-11T11:20:00.000-03:002016-05-11T11:22:33.876-03:00O tempo já falava disso mesmo antes de tudo começar<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
nós tínhamos espinhas no rosto e não usávamos óculos. Era no ano de 1979. Nos sentamos ao redor do aparelho de som e fomos apreciar aquilo que a moçada gostava de ouvir, aquilo que 'era muito loko', o canto xamânico moderno, a magia que nos levaria ao Olimpo do som. E se fizéssemos parte do clube, fosse esse o nosso destino, estaríamos, em breve, diante de Zeus (ou Zep, para os mais íntimos). Assim foi, naquela tarde ensolarada e estridente, que nossa iniciação na audição daq<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">uilo que a humanidade havia feito de mais nobre se deu. Quem nos pegou pela mão foi o mensageiro dos deuses, Mercury, ou Hermes, um semi-deus efeminado, perdido entre o céu e a terra. Foi com ele e sua corte de músicos primorosos que descobrimos a trilha mágica do paraíso. Depois foi só apertar as mãos dos deuses: Floyd, Stones, Beatles, Dylan, Hendrix, Yes, Who, - Crosby, Still e Nash & Young-, Cream e outros, até que, não mais que de repente, chegamos ao alto do Monte Olimpo e nos deparamos com O Zep, o Zeus sonoro. </span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">O zep nos levou pra lugares ermos. Nos ensinou que a estética é relativa, desde que o bom gosto e a sofisticação sejam presentes. Uma maneira de nos darmos as mãos, porque ouvir é aquilo que mais fala alto em nossa alma. Depois seríamos apresentados à melancolia, Nick Drake apareceu quando o sol estava alto. O dia já havia passado e por muitas horas. A morte era a única soberana nesse mundo de degredados mortais que aspiravam por um voo no zeppelin dourado e sobre o Valhala.. </span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
...a vida, dessa forma, posso dizer, passou e não foi de todo ruim. Hoje, eu e os amigos da época, já estamos mortos. Morrer aos 50 anos é um bom sinal, sinal de inteligência. O que vale é o amor que você leva, as histórias que podemos contar e as cachaças e os cigarros que fumamos - patrocínio Souza Paiol, de Itamonte, MG. Mas foi através de uma banda humana, demasiadamente humana, escrachada pela crítica, que conhecemos a arte e nunca mais deixamos de ouvir e sentir, por todo o sempre, aquilo que já ecoava silenciosamente dentro de nós. Entendemos, agradecidos, que só precisávamos daqueles que iriam cantar e tocar por nós. Assim foi, assim é, e assim será. Amém.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
<br /></div>
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Sávio Notarangelihttp://www.blogger.com/profile/07187598890264600873noreply@blogger.com0