Adoro o brilhantismo do filósofo grego, Platão, (428 -
É uma metáfora e tanto sobre a maneira de olharmos e entendermos o mundo. Quando é que podemos ter certeza de que estamos diante da realidade como tal, ou de algo que se pareça com ela? Algo que se pareça com a realidade não pode ser ela mesma, e sim uma cópia, um simulacro, um reflexo, uma sombra. Se a realidade e a verdade são como sinônimos, tudo o que vem da mera aparência das coisas, ou da simplesmente projeção de sombras, são por conseqüência, falsidades.
Se adaptarmos a Alegoria da Caverna aos nossos dias, podemos começar a entender a profundidade do pensamento de Platão. Exemplos: quando olhamos pro Papa, estamos diante da figura de Cristo, ou de algo que o representa em forma de sombra e/ou projeção? Pergunta inevitável: sombras, projeções e representações podem ter em si a verdade, já que não existem em si mesmas, e suas próprias essências são não-essências? Idem para pastores, atores e políticos.
É fato que há outras Cavernas espalhadas pelo mundo, e para nosso puro deleite. Quando nos postamos diante das manchetes de jornais nas bancas de revistas, estamos diante da mais pura realidade? É quase que obrigatório respondermos, “É claro que não!” Pois é justamente diante das manchetes que ‘alcançamos’ o mesmo nível dos personagens da Caverna de Platão: estamos olhando projeções, sombras, interpretações e simulações da realidade, sob o ponto de vista daquele editorou os fatos da maneira que mais lhe convinha e imprimiu nos papéis.
Mesmo com o advento da fotografia, — que normalmente ilustra as manchetes —, não é possível de se afirmar, categoricamente, que é ela a portadora da‘verdade em si’. A suposta ‘verdade’ vem da interpretação que se faz dela. O mesmo feitiço inebriador é usado pelos telejornais, com imagens e narrações que decodificam o mundo, a bem da ‘verdade’ de quem patrocina e editora a pauta jornalística.
Por mero raciocínio lógico, é fácil de se entender que tanto o Papa, os Pastores, os padres, os jornalistas, atores e os políticos são incapazes de nos mostrar a realidade em sua pura essência, são todos seres abissais das cavernas profundas, as mais distantes da luz. Menos ainda esse labirinto subterrâneo pode levar o indivíduo a conhecer a si mesmo, e de maneira íntegra e total, tal como Sócrates desejava: “Conhece a ti mesmo!”. Eis a única questão relevante na filosofia, além da morte.
Porém, muito pelo contrário, ao deixar-se levar pelos discursos dessas sombras que chafurdam nessas Cavernas, o indivíduo afasta-se cada vez mais de algo seja ele mesmo. Surge, assim, das vísceras dessas trevas, um Homem coberto por teorias e ideias prontas, que o impedem de emitir uma voz própria. Menos ainda, esse indivíduo consegue entender o mundo o seu redor. Pois, não podemos esquecer que ele só enxerga sombras.
Nessa profunda escuridão e ausência de autoconhecimento, o professor é o único que pode trazer luz às trevas. Não que ele possa fazer com que os indivíduos passem a se conhecer cada vez melhor. É justamente o oposto: é o educador quem pode levar o aspirante do mundo adulto a ‘desconhecer a si mesmo’ e de maneira clara e inequívoca. A remoção dessa aura de imbecilidade que envolve a sociedade global é tarefa para um demiurgo, um homem à base de clássicos: Balzac, Pink Floyd, Machado de Assis e Voltaire. Sem os clássicos, o sistema imunológico dos indivíduos não detém o vírus da escuridão ignorante.
Outro clássico, Saramago, escreveu um romance que também veio a se chamar A Caverna, que para ele, era o shopping-center. Um lugar onde vamos comprar aquilo que produzimos como trabalhadores, em troca de um salário, digamos, capaz de comprar tudo à prestação. Isso tudo para que nunca deixemos de louvar o fundo da Caverna e continuar a produzir a riqueza dos grandes investidores; aqueles que financiam as projeções das sombras diante do ponto de fuga de nossos olhares.
Platão é genial...as sombras são envolventes e cegam a sociedade coco um todo...vc desapareceu...e o seu livro? a correção que fiz não te interessa mais? we are just two souls swimming in a fish bowl year after year
ResponderExcluirSaramago:Ensaio Sobre A Cegueira...Gosto da alegoria da Caverna de Platão...E também gosto da caverna entre as pernas das meninas...
ResponderExcluirMas muita gente não entende a alegoria da caverna de Platão...
Estou sentindo falto dos seus poemas....
Abraços poéticos.
borrowtions é massa...e o picapau na cachoeira?
ResponderExcluirvlw, tom vou providenciar um poema....coisa velha, abraços..
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