A Universidade
de Balnibarbos, país visitado por Gulliver numa de suas viagens, é conhecida como Academia de Lagado — Lagado é também o nome da capital de Balnibarbo. O viajante
mais extraordinário da literatura ficou abismado com a maneira como a razão e a
lógica eram maltratadas no local onde deveriam ser respeitadas e amadas pelos
‘mestres’ daquele mundo. E como a tolice é contagiosa, o estrago acontecia
também com as Artes, que sofriam drasticamente uma metamorfose dita ‘evolutiva’.
Num curso de Artes, por exemplo, Gulliver constatou ser comum começar um quadro
pela moldura, e só depois chegar ao desenho propriamente dito, que é um mero
detalhe, segundo conceitos de seus especialistas, e não a essência dessa
expressão.
O mais
agravante nisso tudo é que a Academia de Lagado, não satisfeita com a ação de
seus ‘gênios’ em seu país, passou a exportá-los para onde houvesse necessidade
de avanços civilizatórios. Conseqüência: há muito eles estão no meio de nós e
‘quase’ não percebemos mais suas ações, o que pode ser perigoso. Só que é
relativamente fácil identificar um ‘mestre’ que veio de Lagado: postura altiva,
posse da verdade e crença dogmática no próprio currículo, além de não enxergar
um palmo à frente do nariz.
Foram os
engenheiros de Lagado que criaram a concepção de como se pode aumentar a potência
das rodas d’água: uma caixa d’água deve ser construída no alto de um morro,
depois é só bombear a água do rio pra enchê-la. Terminada a primeira parte,
deve-se construir outra roda d’água no alto do mesmo morro; basta abrir as comportas
da nova caixa d’água e a gravidade faz o resto. Não sei como não pensamos nisso
antes! Mas o fato é que essa patente é de Lagado. Imagine se algum gênio
resolve adaptar tal processo na construção de uma hidrelétrica?
Em termos de
precisão histórica, é possível indicar o início da atuação dos mestres de
Lagado em nosso mundo. Mas acredita-se que eram eles que, em plenos anos de
1990, já estavam à frente do maior volume de exportação de milho que o Brasil
conhecera até então. Ocorreram festas, reportagens nas TVs de todo o país, a
ponto de Fernando Henrique Cardoso, então presidente, fazer discursos sobre a felicidade
das exportações do milho.
Nem bem
encerradas as comemorações, veio a notícia de que o Brasil exportara todo milho
que tinha e precisava importá-lo de novo para a produção da ração dos rebanhos
bovinos, suínos, caprinos e galináceos mais. Hoje se tem certeza que os mestres
de Lagado tinham forte influência no governo Fernando Henrique. Mas graças aos
céus, esse tempo passou.
Mas se engana
quem pensa que os mestres de Lagado voltaram pra Balnibarbos após o fiasco do
governo FHC. Muitos se tornaram engenheiros da petroleira ‘Chevron Desastres
Ecológicos Marítimos S.A.’, alguns passaram a ministrar aulas em cursos de mestrados
e doutorados, mundo afora, — e isso graças a um acordo internacional com a ONU.
Ainda tem
mais: uma quantidade considerável tornou-se parte ativa da jurisprudência do
Direito mundial. Há também quem diga que foram os mestres de lagado que projetaram
a usina nuclear de Fukushima, no Japão, à beira mar e sobre uma fenda tectônica.
Alguns mais privilegiados, de maneira secreta, se tornaram conselheiros dos
investidores da Bolsa de NY, mais precisamente em 2008.
Não quero ser
pessimista, caro leitor, mas este cronista pangaré que lhe escreve tem a
obrigação moral de dizer a verdade. Eles, os mestres de Lagado, estão em toda
parte e não é possível tapar o sol com a peneira. Acredito ainda que alguns se
candidataram ao cargo de vereador para as eleições municipais de 2012. Estão em
busca do sucesso na carreira política. Começaram sujando a cidade com toneladas
de papel, ao mesmo tempo em que propagam um discurso à base de promessas para
que a cidade seja mais limpa, ética e saudável.
Límpido!!
ResponderExcluirE olha aqui...
http://www.youtube.com/watch?v=KrN_Lee08ow&feature=share
O mundo é assim...
blz,my brother potiguar, vou usar o vídeo sem constrangimento
ResponderExcluirSalve...Salve Sávio Gulliver...Auuuuuuuuuuuuuuuuuuu!
ResponderExcluirMuita gente não sabe.Mas Gulliver,é na verdade uma crítica ao sistema político,e econômico da época...
ResponderExcluirtom, nem queira saber. acabei de ler o texto original, em portuga de portuga, comprei na banca, a viagem ao país de houyhnhnms é del caralho. o civilizados são os cavalos e os homens, os yahoos, bestas selvagens. é bem mais do que um crítica política, há um ânsia para a destruição do mundo...
ResponderExcluirabraços, mineiro predileto