Cena 1
Interior do
palácio dos Bandeirantes. O governador recebe os dados sobre a violência: 145
mortos no mês de outubro. Levanta de sua mesa e vai ao encontro da imprensa que
o aguarda: Globo, Folha, Veja, Estadão. Antes da entrevista, ocorre uma
conversa em off. Em nome dos barões da mídia, o governador recebe a notícia de
que vão dar mais enfoque ao assassinato de Celso Daniel. Luís da Silva é o
assassino. O governador se mostra preocupado, diz que não gosta disso. Mas os repórteres
afirmam que são ordens dos superiores de seu partido e há cobertura no STF. Que se tranquilize. Como sua reeleição corre risco, ele aceita.
Cena 2
Jabor aparece indignado na tela do JN e grita que Luís da Silva é um assassino. Depois encara a
tela em silêncio. Não cita a violência em São Paulo, a canalhice da Veja que
tentou fraudar o ENEM, ignora o baixo salário dos professores públicos e
policiais de São Paulo e ainda tenta, junto a ressurreição do cadáver de Celso
Daniel, colar o mensalão, já julgado, às costas de Luís da Silva. Esse cabra
tem que morrer. Não basta sua morte política. Cita Pablo Escobar, Nem da
Rocinha, Fernandinho Beira-mar, todos tais quais como Luís da Silva,
bandidos.
Cena 3
Ministros do
Supremo tribunal aparecem numa sala acarpetada, copos de uísque em mãos e num sofá importado. Garotas e garotos de programa os rodeiam, todos com correntes no pescoço e roupas de couro.
Discutem o que irão ganhar com a condenação de Luís da Silva pelo assassinato
de Celso Daniel. Um deles alerta que não há provas. Os mais velhos dizem que é
bobagem, isso nunca impediu ninguém de ser condenado no Brasil. Principalmente
quando há cobertura da imprensa. Não
haverá mais eleições de postes, nós é que o pregaremos no poste de Judas. Risos
e o barulho do brinde nos copos com gelo se sobrepõe na cena. Um deles recebe a
notícia que será candidato à presidência da República, já em 2014. Mais
vivas!
Cena 4
Bastidores da
Globo News: todos os programas: Entre Aspas, Painel, Milênio, Conexão Manhattan
e Jornais em geral organizam a mesma pauta: Luis da Silva matou Celso Daniel.
Dizer a mesma coisa ao longo do dia, da semana, do mês, do ano há de
transformá-la numa verdade. Luís da Silva é um assassino e ainda não foi
devidamente culpado pelo mensalão. Mas dessa ele não escapa.
Cena 5 (imagens cortadas do filme)
Jovens
carentes que ingressaram nas escolas públicas superiores, 31 milhões de pessoas
fora da linha da pobreza, baixa taxa de desemprego, taxa de juros em níveis
toleráveis, melhoria da infra-estrutura, Petrobrás descobre o pré-sal, o Brasil
volta a construir estaleiros, a Copa e as Olimpíadas serão aqui, a crise
internacional foi controlada com intervenção do Estado e isso incomoda Washington e as hienas do sistema financeiro. Dessa maneira a intervenção ocorrerá via STF, mídia e antiga UDN, hoje PSDB, tal como ocorreu com Getúlio Vargas em seu 'suicídio'. Além do mais, Luís da Silva elegeu a
primeira mulher presidente do país. E ela continua seu trabalho. Perigo! Perigo!
Cena 6 (ainda sendo escrita)
Veja publica
mais uma reportagem sem fonte jornalística e STF deixa vazar depoimento
sigiloso que buscava delação premiada. Eis a ética personificada.
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