quarta-feira, 7 de agosto de 2013

‘Novidade!’



O noticiário, às vezes, quer nos surpreender. Mas o Eclesiastes, desde antes do mundo, já havia nos avisado que nada seria realmente novo sob o céu de nossos dias. Dessa forma fico em dúvida, se meu espanto, minha cara de cultivador de batatas, diante das constantes ‘velhas novidades’, é realmente verdadeira, ou hipocrisia da grossa.
Mas como ficar espantando com o fio de cabelo do sovaco do Messi encontrado entre os dentes do Neymar? Mais ainda: que a Rede Globo sonegou impostos dos direitos de transmissão da Copa de 2002, criando uma empresa fantasma nas Ilhas Virgens? Ou pior: que Joaquim Barbosa é um mutante, deve aparecer no próximo X-Men, graças a poderes que possibilitam sua metamorfose numa picareta de ouro?
Irmãos, nem Malafaia, com seu discurso, “Io sô Jesus! Pode me dar su grana!” poderá nos salvar das ‘novidades’, que na verdade, são velhas tragédias. O que realmente há, é nossa incapacidade de revolta. O próximo protesto da massa ‘crítica’ do face-shit-book será para que o preço do Playstation 4 seja reduzido e também para o retorno da bala kids ao mercado.
Não bastasse tudo isso, gritaram que os EUA nos espionam na internet. Céus, no dia em que os satélites ‘forem inventados’ irão nos espionar mais ainda. Já pensou os gringos olhando a gente pulando a cerca do vizinho pra ‘ficar’ com a galinha dele? Vai dar BO.  Publicar-se-á o que é óbvio: pulamos a cerca da moral e da ética com tanta freqüência, que ela mais parece um queijo suíço do que uma demarcação territorial para salvaguarda da monogamia galinácea e da saúde do dinheiro público. 
Há quem afirme, na NASA, INPE e em outros laboratórios do Dexter, que os ETs, — que passam a existir de acordo com a quantidade de cachaça que o contador de histórias ingeriu — não pulam a cerca de seus quintais para ficar com a galinha do vizinho. Eles se teletransportam, o que deixa a cerca intacta; mas não a galinha. É a tecnologia a serviço da manutenção da cerca moral e da ética, um triunfo intergaláctico. O STF usa tecnologia parecida.
Mas a última obviedade transformada em notícia, a ‘revelação’ do ‘propinoduto’ tucano no metrô de SP, não espantou nem os colunistas da Veja. O fato de não publicarem o treco, não revela ‘nenhuma’ relação de proximidade e interesse entre a revista e o governo paulista. Só porque o Estado SP é um dos maiores assinantes da Editora Abril, não significa que haja conivência com o trambique. É só dinheiro público que foi roubado por um grupo de políticos que se diz honesto. Novidade!     
   

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