quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Não há um símbolo para simbolizar o símbolo



a palavra símbolo vem do grego e é um elemento representativo da realidade invisível: ideologias, ciência e práticas religiosas são decodificadas pelos símbolos. logo o símbolo é o invísivel que se torna concreto e inteligível. a cruz dos cristãos, a tabela periódica dos químicos, as siglas/símbolos dos partidos são indicações da prática daqueles que seguem tais manifestações humanas.

Mas nem sempre os que vivem por de trás de tais símbolos praticam o próprio significado do símbolo que ostentam; MAS ATENÇÃO: a idéia deste texto não é se limitar ao velho clichê que diz: 'faça o que eu digo e não o quê eu faço', pois sabemos que os símbolos podem sofrer pequenas traições ao longo da história, mas em momentos decisivos, como em eleições, ou de crises morais, eles recebem seu público de volta. uma multidão se comprime atrás deles, de seus espaços vazios, e os levantam como cartazes/verdade. Exemplo: fora do período eleitoral os partidos são outdoors vazios à beira das estradas, onde os motoristas passam desatentos; fora dos feriados religiosos, os símbolos sacros ficam apenas pendurados ou enfentando estantes. assim, nesse ir e vir por de trás dos símbolos, se instala o paradoxo. e isso ocorre porque os indivíduos, quando não estão 'camuflados' pelos próprios símbolos escolhidos, estão agindo, conscientemente ou não, atrás das antíteses símbolicas de suas escolhas anteriores. confuso? um pouco. vamos aos exemplos práticos:

a) nos anos de 1970, o presidente americano, nixon, republicano, conservador ao extremo, foi o presidente que reconheceu a china comunista; e em termos de saúde e edução colocou práticas que soaram como de esquerda nos EUA, berço do capitalismo selvagem.

b) no brasil o partido sindical/extremista, PT, cumpre agenda de social democrata, enquanto a social-democracia, (PSDB), o caminho da direita. EX: Lula concede asilo político à iraniana condenada a morte por adultério; em são paulo, greve dos professores, o social democrata, josé serra, não recebe os grevistas e libera a polícia para um choque com os educadores. alegou que a greve era política. toda greve é política, porque 'o homem é um animal político'. e um social-democrata 'se esqueceu' disso.

c) filiados ao partido verde alugam terras para o plantio do eucalipito.

d) os judeus foram massacrados no holocausto dos nazistas, na segunda grande guerra; hoje os judeus perseguem e segregam em guetos os palestinos que 'vivem' na faixa de gaza.

d) 0 brasil joga o futebol arte, mas seu técnico, dunga, quis vencer em 2010 como se fosse a alemanha; a alemanha, por sua vez, desejou jogar como o brasil e etc etc etc

LOGO: paradoxo-hipocrisia-niilismo-corrupção são os botes da liberdade no mar do fundamentalismo. eu explico. quer dizer, tento, pelo menos.

é justamente a possibilidade de abandonar o símbolo, deixá-lo sozinho e retornar depois para um confronto com inimigos, como se nunca tivéssemos saídos dali, que nos torna livres, é o livre arbítrio. Sartre tinha uma frase especial para isso: "...mudei para continuar o mesmo." ou seja: um homem sedento por liberdade.

a posse definitiva de um cartaz ideológico nos torna fundamentalistas, é isso que ocorre no islamismo. não se pode deixar o islamismo sem sofrer represálias e/ou (auto)exílio. aliás o islamismo não tem símbolos, mas sim gestos que simbolizam algo que escraviza o homem; aquele que abandona o cartaz/verdade/islâmico vai ser punido. não há espaço para a relativização. é como nascer numa prisão. por isso adultério é igual a pena de morte.

devemos nos libertar sem nenhum cartaz/verdade....??

será que isso já é outro cartaz/verdade?