quarta-feira, 6 de março de 2013

Hugo Chávez




Quem me deu a notícia, na noite de 5 de março, foi o amigo prof. Dirley, eu estava conversando com alguns alunos ao final da aula, e ele, de passagem, nos atualizou. E o que mais me comoveu foi que ambos, com base no sofrimento humano, achamos que o descanso foi melhor para o Chávez. Não pensamos, no momento, em ideologias, nem em fatores políticos, inevitáveis, diga-se de passagem, mas somente no homem diante de sua condição imponderável: o sofrimento, o momento da morte e o corpo inanimado, pronto para ser levando ao fundo da terra.
Chávez sempre me pareceu aquele tipo que briga com os caras mais fortes da escola e protege os mais fracos da extorsão, da violência, da exploração, mas não tem a simpatia da direção da escola, nem dos professores. Eu sei, é uma imagem lúdica, mas é assim que o vejo. Um cara capaz de responder ao ‘anti-venezuelismo’ dos EUA com um anti-americanismo de primeira grandeza, e que sempre incomodou aos poderosos, sobretudo na mídia.
Claro e evidente que os sabujos da mídia local, Merval Pereira, Jabor, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo (este último chamado de besouro rola-bosta por Leonardo Boff, por comentários ofensivos a Oscar Niemeyer, em sua morte), irão festejar, ou declarar, ‘até que enfim o ditador morreu!’. Claro, vivemos numa sociedade que até permite esses deslizes contra a figura humana, com suas interpretações dúbias: vaiar Yoani Sánchez foi um profundo desrespeito, disseram os sabujos midiáticos; festejar a morte de um homem, a mais profunda ‘democracia’.
A arrogância de Jabor, no Jornal Nacional, quando o assunto era o Chávez e seu sofrimento, extrapolou o bom senso e alcançou as raias da insanidade. Ele, um único homem, não aceitou, ao longo do tempo, as seguidas eleições de Chávez e quis deixar claro o quê os venezuelanos deveriam ter escolhido ao longo de sua história: exatamente aquilo que Jabor e os EUA entendiam como correto e não a própria vontade popular venezuelana. Podemos dormir tranqüilos: Jabor ‘conhece’ a Venezuela mais que os próprios venezuelanos.   
Claro, devemos respeitar o pensamento limitado de Jabor, se a ‘democracia’ não é igual a dos EUA, não serve, logo é uma ditadura. O ‘articulista’ não percebeu que impôs através de suas palavras, o que um povo inteiro deveria fazer. Dessa maneira, sem a menor vergonha, ou conhecimento mesmo, usou conceitos ditatoriais para resolver o ‘problema’ da Venezuela, que ele entende ser uma ‘ditadura’. Paradoxo. Detalhe: a visão que Jabor tem sobre a Venezuela é proveniente das páginas dos jornais norte-americanos. Quanta imparcialidade nas análises desse ‘articulista’?
Mas uma coisa me intriga, não sei se é coincidência ou não, mas quando Michele Bachelet assumiu o governo do Chile, Nestor Kirchner na Argentina, Chávez na Venezuela, Lula no Brasil, Rafael Corrêa no Equador, Hugo Morales na Bolívia, todos de centro-esquerda e esquerda, no final do século XX e início do século XXI, ocorreu justamente o declínio da economia norte-americana. Isso dá uma boa tese de mestrado. Tenho vontade de cruzar os dados e saber da pertinência dos números. Ou seja: governos populares na América do Sul reduzem, significativamente, o enriquecimento dos EUA. Claro, a mídia fica do lado dos EUA. 
Será que foi por isso que isso que os EUA nunca deram um prêmio ao Lula e, no ano passado, o Congresso estadunidense premiou FHC por suas inúmeras contribuições à economia do Tio Sam?