Em plena
exaltação da Modernidade, no século XIX, o filósofo Nietzsche declarou a morte
de Deus. Sua frase bombástica, “Deus está morto!”, muito mais simples do que se
imagina, deixou parte do Ocidente assombrado. Decorrido o século XX, em milhares
de crises éticas, no século XXI, a Suprema Corte brasileira descriminalizou o aborto
do anencéfalo. Comprovou-se, por A + B, também em solo brasileiro, além de
outros países, que a Humanidade, tal como o filósofo alemão havia previsto,
passaria a usar o livre arbítrio com base na Razão, e não mais em doutrinas
teológicas para seguir na ‘Vida’.
Eutanásia,
aborto, células tronco, transplante de órgãos, utilização de órgãos de animais,
transfusão de sangue e etc. Tudo transformado em norma e utilizado com base
numa legislação positiva. A Humanidade passou a decidir, no lugar de Deus, os
limites da possibilidade da vida. Eis a morte de Deus no avanço da
ciência/razão. A maturidade do Homem coincide com a posse sobre as decisões
do que é certo ou errado. A ética desceu das nuvens e cravou os pés no chão, em
nossos problemas concretos e desencadeou outros níveis de moralidade.
O crash
causado pela renúncia de Bento XVI, nada mais é do que o efeito do
antinflamatório racional com o qual o Ocidente vem se auto-medicando, via
filosofia/ciência, de maneira perene e ao longo de todo século XX. Igreja Católica e
Ocidente estão, nesse exato instante, deixando de ser sinônimos. Lentamente o
conceito de República Democrática vai assumindo o posto de Instituição
essencial e inevitável para sobrevivência da humanidade, sob condições mínimas
materiais e psicológicas.
É fato que a República tem em seu corpo, em anexo, as máculas do capitalismo, que ao que parece, será o último pilar a se dissolver em nossas mãos. O Stalinismo, o nazi-fascismo, o classicismo, o romantismo, as ideologias, todos se dissiparam como fumaça. Agora é a vez do ‘vaticanismo’ que, de maneira charmosa, moderna e on-line, vai pelo ralo abaixo.
É fato que a República tem em seu corpo, em anexo, as máculas do capitalismo, que ao que parece, será o último pilar a se dissolver em nossas mãos. O Stalinismo, o nazi-fascismo, o classicismo, o romantismo, as ideologias, todos se dissiparam como fumaça. Agora é a vez do ‘vaticanismo’ que, de maneira charmosa, moderna e on-line, vai pelo ralo abaixo.
O cristianismo
errou feio ao centralizar sua ‘patente’ numa só instituição. Inverteu-se a
lógica. A figura do papa se tornou mais importante do que a de Cristo. O
capataz se tornou mais forte do que o agricultor, que por aptidão e ofício é
quem gera o alimento do corpo e do espírito. O chicote da Santa Sé, moralista e
conservador, passou a falar mais alto do que o estado de espírito solidário,
fraterno e tolerante para com os povos do mundo. Ao invés de amadas, as
criancinhas, "pois é delas o reino dos céus", sentiram na pele o flagelo do
sadismo provindo dos pedófilos de batina. Todo aquele que se ajoelha diante da homilia,
deve pedir perdão por todos os casos de pedofilia abafados dentro de uma Instituição que diz ‘falar’ em nome de Deus.
A História, por sua vez, revela o sangue
inocente que escorre do altar da ‘fé católica’: as cruzadas, os tribunais da
inquisição, a cooperação com os nazistas no extermínio de judeus, a aceitação
do tráfico negreiro, o preconceito contra gays, a idéia de que alegria é
pecado, a gula pelo dinheiro através do Banco Ambrosiano e uma série de outros
delitos contra a humanidade. Dentro dos muros do Vaticano habitam os setes
pecados capitais.
Assim, com as bençãos da crise, que é positiva, a
renúncia de Bento de XVI deixa o Cristo livre, se Nietzsche disse que Deus
estava morto, em pleno século XIX, pode-se afirmar, 'hosana nas alturas', que Cristo está livre!, “Christe libera est!”. Seu algoz deu a graça de sua
ausência. Melhor se não viesse nenhum outro em seu lugar e os princípios da
doutrina mais poética de todas pudesse, finalmente, se infiltrar nos poros da humanidade.
‘Em suma’, não é errado afirmar que os cristãos ainda não nasceram no mundo, pois um cristão, em essência, não
precisa de padres, pastores, papas, bispos, cardeais e derivados, menos ainda necessita vestir-se de terno e gravata e doar parte de seu salário para o
estelionato que fazem em nome de alguém que só usava uma túnica e um cajado, e
desacreditava os templos com seus fariseus. Sem papas, pastores, pais de santo e outros sepulcros
caídos, Cristo é livre!
PS: ao cristão basta saber ler e praticar.