sábado, 7 de abril de 2012

Veja e morra de vergonha



Que a Revista Veja tenha se transformado numa arma da Direita conservadora, tipo Tea Party, ‘DEMos’ e hitleriarismos mais, não é novidade para ninguém. A revista que mais vende no Brasil, mas também a que mais perde leitores, para manter sua receita em níveis toleráveis, fez primeiro jogar a ética no lixo em nome da grana: vale tudo por uma bela matéria, se ela tem ou não relação com a realidade, é mero detalhe. Não bastasse isso, agora se associou ao crime organizado na busca por ‘informações’ para suas matérias. O bicheiro Carlinhos Cachoeira que o diga, e logo.

Nociva, não só por seu alinhamento à escória fascista ‘direitista’ da sociedade, a Veja traz à tona uma questão paradoxal: o bandido diz a verdade e os homens públicos mentem; principalmente aqueles homens públicos de partidos que os mantenedores da revista não têm simpatia e/ou mesmo qualquer tipo de ‘negócio’.

Instaura-se assim uma lógica digna da escória da humanidade, no jornalismo brasileiro. A Veja passou a inserir no senso comum brasileiro, com suas reportagens baseadas em ‘fontes’ limpíssimas que, os criminosos, quando confessam à Veja, dizem a mais pura verdade. A confissão torna o homem criminoso digno, abençoado e perdoado de seus pecados. No fundo a Veja quer dizer que é a realidade mesmo que não presta. Mas há salvação em suas páginas impressas, basta o leitor acreditar somente nelas e em mais ninguém, e seguir sua tendência política.

Mas o que podemos dizer das ligações mais do que explícitas entre a revista Veja e o contraventor, Carlos Cachoeira, talvez o segundo homem mais forte do estado de Goiás, depois do governador Marconi Pirilo? Especular apenas, com ares de verdade, nos torna tão abjetos quanto a própria Veja. Dessa maneira, só uma CPI pode revelar mais detalhes, a exemplo do desmanche do crime organizado que ocorreu no estado Espírito Santo, em 2010: pedofilia, narcotráfico e corrupção e outras pérolas tiveram seus esquemas desmantelados pelas investigações dos parlamentares federais. Sobrou para o legislativo, o executivo e o judiciário capixaba. Da mesma maneira, essa ‘Cachoeira’ torna necessário, não só uma CPI, mas quiça um intervenção no governo tucano de Marconi Pirilo.

Usemos um pouco da história, desejosa por muitos para cair no esquecimento. Cachoeira, mais o seu fantoche chamado Demóstenes Torres (DEM), citam, em ligações telefônicas diversas, o jornalista de alta plumagem da Veja, Policarpo Jr. Muitas informações foram parar nas mãos da Veja devido à conivência da revista com o esquema criminoso de Cachoeira. Um leitor mais crítico pode até perguntar se não seria o caso da Veja, como instrumento ‘jornalístico ético’ por natureza, ter tido a obrigação, antes de mais nada, de denunciar o crime organizado por Cachoeira e não transformá-lo em fonte jornalística, em troca da proteção contra denúncias de falcatruas de certos grupos políticos, claro, ligados à Cachoeira.

É exatamente isso que eu quero dizer, pasmado leitor, quando a memória me faz lembrar o senador Demóstenes Torres, mais o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, — sim o mesmo que deu a Daniel Dantas um Habeas Corpus por telefone, nas prisões da operação da Polícia Federal, a Sathiagraha — quando em 2009, anunciaram aos quatro ventos, — Folha de SP, Veja, Globo e Bandeirantes — que haviam sidos grampeados por agentes da polícia Federal e de forma ilegal e exalavam indignação contra o governo Lula. Sou obrigado a pensar se aquilo já não eram águas dessa mesma Cachoeira(?).

Diga-se de passagem, até hoje os grampos do Senador e do Ministro do Supremo não foram encontrados. Assim, a pergunta que surge dessa lama toda é inevitável: disseram isso a mando de Carlos Cachoeira, que de posse de informações privilegiadas, tentava evitar investigações em seu cafofo, quer dizer, o estado de Goiás?

Bem, a Veja poderia ter dado a volta por cima, se é que isso é possível, e ter lançado um reportagem que não deixasse pedra sobre pedra no caso Cachoeira. Mas não é que justamente no momento em que o mundo do jornalismo do Brasil se debruça sobre o desmoronamento do ícone direitista, Demóstenes Torres (DEM), que a Veja lança uma mega-super-excepcional reportagem de capa sobre o Santo Sudário(!?). Claro que quem se acostuma a mentir e a dissimular a realidade, se torna mestre em fazer cara de paisagem.

O governador de Goiás, Marconi Pirilo (PSDB), no meio desse tsunami todo, foi até mais corajoso do que a turma da Veja. Questionado pela Rede Globo sobre sua suposta relação com o contraventor Cachoeira, respondeu:

— A relação que tenho com ele é a mesma que os irmãos Marinho têm com o bicheiro carioca, Anísio Abraão, que morava num apartamento de cobertura de propriedade dos próprios.

Resultado: a Globo também passou a fazer cara de paisagem, no caso Cachoeira.