sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz 2012

Aos homens de vontade, o grito da esperança. Que os tambores e as vozes sejam mais fortes que os canhões, que os mísseis, que as corporaçoes e a face do amor, que é toda humanidade, seja capaz de se curar de si mesma, com goles de altruísmo e fatias de honestidade, servidas numa grande ceia, onde camundongos, dromedários, pégasus e ornitorrincos possam bailar ao som da felicade dos olhos de crianças, que somos todos, erroneamente brincando de soldados, homens de negócio, políticos, mas há um poeta dentro de cada um, adormecido, sem saber ver a face do amor. Mas é fácil, basta ouvir a canção.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Diário sobre o nada: Cap. I : Atlântida.



O homem é a pilastra da normalidade,
que é o próprio mundo.

Nosso subterrâneo é Atlântida:

insondável,
mítico,
obscuro,
clássico,
imemorial e antediluviano

"não se pode aquecer um cadáver"

é preciso do fogo do magma, do sol espamarrado no céu e de sua explosão caótica.

entre dois mundos incandescentes, magma e sol, pairamos sobre a crosta.

O calor é o inferno de Dante e Gil Vicente: 20.000 léguas submarinas.

Hoje visitei Atlântida. E graças a Jules Verne.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cheetah


Homenagem a pessoa que alegrou minhas longínquas tardes da infância. Morre aos 80 anos, Cheetah, do Tarzan; mas é muito mais de Darwin. E há quem não acredite.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Da Irlanda para o Brasil




A&V, Tom Vital, Alício (chora oGuatambú), eu o Bruno estavamos fazendo canções, criamos um banda, ainda imaginária, chamada The Burrotions (the burros) ele tem um cachorro que se chama burro, parece uma hiena é o padrinho da banda.
já fizemos duas canções...
essa ele fez essa para a namorada, trabalho solo


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A PRIVATARIA TUCANA



Quem diria que em pleno séc. XXI um livro ainda poderia causar rebuliço no meio político e nas redes sociais. Não, a grande mídia não divulgou nada, ignorou peremptoriamente o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., A PRIVTARIA TUCANA. Obra que revela, com base em documentos verídicos, o sistema de desvio, lavagem e apropriação indébita de dinheiro público, no período das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, sob orquestração do então Ministro do Planejamento, o extraordinário tucano de altíssima plumagem, o ex-governador José Serra. Em poucas palavras, para assombro até mesmo deste cronista, perto do que fez e faz Serra, segundo Amaury Ribeiro, Maluf se torna um dos homens mais honestos da face da Terra. Barbaridade, tchê! Já vistes até aonde vão as denúncias? Então leia, caro leitor. Compre O LIVRO.

Agora não espere que a Veja, a Folha de SP (também conhecida como Falha de SP), Globo e Estadão digam alguma coisa, porque não dirão. O livro já vendeu mais de 80 mil cópias e em menos de 4 dias (foi lançado em 09/12/2011) e nem sequer uma análise, uma resenha, um comentário, uma entrevista mostrando os detalhes sórdidos escancarados no livro. Um exemplo da operação abafa da grande mídia, fica a cargo da escorregadela de Lúcia Hipólito, da rádio CBN, no twitter, perguntando ao colega Noblat, também das Organizações Globo, “como você está resistindo à pressão do LIVRO?” Em outras palavras: “como é que você está conseguindo cumprir a ordem da chefia em não dizer nada sobre o assunto, com as redes sociais em polvorosa?”

Sim, as redes sociais não pararam mais de falar no assunto desde o lançamento do livro. A Rede Record e a revista Carta Capital furaram o silêncio da mídia tradicional e, através desses dois veículos, foi possível ver a reação dos congressistas: o deputado Protógenes Queiróz (PCdoB) já conseguiu mais de 170 assinaturas para iniciar uma CPI; o Senador Álvaro Dias (PSDB), paladino da justiça, com aparições diárias nos jornais televisivos, colocou a viola no saco e não quis gravar entrevista nenhuma; o Senador Aécio Neves, também do (PSDB) disse que não é o ‘tipo de livro que ele gosta de ler’, mas encerrava as entrevistas com um sorriso do tipo colgate. Afinal, Serra é quem catalisa toda a podridão revelada pelo LIVRO. Melhor pra Aécio, pois na próxima disputa interna do PSDB, Serra, quem sabe, possa estar, digamos, em estado de ‘ficha suja’. Assim, ‘inconcorrível’ nas prévias do partido.

Pra se ter uma idéia, a filha de Serra, Verônica Serra, abriu uma empresa no Caribe, paraíso fiscal, com capital inicial de 100 dólares, à época das primeiras privatizações. Semanas depois, o capital da empresa passou para 100 milhões. Barbaridade, tchê! Esse milagre nem o Maluf com os anões do orçamento poderiam fazê-lo!. E tem mais, além da multiplicação dos dólares de origem, no mínimo, desconhecida (entenda pública), Verônica Serra era e é sócia de Daniel Dantas, sim o mesmo que foi preso na operação Sathiagraha por lavagem de dinheiro e solto horas depois, por um habeas corpus conseguido por seu advogado, pelo telefone, com o Ministro da Corte Suprema, Gilmar Mendes. Sim, leitor, o caroço desse angu tem ramificações quase que inexplicáveis, de tão óbvias que são.

Mas a maior revelação ficou por conta da mídia: a máscara caiu e aquele papo de que os jornais, os canais e as revistas semanais tradicionais são imparciais, foi-se pelo esgoto, junto com a moral de Serra. Nós, cidadãos, corremos perigo, pois se esse grupo Tucano voltar ao poder Federal, não será através dessa mídia tradicional que ficaremos sabendo de alguma coisa de nosso interesse. O quarto poder será só mais um Ministério. Eh! Eh! Eh! o da informação!

Tudo bem que o governo do estado de SP seja um assinante, e desde a gestão Serra, hoje renovada por Alckmin, das revistas Veja, Época e dos jornais Folha de São Paulo e Estadão e por uma bagatela de 9 milhões de reais do nosso dinheiro, tudo publicado no Diário Oficial. As assinaturas dessas revistas e desses jornais são espalhadas nas escolas, repartições públicas, secretarias e onde mais for possível de se encontrar um eleitor de baixa percepção crítica, que acaba acreditando que os tucanos sejam honestos e eficientes, administrativamente, e tudo isso em função de como a pauta jornalística desses veículos é produzida: Tucanos são heróis; já os petistas são demônios que fazem aborto, ateus, ladrões e corinthianos.

Chamamos a isso de maniqueísmo, e todo maniqueísmo é antiético. Entenda que a construção de uma imagem duradoura e honesta de políticos (tucanos), para que os mesmos nunca saiam do poder do estado de São Paulo e quem sabe, não acabem com o governo Federal nas mãos um dia desses, é abjeta. Esperamos que tal imagem tenha sido desmontada, pois tinha um Amauri Ribeiro no meio do caminho, com O LIVRO, A PRIVATARIA TUCANA.



A Privataria Tucana - O Filme from Cloaca News on Vimeo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Manuel de Barros: olhos de menino




"Olhei nos olhos do menino.

Lembrei que já fui assim:

Puro como a água da montanha".


Sávio Notarangeli

sábado, 17 de dezembro de 2011

A Música, o Teatro e o Carnaval: em luto

Cesária Évora, a música

Cabo Verde, meus irmãos de língua pátria, cabo-verdinos, de braços dados com o silêncio do corpo de Cesária Évora. A morte é cruel e nos leva a única coisa que temos, o corpo. Mas eis que Prometeus, irritamos aos desues e que aqui está a música de Cesária, e tal como nas divagções de Antoine Roquentin, a Arte vence a morte e o tempo e o espaço. Aqui estamos nós a ouví-la, sempre, sempre, sempre... dentro de nossa eterna finitude.





Sérgio Britto, o Teatro



A solidão é paciente, anda de braços dados com a morte, é silenciosa, está entre os atos das peças, atrás das cortinas dos teatros, na luz que ilumina o centro do texto que é o Homem. Não se ppode fugir da morte, da solidão mas se pode vencê-las num espaço que elas poucos conhecem e não têm ideia alguma do que seja: a Vida.


Joãosinho Trinta, o Carnaval








Nascido do asfalto sujo, no meio da pobreza do mundo, à prova do chorume que a burguesia transpira nos ares, eis o artista do povo, com sua Ópera, no maior espetáculo da Terra.

" a minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela..."

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Capitalismo financeiro em crise: pleonasmo

O Capitalismo está em crise na Europa e nos EUA. E por que será que isso aconteceu? Bem, primeiro temos que buscar alguns sinais bem visíveis: as crises só acontecem em áreas onde o Capitalismo é livre, extremante livre. Onde não há nada que possa controlá-lo. Em outras palavras, não pode haver restrição estatal ao campo especulativo, porque isso soa como um pecado, um crime sem precedentes contra a ‘intelligentsia’ que domina noticiários, análises e concepções ditas modernas e arrojadas para o funcionamento do mercado especulativo. Lembremo-nos: a mídia é formada por empresas ligadas a grupos que querem o Estado longe das decisões econômicas.

Fleumático leitor – sempre quis usar esse adjetivo – a primeira leitura que se pode fazer da fumaça que sai da crise é que: onde o Capitalismo e seus guardiões o querem sem restrições, controle ou limite, os cidadãos, talvez por excesso de individualismo e/ou letargia, são sufocados por uma nuvem de depressão, agonia e carregam dívidas nos bolsos que não poderão pagar nunca, mesmo que vivam 400 anos. Enquanto isso, investidores e especuladores, como bodes numa horta, fazem o que bem entendem e ainda têm, de acordo com nossa opinião, a ‘posse da verdade’.

Torna-se claríssimo que o Capitalismo precisa que seus teóricos insiram no senso comum as idéias de que a economia deva estar desvinculada, sempre, da política. A teoria que dá embasamento à economia não pode ser discutida em campanhas eleitorais, senão as bolsas caem (sim, isso é uma chantagem). Para que o Capitalismo financeiro ‘funcione’ é preciso que ‘não haja discurso crítico algum sobre seu funcionamento’. Ele não pode ser pauta política; se o for é porque têm candidatos radicais nos pleitos. E é serviço da Mídia indicar quem são os radicais, aqueles que têm discursos incompatíveis com ‘a beleza do Capitalismo’. Na última eleição para presidente, no Brasil, esse rótulo foi dado a Plínio Arruda Sampaio.

Talvez você esteja se sentindo tal como eu: alguém que está na companhia de Harry Potter há 10 capítulos e descobre, ‘não mais que de repente’, que Valdemort é seu maior inimigo e isso desde o início da história. Pois não é que nos três parágrafos acima já detectamos alguns tumores no corpo do sistema financeiro: a) no neoliberalismo não pode haver intervenções do Estado na Economia. B) a sociedade deve ‘entender’ que Economia não é assunto para se misturar com política. C) as dívidas que movimentam o Capitalismo nos transformaram em seres depressivos e sem perspectivas. — Não, não chore, ainda há boas notícias!

Eu sei que você, leitor, mesmo em estado fleumático, deve estar se perguntando se a crise é geral. Digo-lhe que não, ela não é geral. O que difere então os lugares onde há crise econômica, dos lugares onde não há crise econômica? Os BRINCS (Brasil, Rússia, Índia e China), por exemplo, vivem como se não houvesse crise alguma. Qual será o segredo? Resposta: Ah! No Brasil, a gente sabe, o sistema financeiro ainda é ‘muito arcaico’; o governo está recheado de programas sociais; o país cresce 7,5% (PIB) em 2009 e depois cai para casa dos 2,5%, em 2011. Por que ocorreu isso? É que depois das compras, tem de se pagar os bens adquiridos. É isso o que estamos fazendo agora: terminando de pagar o que compramos em 2009, em financiamentos.

Se no Brasil fosse igual nos EUA, e/ou Europa, aumentava-se o crédito para estimular novos financiamentos; jogar-se-ia mais pra frente as dívidas e, de 7,5%, iríamos a 14%, 15% ou mais ainda. Só que todo mundo estaria pendurado numa bolha especulativa que iria explodir logo. E aí, meu bróder, quem lucrara até então, beleza! Já os eleitos para a grande derrota ficariam com papéis desvalorizados e com as dívidas. Seria como num Cassino, entendeu? Num Cassino especulador joga contra especulador, e agente que trabalha, sol a sol, fica olhando nos noticiários a beleza do Capitalismo: os vencedores e os derrotados.

Sim, eu sei, finalmente você entendeu, os especuladores compram e vendem dívidas. E, claro, alguém tem que pagar a conta. E é a classe média quem paga através dos impostos; além de ter serviços essenciais reduzidos (educação, saúde, transporte, infraestrutura e etc.). Sim, rebelde leitor, o Estado assume a dívida em nome da sociedade. Afinal, ela é o avalista dos negócios e por isso tem que pagar. Tá pensando o quê! É preciso ser ‘ético’ e pagar o quê os especuladores ‘fizeram pelo seu bem’, meu bom burguês! É o que vai acontecer na Europa, em alguns países endividados. Entendeu agora por que os gregos tão quebrando tudo?

Ahhh! Você não sabia que é com os impostos que se paga a dívida com os Bancos, em caso de crise? Lembre-se: são os bancos que financiam o consumo sem limites. E se num determinado período de crise as empresas não conseguem mais empregar, se há estagnação e falta de dinheiro, os bancos não ‘têm nada com isso’; eles não podem ficar sem receber o que emprestaram. É por isso que não podemos deixar afastar por demais a política da economia. Assim, não fique desesperançoso, nobre leitor, pois as crises se tornarão mais comuns daqui pra frente. Tenha coragem de apoiar propostas políticas que coloquem especuladores e empresários da grande mídia no seu devido lugar: bem longe do conceito de verdade.

E, para que você entenda melhor, isso tudo começou a partir da década de 1970, onde capitalismo desvinculou-se da Indústria e tornou-se financeiro-especulativo. O esquema: matéria-prima, transformação, publicidade e consumo, tudo atrelado à força de trabalho, deixou de ser a essência. Sobre a produção, que se tornou cada vez mais secundária, na geração de riquezas, surgiu uma nuvem especulativa que se baseia na compra e venda de dívidas, produções futuras, financiamentos de longo prazo, valorização e desvalorização de moedas e/ou empresas; mais a proliferação de falsas notícias que criam falsas demandas e/ou crises inexistentes e que são recheadas de gênios matemáticos, e quase todos sem nenhuma ética, (entenda aí o papel de George Soros, Greenspan e derivados da vida) que recebem prêmios por profetizarem as oscilações e tendências de uma nuvem que não pode ser mais governada por Estados e que deve ser livre para a felicidade dos...especuladores.

Pra fechar, além dessa transformação, a da transferência da essência da produção para a bolha especulativa, os Estados foram proibidos de emprestar dinheiro de seus próprios Bancos Centrais. Empréstimos, só com FMI e/ou outras agências internacionais, gerenciadas por... especuladores.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Parando o sistema

(escrita em 2001)

... A evolução espiritual previne para que ninguém se vanglorie, se auto valorize por algo que tenha feito em benefício de alguém. Mas esta eu preciso contar, não pelo lado espiritual, mas pelo fato de ter parado o sistema de informática de uma grande fábrica.

Eu tinha uns vinte anos e acabei indo trabalhar numa grande metalúrgica de minha cidade. Fabricava vagões, rodas, aros e longarinas. Fui parar no CPD (Centro de Processamento de Dados), ainda em tempo dos grandes computadores. Eram do tamanho de guarda roupas. Minha função era operador de computador. Era um dos quatro caras que trabalhavam seis horas por dia, para que a máquina nunca ficasse sozinha enquanto tivesse que funcionar. Às vezes trabalhava no período diurno, às vezes, no noturno. Era no período da noite que a máquina cuspia um gigantesco número de relatórios para serem usados no outro dia. Atualizações.

Foi numa bela madrugada, eu sozinho naquela sala de ar condicionado, ouvindo o barulho das impressoras gravando informações, as luzes todas acesas, o ar da madrugada me vencendo e eu querendo dormir. Só que ainda faltavam três horas para o fim de meu turno.

O único modo de acalmar o desejo de ir embora, era tomar um cafezinho, ou ir até ao banheiro. E foi o que eu fiz aquela noite, como em todas as outras. Só que naquele dia, um segundo antes de começar a urinar no vaso, vi uma borboleta com uma asa presa na superfície da água do vaso sanitário. Uma gotícula e ela morreria afogada. Podia ver suas perninhas se movendo no ar, tentando sair, mas não conseguia se desprender da água. Era tão sensível, vulnerável, que a água lhe era espessa, quase uma superfície sólida. Mas a água leva tudo para baixo e logo ela iria junto com a descarga pelos tubos do esgoto.

Segurei minha urina, voltei ao CPD, que ficava a uns 30 metros do banheiro e peguei um clips sobre a mesa e retornei ao banheiro. As máquinas estavam paradas. Os programas que esperassem. A auditoria da contabilidade, as notas do faturamento, as férias de alguns haveriam de esperar o resgate da pobre borboleta.

Fiz do clips uma pequena pinça e com todo cuidado, fui até sua pequena asa e a resgatei do vaso. Levei-a até uma mesa de escritório e liguei um pequeno ventilador. Fui secando a pobre. Logo começou a se mexer, foi recuperando a vitalidade. Na janela que dava para uma espécie de jardim de entrada da fábrica, soltei-a no ar. Ela voou em plena noite, em meio à brisa, em meio ao barulho da oficina funcionando na noite, na longa noite daqueles que trabalham para enriquecem a outras pessoas. Fiquei olhando uns quinze minutos a pequena voadora. Sentia-me um homem de verdade, pois era capaz de permitir a vida. Dar valor àquilo que realmente era bom.

Antes de retornar ao trabalho, voltei ao banheiro, pois ainda não havia urinado. Depois, sentando diante da máquina, vi que se tinham passado 90 minutos. As máquinas estavam paradas há mais de uma hora, durante todo período do resgate. Voltei aos relatórios. Não ficariam prontos dentro do prazo, pois a manhã chegaria logo e o que não fora atualizado, ficaria para a próxima madrugada. Minha vida não mudou em nada por isso, pelo atraso do serviço não feito. O capitalismo não merece respeito. Nem ontem, menos hoje.

Porém, a lembrança do vôo da pequena nunca me saiu da mente. Batendo asas em meio à fábrica de metal. Meu coração não era de plástico, nem nunca foi. Sou um homem maior por isso. Digno de pensar em poder mudar o mundo.Ninguém pisoteará meus sonhos. Um brinde à borboleta.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sinta-se bem, você não tem alternativa

Estou me sentindo bem

Ao meu redor o mundo é cada vez mais novo

Luzes, placas, sapatos e sorrisos

As renas acenam pra mim

Estou bem, sorrindo

Piso sobre as cabeças de papel

Eu sobrevivo assim, meio morto,

Mas estou me sentido bem,

Lá no alto, das nuvens, os deuses comem e bebem minha saúde

Mas estou bem

Meu dedo é forte, o suficiente para puxar o gatilho

Gritos de corpos debaixo da coberta

A bala abala o espírito cheio de compaixão pelo meu reflexo e...

...nas vitrines, afinal, estou bem.

Um pouco disso e daquilo, receita na mão, posso assistir TV again

Sorrir, sorrir, sorrir, as renas acenam pra mim

Um copo de plástico

Beba! Beba! É água.

Estou tão bem quanto um criado-mudo d'uma velha que morreu, com marca-passo e tudo.

Mas estou bem.

O copo com a dentadura não me incomoda.

Olhei as pessoas trabalhando mais, deixando o mundo novo

Cabelos lisos

Proficiência em todos os poros

Até quando os ossos podem sustentar nossas carnes?

Mas estou bem!

Por que não?

Estou remando dentro de um sarcófago feito de madeira de caixotes de maças.

Mas estou bem...



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Racismo, pra variar, em São Paulo


"A estagiária Ester Elisa da Silva Cesário, 19 anos, diz ter sido vítima de racismo no local em que trabalha, no Colégio Internacional Anhembi Morumbi, no Brooklin (zona sul de SP). Segundo ela, a diretora da unidade quis forçá-la a alisar os cabelos para ´manter boa aparência´.

Ester disse que sofre discriminação por ser negra e ter cabelos crespos.

Conta que, em seu primeiro dia de trabalho como assistente de marketing, em 1º de novembro, a diretora do colégio a chamou em uma sala particular e reclamou de uma flor em seu cabelo –pediu para deixá-los presos.

Segundo a estagiária, dias depois a diretora a chamou novamente e reclamou do cabelo. Teria falado que compraria camisas mais longas para que a funcionária escondesse seus quadris".

Resposta

"Em nota, o colégio Internacional Anhembi Morumbi afirma que possui um modelo de aprendizagem inclusivo, que abriga professores, estudantes e funcionários de várias origens e tradições religiosas.

O uso de uniformes por alunos e funcionários é exigido para que o foco da atenção saia da aparência.

Questionado se a diretora mandou a jovem alisar o cabelo, o colégio limitou-se a dizer que a direção e o restante da equipe nunca tiveram a intenção de causar constrangimento".

Fonte: UOL




Pelo contrário, a maior banda de rock do planeta, em pleno auge, convidou seu quinto elemento, Billy Preston, convidado por Lennon a integrar a banda e sair nas capas e correr o mundo. Se não tivesse ocorrido o fim dos Beatles, a capa do Let it be sairia também com a foto de Preston e nem por isso pediram a ele que se transformasse num sueco. Infelizmente a banda acabou, antes do fim das gravações do LP, que foi lançado postumamente.

Mas, minha cara Esther, esse pobre blogueiro tem a certeza que você se deparou com o que há de mais careta no mundo, o povo chique de São Paulo, que com certeza, pulou e chorou no show de Paul MacCartney, recentemente no Brasil, cantou e dançou por um mundo melhor: sem racismo, sem desigualdade social e menos violento. Entenda que é o mesmo público que quer alisar o seu cabelo. É que na hora de fazer matrícula, hummm... "Meu filho vai conviver com uma negra?"

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

José Saramago: esta 'oração' é pra ti...

"O mais humano dos homens, o mais sensível deles, se o é mesmo, e de forma orgânica, não tem outra alternativa senão a de fazer de si mesmo um anjo caído, que com sua coragem e força, tal como um Prometeu, irrita aos deuses e assombra aos homens; do contrário, é só mais um fascista fazendo o nome do pai, da testa ao umbigo".




José Saramago: “a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”.





domingo, 4 de dezembro de 2011

Quando julgaremos os ditadores do Brasil?

O patético senador citado no depoimento de Dilma Roussef, numa comissão do Senado, em 2009, é Agripino Maia, do DEM. Pra quem não sabe, o DEM era a ARENA, partido que apoiava a ditadura, ou era a própria ditadura. Depois o partido passou a se chamar PDS, depois PFL e agora DEM. Quem troca de nome é aquele quem débitos com a justiça. Só os criminosos, em época de liberdade política, precisam de um novo nome, um novo registro e um novo discurso para apagar a história, para que possam posar de 'imaculados homens públicos'; apesar dos desaparecidos em seus armários, dos cadáveres enterrados e perdidos em nosso terrítório, enquanto homens da ARENA enriqueciam. julgamento neles. Prisão é o mínimo.