domingo, 17 de junho de 2012

A crise



A crise é um grande fantoche nas mãos dos especuladores mundiais. Ela é usada como motivo para implantação de medidas conservadoras e nada sociais, em países onde emerge, assim, sem aviso. Normalmente é causada por esses mesmos investidores/especuladores das Bolsas de Valores. E, numa bela ironia, são os próprios causadores dos problemas que acabam por impor aos Estados (by FMI) a ‘cura’ para as anomalias desencadeadas por eles mesmos. Vivemos dias maquiavélicos, caro amigo, pois a crise dá lucro aos investidores.
Quando a crise se abate sobre um país, o resultado é o desemprego, a desvalorização da moeda, a inflação e o contínuo aumento da sensação de desespero; vide Grécia nos dias atuais. Nessa hora cabe ao Estado uma intervenção capaz de serenar os ânimos e colocar o bonde sobre os trilhos, e de preferência, em andamento. Pro bonde andar, é preciso grana. Em tempos de crise, a grana é acumulada sob a guarda de poucos, que não abrem mão dela, nem que a sociedade em que vivem venha a falecer por completo. O Estado, então, vira suas garras para os setores já miseráveis da sociedade e solta sua pérola: “É preciso apertar os cintos!”
Data vênia, em períodos de vacas gordas, digo de produção a todo vapor, empresários-investidores-especuladores propagam a ideia de que, ‘quanto menos’ intervenção do Estado na economia, melhor. O que mais atrapalha, segundo eles, são os impostos, se não houvesse tantos impostos, a economia funcionaria mais azeitada. Mas assim que acumulam um lucro exorbitante, escondem essa riqueza em paraísos fiscais e a sociedade que ajudou a produzi-la que se lasque. Quando o ‘pé-de-meia’ começa a minguar, em função da manutenção de uma vida fútil e esbanjadora, o especulador/investidor volta a criar lastro com a produção. Segue assim esse ciclo cruel e justificado através de discursos ditos modernos: o capital deve ser internacional, não deve ter pátria, dever ser livre para ir e vir, mesmo que cause a desgraça de gente honesta e trabalhadora.  
Você quer saber por que os discursos midiáticos se colocam sempre a favor da crise e do uso sócio-econômico-político-cultural que se faz dela? A resposta é simples: a mídia e seus especialistas, profetas do neoliberalismo, são patrocinados pelas grandes empresas, bancos e até mesmo por investidores-especuladores. Assim, o jornalismo midiático globalizado absorve conceitos que devem ser implantados nos ouvidos da população do mundo, e recebe muito dinheiro pra isso, — muito mesmo —, para transformar a ficção cultuada pelos especuladores em realidade: repetem como papagaios: “é preciso apertar o cinto, meu povo!” Dessa maneira, todas as soluções são sempre contra as questões sociais e a favor das hienas que saboreiam a putrefação da sociedade, que permanece a maior parte do tempo impotente.
 Você, leitor, nunca ficou incomodado com o fato de nunca alcançarmos a calma, a tranqüilidade, a bonança? E que há sempre uma espada sobre nossas cabeças, pronta para nos decepar, caso resolvamos acreditar que ‘outro mundo seja possível’, sem a urgência, a paranóia e a submissão aos especuladores, que controlam o Estado, tanto politicamente, quanto midiaticamente?
As crises, no Brasil, historicamente, já foram usadas para estimular as privatizações, a redução das aposentadorias, pro aumento das taxas de energia, na disparada do preço da comida, da ineficiência da educação, da ampliação da dívida externa, do sucateamento do serviço público e do aumento de impostos. Sim, o governo de Fernando Henrique, parte II, tinha muito do ‘governo’ de Luís XVI, da França absolutista, séc. XVIII, o qual foi banido por uma revolução: o povo tinha fome, necessidade de trabalho, liberdade e lhe faltava prazer pela vida: o resultado foi a decapitação de Luís XVI.   
No Brasil, a revolução veio pelo voto: o Governo Lula, parte I e II, criou as maiores reservas cambiais da história, 30 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza, o preço da gasolina ficou estável, a energia elétrica também se manteve em patamares aceitáveis, o salário mínimo subiu mais que a inflação, o nível de emprego subiu e o Brasil melhorou sua imagem no exterior. Mas segundo a Globo, a Folha de SP, Estadão, Veja (do Cachoeira) e detritos mais, o governo Lula foi o governo mais corrupto, nocivo e antiquado que se tem notícia. Não, eu não sou petista, sou realista e olho pro meu bolso, pra minha mesa, pro tanque do meu carro, pros meus filhos com um futuro pela frente e quero mais Dilma.