(escrita em 2001)
Parece que ninguém está disposto a entender que tudo é uma ilusão. Apenas a metade de um suspiro. Ao contrário do que se pensa, os desejos não são estrelas, mas sim espinhos; vão rasgando a pele e nos tornando cada vez mais prisioneiros do ser, que já não é mais ser e sim, estar. Estamos desejando compulsivamente, como se não houvesse mais nada a se fazer.
Restos de civilização flutuam por onde vamos. Somos seres de alma de lata. Se não reciclados, poluímos. É a eterna roda da encarnação que se chama também, reciclagem. Nada se perde e tudo se transforma no mesmo existir sem sentido.
Entre uma barra de ouro e uma pelota de cocô, a segunda é mais evoluída, pois se dissolve mais rápido e se integra ao universo. Enquanto que o ouro, materialmente eterno, é o símbolo das almas conservadoras, reacionárias, o PFL (DEM) da alquimia, o cocô é o grande momento espiritual que devemos buscar. Tal como Ghandi o fez.
Temos que evoluir em direção ao cocô.
Buda, os hinduístas e outros metafísicos já diziam há muito que, tudo no universo é uma mera ilusão. Chamavam isso de Maia. Vivemos num filme, dentro de uma película, uma imagem digital que dissolver-se-á logo. Não se apegue a esse cenário, ele não existirá, siga o cortejo de você mesmo. Nada é importante, nada merece relatórios, reuniões, menos ainda propagandas. Ouça que meu filho me disse, há muito; ele ainda tinha sete anos. Hoje tem bem mais. Estávamos andando de carro.
—Nossa!, tem uma loja logo ali atrás que tá vendendo caixão!!................
Precisamos aprender a brincar dentro do corpo da Maia (rs). Depois são só lembranças que vão ficar na cabeça dos vivos e mais nada. Podemos e devemos soar como se tudo fosse possível dentro de uma canção. Não há outra coisa tão próxima de um sentido à vida do que uma canção.