terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tropa de elite III (roteiro em construção)




Cena 1

Interior do palácio dos Bandeirantes. O governador recebe os dados sobre a violência: 145 mortos no mês de outubro. Levanta de sua mesa e vai ao encontro da imprensa que o aguarda: Globo, Folha, Veja, Estadão. Antes da entrevista, ocorre uma conversa em off. Em nome dos barões da mídia, o governador recebe a notícia de que vão dar mais enfoque ao assassinato de Celso Daniel. Luís da Silva é o assassino. O governador se mostra preocupado, diz que não gosta disso. Mas os repórteres afirmam que são ordens dos superiores de seu partido e há cobertura no STF. Que se tranquilize.  Como sua reeleição corre risco, ele aceita.

Cena 2 

Jabor aparece indignado na tela do JN e grita que Luís da Silva é um assassino. Depois encara a tela em silêncio. Não cita a violência em São Paulo, a canalhice da Veja que tentou fraudar o ENEM, ignora o baixo salário dos professores públicos e policiais de São Paulo e ainda tenta, junto a ressurreição do cadáver de Celso Daniel, colar o mensalão, já julgado, às costas de Luís da Silva. Esse cabra tem que morrer. Não basta sua morte política. Cita Pablo Escobar, Nem da Rocinha, Fernandinho Beira-mar, todos tais quais como Luís da Silva, bandidos.   

Cena 3

Ministros do Supremo tribunal aparecem numa sala acarpetada, copos de uísque em mãos e num sofá importado. Garotas e garotos de programa os rodeiam, todos com correntes no pescoço e roupas de couro. Discutem o que irão ganhar com a condenação de Luís da Silva pelo assassinato de Celso Daniel. Um deles alerta que não há provas. Os mais velhos dizem que é bobagem, isso nunca impediu ninguém de ser condenado no Brasil. Principalmente quando há cobertura da imprensa.  Não haverá mais eleições de postes, nós é que o pregaremos no poste de Judas. Risos e o barulho do brinde nos copos com gelo se sobrepõe na cena. Um deles recebe a notícia que será candidato à presidência da República, já em 2014. Mais vivas!   

Cena 4

Bastidores da Globo News: todos os programas: Entre Aspas, Painel, Milênio, Conexão Manhattan e Jornais em geral organizam a mesma pauta: Luis da Silva matou Celso Daniel. Dizer a mesma coisa ao longo do dia, da semana, do mês, do ano há de transformá-la numa verdade. Luís da Silva é um assassino e ainda não foi devidamente culpado pelo mensalão. Mas dessa ele não escapa.

Cena 5 (imagens cortadas do filme)

Jovens carentes que ingressaram nas escolas públicas superiores, 31 milhões de pessoas fora da linha da pobreza, baixa taxa de desemprego, taxa de juros em níveis toleráveis, melhoria da infra-estrutura, Petrobrás descobre o pré-sal, o Brasil volta a construir estaleiros, a Copa e as Olimpíadas serão aqui, a crise internacional foi controlada com intervenção do Estado e isso incomoda Washington e as hienas do sistema financeiro. Dessa maneira a intervenção ocorrerá via STF, mídia e antiga UDN, hoje PSDB, tal como ocorreu com Getúlio Vargas em seu 'suicídio'. Além do mais,  Luís da Silva elegeu a primeira mulher presidente do país. E ela continua seu trabalho. Perigo! Perigo!

Cena 6 (ainda sendo escrita)

Veja publica mais uma reportagem sem fonte jornalística e STF deixa vazar depoimento sigiloso que buscava delação premiada. Eis a ética personificada.