os vencidos, arrastados pelo mundo,
o sol na carne, a dor do sereno, os pés ardentes.
sem pão, casa, afeto, cheios de pecados.
o céu os espera, deus é quem quis assim
e alastra dores.
os sinos da cristiandade anunciam o sol das oportunidades.
calvino diz: 'sem dinheiro não há eleitos'.
os vencidos, os esquecidos, ninguém se lembra que são fortes.
resistiram à degradação do caráter pela intoxicação burguesa.
a burguesia é a ferrugem da alma.
protegem seus filhos do hálito da miséria.
a miserabilidade quase os vence na luta por migalhas.
a esperança é uma roupa velha, uma oração silenciosa,
as pegadas aram o chão que não os pertence.
os corpos murcham pela ação dos quatro elementos.
o frio dói menos que o cinismo do direito natural.
os vencidos se arrastam como restos humanos
deus é permitido, marx fescenino,
só um pouco de sossego, pão, pouca pressa, um balanço, um filho com livro nas mãos,
um lugar pra descansar o cadáver.