Apoiaram o golpe: EUA, Igreja Católica, Mídia paraguaia, Mídia brasileira, Monsanto, os militares do Paraguai, o PSDB, o DEM e o PPS.
Não, não estou
usando ‘paraguaio’ como adjetivo e fazendo uma crítica ao nosso inverno que se
metamorfoseou em um quase verão. Refiro-me ao golpe de Estado, de 30 horas, que
derrubou Lugo da presidência do Paraguai. País com uma ‘democracia’ embasada
num sistema jurídico-legislativo a jato e mais rápido do que caixa eletrônico
de banco para informar o saldo negativo, sem deixar o mínimo de direito à
defesa. Lugo não teve direito a um advogado, não pode ler o processo que havia
contra ele e não havia testemunhas inquiridas. Recebeu, ‘just-in-time’, um
veredicto: você está fora! O vice assume! Assim desejou a elite paraguaia,
assim foi aprovado pelos EUA.
O motivo
alegado pelo Golpe (disfarçado com a palavra Impeachment)
foi o confronto entre grandes proprietários de terras, ‘sem terras’ e a polícia
paraguaia. Resultado: um massacre. Responsabilidade: Lugo; isso segundo o
congresso paraguaio, com ratificação do poder judiciário.
No Paraguai é
assim: confrontos campesinos, brigas de torcida de times de futebol, bate-bocas
entre genros e sogras, engarrafamentos de trânsito, greves de estudantes e
confrontos mais, é sempre culpa do presidente. É a mais profunda ‘racionalidade
democrática’. Nem técnico de futebol cai tão rápido, aqui no Brasil e/ou no
Paraguai mesmo. — Desculpem-me os paraguaios, mas assim me parece ser a
Constituição deles: uma palhaçada. Qual Constituição, entre os países
democráticos, permite a cassação de um Presidente da República em 30 horas?
Claro, foi golpe! Caô!
Pela lógica da Constituição paraguaia, a
matança ocorrida em Eldorado dos Carajás, PA, 1996, Brasil, Fernando Henrique
Cardoso, então presidente, é quem deveria ter sido cassado e responsabilizado
pelas mortes daqueles nossos patrícios camponeses. E não os policiais militares
e seu comando, sobre quem, de fato, recaiu o processo, o posterior julgamento e
só agora, 16 anos depois, a pena.
Mas a
hipocrisia maior, no caso Lugo, ainda estava por vir após o golpe: em tempos de
celebração da Primavera Árabe, especialistas da mídia brasileira — Globo,
Estadão, Veja, Folha de SP — se alinharam com o golpe do ‘inverno paraguaio’, o
que é até natural, pois aqui no Brasil, historicamente, também apoiaram a
Ditadura Militar: a mídia brasileira é igual mulher de malandro: adora um homem
de farda; melhor ainda se ele estiver à serviço dos EUA.
O mesmo ocorre
com os partidos conservadores paraguaios que derrubaram Lugo e que agora
governam com apoio dos militares, das mídias paraguaia e brasileira: são
fascinados pelo ‘domínio’ estadunidense. — Pra quem não sabe, os EUA queriam
uma base militar na Argentina. Cristina Kirchner disse:
“Não!”. Agora querem uma no Paraguai. O golpista Franco, — nome sugestivo para
um ditador — dirá, provavelmente, “Sim, meu amo!”
Fico imaginado
a dificuldade dos dois neurônios da atriz global Maitê Proença, e mais os bobos
da corte que lhe seguem os passos, entenderem a importância geoestratégica da
hidrelétrica de Belo Monte. Totalmente dentro de nosso território, com verba
própria, com a possibilidade do país de ampliar a oferta de energia, fortalecimento do MERCOSUL e por conseqüência, a economia da região. É tudo que os EUA não
querem. — Lembrando: a hidrelétrica de Itaipu também está em solo paraguaio,
que passará a obedecer ao Tio Sam, que deseja que o Brasil não avance na
industrialização.
Historicamente,
a elite norte-americana sempre olhou para o próprio sonho, o ‘American way of
life’. Lutou político e economicamente para que isso ocorresse e é isso que se
espera de uma elite. E, diga-se de passagem, nas democracias liberais, é até
normal que as elites assumam os cargos de maiores importância que norteiam a
política interna e externa. Com a evolução natural do processo democrático, que
é o debate político e a alternância de poder, ocorre o avanço das questões
sociais e das politicas públicas. Assim todos saem ganhando. O difícil é enfiar
isso na cabeça das elites latino-americanas, que ao invés de cultivarem a
prosperidade do espaço geográfico em que vivem, ao contrário, embalam o sonho
estadunidense. Os vulgos traíras.
Fiquei
envergonhado de ver nos jornais e revistas semanais, o Senador Álvaro Dias,
PSDB do Paraná, em visita de solidariedade ao golpista Franco, em solo
paraguaio. Patético. Mas esperar o quê dos tucanos, que também se comportam
como ‘mulher de malandro’? Basta a presença de um Americano nas cercanias e vão
logo tirando a roupa e gritando: “Privatiza-me! Privatiza-me!”
PS: ainda bem
que temos Dilma, mestre em xadrez e com visual da Mônica, de Maurício de Souza.
Que venha a Venezuela, com seus poços de petróleo para fortalecer o MERCOSUL! O
Paraguai, um fazendão que vende muamba, temporariamente fica suspenso, até que
se restabeleça a democracia. Mas com ares de primavera e sem Tio Sam nos
bastidores.