O capitalismo leva ao consumismo. O consumismo ao individualismo. O individualismo à solidão e ela, por vez, ao desespero. Os desesperados procuram as religiões. Patético, não fosse trágico. Suportar o mundo não é uma tarefa fácil. E nada mais humano do que pedir às forças que estão além de nós uma ajuda, uma mãozinha pra se mudar o destino quando nos vemos em maus lençóis. Agora o que isso tem a ver com a prática de uma postura ortodoxa, com o comportamento fundamentalista, seja de cristãos, islâmicos e/ou derivados?
Por
que se acredita que somente os fanáticos podem desencadear no Ser supremo a
possibilidade da misericórdia, ou de uma benção? Quem escreveu essa bobagem?
Pior, quem acredita nessa bobagem? Quer dizer que Deus, dessa forma, sempre irá
reagir se eu me comportar com um completo ignorante no tocante à ciência, à
política e à arte, porém suficientemente ‘abestado’ para absorver todos os
discursos de pastores e padres carismáticos, e praticá-los na íntegra, e assim apto
a me transformar num futuro morador de uma terra prometida (?). Eis a essência
do caô! Chuta que é macumba!
O
mesmo ocorre na política, onde fica claro que o fanatismo é a terra dos
quadrúpedes. Após as eleições pudemos perceber vários deles expostos na mídia,
pedindo por uma intervenção militar no Estado brasileiro. − Alguns acreditam
que se um grupo de milicos tomar o poder cessar-se-á a corrupção como num passe
de mágica. De onde vem a crença em tal absurdo? Primeiro: os militares
brasileiros, antropologicamente falando, são tão pilantras, honestos e
indiferentes quanto a sociedade civil o é. Segundo: por que a ideia de um único
grupo governando, de forma ditatorial, silenciando as críticas e
questionamentos de opositores, poderia seria melhor do que nossa constante e
complexa rede de discursos abastecida pelo dissenso? Terceiro: por que seria
melhor só um grupo no poder que pudesse roubar, matar, reescrever a
constituição a bel prazer e sucatear a história de um país? Freud explica: isso
é masoquismo!
O
conceito de masoquismo vem da obra do austríaco, Leopold Von Sacher-Masoch, do
livro, A Vênus de Peles, onde um dos
personagens atinge o orgasmo após
ser surrado pelo amante da sua esposa. Freud dizia que o
masoquista deseja ser colocado na posição de objeto de alguém que seja ativo o
suficiente para desgastá-lo até sua morte. Isso seria fruto de alguma culpa
inconsciente que o atormente constantemente, assim sente prazer com a ideia de
que será destruído e a face da Terra será poupada de sua nefasta presença.
No
campo da sexualidade, acho que estamos numa sociedade suficientemente livre
para aceitar que a felicidade do masoquista, quando este passa pelas mãos do
sádico e sinta prazer nisso de forma particular, ocorra sem que nenhum crime
seja cometido e seja algo baseado no livre arbítrio da liberdade
constitucional. Aí tudo bem, sussa! Ou seja, o republicanismo aceita que os
indivíduos sintam prazer em sentir dor, ou que aceitem que seus cônjuges
tenham relações extraconjugais e isto até seja filmado e propagado. É uma
escolha.
Agora,
querer impor isso na política é sacanagem. Sentir prazer em ser chicoteado por
uma Ditadura não é algo que deva ser universalizado como modelo de Estado. Quê
isso minha gente? Por isso acredito que todo fanático, seja religioso, político
ou esportivo, caminha de braços dados com o masoquismo, que é também uma
maneira de exterminar a própria personalidade, que de tão insuportável a si
mesma imagina que os outros também o são e logo não vê problemas em tomar na
‘cabeça’. Vá de retro, Satanás!
Em suma, como diriam os patéticos professores de
redação dos cursinhos, para o fanático religioso, Deus é um vingador que sente
prazer em exterminar. Logo um sádico. Eu já disse que concepções teológicas
baixas, com baixos teores racionais e medíocres, transformam Deus num anão e/ou
num ser patético. Assim os fanáticos neopentecostais, carismáticos e derivados
são uma mescla de sadomasoquismo. PQP!
Vamos evoluir minha gente, vamos evoluir! Deus, se existe, é um ser livre.