O noticiário,
às vezes, quer nos surpreender. Mas o Eclesiastes, desde antes do mundo, já
havia nos avisado que nada seria realmente novo sob o céu de nossos dias. Dessa
forma fico em dúvida, se meu espanto, minha cara de cultivador de batatas,
diante das constantes ‘velhas novidades’, é realmente verdadeira, ou hipocrisia
da grossa.
Mas como ficar
espantando com o fio de cabelo do sovaco do Messi encontrado entre os dentes do
Neymar? Mais ainda: que a Rede Globo sonegou impostos dos direitos de
transmissão da Copa de 2002, criando uma empresa fantasma nas Ilhas Virgens? Ou
pior: que Joaquim Barbosa é um mutante, deve aparecer no próximo X-Men, graças
a poderes que possibilitam sua metamorfose numa picareta de ouro?
Irmãos, nem
Malafaia, com seu discurso, “Io sô Jesus! Pode me dar su grana!” poderá
nos salvar das ‘novidades’, que na verdade, são velhas tragédias. O que
realmente há, é nossa incapacidade de revolta. O próximo protesto da massa
‘crítica’ do face-shit-book será para que o preço do Playstation 4 seja
reduzido e também para o retorno da bala kids ao mercado.
Não bastasse
tudo isso, gritaram que os EUA nos espionam na internet. Céus, no dia em que os
satélites ‘forem inventados’ irão nos espionar mais ainda. Já pensou os gringos
olhando a gente pulando a cerca do vizinho pra ‘ficar’ com a galinha dele? Vai
dar BO. Publicar-se-á o que é óbvio:
pulamos a cerca da moral e da ética com tanta freqüência, que ela mais parece
um queijo suíço do que uma demarcação territorial para salvaguarda da monogamia
galinácea e da saúde do dinheiro público.
Há quem
afirme, na NASA, INPE e em outros laboratórios do Dexter, que os ETs, — que
passam a existir de acordo com a quantidade de cachaça que o contador de
histórias ingeriu — não pulam a cerca de seus quintais para ficar com a galinha
do vizinho. Eles se teletransportam, o que deixa a cerca intacta; mas não a
galinha. É a tecnologia a serviço da manutenção da cerca moral e da ética, um
triunfo intergaláctico. O STF usa tecnologia parecida.
Mas a última
obviedade transformada em notícia, a ‘revelação’ do ‘propinoduto’ tucano no
metrô de SP, não espantou nem os colunistas da Veja. O fato de não publicarem o
treco, não revela ‘nenhuma’ relação de proximidade e interesse entre a revista
e o governo paulista. Só porque o Estado SP é um dos maiores assinantes da
Editora Abril, não significa que haja conivência com o trambique. É só dinheiro
público que foi roubado por um grupo de políticos que se diz honesto. Novidade!