Já me perguntaram a diferença básica entre cristianismo e o budismo, e eu nunca soube responder. Mas a música de Fernando Sardo me fez enxergar uma bifurcação em meio ao caminho: os que seguem o cristianismo desejam proibir todo impulso humano: castração, celibato, obediência a templos e líderes desumanizados pelos textos sagrados. Ascenderá aos céus se destruíres a tu mesmo como ser, pra isso está ali a cruz.
Já os budistas desejam transformar as pulsações e os desejos humanos em algo sagrado e sereno porque assim o são: humanos e passageiros, como a chuva de verão no bosque. Pela paixão, virá outra pessoa e te completará. Dos teus desejos, por vezes, um outro ser, que será o mesmo que você e assim, segue ad infinitum; mas você pode parar pra descansar à sombra dos salgueiros e deixar o mundo passar.
Enquanto a caravana passa e você a observa sob a sombra dos salgueiros, olhe pra trás e pergunte a si mesmo se desejarias percorrê-lo novamente, infinta vezes, até a exaustão da eternidade. Tome um chá com Nietzsche e Buda, sob a copa dos salgueiros, antes de seguir viagem. E ouça a música...