quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Catecismo Tucano

Serra com a Bíblia Pentecostal nas mãos, nas vésperas da eleição 2010


Nenhum partido parece mais sem rumo do que o PSDB. Assisti a uma entrevista do Senador Aécio Neves, na UOL, com o repórter Kennedy Alencar, onde fica claro que a tucanada não sabe o quê fazer, parece aquela ‘biruta’ usada em pistas de pousos de aviões de pequeno porte: vira pro lado que o vento estiver tocando. E a culpa, claro, foi de José Serra, com seu discurso medieval nas últimas eleições, disse Aécio Neves.

O senador deixa claro na entrevista que, o PSDB, sempre esteve próximo de setores da sociedade com pensamentos mais avançados, afinal, é o partido da social-democracia. Porém, o apelo religioso, meramente eleitoreiro, de José Serra, junto a utilização hipócrita de temas como o aborto, a proximidade oportunista com pastores evangélicos, do tipo ‘malafaias da vida’ e de setores da CNBB, que andam de braços dados com a Opus Dei, transformou José Serra num cavaleiro medieval esdrúxulo, capaz de afirmar categoricamente que a Terra era plana e que Deus havia lhe dito, num momento tipo George Bush, que Dilma Rousseff era então o próprio demônio; desde que isso lhe desse votos.

Além dessa baboseira medieval, o PSDB ainda carregava e carrega a maldição das privatizações. De leve, vamos lembrar que todos os países que seguiram a receita que o partido sempre preconizou, quebraram exemplarmente. Vide Grécia, Espanha, Itália, Irlanda; ou seja, olhe bem pra cara dos apresentadores do Jornal Nacional, que sempre defenderam o neoliberalismo tucano, e cobre explicações mais claras do porquê dessa crise. Não querem falar, mas o fato é que esses países privatizaram até as privadas de suas respectivas mães e agora estão à beira do caos.

Se o povo brasileiro tivesse tido a insensatez de ter escolhido outro que não fosse Lula, a essa hora estaríamos usando madeira para fazer fogo para cozinhar, pescando peixes no rio Paraíba, ou até mesmo comendo carne humana, porque em momentos de crises profundas, só nos resta o canibalismo; mas tenha certeza de que, se estivéssemos hoje, num governo federal tucano, atravessando a mesma crise que os países europeus atravessam hoje, o Jornal Nacional, à noite, diria que tudo estava bem, tirando a crise, a eterna crise, que é coisa de país moderno e globalizado, bem a gosto do tucanato.

Pô, meu! Até energia elétrica faltou no governo desses caras. Não foram capazes nem de olhar o nível das represas das hidrelétricas. Por isso acho que o mais sensato de todos os tucanos é o Fernando Henrique. Ciente de sua incapacidade de administrar a economia, a cultura, a educação e a imagem internacional do Brasil, passou a lutar pela liberação da maconha. Fico feliz, pois encontrou seu verdadeiro caminho. Esse já não atrapalha mais a gente. Mas ainda sobraram alguns de alta plumagem, com crucifixo no pescoço e desejos de entregar o Pré-sal aos EUA.

Fico imaginando como serão as convenções do partido para as próximas eleições municipais: gente com bíblia embaixo do braço, apresentação de relíquias – dedos de santos, fotos do Papa -, download do Espírito Santo, hinos evangélicos, projetos de beatificação de José Serra e outras pérolas. Já outros assuntos: salário de professores, de médicos, dentistas, planos de carreira e aposentadorias, estrutura educacional, reforma política, projetos de geração de energia, fortalecimento do MERCOSUL, geração de empregos, extermínio do termo PRIVATIZAÇÃO da doutrina do partido e mais... AHHH! São assuntos chatos, que outros partidos cuidem disso. Para os tucanos serristas, as convenções não chamar-se-ão convenções, mas sim Concílios tucanos para eleições municipais.

Interessante é que, apesar de todo esse fervor religioso, os tucanos andam a tira-colo com os políticos do DEM, chamados de os demos pela voz do povo da blogosfera. Por essa o catecismo tucano não esperava.