terça-feira, 23 de agosto de 2011

Passos de um homem vazio

Quando a lua é cheia, não posso suportar a possibilidade de viver o dia útil de amanhã.

Necessito soltar um imenso trago de fumaça pelos lábios, até que meu braço fique tão longo e possa tocar o hálito da lua.

Inebriado, sou mais feliz, ou simplesmente, não triste.

A umidade da noite é própria.

É a grande vagina que nos guarda.

O céu é um imenso buraco negro e não conhece a palavra end.

Quando a lua é cheia, as vacas olham pra o chão, para o reflexo da lua no verde do capim.

Eu pasto em silêncio. Por toda vida.

Eu e a vaca, sob o mesmo céu dos dias úteis; inúteis.





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a noite é quando o dia dorme

meu pensamento é folha

se vai no vento.

O dia é quando a noite dorme

Minha sede é viva

Voa sobre o campo; cevada.

O sangue borbulha

Homem refrigerante


Mulheres me fazem andar adiante

Ando no vento

Pegadas no ar

Árvores me acolhem em seus braços


Se fosse vento

Eu viveria nos braços da chuva

Flores amarelas, o ipê oferece.

Nos cabelos da chuva,

Flores amarelas.

Eu e ela, na dança do sol.

( prisioneiros do acaso)



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Não quero voltar pra casa.

Errante.

Sideral.

A lua na poça da chuva.

Um vazio na alma, tal como numa orquestra.

Chorar é comum. Sorrir a melhor prática.

Não quero voltar para casa.

Não tente.

Melhor se calar.

Há milhas a caminhar.

Cantil?

Destilada.

Eu sinto a terra girar.

Meus melhores amigos estão num carrossel.

Quando estaremos juntos?