sábado, 2 de julho de 2011

Lula e os bailes da vida, na África


  1. Lula é um artista sim. Debord já havia nos ensinado, ou pelo menos tentou, que vivemos na sociedade do espetáculo. Talvez Lula não pense assim, ou não entenda isso dessa maneira, mas o fato é que ele quer que todos sejam protagonistas do espetáculo; pra isso uma receita teoricamente simples: ênfase na prática de políticas sociais. Lula seria um simples ex-presidente se hoje já estivesse vivendo aposentado, num paraíso tropical ou sei lá onde. Pelo contrário, continua sua caraavana pelo mundo, vai à Àfrica para impulssionar as discussões sobre sustentabilidade e distribuição de renda em Guiné Equatorial, na 17ª Assembleia Geral da União Africana. O quê ele ganha com isso? A resposta é mais existencial e ontológica: continuar a ser ele mesmo. Cresceu discutindo questões socias, seja de maneira sindical, marxista, ou pela inocente via da humanização do capitalismo; enfim , Lula traz consigo um legado de ideias e práticas que tenta alocar no centro do senso comum do Brasil, da África e do mundo. Pois é a valorização de políticas socias que ameniza as tragédias criadas pelo neoliberalismo respnsável pela desumanização dos povos. Lula, como se tivesse numa mesa de bar, parece perguntar e responder ao mesmo tempo aos detentores da riqueza: "Vocês juntaram essa grana toda; e agora, o que vão fazer com ela? Porque a sociedade em que vocês também estão inseridos, está prestes a entrar em colapso." De braços dados com o keyseanismo, Lula não se cansa de pregar que é preciso que a grana circule entre os povos; e os programas socias são dispositivos que devem ser inseridos nessa selvageria especulativa para ir desarmando o sistema financeiro, que para ele, quando se tranforma em cassino, leva os países à banca rota, mas com volume de dinheiro em caixa transbordando pelo ladrão, como nunca antes da história do capitalismo, num paradoxo. Tais programas socias devem se tornar consenso e enraizar-se na avaliação crítica, tanto do indivíduo excluído, quanto do integrado pelo sistema, pelas formas produtivas, para criar uma sociedade menos injusta. Esse é o pespetáculo de Lula, que num paradoxo, é o maior amigo do capitalismo, desde que este não se transforme num cassino. Ou seja, se fosse possível, Lula criaria uma série de restrições ao mercado especulador que transforma dinheiro em papel e depois em dinheiro outra vez. Sabemos que isso é um veneno e está destruindo não só a sociedade, mas o planeta como um todo. O dilema do século XXI: transformar o sistema capitalista num sistema 'mais humano', com base na sustentabilidade , enquanto a direita e a esquerda discutem assuntos ligados à moral, e a re-interpretação desses axiomas que normatizam a vida em sociedade. E essa é a diferença básica entre Lula e FHC: Lula homenageia o lugar aonde vai, pois personifica o discurso social, é esse o seu espetáculo.
  2. Já FHC precisa da homenagem dos setores mais elitizados da política, como o Senado Brasileiro, que nas horas de folga, apaga capítulos da história do Brasil. Homenageado pelo presidente do Senado, José Sarney, FHC já não o acha assim tão ruim, como pregava no período eleitoral passado, o oligarca Sarney. Afinal, PSDB e PMDB são quase que como irmãos. Pra isso basta uma homenagem. Mas isso já é um espetáculo mais cult.
  3. Lula levou ao pé da letra os ensinamentos de Milton Nascimento e Fernando Brant: todo artista tem de ir aonde o povo está. E melhor pra Angola, Guiné Equatorial, pois são países onde se fala, também, a língua portuguesa. Vão entender mister Lula de maneira bem clara; o último discurso que eu vi do FHC, foi na França, em francês. Resultado: imperceptível.
  4. Vamos com Lula à Àfrica. A gente vai de internet.