segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A justiça



Em troca de alguns poucos segundos de fama no JN da Globo, Ministros do Supremo Tribunal venderam a alma à fama. Não importa mais a história que escreveram, ou o quê ficará deles nos registros, ou da base jurisprudente que as gerações futuras herdarão. Seduzidos pela vaidade, transformaram pedra em pão e aceitaram como seu, o mundo diante de seus pés.
Acreditam cegamente que falam a uma massa de ignorantes que não sabe o significado de seus termos jurídicos, e mais confortáveis ainda se encontram, quando o bestiário geral impresso e televisado os eleva como personagens clássicos, Cavaleiros de novelas, autos, ou auto-farsas que brilham com a pureza de um manto imaculado negro. Mas não devemos nos esquecer que, personagens são sempre manipulados por aqueles que escrevem a 'história'.
Joaquim Barbosa se tornou a própria face da justiça, que tradicionalmente se representa por uma ‘mulher’ de olhos vendados e espada sobre o colo; na outra mão uma balança. A face de Barbosa se tornou a nova imagem ‘sincrética’ da justiça, fusão entre Nossa Senhora Aparecida e Iansã, a deusa de ébano da guerra, no candomblé. Verborrágico, inquisidor, vingador, Jack Estripador, raivoso, esfregou as páginas de nossa Constituição nos lugares mais sujos à busca por condenações à base de deduções sobre deduções e mais subjetividades, e tudo isso para condenar um homem.
Freud explica, ele quer destruir tudo o que nunca conseguiu ser, e que está personificado diante dele: um homem, um Zé Dirceu da vida, que nunca se importou com o que a elite dizia, e ainda por cima, enfrentou um Estado Ditatorial. Penso comigo mesmo se o STF vai julgar os assassinos da Ditadura com a mesma voz grossa com que condenou Zé Dirceu sobre o ‘domínio dos fatos’. (?)
Já se fala numa possível candidatura de Joca Barbosa para 2014, talvez pelo DEM, ou pelo PSDB, e isso bem a gosto da elite, pois é um amante dos holofotes, berra com seus pares pela posse exclusiva da razão e não gosta de diálogo. — Detalhe: a paixão das elites brasileiras por Ditaduras de Direita deixa claro que há algo a ser resolvido, digo em termos terapêuticos, pois essa obsessão pelo homem de farda, capitalista e falando em inglês, é um tanto quanto masoquista por demais.    
Mas nem tudo está fadado ao fracasso. Nossa sociedade evoluiu: antes era o poder executivo federal que era usado pelas elites, a famosa Casa Grande, como ferramenta de manipulação das massas, mas veio a era das urnas livres e a história mudou isso. Depois veio a tentativa de manipular a política pela mídia, os barões da informação passaram a perseguir os governos populares, num intuito de desmoralização e reversão posterior nas urnas, mas a internet, a blogosfera, mudou os rumos da posse da informação e mais uma vez, a canoa da elite branca udenista-psdebista furou. 
O que fazer, então? Sem o Executivo, sem a força da mídia tradicional e sem o efeito desejado nas eleições pela propagação do falso moralismo? Claro, ainda restava uma esperança: o STF! Patetas de toga à espera de um bom roteiro, de uma boa maquiagem, de quem os manipule em troca do glamour da ribalta do moralismo decadente da antiga UDN hipócrita, a mesma que levou Getúlio Vargas ao ‘suicídio’ e que carrega, ainda hoje, o estandarte das privatizações: quantos mais pros EUA, melhor. Aos brasileiros, as batatas.