sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Protógenes



“Foi um pintor da Grécia Antiga, do séc. II d.C. Fez uma pintura sobre os Arcontes Thesmothetae (os guardiões das leis da história grega) que decorava a câmara onde se reunia o governo de Atenas, formado por quinhentos homens”.
Nosso Deputado Federal, Delegado Protógenes Queirós, do PCdoB, passou por Cruzeiro, 27/11/12, e deixou uma impressão ainda mais positiva sobre sua pessoa e seu trabalho, do que já se tinha conhecimento.
Tal como seu xará grego, ‘pintou’ belos quadros sobre a justiça em nosso país. Um deles foi o comando Operação da Polícia Federal, Sathyagraha, — junção das palavras verdade e firmeza, em sânscrito —, no ano de 2004, que investigou desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro para Portugal. O final da Operação foi coroado pela prisão, com algema e tudo, do banqueiro Daniel Dantas e similares: Naji Nahas e Celso Pita, além de outros do ‘submundo’ da corrupção.
Porém, uma das mais belas pinturas da Justiça de nosso país foi borrada pelas mãos de um chefe de jagunços, o Ministro do STF, Gilmar Mendes, que autorizou Habeas Corpus por telefone à gangue que fora detida e passou a desabonar a Operação Sathyagraha. Até então, um Habeas Corpus por telefone ‘era inédito’ em termos de privilégio dos criminosos do colarinho branco. Viva Gilmar Mendes!!
Aliás, após essa ‘pérola’, Gilmar Mendes foi rebatizado como Gilmar Dantas, pelo colunista do Globo, Noblat. Porém, independente de ser Mendes ou Dantas, o Ministro do STF lutou para que o Delegado Protógenes fosse afastado da Polícia Federal, e a Operação Satyagraha engavetada no limbo mais distante da luz da verdade e da razão.
O tempo passou e Protógenes venceu as trevas oriundas de Dantas-Mendes e foi eleito Deputado Federal; sua luta continua. Hoje deseja instalar a CPI da PRIVATARIA TUCANA, resultado do livro investigativo do repórter Amauri Jr, que detalha linha por linha o que foi feito com dinheiro adquirido com as privatizações do ‘governo’ FHC. O maior crime contra o patrimônio público da História do Brasil, quiça das Américas.
Desejo sorte ao meu Deputado. Sei que ele não conta com apoio da Rede Globo, nem da Folha de São Paulo, menos ainda da Veja e de outras empresas de comunicação, ferramentas do fascismo udenista tardio, metamorfoseado em PSDB. Mas ele sabe que pode contar com a blogosfera.
       Quero que minha pequena crônica, a esse grande homem, termine com versos de Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A justiça



Em troca de alguns poucos segundos de fama no JN da Globo, Ministros do Supremo Tribunal venderam a alma à fama. Não importa mais a história que escreveram, ou o quê ficará deles nos registros, ou da base jurisprudente que as gerações futuras herdarão. Seduzidos pela vaidade, transformaram pedra em pão e aceitaram como seu, o mundo diante de seus pés.
Acreditam cegamente que falam a uma massa de ignorantes que não sabe o significado de seus termos jurídicos, e mais confortáveis ainda se encontram, quando o bestiário geral impresso e televisado os eleva como personagens clássicos, Cavaleiros de novelas, autos, ou auto-farsas que brilham com a pureza de um manto imaculado negro. Mas não devemos nos esquecer que, personagens são sempre manipulados por aqueles que escrevem a 'história'.
Joaquim Barbosa se tornou a própria face da justiça, que tradicionalmente se representa por uma ‘mulher’ de olhos vendados e espada sobre o colo; na outra mão uma balança. A face de Barbosa se tornou a nova imagem ‘sincrética’ da justiça, fusão entre Nossa Senhora Aparecida e Iansã, a deusa de ébano da guerra, no candomblé. Verborrágico, inquisidor, vingador, Jack Estripador, raivoso, esfregou as páginas de nossa Constituição nos lugares mais sujos à busca por condenações à base de deduções sobre deduções e mais subjetividades, e tudo isso para condenar um homem.
Freud explica, ele quer destruir tudo o que nunca conseguiu ser, e que está personificado diante dele: um homem, um Zé Dirceu da vida, que nunca se importou com o que a elite dizia, e ainda por cima, enfrentou um Estado Ditatorial. Penso comigo mesmo se o STF vai julgar os assassinos da Ditadura com a mesma voz grossa com que condenou Zé Dirceu sobre o ‘domínio dos fatos’. (?)
Já se fala numa possível candidatura de Joca Barbosa para 2014, talvez pelo DEM, ou pelo PSDB, e isso bem a gosto da elite, pois é um amante dos holofotes, berra com seus pares pela posse exclusiva da razão e não gosta de diálogo. — Detalhe: a paixão das elites brasileiras por Ditaduras de Direita deixa claro que há algo a ser resolvido, digo em termos terapêuticos, pois essa obsessão pelo homem de farda, capitalista e falando em inglês, é um tanto quanto masoquista por demais.    
Mas nem tudo está fadado ao fracasso. Nossa sociedade evoluiu: antes era o poder executivo federal que era usado pelas elites, a famosa Casa Grande, como ferramenta de manipulação das massas, mas veio a era das urnas livres e a história mudou isso. Depois veio a tentativa de manipular a política pela mídia, os barões da informação passaram a perseguir os governos populares, num intuito de desmoralização e reversão posterior nas urnas, mas a internet, a blogosfera, mudou os rumos da posse da informação e mais uma vez, a canoa da elite branca udenista-psdebista furou. 
O que fazer, então? Sem o Executivo, sem a força da mídia tradicional e sem o efeito desejado nas eleições pela propagação do falso moralismo? Claro, ainda restava uma esperança: o STF! Patetas de toga à espera de um bom roteiro, de uma boa maquiagem, de quem os manipule em troca do glamour da ribalta do moralismo decadente da antiga UDN hipócrita, a mesma que levou Getúlio Vargas ao ‘suicídio’ e que carrega, ainda hoje, o estandarte das privatizações: quantos mais pros EUA, melhor. Aos brasileiros, as batatas.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tropa de elite III (roteiro em construção)




Cena 1

Interior do palácio dos Bandeirantes. O governador recebe os dados sobre a violência: 145 mortos no mês de outubro. Levanta de sua mesa e vai ao encontro da imprensa que o aguarda: Globo, Folha, Veja, Estadão. Antes da entrevista, ocorre uma conversa em off. Em nome dos barões da mídia, o governador recebe a notícia de que vão dar mais enfoque ao assassinato de Celso Daniel. Luís da Silva é o assassino. O governador se mostra preocupado, diz que não gosta disso. Mas os repórteres afirmam que são ordens dos superiores de seu partido e há cobertura no STF. Que se tranquilize.  Como sua reeleição corre risco, ele aceita.

Cena 2 

Jabor aparece indignado na tela do JN e grita que Luís da Silva é um assassino. Depois encara a tela em silêncio. Não cita a violência em São Paulo, a canalhice da Veja que tentou fraudar o ENEM, ignora o baixo salário dos professores públicos e policiais de São Paulo e ainda tenta, junto a ressurreição do cadáver de Celso Daniel, colar o mensalão, já julgado, às costas de Luís da Silva. Esse cabra tem que morrer. Não basta sua morte política. Cita Pablo Escobar, Nem da Rocinha, Fernandinho Beira-mar, todos tais quais como Luís da Silva, bandidos.   

Cena 3

Ministros do Supremo tribunal aparecem numa sala acarpetada, copos de uísque em mãos e num sofá importado. Garotas e garotos de programa os rodeiam, todos com correntes no pescoço e roupas de couro. Discutem o que irão ganhar com a condenação de Luís da Silva pelo assassinato de Celso Daniel. Um deles alerta que não há provas. Os mais velhos dizem que é bobagem, isso nunca impediu ninguém de ser condenado no Brasil. Principalmente quando há cobertura da imprensa.  Não haverá mais eleições de postes, nós é que o pregaremos no poste de Judas. Risos e o barulho do brinde nos copos com gelo se sobrepõe na cena. Um deles recebe a notícia que será candidato à presidência da República, já em 2014. Mais vivas!   

Cena 4

Bastidores da Globo News: todos os programas: Entre Aspas, Painel, Milênio, Conexão Manhattan e Jornais em geral organizam a mesma pauta: Luis da Silva matou Celso Daniel. Dizer a mesma coisa ao longo do dia, da semana, do mês, do ano há de transformá-la numa verdade. Luís da Silva é um assassino e ainda não foi devidamente culpado pelo mensalão. Mas dessa ele não escapa.

Cena 5 (imagens cortadas do filme)

Jovens carentes que ingressaram nas escolas públicas superiores, 31 milhões de pessoas fora da linha da pobreza, baixa taxa de desemprego, taxa de juros em níveis toleráveis, melhoria da infra-estrutura, Petrobrás descobre o pré-sal, o Brasil volta a construir estaleiros, a Copa e as Olimpíadas serão aqui, a crise internacional foi controlada com intervenção do Estado e isso incomoda Washington e as hienas do sistema financeiro. Dessa maneira a intervenção ocorrerá via STF, mídia e antiga UDN, hoje PSDB, tal como ocorreu com Getúlio Vargas em seu 'suicídio'. Além do mais,  Luís da Silva elegeu a primeira mulher presidente do país. E ela continua seu trabalho. Perigo! Perigo!

Cena 6 (ainda sendo escrita)

Veja publica mais uma reportagem sem fonte jornalística e STF deixa vazar depoimento sigiloso que buscava delação premiada. Eis a ética personificada.