sábado, 31 de março de 2012

O sociólogo bola fora




Abaixo, o sociólogo Demétrio Magnoli,
que trocou os movimentos sociais pelas oligarquias da informação,
em busca de um bom salário,
e que elegeu Demóstenes Torres
como maior exemplo da política brasileira a ser seguido,
nos últimos tempos.


Pobre sociólogo

O capitalismo é uma grande mentira. Logo, mentir para sobreviver não é crime nenhum. Demétrio Magnoli, sociólogo Global de plantão, é a voz que sempre é chamada para explicar as confusões e contusões do mundo moderno. Magnoli, para manter um bom salário, entendeu que as grandes empresas de informação chamadas livres, mas que na realidade são livres de compromissos éticos, adoram discursos e análises de centro direita. Qualquer um menos avisado é capaz de entender que a Globo flerta descaradamente com as forças repressoras da sociedade e critica toda e qualquer proposta social, ou mesmo os programas sociais, como algo nocivo à dinâmica da ‘maravilha’ que é o capitalismo.

Ciente disso, Magnoli apareceu várias vezes criticando o Bolsa Família, as Cotas para negros nas universidades — sim, ele é branco —, os movimentos do MST e adotou para si, como exemplo de postura ética e de vida parlamentar, o Senador Demóstenes Torres (DEM), o paladino da ética, que passou a defender em seus comentários e até o nomeou como uma das pessoas mais influentes do Brasil, em reportagem da revista Época, claro, das organizações Globo, em 2010.

Mas aí a justiça não perdoa aqueles que vendem seu trabalho de maneira tão promíscua. A Polícia Federal, na operação Monte Carlo, descobriu que o tal Senador Demóstenes Torres (DEM), chamado pela ‘mídia livre’ de Senador ficha limpa, tem negócios com o bicheiro Carlos Cachoeira, preso recentemente em conseqüência das investigações da Polícia Federal, nessa Operação Monte Carlo. Resultado: Magnoli vai dizer o quê, depois desse pequeno escândalo de corrupção?

Nas gravações reveladas pela Polícia Federal, diálogos entre o Senador Demóstenes Torres (DEM) e o Bicheiro Cachoeira, deixam claro que o homem 'público ético e defensor da moral dos conservadores', é um capanga do contraventor. Sua função é dar informações que possam ajudá-lo na manutenção da manipulação de congressistas e nos tramites de leis e projetos de leis que lhes são de interesse pessoal; claro, em troca de uma boa mesada. Isso é DEM, é Demóstenes Torres, é Magnoli, é a Direita, é a Globo, é a venda da alma por um bom salário. Quem diria, em Magnoli?




o Bicheiro e o Senador
Abaixo, trecho de uma das conversas entre o Bicheiro Carlos Cachoeira e o Senador 'ficha limpa', Demóstenes Torres (DEM)

24/09/2009

Cachoeira - (…) Escuta. Aquele negócio que eu pedi para você olhar lá. Já checaram lá? Aquela lei do Maguito?

Demóstenes - Já checaram lá. Ela está na Câmara (…)

Cachoeira - Pois é, você tinha que trabalhar isso aí com o Michel (Temer), né? Pra por em votação. Isso aí seria interessantíssimo né (…)

Demóstenes - (…) É lá isso pode passar por votação simbólica. Como passou no Senado. Se foi modificado, volta para o Senado, você entendeu? (…) Tem que pegar aquele pessoal que está trabalhando no negócio e verificar se o texto te agrada e também se satisfaz aquele presidente lá do negócio, porque senão ele consegue barrar lá. Então trabalha nesse negócio para gente ver como é que faz. Eu vou lá e consigo pautar.

Cachoeira - Ah excelente então. Vamos falar então. Obrigado Doutor.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Vocação


Por que temos a sensação de que todos os políticos são corruptos? Ou que simplesmente não se é possível confiar em nenhum deles? A resposta pode parecer simples e é: a culpa é do capitalismo. Não, eu não proponho uma revolução que destrua a tudo e instaure um Estado forte e incorruptível. A resposta é mais simples: o capitalismo permite que pessoas se ajustem, ou passem a pensar que são feitos para determinados serviços, ou funções, mas acabam se esquecendo de perguntar a si mesmas se têm vocação para aquele tipo de trabalho.

Você é esperto se entendeu que estou falando da grande maioria que escolhe sua profissão com base naquilo que o mercado paga, e não numa vocação. Escolher a profissão com base na faixa salarial do mercado, mais o poder de consumo que tal escolha pode trazer, claro, torna-se sinônimo de infelicidade do indivíduo e de degradação da própria moral da sociedade como um todo.

Por isso é ‘normal’ que haja médicos carrancudos, porque não gostam de pessoas, mas sim da renda que isso propicia; professores sem paciência, que gostam mais do silêncio do que do diálogo e chegaram a tal profissão por mero acidente; policiais que confundem justiça com violência e usam a força antes da sabedoria; padres que confundem amor com pedofilia; juízes que vociferam sentenças sobre consumidores de drogas, e que em casa, nos fins de semana, fumam um THC ouvindo Bob Marley. É evidente, e ainda bem, que não se pode generalizar;

Claro que você é duplamente esperto e já entendeu que é o capitalismo que impõe uma necessidade de sobrevivência aos indivíduos. Eles não vêem outra solução, senão escolher caminhos que gerem proventos. A vocação, claro, eles a sacrificam em nome de algo que não sabem o que é, e nem para o quê serve, nesse mundo onde tempo é dinheiro. Por isso têm filhos. Sem vocação há um vazio. Logo os filhos preenchem o vazio e isso parece um remédio à patologia em si, na qual estamos inseridos.

Mas digo: a geração de filhos não preenche vazios; menos ainda seria a resposta dada pela humanidade à natureza, para a sobrevivência da espécie. É a presença dos filhos que possibilita aos adultos sufocarem suas vocações, sempre nos pântanos mais distantes, e de forma definitiva; pois vocação tem tudo a ver com os sonhos pessoais.

O distanciamento dos sonhos e das vocações, em função de questões produtivas, nos leva, como sociedade, ao mundo da depressão. Mas pra isso temos terapias, ansiolíticos e todo um tipo de farmacologia para melhor enevoar nossa visão sobre a essência das coisas, principalmente sobre nós mesmos. Tome calmantes e passe a desconhecer você mesmo profundamente. Mas não deixe de consumir, sorrir e de agradar a seu chefe, que possivelmente matou a própria vocação em cursos de otimização e/ou palestras de auto-ajuda.

Nem mesmo os cristãos têm vocação para serem cristãos. Ei, não brigue comigo, não fui eu quem fez tal crítica, mas sim um filósofo, Nietzsche, que disse que o único cristão que já existiu, morreu na cruz. Os que vieram depois dele apenas construíram, de maneira indiscriminada, numerosos sepulcros caiados, que é a edificação da própria história do discurso cristão institucionalizado e sem a mínima vocação; se não fosse São Francisco de Assis, eu diria que ele tem toda razão.

Outro exemplo clássico de falta de vocação: as propostas da bancada evangélica no Congresso Nacional. Por livre arbítrio, evangélicos escolheram pra si um caminho abstêmio em relação ao universo etílico e outras proibições mais. Digo que isso é extremamente justo. Porém, quando querem transformar suas escolhas em leis e impô-las aos outros, desencadeia-se uma gigantesca falta de sensibilidade e até mesmo de ética, além de uma profunda demonstração de falta de vocação para a convivência social. Qual o problema de se assistir aos jogos da Copa de 2014 com uma cervejinha nas mãos, nas cadeiras dos estádios? Quem não quiser beber, que não beba. Agora, quem quiser, tá ali o vendedor. Pronto resolveu-se o assunto.

Por que seria correto impor a todos os amantes da ‘cerva’ gelada, a escolha de um grupo religioso específico que, no caso, não bebe? Você é genial, meu leitor, pois já entendeu que isso é mera falta de vocação política. Aí, dá nisso.

sábado, 24 de março de 2012

O corpo

Quadro: Amadeo-Modigliani


O grande problema das religiões é o corpo. Elas não sabem o que fazer com ele. No cristianismo é a glória maior estraçalhar-lo em sacrifício, em nome de um pecado original que nunca cometemos. Diga-se de passagem, o pecado original pertence ao judaísmo; eu não pertenço ao judaísmo. Sou Flamengo, brasileiro e amante da cerveja. Por isso não cometi pecado original nenhum e nunca fui tomado por um sentimento megalomaníaco de querer controlar o corpo do outro, que é meu irmão primata, que caminha sobre dois pés e em função da evolução das espécies.

No encontro ‘mundial’ da juventude, 2011, o Papa Bento XVI disse aos seminaristas que os mesmos devem resistir a um mundo cada vez mais sem Deus; que devem evitar o prazer, a ânsia pelo poder e manter o celibato. Difícil imaginar a vida de um papa sem conforto e poder; tenho certeza absoluta que mantém o celibato; já não tem mais idade para as chuvas hormonais humanas, demasiadamente humanas, característica da juventude.

Este, o hormônio, é outro imbróglio entre as religiões, com seus anciões, e seu criador; criador esse, que, se inevitavelmente criou o homem, o criou com hormônios. E quando explodem na primavera do corpo, colocam em prática o ditado popular, ‘água de morro abaixo, fogo de morro acima, ninguém segura’. Por isso a camisinha é um EPI (equipamento de proteção individual) e deve ser obrigatório nos bolsos dos jovens.

Mas voltando ao corpo, toda religião precisa de um; e nós, pobres humanos, além de mortais, com uma vida breve, estamos sempre sendo incomodados em nossas sonecas, pequenos porres e pequenas delícias com a intervenção de deuses, todos incorpóreos, mas ansiosos por nos controlar e saborear nosso mundo; porém, alguns querem proibir os desejos porque já são muito velhos; senis.

Veja bem: nas religiões afro-brasileiras as entidades descem para fumar um cigarrinho, beber uma cachaça, comer um cabrito; no cristianismo, Deus é um celibatário que proibiu a tudo e anda de mãos dadas com Yaveh, deus hebraico, e são os dois uma só entidade e que proíbem toda a felicidade ao longo do ano. Na mitologia grega os deuses têm filhos e filhas com as mortais e adoram o vinho. Porém, já estava esquecendo, deve-se lembrar que Cristo e Yaveh, nas festas modernas ocidentais, materializam-se, um em chocolate e esse último em ovo de galinha decorado; ainda há mais: ao fim do ano, o Deus cristão passa por mais uma materialização e se transforma em pernil; ou leitoa assada.

Mas eu nem tenho muito bronca dos deuses, pois são mais literatura do que personagens de uma sala da justiça, de onde vêem tudo e não fazem nada. Me incomoda mais aqueles que querem ser como esses deuses e se acham no direito de comandar os desígnios da humanidade, criticando o modo de vida alheio, mas que o vivem de maneira, digamos, por debaixo dos panos.

sábado, 17 de março de 2012

Alma de hippie

Foto: Buda de Chocolate, numa bela manhã de uma quarta-feira, 35 Cº, dentro de uma água santa que vem da serra da Mantiqueira, sem religião alguma, em março de 2012

Crônica escrita em 2001

Obviamente que antes de trabalhar como funcionário contratado de uma empresa, fui estagiário. Trabalhar enquanto se é estudante é um crime contra o pensamento evolutivo humano. Aquele papo furado de experiência é balela. Querem que o jovem absorva o pensamento velho o mais rápido possível, para que tudo não mude, não passe por revoluções. Para os velhos, tudo é preciso estar devidamente organizado para uma caminhada em busca do futuro, do objetivo. O objetivo é a morte do homem, da vida, do gozo momentâneo.

Sempre que desligava meu fusca verde no estacionamento da empresa, meu coração doía. Passava pelo portão e mostrava ao guarda, todos os dias, o mesmo crachá. Batia o cartão e ia para a cantina. Deixar de perder 10 minutos da vida tomando um café.

O dono da cantina tinha o hábito de deixar o rádio ligado, enquanto os operários da fábrica mastigavam o mesmo pão com café. Todos iguais e alguns morrendo de medo do tal comunismo daqueles anos 80.

Mastigar enquanto você ouve música é legal. Apesar da música não ter nada haver com você. Mas tem dia que alguém erra a programação e vem a música que pode mudar o mundo.

Foi num dia de junho, o céu azul e eu mastigando o mesmo rotineiro pão. No rádio começou a tocar Bob Dylan. Ao ouvir aquilo, logo pela manhã, meu peito se encheu de um vazio, de uma vastidão que até os olhos se encheram de água. Olhei para o estacionamento e meu fusca piscou para mim. Olhei de novo o céu e fui embora. Não para minha seção, mas para o mundo que estava lá fora.

Liguei o carro e fui em direção ao ribeirão que mais gostava de freqüentar. Havia transformado um dia da semana num lindo sábado e sem pedir ordem a ninguém. O que mais me irrita na vida é esse treco de pedir ordem. Na infância tive que pedir ordem aos pais; quando jovem, a escola; quando moço, aos patrões; quando adulto, aos filhos e a família de novo. Puta que pariu!! Não dá pra parar com isso?

No outro dia me perguntaram o ‘porquê’ da falta. Mas acho que não disse coisa com coisa. Fiquei rindo, era só um estagiário, que o mundo fosse para o raio que o partisse.

A música se chamava Mrs. Tambourine man, com 2:16 de duração na interpretação do Byrds.

Tudo mundo gravou essa música. Eu também não poderia ficar de fora. Afinal, somos todos iguais, não é? Estou cantando seus versos, na foto acima, eu nunca parei de cantar esse belezura de canção.



quinta-feira, 15 de março de 2012

Dilma e os ratos do congresso, da mídia, do PT, PMDB e derivados


Esta crônica tem a finalidade de homenagear as mulheres, pois no último dia 8 de março, data tradicionalmente dedicada às comemorações do dia Internacional da Mundial, eu me dei conta do quanto foi tortuoso o caminho da atual Presidenta Dilma Rousseff, até sua chegada ao cargo maior da administração pública dessa nossa ‘Terra Brasilis’.

Não é à toa que o ex-presidente Lula disse, logo que ela assumiu: “Se um dia ela brigar comigo, ela vai estar certa!” e só hoje eu entendi essa frase. Dilma, forte como um carvalho, mas com a ternura das mães e avós de primeira grandeza, não mima, mas sim estimula aqueles que querem ir adiante e desejam construir coisas boas para gerações que ainda estão por vir. Chamo a isso de pensamento de grandeza ética e de fundamental importância.

Outra coisa que gosto na Dilma é que ela não passa a mão na cabeça de rato: seja do PT, PR, PMDB, PP, PV,PDT, PSDB e mais iguais. Infelizmente, os partidos de nosso país têm como projeto a instauração imediata da ‘República Ratazânica’ sobre os bens públicos. Mas está lá a figura da mandatária maior, com as mãos nas torneiras fechadas do dinheiro público, dizendo claramente, e até mais alto do que a mídia, “não são tetas, meus caros roedores!”. Por isso a oposição ao seu governo vem de sua própria base de apoio no Congresso Nacional. Remédio pra isso? Reforma Política.

Mas isso tem um lado bom, ela sabe onde estão os ratos, ela sabe a cor e as siglas de seus partidos, ela conhece seus desejos. E como eu queria que ela, com um simples gesto, os enviasse ao fogo do inferno; precisamos de um pouquinho de paz, o que corresponde a um pouco de vida sem corrupção, e nosso Legislativo podia colaborar um pouco e quem sabe, com um projeto de lei que obrigasse a todo parlamentar a ser honesto, pelo menos um dia do ano.

Porém, quem tem a culpa, na verdade, somos nós, que elegemos os parlamentares. Que vergonha! Faça um esforço, caro amigo, não reeleja nenhum representante do Legislativo: seja municipal, estadual e, principalmente, federal. Dê uma chance a você mesmo. Procure homens honestos. É difícil, eu sei, mas temos que tentar.

Agora quero apelar para sua memória, sim, é pra isso que devemos usar a história, para nos lembrarmos do que já dissemos e ouvimos e entender o tamanho da barbaridade que, às vezes, nos rodeia. Estou me referindo à última campanha eleitoral presidencial, em 2010. Você se lembra, caro leitor, o que disseram de Dilma Rousseff? Não! Mas eu me lembro.

Católicos e evangélicos, imersos em chantagens emocionais, proclamavam aos sete ventos que Dilma era uma assassina, pois desejava praticar abortos em praças públicas. Tivemos até um padre com um ataque histérico, numa missa transmitida por um canal de concessão pública, dizendo que não votaria em Dilma porque, quem o fizesse, iria para o inferno. Quanta ética dessa boca ‘santa’.

Os machistas a acusavam de lesbianismo, como se fosse possível deixar alguém de lado, excluído da política do mundo por sua simples opção sexual e em pleno século XXI. É Mole? Quantos e-mails de médicos, dentistas, professores e mais do mesmo não recebi com esse tipo de acusação: Dilma é lésbica. Por isso não vote nela.

Os saudosistas da Ditadura alegavam que ela havia assassinado um soldado, em pleno período da Ditadura, nos chamados anos de chumbo. A Folha de São Paulo, fiel cabo eleitoral do ‘tucanismo’, chegou a publicar uma ficha falsa da então guerrilheira, Dilma Rousseff, que também roubava bancos, segundo seus detratores midiáticos.

Que risco não corremos, meu povo, pois se naquela eleição José Serra tivesse vencido, a essa altura os ratos já teriam transformado o Brasil num queijo Suíço. E ele em seu trono, com apoio da mídia, dizendo que tudo estava indo bem, no caminho certo.

Mas esqueçamos esse pesadelo. Pois é justamente no governo de uma mulher, Dilma Rousseff, que pela primeira vez vai ser julgado um criminoso da Ditadura, fruto dos inquéritos da Comissão da Verdade. Um país, para ser grande, não pode jogar a sujeira pra debaixo do tapete. Viva Dilma!!!

domingo, 11 de março de 2012

A Ratanização dos Partidos brasileiros: pobre Dilma

Pobre Dilma: desde a base à oposição, os partidos se 'ratanizificaram' por completo: querem cargos, dinheiro das verbas e a todo custo, as prefeituras das Capitais. PTB, PPS, PSC, PV e outros não foram esquecidos, é o espaço mesmo que é pequeno pra tanto ratos sob siglas. Dilma, se segura malandra, porque a bomba explodiu nas mãos de uma mulher. Veja abaixo lista e caracterização do roedor que já lhe enganou...



O PSDB, branco e elitista, é no fundo um transmissor de amoralidades



O DEM nunca escondeu sua essência; nem o PSD


O PT, por mimetismo, vai se revelando



O PMDB se prepara para a eleições municipais



E o pior que os Ratos também são parte integrante da imprensa: Folha de SP, Globo, Veja, Estadão, Isto é, Época e derivados

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Senador do DEM e o bicheiro Cachoeira

mais de 298 ligações,
presentes de casamento,
jantares, as esposas são amigas,
mas o senador ficha limpa
alegou que não sabia que o bicheiro era bicheiro.
Pra frente Brasil!!!




Os limites da hipocrisia e suas revelações nunca me assustaram. Quanto maior for o discurso moral, maior será o tamanho do sepulcro caiado. Perdoe-me caro leitor, se uso um ditado bíblico, mas eis que estamos diante de um ídolo de barro. O senador Demóstenes Torres, demo do primeiro escalão do DEM, um dos partidos mais nocivos que se tem conhecimento na história do Brasil, a ponto de defender a escravidão e entrar na STF contra o pro-uni e outras conquistas sociais, como as lei de cotas.

Se você tem como projeto de vida: ter salário baixo, a ampliação das desigualdades sociais no Brasil, uma profilaxia étnica nas universidades públicas, vote no 'ficha-limpa' acima, ou em caras do tipo, que andam pendurados no PSDB e são protegidos pelas vozes da Veja, Globo e até Falha de São Paulo...

...com quem andás, é o que tu és.....


domingo, 4 de março de 2012

Memória de Cinzas


A felicidade

“A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranqüila, depois de leve oscila, e cai como uma lágrima de amor”. São versos de Vinícius de Morais para melodia de Tom Jobim, parceiria de primeiro mundo de nossa música. Mas o que é a felicidade? Segundo os gregos antigos, um estado de plenitude, satisfação psíquica, equilíbrio físico, sensação de paz consigo mesmo e com o mundo ao seu redor.

“E não é que a alegria do pobre parece a grande ilusão do carnaval”. Trabalha-se o ano inteiro para se dançar com uma fantasia, só que tudo se acaba em cinzas, com ares de tragédia. Na felicidade há o germe da tristeza. Um dia de alegrias será sempre sucedido por uma profunda tristeza.

Foi o que aconteceu com os nossos patrícios no Pinheirinho. A ‘justiça’ de São Paulo antecipou a quarta-feira de Cinzas e um bairro com seis mil pessoas foi pulverizado. Adereços, fantasias, lares, barracões, igrejas, bares foram desmontados. A Acadêmicos do Pinheirinho foi expulsa da liga do Carnaval. Seus integrantes não podem mais habitar, não podem mais cantar, nem criar seus filhos; seus investimentos viraram lixo. E no lixo não há luxo; menos ainda a justiça.

Hades, o deus do inferno, na Mitologia Grega, é aquele que destrói os sonhos e as aspirações dos mortais e sente um prazer profundo diante disso; seu papel é aniquilar a felicidade do homem comum. Na tragédia do desfile encenado no Pinheirinho, esse papel coube ao governador do estado, Geraldo Alckmin, eleito com a finalidade de promover a felicidade geral dos habitantes do Estado de São Paulo. Mas não podemos ser cruéis com o ‘tucanito’, na realidade ele promoveu a felicidade de Naji Nahas, proprietário do terreno ocupado, avaliado em 180 milhões de reais; também os especuladores imobiliários ficaram felizes. 180 milhões é uma mega-sena acumulada; muita gente vai passar a viver dos juros dessa grana.

Assim, não podemos dizer que a ‘Justiça’, o Governador e a PM negligenciaram o propósito que lhes é inerente: o de promover a felicidade da sociedade. Foi o que fizeram. Talvez, hoje, Naji Nahas seja um dos homens mais felizes da face da Terra. Deverá passar o Carnaval de 2012 de maneira bem confortável, regado a tudo do bom e do melhor; a felicidade também está associada a bens materiais. Nahas e a ‘justiça’ de São Paulo que o digam.

No dia em que a TV transmitia a proibição do desfile da Acadêmicos do Pinheirinho, eu cheguei a pensar na possibilidade dos moradores ligaram para o STF em busca de um mandato de segurança, algo que suspendesse a proibição do desfile. Pô, o empresário Daniel Dantas fez isso, quando preso na operação Sathiagraha. Ligou para o Ministro do Supremo, Gilmar Mendes, e conseguiu um Habeas Corpus por telefone. Bons exemplos devem ser seguidos. Faltou organização na Direção de evolução da Acadêmicos do Pinheirinho. Por que não ligaram para o STF?

A eliminação da Acadêmicos do Pinheirinho do Carnaval da vida me deixou triste. Nos dias que seguiram a tragédia, procurei nos canais que normalmente transmitem os sermões de pastores evangélicos, e também nas pregações da Canção Nova, se havia alguma organização pró-Pinheirinho. Explico: é que esses grupos pregam com tanto fervor o amor ao próximo, recebem tantas doações, e às vezes recebem até terrenos. Então pensei: “quem sabe nossos irmãos do Pinheirinho não possam ganhar, dessas instituições religiosas tão bondosas, outra passarela para desfilar e continuar a vida?” Ledo e Ivo engano: nem uma palavra; nem um gesto de carinho.

Pior foi constatar que Zeus, do alto do Olímpo, — papel interpretado por Dilma Roussef —, lavou as mãos igual a Pôncio Pilatos no julgamento de Cristo. Zeus, quer dizer, Dilma, como um avestruz, colocou a cabeça num buraco e deixou que a realidade fosse administrada pelo cruel Hades, no caso, Alckmin.

E assim, em meio a deuses e demônios, me lembrei de Jean Paul-Sartre, que dizia: “...e a Humanidade só será feliz e livre, depois que tiver coragem o suficiente para matar os deuses”.