domingo, 22 de agosto de 2010

... cegos, nossos interiores ainda estão vazios....

ainda estamos olhando somente para as vitrines das antigas metrópoles. a colonização dos territórios sul-americanos 'acabou'. mas, no lugar da terra usada pelo europeu, restou a mente da elite domada pelos 'ventos do norte anglo-saxão-hollywoodiano'.

os donos das terras, das fábricas e dos sistemas de comunicação são os gringos das nossas nações; os trabalhadores, que não posso mais chamar de proletários, são imigrantes da própria história. não podem ter a felicidade que sonham para os filhos. todo o desejo de paz, alimento e felicidade é chamamdo de anacrônico pelos articulistas neoliberais que patentearam a 'verdade'. imploro aos homens, no coração das nossas entranhas sulamericanas, que façam mais Galeanos. que os forgem em noitadas de chimarrão, com o grito forte da zabumba, com as cordas da viola e com a dança erótica dos carnavais; semeação dos ventres da dignidade humana..........

A FRASE ABAIXO É DE EDUARDO GALEANO

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Os EUA têm lúpus


"O lúpus é uma doença autoimune do tecido conjuntivo que pode afetar qualquer parte do corpo. Assim como ocorre em outras doenças autoimunes, o sistema imunológico ataca as próprias células e tecidos do corpo, resultando em inflamação e dano tecidual."


os e.u.a têm lúpus. é uma sociedade que cria valores que atacam a ela mesma no formato de fantasmas. na busca pelo dominío mundial, a famosa hegemonia, os norte-americanos confundiram liberdade com 'consumismo fútil', tornaram-se uma nação de obesos mórbidos, viciados em coca-cola, armas, alarmes e trancas. declararam a corrupção natural, - vide o comportamento das emissoras de TV em relação à política. em termos culturais, sua produção cimematográfica se especializou em catástrofes. o mundo já foi destruído várias vezes nas salas de cinema dos eua. o 'consumismo fútil' americano é tão poderoso que destruiu até mesmo a música negra. não há mais blues, nem verve. bob dylan está morto.

os inimigos dos eua são inimigos do mundo. onde há um inimigo norte-americano, há a autorização para uma invasão militar.

2010: o estado do arizona votou uma lei anti-imigrantes. a lei vai contra os princípios constitucionais do país. está aí o lupus: um país de imigrantes que combate imigrantes. lamentável.


obesos, armados, corruptos, consumistas, paranóicos e impotentes. deveriam fazer mais amor, como os hippies nos anos 60/70, e menos guerras.

e detalhe: com a velha receita, corte os custos para aumentar o lucro, quase destruíram os oceanos do mundo com o vazamento de petróleo no golfo do méxico.

é esse tipo de sociedade que a rede globo quer para o brasil.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Delacroix pintou a Liberdade: uma mulher de seios nus sobre um campo de batalha.

"Mudei para continuar o mesmo" ...Sartre

quanto menos fundamentalismo em nossas vidas, melhor. e essa é a blz de se pertencer à humanidade. o velho nietzsche dizia que devemos construir nossas vidas como se estivéssemos criando uma obra de arte, e isso é exatamente o oposto do fundamentalismo...

muitos confundem ética com profilaxia, principalmente no campo da política. acreditam que, quando alguém chega ao poder, não deva mais dialogar ou aliar-se, em determinados projetos, aos antigos inimigos, os seus chamados contrapontos dialéticos. só que já estaríamos exterminados se isso fosse uma prática cotidiana da política. hitler, stalin e alguns governos norte-americanos se utilizaram dessa prática nefasta: exterminar seu inimigo político numa assepsia plena e irredutível. isso é fundamentalismo, guerra santa/demoníaca. a idéia de que, "nunca mais deverá haver o outro", é uma espécie holocausto à prestação: primeiro aniquila-se pela moral, depois pela cultura, finalmente pela genética. se as três falharem resta a bomba atômica. curdos, ciganos, sem-terras, índios (que são os sem-mapas) e ad infinitum, vêm sendo sepultados nas páginas dos livros de história. a globalização é o cemitéro atual das diferenças.

mas podemos ser salvos pelo relativismo que nos projeta em progressismos. querer extirpar - algo/alguém - da humanidade é a clara constatação de que essa parte de você não é aceita por você mesmo. logo é o relativismo que faz com que aceitê-mo-nos como realmente somos: andantes, contraditórios, teóricos, inconsistentes, primatas e finitos.

os exemplos se multiplicam: o islamismo quer extirpar todo o prazer feminino; o cristianismo à toda diferença com o conceito de amor/universal, algo único que faz a todos iguais e à força de digressões morais... há várias maneiras de se fazer profilaxia... cuidado!!

a grande mídia brasileira quer extirpar os partidos sindicais, como se eles não fossem Brasil, como se não fizessem parte da história. ela os mantém acuados num campo interpretativo preconceituoso, um exílio. e só podem sair de tal gueto se houver uma mudança de discurso. a grande mídia é fundamentalista e ainda não entendeu isso. talvez porque tenha ouvido muito pouco a Bob Marley...

o fundamentalismo determina posse exclusiva da verdade/poder e isso passa longe dos conceitos democráticos...

'mudar para continuar o mesmo' ...na busca por liberdade

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Louis-Ferdinand Céline - Céline






FRASES DO ESCRITOR CÉLINE:


"...filosofar é apenas uma outra maneira de ter medo e só leva aos covardes simulacros."

"... ter confiança nos homens já é se deixar matar um pouco. "

"... aos vinte anos eu já não tinha mais nada a não ser passado."

"...tinha o vício dos intelectuais, era fútil."

" quando não se tem imaginação, morrer não é nada; quando se tem, morrer é demais "


...Céline, escritor maldito, francês, possuidor de uma habilidade extraordinária para esclarecer as falências da condição humana no séc. XX. se o compreedemos, é porque somos tão estranhos no ninho da sanidade quanto ele.

o romance VIAGEM AO FIM DA NOITE é envelhecido em tonéis de carvalho das perenes florestas negras de nossas cabeças...

E Ariano Suassuna disse: "...poesia é diferente da comunicação de fatos"



Perdoe-me, vento suassuna,
mas também só comunico fatos
e me perco dos versos.

Vencido por moinhos imóveis,
pelas catedrais sangrentas,
espero medroso o dia em que os filhos me verão estúpido.
Alma penada que perdeu os dentes.

Vendi a alma.
Como a todo homem tolo e hábil,
vendi a alma.
...e a pouco soldo.

Esse monstro inumano que nos traga é vencedor.
É esplendor de mutilações.
O moinho cravou a lança em minha coragem.
Meu coração é mera palha na boca dos porcos.

Não há sonho.
Só a lata do tempo maquinal me sangrando.

Monstro! Bestialidade! Te dei minha alma
e pela boca recebo alimento.
Proteína e carboidrato.

Há que se lamber os fatos nas conversas de história:

O capitalismo é fonte que me inverte.
Eis-me verme e não mais homem.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Não há um símbolo para simbolizar o símbolo



a palavra símbolo vem do grego e é um elemento representativo da realidade invisível: ideologias, ciência e práticas religiosas são decodificadas pelos símbolos. logo o símbolo é o invísivel que se torna concreto e inteligível. a cruz dos cristãos, a tabela periódica dos químicos, as siglas/símbolos dos partidos são indicações da prática daqueles que seguem tais manifestações humanas.

Mas nem sempre os que vivem por de trás de tais símbolos praticam o próprio significado do símbolo que ostentam; MAS ATENÇÃO: a idéia deste texto não é se limitar ao velho clichê que diz: 'faça o que eu digo e não o quê eu faço', pois sabemos que os símbolos podem sofrer pequenas traições ao longo da história, mas em momentos decisivos, como em eleições, ou de crises morais, eles recebem seu público de volta. uma multidão se comprime atrás deles, de seus espaços vazios, e os levantam como cartazes/verdade. Exemplo: fora do período eleitoral os partidos são outdoors vazios à beira das estradas, onde os motoristas passam desatentos; fora dos feriados religiosos, os símbolos sacros ficam apenas pendurados ou enfentando estantes. assim, nesse ir e vir por de trás dos símbolos, se instala o paradoxo. e isso ocorre porque os indivíduos, quando não estão 'camuflados' pelos próprios símbolos escolhidos, estão agindo, conscientemente ou não, atrás das antíteses símbolicas de suas escolhas anteriores. confuso? um pouco. vamos aos exemplos práticos:

a) nos anos de 1970, o presidente americano, nixon, republicano, conservador ao extremo, foi o presidente que reconheceu a china comunista; e em termos de saúde e edução colocou práticas que soaram como de esquerda nos EUA, berço do capitalismo selvagem.

b) no brasil o partido sindical/extremista, PT, cumpre agenda de social democrata, enquanto a social-democracia, (PSDB), o caminho da direita. EX: Lula concede asilo político à iraniana condenada a morte por adultério; em são paulo, greve dos professores, o social democrata, josé serra, não recebe os grevistas e libera a polícia para um choque com os educadores. alegou que a greve era política. toda greve é política, porque 'o homem é um animal político'. e um social-democrata 'se esqueceu' disso.

c) filiados ao partido verde alugam terras para o plantio do eucalipito.

d) os judeus foram massacrados no holocausto dos nazistas, na segunda grande guerra; hoje os judeus perseguem e segregam em guetos os palestinos que 'vivem' na faixa de gaza.

d) 0 brasil joga o futebol arte, mas seu técnico, dunga, quis vencer em 2010 como se fosse a alemanha; a alemanha, por sua vez, desejou jogar como o brasil e etc etc etc

LOGO: paradoxo-hipocrisia-niilismo-corrupção são os botes da liberdade no mar do fundamentalismo. eu explico. quer dizer, tento, pelo menos.

é justamente a possibilidade de abandonar o símbolo, deixá-lo sozinho e retornar depois para um confronto com inimigos, como se nunca tivéssemos saídos dali, que nos torna livres, é o livre arbítrio. Sartre tinha uma frase especial para isso: "...mudei para continuar o mesmo." ou seja: um homem sedento por liberdade.

a posse definitiva de um cartaz ideológico nos torna fundamentalistas, é isso que ocorre no islamismo. não se pode deixar o islamismo sem sofrer represálias e/ou (auto)exílio. aliás o islamismo não tem símbolos, mas sim gestos que simbolizam algo que escraviza o homem; aquele que abandona o cartaz/verdade/islâmico vai ser punido. não há espaço para a relativização. é como nascer numa prisão. por isso adultério é igual a pena de morte.

devemos nos libertar sem nenhum cartaz/verdade....??

será que isso já é outro cartaz/verdade?

domingo, 1 de agosto de 2010

O último vinil



os sebos ainda vendem vinil. eu sei. digo 'o último vinil' antes da chegada do CD à lojas especializadas em vender música. ainda me lembro do último que comprei. 'the definitive Simom & Garfunkel'. foi em 1994. parei meu carro velho à porta da loja, um carro todo em pedaços, vivíamos uma ressaca de um porre que não havíamos tomado, catei o dinheiro do bolso, uma série de notas que eram completadas por moedas e o dono da loja embrulhou o LP pra mim. música dos anos de 1960 em plena década de 1990. é possível ser feliz durante a execução de uma música, - anos mais tarde aprenderia com a naúsea de Sartre que podemos ser eternos no tempo em que dura a canção. mas voltando: em 1994 havia o desemprego, a falta de dinheiro, a falta de perspectiva e os filhos crescendo. eram cenas de uma catástrofe não mais iminente, mas perene, suavizada pela agonia. o único meio de comunicação era a TV, somente canais abertos. era um ritual de morte diário de nossa cultura. a elite virara as costas, fechada em casas cheias de alrames, com discurso ainda mais conservador, queriam mais polícia, mais presídios e sonhavam com Miami. eles tinham que entender que no capitalismo o dinheiro deve circular, passar de mão em mão, mas não: viver não era preciso, especular, imprescidível. 2010. vivo em outro país.

31.07.10: meu filho deitado na rede pendurada na árvore do quintal. eu liguei o aparelho de vinil. sim, ainda ouço vinil. coloquei esse mesmo 'simom & garfunkel'. e ouvímos aquelas pérolas que não envelhecem. beleza melódica, letras sarcásticas, viloões e vozes mais afinados que os diamantes de Orfeu; a música já foi assim um dia. ao fim da execução lado A pedi a meu filho que colocasse o lado B para tocar. ele tem 20 anos. foi a primeira vez em sua vida que manuseou o mecanismo de um aparelho de vinil. deslocar o braço mecânico, para colocar a agulha sobre o vinil em movimento, é gesto de 'pessoa zen'. até que ele não foi tão mal. mas exclamou: "que treco difícil!"

mas conseguimos ouvir o lado B.