Eu gosto da imagem que o álbum the dark side of the moon, Pink Floyd, me traz: as mentes dos loucos sendo atraídas para o lado negro da lua, como se fossem as luzes da aurora boreal numa viagem espectral, um buraco negro atraindo sem parar os fantasmas e seus brilhos, com uma fome inesgotável. Um ralo no céu no anverso da lua.
Encontrei um amigo saindo de um supermercado, domingo à tarde, um sol de 35ºC, ou mais, o concreto do estacionamento permitu um bate-papo de 30 segundos, aquilo era o 'Saara'. Eu não o via há anos, em ocasiões assim, não sabemos o que conversar. eu disse: "...estamos parecidos, cabelos brancos, barba de velho, que horror! Já chegamos na mesma idade de nossos pais, e passa rápido, parece que foi ontem." Ele: "...você ainda mora aqui (Cruzeiro)? eu: "...sim, eu moro". ele: "...eu fui para São José dos Campos". Eu disse, "...tchau, até a próxima!." Ele, já caminhando: "...você está bem por aqui?". eu: "..vou indo." acenamos e adeus.
meu filho, que ouvira a conversa toda no banco de trás do carro, queria saber por que ele tinha partido para São José dos Campos. "A cidade é grande, com mais gente, ele é advogado, tem mais problemas, logo, mais serviço". Depois que disse isso, obtive o clarão da obviedade: somos formados para atender a 'atração magnética' dos grandes problemas urbanos. Como os loucos do dark side of the moon, somos atraídos por um modo de vida especificamente moldado em nosso cérebro. Desconsideramos o espaço natural à nossa volta, não sabemos nada sobre ele. A ideia de sobrevivência, com expectativa de autonomia e liberdade, nos é extraído pelo academicismo. Preenchemos os animais que há em nós com burcracia; árvores mortas. Não sabemos adubar o chão, cortar barrancos, produzir e estocar mantimentos de acordo com as estações do ano, nem quando é mais adequado a procriação de animais, para controlar o tempo a nosso favor; pelo contrário, temos que aprender a nos adequarmos ao tempo especulativo e ao mundo artificial que ele cria. Sei, parece que descobri a pólvora, mas vislumbrei a imensa manada em direção aos grandes centros urbanos, em busca de um mundo compatível ao cérebro formado por teorias nada práticas.
A melhor escola seria um ano ao redor do lago Walden; parece uma pregação a favor do tribalismo, mas acho que é isso mesmo. E eu vi isso em meu amigo: do que adianta um advogado numa cidade média, cheia de advogados? Nada; ele se torna inútil, depressivo e para romper com a própria decadência, precisa de um grande espaço em choque ético para que ele possa exercer sua função. Eu também faço o mesmo: professores são 'açougueiros de almas'. Destroem grande parte do que é o ser, para formar um não-ser apto ao mundo dos 'normais'.
E eu só tive esse insight de obviedade, porque fui comprar uma garrafa de vinho para comemorar o aniversário de Darwin, o qual nem me lembrava, mas o velho Cão Magno uivou do extremo norte e me lembrou disso em seu blog, e com uma bela história de menino que navega na contra-mão do mundo e procura a si mesmo no livro, A Origem das Espécies.
Depois pensei na relação entre nossa Origem darwiniana, e nossa contemporaneidade de mãos dadas com a patologia.
Encontrei um amigo saindo de um supermercado, domingo à tarde, um sol de 35ºC, ou mais, o concreto do estacionamento permitu um bate-papo de 30 segundos, aquilo era o 'Saara'. Eu não o via há anos, em ocasiões assim, não sabemos o que conversar. eu disse: "...estamos parecidos, cabelos brancos, barba de velho, que horror! Já chegamos na mesma idade de nossos pais, e passa rápido, parece que foi ontem." Ele: "...você ainda mora aqui (Cruzeiro)? eu: "...sim, eu moro". ele: "...eu fui para São José dos Campos". Eu disse, "...tchau, até a próxima!." Ele, já caminhando: "...você está bem por aqui?". eu: "..vou indo." acenamos e adeus.
meu filho, que ouvira a conversa toda no banco de trás do carro, queria saber por que ele tinha partido para São José dos Campos. "A cidade é grande, com mais gente, ele é advogado, tem mais problemas, logo, mais serviço". Depois que disse isso, obtive o clarão da obviedade: somos formados para atender a 'atração magnética' dos grandes problemas urbanos. Como os loucos do dark side of the moon, somos atraídos por um modo de vida especificamente moldado em nosso cérebro. Desconsideramos o espaço natural à nossa volta, não sabemos nada sobre ele. A ideia de sobrevivência, com expectativa de autonomia e liberdade, nos é extraído pelo academicismo. Preenchemos os animais que há em nós com burcracia; árvores mortas. Não sabemos adubar o chão, cortar barrancos, produzir e estocar mantimentos de acordo com as estações do ano, nem quando é mais adequado a procriação de animais, para controlar o tempo a nosso favor; pelo contrário, temos que aprender a nos adequarmos ao tempo especulativo e ao mundo artificial que ele cria. Sei, parece que descobri a pólvora, mas vislumbrei a imensa manada em direção aos grandes centros urbanos, em busca de um mundo compatível ao cérebro formado por teorias nada práticas.
A melhor escola seria um ano ao redor do lago Walden; parece uma pregação a favor do tribalismo, mas acho que é isso mesmo. E eu vi isso em meu amigo: do que adianta um advogado numa cidade média, cheia de advogados? Nada; ele se torna inútil, depressivo e para romper com a própria decadência, precisa de um grande espaço em choque ético para que ele possa exercer sua função. Eu também faço o mesmo: professores são 'açougueiros de almas'. Destroem grande parte do que é o ser, para formar um não-ser apto ao mundo dos 'normais'.
E eu só tive esse insight de obviedade, porque fui comprar uma garrafa de vinho para comemorar o aniversário de Darwin, o qual nem me lembrava, mas o velho Cão Magno uivou do extremo norte e me lembrou disso em seu blog, e com uma bela história de menino que navega na contra-mão do mundo e procura a si mesmo no livro, A Origem das Espécies.
Depois pensei na relação entre nossa Origem darwiniana, e nossa contemporaneidade de mãos dadas com a patologia.