sábado, 23 de março de 2013

...a zona continua, Papa é argentino



Para glória maior dos brasileiros, Dom Odilo Scherer não foi eleito papa. Nos dias do Conclave, pesquisas de boca de urna indicavam uma leve preferência do colégio cardinalício pelo Bispo brasileiro. Mas como se sabe, em toda e qualquer eleição há sempre muita informação e contra-informação propagadas com o intuito de interferir no resultado do pleito. No Conclave, lógico, não foi diferente.
Assim, quando as portas da Capela Sistina se fecharam, correu à boca miúda que Dom Odilo era corintiano, e caso fosse eleito, tiraria de sua ‘pochete’ um sinalizador naval e o usaria para comemorar sua vitória. Diga-se de passagem, moda vigente entre os gaviões da fiel. Um sinalizador no interior da Capela Sistina colocaria os afrescos de Michelangelo em perigo. A maior obra de arte da humanidade poderia ser chamuscada pela euforia corintiana. Resultado: a primeira fumaça foi preta.
Antes da segunda votação, cabos eleitorais de Dom Odilo trouxeram à luz a verdade até então sufocada: Dom Odilo nunca foi corintiano, sempre foi um tricolor paulista, bambi da gema, ponta firme no Morumbi em dia de clássicos. Mas a aparente tranqüilidade suscitada pela revelação do DNA tricolor de Dom Odilo, não afastava os riscos de danos à obra de Michelangelo. 
Tanto a torcida tricolor paulista, quanto a tricolor carioca, usam toneladas de pó-de-arroz para saudar seus ‘esquadrões’ à entrada dos gramados. Dessa forma, ao invés de estar portando em sua pochete o sinalizador naval corintiano, o Bispo brasileiro poderia estar carregado quilos pó-de-arroz e sua vitória produziria uma nuvem do cosmético no interior da Capela Sistina e até face de Deus seria maquiada, — uma das especialidade do Vaticano — , mas que naquele momento, não era bem-vinda. Eis a segunda fumaça negra.
Porém, a gota d’água estava por vir. Dom Odilo chegou a discursar de maneira enfática aos seus pares que pouco se importava com o São Paulo, estava mais preocupado era com a casa de São Pedro e sua regeneração, que aquela altura, mais se parecia com uma gaiola das loucas do que um Estado Católico. Mas não foi possível, pior do que ser corintiano ou são-paulino, era sua filiação partidária. Cardeais de esquerda revelaram que Dom Odilo era um tucano de alta plumagem. Inevitável: a terceira fumaça também foi negra.
Um Papa Tucano: o desespero havia caído sobre o mundo católico, tal como correu nas pragas de Moisés sobre o Egito. A idéia de que um tucano poderia ‘governar’ a Igreja levou grande parte do colégio cardinalício a se organizar contra ele. Até a uma manifestação de Deus, estampando nos afrescos de Michelangelo, foi vista. Deus teria dito: “...um tucano no comando da Igreja, vocês estão loucos! Ele vai privatizar o Banco Ambrosiano, terceirizar a hóstia, emprestar dinheiro do FMI, criar pedágios e fechar nossas Universidades. Nem Lúcifer faria pior!”. Nâo deu outra: vá de retro, tucano privateiro. 
Com uma intervenção dessas, mais do que de imediato, o cardeal argentino, Dom Jorge Mario Bergoglio, subiu num banquinho e pronunciou, “...yo so partidario do San Lourenço!” (eu sou torcedor do São Lourenço!), espécie de América F.C. da Argentina e acabou sendo eleito em primeiro turno. O Vaticano havia sobrevivido à sua maior provação, a idéia de ser conduzido por alguém do PSDB. Surgiu assim, finalmente, a fumaça branca. 
Quem consolou Dom Odilo foi o Cardeal africano, Peter Tuckson. Chegou perto do amigo, colocou-lhe a mão no ombro, deu-lhe um lenço para que enxugasse as lágrimas e disse: “...foi melhor assim. No Brasil vocês apelidam todo e qualquer loiro de olhos azuis de Xuxa. Acabariam chamando você de Papa Xuxa, não sei se teríamos força para sobrevier com um treco desses se espalhando pelo facebook!”
PS: com um papa argentino, o único risco que a Igreja corre e de Maradona ser nomeado coroinha. No mais, a zona continua.                                                

quarta-feira, 20 de março de 2013

O som será sempre hipinótico

Um homem que esmerilha a luz do caos com as próprias mãos, como um mago sobre o Olímpo...

...essa distorção, vou te dizer, nunca ouvi igual. Vivaldi, se ouvisse, diria que, "a vida vale a pena!!!"


sábado, 9 de março de 2013

O capitão do mato baixou o pau no Estadão

Tom forneceu o link. Joca Barbosa maltrata a imprensa que o criou.
Mas o 'chora o guatambú' lembrou  que o Serra faz isso sempre,
e a imprensa pouco se importa. Será racismo?



quarta-feira, 6 de março de 2013

Hugo Chávez




Quem me deu a notícia, na noite de 5 de março, foi o amigo prof. Dirley, eu estava conversando com alguns alunos ao final da aula, e ele, de passagem, nos atualizou. E o que mais me comoveu foi que ambos, com base no sofrimento humano, achamos que o descanso foi melhor para o Chávez. Não pensamos, no momento, em ideologias, nem em fatores políticos, inevitáveis, diga-se de passagem, mas somente no homem diante de sua condição imponderável: o sofrimento, o momento da morte e o corpo inanimado, pronto para ser levando ao fundo da terra.
Chávez sempre me pareceu aquele tipo que briga com os caras mais fortes da escola e protege os mais fracos da extorsão, da violência, da exploração, mas não tem a simpatia da direção da escola, nem dos professores. Eu sei, é uma imagem lúdica, mas é assim que o vejo. Um cara capaz de responder ao ‘anti-venezuelismo’ dos EUA com um anti-americanismo de primeira grandeza, e que sempre incomodou aos poderosos, sobretudo na mídia.
Claro e evidente que os sabujos da mídia local, Merval Pereira, Jabor, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo (este último chamado de besouro rola-bosta por Leonardo Boff, por comentários ofensivos a Oscar Niemeyer, em sua morte), irão festejar, ou declarar, ‘até que enfim o ditador morreu!’. Claro, vivemos numa sociedade que até permite esses deslizes contra a figura humana, com suas interpretações dúbias: vaiar Yoani Sánchez foi um profundo desrespeito, disseram os sabujos midiáticos; festejar a morte de um homem, a mais profunda ‘democracia’.
A arrogância de Jabor, no Jornal Nacional, quando o assunto era o Chávez e seu sofrimento, extrapolou o bom senso e alcançou as raias da insanidade. Ele, um único homem, não aceitou, ao longo do tempo, as seguidas eleições de Chávez e quis deixar claro o quê os venezuelanos deveriam ter escolhido ao longo de sua história: exatamente aquilo que Jabor e os EUA entendiam como correto e não a própria vontade popular venezuelana. Podemos dormir tranqüilos: Jabor ‘conhece’ a Venezuela mais que os próprios venezuelanos.   
Claro, devemos respeitar o pensamento limitado de Jabor, se a ‘democracia’ não é igual a dos EUA, não serve, logo é uma ditadura. O ‘articulista’ não percebeu que impôs através de suas palavras, o que um povo inteiro deveria fazer. Dessa maneira, sem a menor vergonha, ou conhecimento mesmo, usou conceitos ditatoriais para resolver o ‘problema’ da Venezuela, que ele entende ser uma ‘ditadura’. Paradoxo. Detalhe: a visão que Jabor tem sobre a Venezuela é proveniente das páginas dos jornais norte-americanos. Quanta imparcialidade nas análises desse ‘articulista’?
Mas uma coisa me intriga, não sei se é coincidência ou não, mas quando Michele Bachelet assumiu o governo do Chile, Nestor Kirchner na Argentina, Chávez na Venezuela, Lula no Brasil, Rafael Corrêa no Equador, Hugo Morales na Bolívia, todos de centro-esquerda e esquerda, no final do século XX e início do século XXI, ocorreu justamente o declínio da economia norte-americana. Isso dá uma boa tese de mestrado. Tenho vontade de cruzar os dados e saber da pertinência dos números. Ou seja: governos populares na América do Sul reduzem, significativamente, o enriquecimento dos EUA. Claro, a mídia fica do lado dos EUA. 
Será que foi por isso que isso que os EUA nunca deram um prêmio ao Lula e, no ano passado, o Congresso estadunidense premiou FHC por suas inúmeras contribuições à economia do Tio Sam?