quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O crepúsculo dos mortais

Os ídolos morrem, primeiro, na arte. Depois não param mais de morrer.


Espero a melhor parte do dia.

Quando não é dia nem noite.

Talvez cesse o açoite.

O não riacho, a não nuvem e o não céu estancaram seu sadismo,

finalmente o fim da tortura.

Quando não é dia nem noite, espero a alma se tornar leve, apenas um pouco.

Penas, pássaros, homens na luz de quando não é dia e nem noite.


avisarei aos deuses que o crepúsculo é presente.

é ali, no horizonte que nos abarca, em cartões postais e fotos de calendário.

o tempo nos ignora, como a cigarra, toca sua guitarra.


não é dia, nem noite.

o sol descança em paz pro dia que não mais haverá carne e ossos.

os deuses se despedem,

e nós, humanos, dançamos à beira da estrada.


dá-me 'su mano'.


é a música ao fim do crepúsculo.

É noite, fechemos os olhos.

do nada ao vazio, e num piscar de olhos.


Esperança? quer saber se tenho esperança?


Sim, de que haja uma Valquíria após o fim dos tempos.





" o homem é uma invenção moderna e está prestes a se diluir naquilo que entende sobre si mesmo"


Não há arte possível na linha do horizonte, pois o homem nunca está lá, ele é sempre uma máquina desejante a posteriori, sempre.