sexta-feira, 11 de maio de 2012

Gurgel: “a lei sou eu!”


Me mostre teu procurador, que lhe direi que República tu és!

No mínimo é patético o comportamento do ‘procurador geral da união’ em relação ao convite, e talvez até de sua possível convocação, para depor na CPMI do Cachoeira. A comissão de investigação quer saber por que ele engavetou a Operação Vega, de 2009, da Polícia Federal, que já mostrava um relacionamento nada ético entre o Senador Demóstenes Torres (DEM) e o bicheiro Carlos Cachoeira. Nenhum processo foi aberto, tudo pras gavetas. Por quê? Ele deve esta explicação ao povo brasileiro. E o mais rápido possível.
Quando soube que seria convocado, tentou se esquivar com um argumento técnico: disse que não poderia dar depoimentos sobre um processo em que ele era o acusador. Mas isso é coisa simples de resolver, basta a nomeação de um subprocurador para continuar os trâmites legais, desse caso específico, e ele se torna livre para esclarecer o porquê do engavetamento da Operação Vega, 2009. Ou mais precisamente: por que bandidos com Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira têm o direito a uma segunda investigação da Polícia Federal para confirmar o que já se sabia na primeira operação concluída? No mínimo, uma situação absurda. A lama da corrupção bate às portas do STF.
Como o argumento técnico não colou, Gurgel se escondeu atrás do processo do mensalão, — que ao contrário do que a mídia propaga, tem validade até 2015 — e cuspiu pelos microfones da Globo, principalmente, que: quem o quer na CPMI são ‘protetores de mensaleiros’. E foi aí que a casa de Gurgel veio abaixo. Ao usar um processo como chantagem para evitar sua convocação para depor no Congresso Nacional, Gurgel se tornou mais um homem político e bem menos um membro da alta corte do Ministério Público. Sua isonomia, como procurador, perdeu credibilidade. Nem seu depoimento na CPMI, se ocorrer, menos ainda sua argüição sobre o mensalão, quando em breve ocorrer, serão verdadeiros. Ele negocia a ética com base no efeito que os processos podem ter sobre as divergências políticas do país e com edições parciais da mídia. Ele transformou o MP federal em partido político. Esse sim, um dos maiores crimes contra a Democracia brasileira.
Entenda, caro leitor, talvez você já tenha até ouvido e propagado esta pérola, no afã de se sentir informado: “a CPMI do Cachoeira é pra desviar o foco do mensalão!”. Sinto muito, isso acontece nas melhores famílias, mas te fizeram de Pateta. É justamente o contrário, quanto mais os parlamentares se aproximam da relação entre Demóstenes Torres – Cachoeira – Delta e, bem provável, o STF, mais a mídia lança a névoa sobre um processo que vai ser julgado, de um jeito ou de outro, o tal mensalão. Isso sim é desvio de foco.
Como explicar que a Delta duplicou a marginal do Tiête e construiu o Rodo Anel de SP, gestão Serra, com contratos assinados Paulo Preto, que Serra disse que nunca viu na vida, à época em que foi acusado de recolher dinheiro de campanha para o PSDB de SP, nas eleições 2010?  Como explicar que Cachoeira é quem editava grande parte das matérias da revista Veja, com áudios e escutas extraídos por meio de propinas a membros da Polícia Federal? E mais: que em uma canetada de Gilmar Mendes, Ministro do STF, a dívida de uma empresa de energia de Goiás, a CELG, a pedido do Senador Demóstenes Torres (DEM), poderia reduzir de 6 bilhões de reais, para 3 bilhões de reais. Nos áudios da PF se ouve Cachoeira dizer pro Demóstenes: “aí fica bom pra caceta!”.
E você preocupado com os ‘dez mir’ reais que se pagava por mês a 38 mensaleiros, durante um ano e meio, à época. Dinheiro de pinga meu ‘fio’!! Cachoeira e Demóstenes já negociavam na casa dos Bilhões e ao que parece, com assinaturas do STF. Fala Gurgel! Fala, homem!! Seja macho!!! Sai debaixo da saia da Rede Globo! Olha na cara do povo que te paga o salário! Vai na CPMI!!!