O Eu aspira comunicar-se com outro Eu, com alguém igualmente livre, com uma consciência similar à sua. Só dessa forma pode escapar da solidão e da loucura. (Ernesto Sábato)
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Sacada: antes tarde do que nunca
quarta-feira, 20 de abril de 2011
A manada elíptica ao redor do totem.
O tempo velho e amassado,
Os mesmos gestos.
Repetir a si mesmo é controlar o mundo.
Sacrificar o sol, o vento, o beijo.
Os abraços são fúnebres.
Não há festas.
Somente a manada sob o totem.
Pregos de sangue.
Espinhos na boca.
Culpa nas costas.
Asneiras nos alto-falantes.
Quantas vezes o mesmo ritual?
Quantas vezes a mesma dor?
Lamentavelmente elípticos ao redor do totem.
sábado, 16 de abril de 2011
A MÃO AZUL É A INDÚSTRIA BÉLICA (NO VÍDEO)
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
De Columbine para Realengo: América fast gun !
Os 12 de Realengo
É inevitável, queremos saber o que está por detrás do massacre de Realengo. Não estamos acostumados com isso. Só de imaginar que nossos filhos, sobrinhos e crianças que nos são próximas podem ficar na mira de um revólver em mãos de um insano, movido a textos ortodoxos religiosos, é de dar um nó no estômago. Depois é agonia e desespero, misturados a um sentimento de impotência. Por isso sempre fui contra a comercialização de armas e à loucura que muitos chamam de religião. Há religiões e religiões, diga-se de passagem.
E o lunático que invadiu a escola Tasso da Silveira, em Realengo, RJ, 07/04/11, deixou escrito pelo próprio punho que Jesus o acordará do sono da morte, quando vier a julgar os mortos no fim dos tempos e, com certeza, o perdoará. Mauro Santayana publicou crônica no dia posterior à tragédia, 08/04/11, no Jornal do Brasil e concordou com análise sobre a carta deixada pelo assassino: um texto característico das seitas pentecostais cristãs. O mesmo tipo de seita a que pertence o pastor Terry Jones, na Flórida, EUA, que no dia 21/03/11, queimou um exemplar do Corão em público, desencadeando protestos violentos no Afeganistão. A humanidade só perde com esse tipo de fanatismo que já ocupa, e há muito, o campo da loucura.
Os Estados ocidentais são muito complacentes com as doutrinas religiosas. A elas é permitido quase tudo: substâncias alucinógenas, como no Santo Daime; menosprezo à figura da mulher e machismo no islamismo que chega até nós na proliferação de mesquitas; proibições às transfusões de sangue por cristãos protestantes fanáticos; discursos homofóbicos/neofascistas em nome de Jesus; programas de TV católicos e protestantes que quase desembocam na chantagem emocional para pedir dinheiro, beirando o estelionato, com um espetáculo de pessoas orando em línguas ou possuídas pelo demônio. Tudo para comover o espectador e forçar sua doação. Chamo a isso de loucura. Onde estão os Ministérios Públicos da vida para defender o cidadão da exposição desses pesadelos em canais de concessões públicas?
Cristãos Católicos e Protestantes deveriam se organizar ao redor de portos mais seguros, como o de São Tomás de Aquino, que deixou claro que a fé, sem razão, é loucura. Sem falar em outros pilares do cristianismo, cada vez mais ausentes no seio da própria doutrina: os filósofos Platão e Aristóteles. Não torça o nariz, caro leitor, ‘O Evangelho segundo Lucas’ é grego. Lucas era grego. Grécia e cristianismo têm tudo a ver: ou seja, razão.
A tendência de ausência de razão no cristianismo, o joga no mesmo campo de setores extremistas do islamismo, que tem como símbolo maior do fanatismo o homem-bomba. Que, em minha modesta opinião, está no mesmo balaio que o atirador de Realengo, e de outras tragédias do tipo que já ocorreram nos EUA, Japão e agora no Brasil.
Por isso concordo com Saramago, — detalhe: desde sua morte, o mundo ficou mais sombrio — me assusta ver a religião invadindo setores laicos da sociedade. Quer exemplo: algumas escolas públicas ainda rezam antes do começo das aulas. Será que toda comunidade escolar é da mesma religião, ainda mais dentro de um espaço público? Em algumas escolas particulares que conheci, alguns professores chamam pra si a 'posse' dos textos sagrados e rezam antes da aula. Uma vez uma aluna me disse o quê sentia durante a oração: “professor, eu não tenho religião, na hora que o professor X começa a rezar, ele olha pra mim, ele sabe que eu não tenho religião, sou a única que não reza, fico um pouco intimidada”.
A Escola é um espaço de pluralidade, bom discutir ética, poesia e cultura. Arte, nem se fala. Mas rezar, fora o fato de ser em uma escola intencionalmente religiosa, não vejo sentido. Seria o mesmo que jogar bola na sacristia. Afinal, diziam os mais velhos, tudo tem sua hora e ‘lugar’. Isso é a base do respeito e da ética.