

O Eu aspira comunicar-se com outro Eu, com alguém igualmente livre, com uma consciência similar à sua. Só dessa forma pode escapar da solidão e da loucura. (Ernesto Sábato)
Devemos amar a humanidade?
A humanidade errou feio ao longo de seu caminho. Tudo bem, faz parte de nossa essência errar; mas também é da nossa essência humana perceber os erros, salvo um momento de letargia coletiva. Ando preocupado com a maneira como os seres humanos vêm interpretando a si mesmos, nesse século. Em outras palavras, o documento que nos identifica, essencialmente, é o Registro Geral, ou o CNPJ? Sim, somos cidadãos ou micro-empresas ambulantes que andam pelo mundo achando-se ‘livres’?
Talvez seja difícil abordar o tema, mas vamos tentar: quando você está sozinho com os seus botões, como você interpreta o mundo e os outros à sua volta, caro leitor? No seu cérebro há um cidadão, ou alguém que pensa como uma empresa? Se a resposta for “uma empresa”, não se culpe, é que fomos condicionados a pensar assim na construção de nossa sociedade e não de outra forma. Construímos um mundo-empresa que nos descarta quando somos produtivos.
Quer saber de alguns exemplos: qual projeto nossa sociedade-empresa tem para os idosos? - Idosos somos todos nós: os de ontem, os de hoje e os de amanhã. Lembre-se, você também está na fita e será o idoso de amanhã. - Ainda não encontrou a resposta? Então pare e olhe para as empresas do mundo todo. É fácil de entender, eles não estão mais lá. Uma Empresa não necessita de idosos, é como se não fizessem parte da história e de nossa cultura. Na realidade nossa sociedade procura subterfúgios, paliativos e leis que aliviem nossa consciência a respeito desse sofrimento que cada um de nós, em sua idade produtiva, acredita que não vai conhecer um dia: a velhice.
O pior é que há problemas também na outra ponta da tabela: que tipo de educação desejamos para nossas crianças? Resposta da atual sociedade aos nossos cidadãos, quer dizer, às micro-empresas-ambulantes-consumidoras, a essa questão: “se você é um vencedor, matricule seu filho numa escola particular; se você não conseguiu prosperar o suficiente, há escolas públicas onde você pode matriculá-lo; enquanto isso, vá fazer algo produtivo, nem que isso inclua a prostituição dos valores que você carrega consigo, pois é preciso ser um vencedor”. A essa ‘mudança’ de valores, muitos chamam de tendência de mercado.
No senso comum a escola pública não é um lugar agradável e nem próspero. Isso significa que nossas vidas começam mal, com um sistema de educação falho e termina com a inexistência de cuidados com os idosos; nesse intervalo, enriqueceremos alguém com nosso trabalho. Sem falar na família, que passou a se ocupar com o constante abastecimento de idéias capitalistas em seu cérebro para manutenção de si mesma. Resultado: indivíduos que são doutrinados a pensar como empresas, implantam, cuidam e proliferam, em suas mentes e na sociedade, as idéias empresariais-mercadológicas-especulativas que ditam a construção de um mundo que se baseia na destruição do bem estar social coletivo. Nos EUA chamam isso de liberdade.
O conceito de Humanidade está morto em nós. Digo isso não num sentido religioso, porque na História, a morte da humanidade começa justamente com a ascensão das grandes religiões; depois se amplia com a formação dos Estados modernos; e finalmente tem seu auge com desenvolvimento das máquinas da Revolução Industrial, mais o capitalismo financeiro.
Eu explico: qual o valor da vida nas Cruzadas, nos tribunais da Santa Inquisição, nos homens bombas do islamismo, nas atrocidades dos Talibãs da vida, nos massacres judaicos narrados com sadismo no Antigo Testamento, nas carnificinas entre hindus e islâmicos na Índia? Eu sei, nenhum.
Depois das religiões, os Estados Modernos trucidaram-se nas duas grandes Guerras Mundiais. Para quem se esqueceu, vide o mais novo capítulo, e que não será o último, das invasões dos EUA no Oriente Médio, nos últimos anos. Poderíamos ter parado por aí, mas além de nos destruirmos nas guerras e nas religiões, também o fizemos em função das máquinas empresariais da Revolução industrial.
Espalharam-se sobre a terra.
Caixas de esgoto.
Fedor!!
Putrefação.
Proliferação de túmulos.
Bosnywash, Tóquio, Nasdaq.
É a diversão dos biltres, libertação.
Cagam no mundo e riem alto.
Do fim eterno e plácido emerge a fumaça daquilo que se queima:
Liberdade.
E nós, dependurados num balcão sujo,
guiados por garrafas vazias,
acreditamos que ainda é possível,
a tal descendência humana, escrever metáforas.
Calligaris: "Eu fui membro do Partido Comunista, mas hoje seria incapaz", emendou. "Quando desistimos da nossa singularidade para descansar no comportamento de grupo, aí está a origem do mal. O grupo, para mim, é o mal."
Mautner diz que, ao contrário de Calligaris, gosta de pertencer a grupos, ainda que de forma particular.
Mautner: "Adoro ser transgressora, se não pertencer, como vou transgredir?", perguntou, citando como exemplos sua relação com o judaísmo e com a Sociedade de Psicanálise.
O verdadeiro rock'n roll ficou por conta de Zé Celso, que deixou claro que o Brasil ainda não entendeu Oswald de Andrade.JOÃO UBALDO NA FLIP 2011
Repórter "Qual a sua primeira impressão da Flip, João Ubaldo?", foi a pergunta na noite de entrevista concedida pelo escritor baiano, que participa pela primeira vez da festa literária de Paraty.
João Ubaldo "Nenhuma. Só que está fazendo frio. Cheguei hoje à tarde, fui dormir e acordei agora", disse ele, causando risos
Crítica passada de João Ubaldo Ribeiro ao evento: boicotou a Flip em 2004, alegando ter sido subestimado em detrimento de autores estrangeiros e que a festa era voltada a autores da Companhia das Letras.
Ainda sobre a FLIP: se tais eventos ajudam a formar leitores. "Merecia um estudo mostrar o que acontece com esses festivais literários, que têm se proliferado tanto. Sou a favor desses eventos. O que não sou a favor é de ir muito a eles", brincou.
Entendo que a FLIP é mais um evento ligado ao turismo de Paraty do que realmente uma festa do livro. Penso até mesmo que, nem a Bienal do livro o é; são boas propostas mal administradas; mas é melhor com esses eventos do que sem eles. Teoria do menos mal é melhor do que um mal maior: a ausência de feiras literárias.
Acho que Paraty e turistas deveriam reverenciar, todo ano, a Julio Verne, Amyr Klink, Moby Dick, a história dos índios (literatura caiçara) e não somente uma feira patrocinada por uma editora com seus autores que escrevem sobre...ah!, ...qualquer coisa que venda. Seja aqui ou em NY. Amyr Klink e Julio Verne não foram ainda aplaudidos o suficiente. (em minhas viagens literárias, Amyr Klink é um personagem que saiu de uns dos livros de Julio Verne e hoje anda pela Terra)