O
dadaísmo foi uma corrente estética artística que se baseava no ‘não sentido’
das coisas. A própria palavra, dadá, foi tirada aleatoriamente do dicionário, no
Cabaret Voltaire, na Alemanha, às vésperas da 1ª guerra mundial. Tristan Tzara,
poeta judeu, abriu o dicionário numa página qualquer e olhou pra primeira
palavra aos seus olhos: dadá: cavalo de madeira (brinquedo) e batizou o movimento.
Mas
não só a arte dadaísta não tinha sentido, a realidade também o era desprovida
de razão, à época, tal como é hoje. Como explicar a 1ª guerra como algo normal?
Ou mesmo o gasto da humanidade com armas modernas? Num mundo non-sense, só um
cientista louco, que produz armas e se transforma ele mesmo numa poderosa arma,
pode ser herói de uma sociedade irracional: o homem de ferro: patético e
metálico.
Diante
da revelação dessa constante, o non-sense, - ontem, hoje, amanhã -, passei a
olhar ao meu redor e a identificá-la no mundo, exposta diante de nossos olhos e
de maneira despudorada. E olha que a história não me deixa mentir.
Com
a alma embasada nesse dadaísmo, olhei para o quadro da Santa Ceia. Leonardo da
Vinci caprichou. Gosto daqueles cabeludos rodeando a mesa servida de vinho e
pão. Quase tudo perfeito, não faltasse algo: mulheres. Uma religião que se
baseia na sagrada família, mas priva a mulher de participar da ceia. Non-sense
total.
Qual
o sentido de um bando de homens vestido de batina, trancafiado num prédio
imenso, chamado Vaticano, com hábitos não muito ortodoxos, em termos sexuais,
proibir a homossexualidade e acreditar que só as mulheres virgens são dignas de
atenção? Dio Santo, falta total de razão! – Alguns dirão que é hipocrisia mesmo,
mas não quero causar polêmica.
Mas
a coisa fica ainda mais non-sense quando se trata de política. Aécio Neves é o
candidato da elite, os habitantes da Casa Grande. Ele é uma espécie de Golem. Na
Mitologia Judaica, o Golem é um boneco de barro que é animado com palavras
mágicas da Cabala. Ditas em seus ouvidos, o boneco ganha vida e sai pelas ruas
para fazer o serviço sujo: matar, roubar e expulsar pessoas da aldeia.
Os
‘termos sagrados’ que a elite brasileira usa para animar seu Aécio Golem das
Neves, ela o faz através da mídia. E são eles: arrocho salarial, aumento dos
juros, privatização da Petrobrás, fim dos programas sociais, aumento do
desemprego, congelamento do salário mínimo e atrocidades mais. Non-sense
eleitoral. Mas fique tranquilo: a Veja, a Folha de SP, a Globo e derivados
ajudam o Golem tucano com suas reportagens e análises econômicas com base na
opinião dos ingleses que, evidentemente, ‘amam’ o Brasil muito mais que os
brasileiros.
Mas
non-sense pior do que o dos Black Blocs não há. Há tempos, a juventude se reunia
para protestar contra as chamadas grandes nações quando praticavam interferências
bélicas, econômicas e culturais nos chamados países em desenvolvimentos. Em meio
a discursos e performances de protestos, era normal que se queimasse a bandeira
dos EUA, ou de qualquer outro país rico envolvido na prática de injustiças. Isso
tinha uma forte simbologia.
Hoje,
nossa juventude encapuzada queima álbuns de figurinha de jogadores da Copa, em
meio a uma confusão de ideias conservadoras: a chamada Revolta dos Coxinhas. Muito
mais do que non-sense, tudo isso é extremamente patético. É isso, o movimento #nãovaitercopa conseguiu algo extraordinário:
o maior monumento político-patético do Ocidente: a queima de figurinhas de
jogadores da Copa do Mundo. PQP! Ruim demais essa direita.