Me peguei a pensar com meus guatambús sobre o que era O Capital, do velho e não menos essencial, Karl Marx. Um manual que determina todo seu funcionamento, que deixa claro que somos explorados e não o percebemos, não na profundidade em que ocorre, mas que nos é óbvio, basta olharmos no espelho, abrir a dispensa, passar no supermercado, ou olhar a opulência dos poderosos.
Mas me atento à questão de Debord: brigar com um Estado, se ele deve ou não financiar a educação, não é só uma parte de um espetáculo? Sei que estudar sem mensalidades é bem melhor do que pagar, já que pagamos impostos, mas não são só dois textos possíveis num espetáculo de papéis marcados?
Eu sei, Debord acenava com um 'pós-anarquismo num mundo ainda não anárquico' - gilbertismo-gil à parte - e não para um socialismo stalinista, justificável pela popularização de taxas de um Estado paternalista, que assim seria mais justo e por consequência, verdadeiro.
Mas retornando ao Capital. Saber em pormenores o funcionamento do sistema capitalista, através de um livro, é espetacular e nada mais contraditório, pois é isso que o fez sobreviver ao longo dos séculos; pois ao ser bobardeado por críticas, ele se adequada às mesmas sem mudar em essência: vide direitos trabalhistas na contínua luta de classes. (vejam a mim em lapso, emprestando marx de marx mesmo, para tentar provar uma tese que não é minha, mas de Debord) ).
Assim, num paradoxo, foi O Capital (onde por de trás de suas linhas se ouve a voz do socialismo) quem possibilitou o longo rastejar de um sistema, 'decorado como decadente e fadado ao fracasso', nesse espetáculo que é ele mesmo, e em metamorfoses que chegam ao máximo da produção de rebeldias, ao permitir discursos da 'social-democracia' como sinônimos de ética e de revolucionarismos. (?)...
Uma analogia: o bom e velho Nietzsche disse que o cristianismo só não ruiu, porque Lutero, "aquele monge impossível", deu folego 'moral à doutrina', e ela se arrastou até nós, do jeito que a conhecemos hoje: um corpo prestes a falecer, diante de tanta hipocricia; teria Marx feito o mesmo que Lutero, com o capitalismo, ao escrever O Capital e desencadear as críticas e lutas no âmago dessa patologia?
Em outras palavras, o socialismo, vírus rebelde, reforçou o sistema imunológico do capitalismo?
AHH! que lá onde o vento faz a curva é que o cachorro morde o rabo, sô! Mas continua latindo e o vento soprando!! Trem doido!!!