Na
noite densa e escura os homens precisam de luz, de algo que lhes dê sentido.
Uma canção, um abraço, a lembrança de alguém que a vida achou melhor levar pra
outros caminhos. Ao final de cada ano, o passado se comprime em nossas
lembranças, o ciclo da vida aparece diante de nossos olhos. Ele é indiferente,
mas nós não conseguimos deixar de senti-lo próximo, tal como se olhássemos no
espelho e, por um momento, questionássemos o quê fazemos aqui, nessa Terra?
As
Festas de fim de ano são noturnas, por isso tentamos iluminar os céus com
nossos efêmeros fogos de artifício. Buscamos na embriaguez dos brindes um
sentido metafísico, a frase perfeita, o abraço reconfortante. Procuramos a
humanidade que perdemos diante das escolhas nada confortáveis, aquelas que nos tornaram
seres menores ao longo do caminho. Mas são elas que justificarão, hoje e amanhã, os supostos fins
alcançados.
Nos
negamos ao longo do tempo muito mais do que o fez Pedro, antes do galo cantar.
A negação de Pedro está em todos nós, porque defendemos os poderosos com
discursos de produtividade, dedicação e importância da obediência. Claro, é
muito confortável confundir sujeição com respeito e responsabilidade. E mais
fácil ainda mesclar trabalho com adulação aos sepulcros caiados na busca pela
sobrevivência básica; pra engolir a auto-excrescência, ou fazemos terapias, ou
tiramos selfs com os algozes da ética e babamos ovos de elogios a eles em redes
sociais.
E
se Pedro não tivesse negado a Cristo antes do galo cantar, mas sim o afirmado
como referência e estrela guia de sua obra? Claro, Pedro iria anunciar que, a
partir daquele instante, estaria iniciando sua guerra contra Roma, contra os
poderosos, contra os vendilhões do templo, contra os 'caiafas' da vida e se
juntaria à massa de pecadores excluídos. Tornar-se-ia a pedra da resistência
física e real contra o mal que já corrompia a humanidade à época: dinheiro e
poder.
Feliz
Natal! Diz a coca-cola. Feliz Natal! Diz a Globo com sua musiquinha,
"...hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou!...". Tempo este
recheado por uma reforma da previdência indigna, pela criação de novas leis de
Trabalho bárbaras e desumanas, por uma justiça corrupta e delirante que
sustenta o pesadelo como se fosse razão.
Mas
sim, a festa de Copacabana é a maior do mundo, podemos comemorar felizes; e em
fevereiro, claro, tem carnaval; mas não há mais fuscas nem violões. Somente
Pablo Vittar e MBL, ícones da caretice. Pior é aquele que se intitula Mito e
pede que se compre armas em supermercados. Oh! Glória, atiraremos, no futuro,
uns nos outros, enquanto desejamos um feliz Natal. Sim, é a apoteose do
absurdo.
A
solução que querem nos impor como se fosse uma livre escolha? Resposta: copiar
os EUA em tudo, pois afinal temos um potencial inigualável para a idiotice. Deveras,
não vejo nada novo surgir da contramão, tudo é Global. E tem mais: o velho
herói do cinema quer mais guerras e quer construir muros; nos quer fora da
Terra sagrada do consumo. Somos a escória, os imigrantes que adentram a terra
prometida a poucos. E fazemos isso porque o venerável Tio Sam, o herói do
cinema, destruiu a nossa terra com sua geopolítica, com a ganância que lhe é
peculiar. E segue o fluxo.
Ora, direis ouvires
as estrelas do por vir de seus sonhos? Mas pra isso, precisamos de horizontes.
Felicidades. FLZ 2018.
Auuuuuuuuuuuuuuuuuu!
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