quarta-feira, 29 de junho de 2011

A SAIDEIRA



A primeira saideira da história da humanidade, pelo menos da que se tem notícia, ocorreu no milagre das Bodas de Canaã. Muito além do meio da festa, Jesus é convocado por sua mãe a transformar água em vinho. E ele não vacilou, estalou o polegar e o indicador e da água fez-se o vinho. Detalhe: o Homem e Deus competem em criação, tal qual Lennon e MacCartney competiam em composições musicais: Deus fez a luz, FIAT LUX; já o Homem, fez o vinho. Agora diga você qual canção é mais bela.
Bom, mas o assunto é a saideira. Acredito piamente que o milagre de Jesus liberou os bebuns do pecado da embriaguez. Pois se vinho foi liberado por Jesus ao fim da balada, quer dizer, das bodas de Canaã, um típico momento em que quase todo mundo já está uns três degraus acima do chão, não há problema nenhum em chamar a saidaeira lá pelas tantas, nos bares de hoje. Porém, é também a hora em que o dono do bar já está expulsando os fregueses com a vassoura em punho e se irrita ainda mais quando descobre que, mais ou menos, 20% das vendas, vai para o prego mais alto, o famoso fiado.
Talvez Jesus não tenha pensado nesses dois entraves, o fiado e o desconforto dos donos de bares modernos, na consagração da saideira — e devemos perdoá-lo por isso, pois ele, com certeza, como bom moço que era, bebeu do próprio milagre em Canaã e dançou aos sons dos tambores judaicos. Festa de judeu é igual festa de italiano, parece final de copa do mundo. Naquele momento, possivelmente, sua onisciência foi só presente e ele foi feliz por uns goles.
Devo confessar que Jaguar, o maior cartunista do Brasil, é quem deveria estar escrevendo estas linhas. Portador de um fígado de titânio, amalgamado com fibra de carbono, único capaz de acompanhar o falecido Nelson do Cavaquinho em tempos de glória, numa jornada pelos bares do Rio de Janeiro, no ápice da boemia, nos de 1960, Jaguar é dono da frase mais épica da história etílica da humanidade. E ela surgiu depois de uma frustrada caminhada pelo calçadão de Copacabana. Ao final do trajeto, língua de fora, chamou um táxi e parou no primeiro quiosque que encontrou. Sentou-se à mesa diante do mar e fez seu pedido: cerveja e lingüiça-frita; ao brindar, disse: ‘colesterol, aqui me tens de regresso!’
Acredito que a saideira é a passagem para o paraíso. É o momento em que o homem é mais fraterno. Abraça ao próximo sem se importar quem ele é, sua voz fica mais afinada, ou o ouvido menos exigente, e canta com coração e alma as canções mais novas das décadas passadas. É uma das visões e audições mais belas da humanidade, um coro de bebuns em ato de consagração à saidera. É fato que a vizinhança, às vezes, chama a polícia e o delegado é quem fica com a frase de encerramento: “vão em paz e que o senhor vos acompanhe”.
Caso você duvide, caro leitor, faça você mesmo sua pesquisa de campo e peregrine pelos botecos de nossa cidade, peça licença a sua patroa, diga que é um trabalho sério, pode até parecer palhaçada, mas é uma maneira de entrar em contato com o milagre de Canaã, que chegou até nós através da saideira. Uma mulher que briga com o marido por causa da saideira, está brigando com o milagre de Canaã, ou seja, heresia grave.
Além disso, bebuns de todo Brasil, uni-vos, e façamos um abaixo assinado para ser remetido ao Vaticano: é preciso beatificar e canonizar o Epocler e o Epativan. Dois santos da manhã seguinte, aos quais não podemos mais parar de rezar, pois não somos como Jaguar e temos fígado de carne e sangue. E para provar que não somos intransigentes, agraciaremos os bebuns ecológicos, maioria filiada ao Partido Verde, com a canonização do Boldo. Edifica-se assim, já não sem tempo, a santíssima trindade da proteção hepática, sem a qual o milagre das Bodas de Canaã deixará de fazer seu efeito sobre nós. Que o vinho seja louvado e bebido. Ordens do chefe.
Crônica inspirada num comentário de TOM VITAL, no post, Quaresma.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entropia social: a sociedade copia o universo


Um sistema (do grego sietemiun) é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado. É uma definição que acontece em várias disciplinas. Vindo do grego o termo "sistema" significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto". Hoje também usado para analisar e estudar a sociedade: sociologia

Componentes: são partes que compõem um conjunto.

A entropia (do grego εντροπία, entropía) é uma grandeza termodinâmica que aparece geralmente associada ao que se denomina, não em senso comum, de "grau de desordem" de um sistema termodinâmico. Em acordo com a segunda lei da termodinâmica, trabalho pode ser completamente convertido em calor, mas calor não pode ser completamente convertido em trabalho. Com a entropia procura-se mensurar a parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas.

A Termodinâmica (do grego θερμη, therme, significa "calor" e δυναμις, dynamis, significa "potência") é o ramo da Física que estuda as causas e os efeitos de mudanças na temperatura, pressão e volume - e de outras grandezas termodinâmicas fundamentais em casos menos gerais - em sistemas físicos em escala macroscópica. Grosso modo, calor significa "energia" em trânsito, e dinâmica se relaciona com "movimento". Por isso, em essência, a Termodinâmica estuda o movimento da energia e como a energia cria movimento. Historicamente, a Termodinâmica se desenvolveu pela necessidade de aumentar-se a eficiência das primeiras máquinas a vapor, sendo em essência uma ciência experimental, que diz respeito apenas a propriedades macroscópicas ou de grande escala da matéria e energia

Entropia social: marcha da maconha, parada gay, marcha com Jesus, protestos das vadias são exemplos de conjuntos que desejam liberar a energia de seus componentes. Como em toda ação a energia consumida tem sempre um excedente, ela fica no espaço e causa a tensão e elevação da temperatura, que nos dá idéia de que tudo vai ao caos. Ledo e Ivo engano, isso é a própria dinâmica do universo.

Vários conjuntos liberando energia não consumida acabam por gerar Entropia. É assim no universo com suas galáxias, que consome cada vez mais energia, mas como se expande, a temperatura cai. O mesmo ocorre na sociedade: o aumento de relativismo moral, inicialmente, causa espanto e atritos, a temperatura sobe, mas a dialética, o debate democrático vão estabilizando a temperatura e os conjuntos se alocam nas concepções virtuais que temos. Somos grupos virtuais, pensamos como pessoas que vivem distante de nós, mas somos componentes de um mesmo conjunto. Isso é a viagem do século XXI.

domingo, 26 de junho de 2011

Em sampler com lupinum: todo poema tem um bufão dentro



Deixe que lhe abra a blusa:
Eis o formato de teus seios em sonhos.
A curva de tuas costas são as galáxias de onã.
Cachos a roçar a pele que inflama.
Baba-se palavras diante de tua beleza.

Poesia só vale se poeta é fálico.
Se germina a terra em cavidade pantanosa.
Já o canto noturno das aves é o revirar dos olhos.

Desaguar-se é ato cometa estatelado no céu.
O movimento constantemente estático.

Eu te amo, no ir e vir das brumas da meiguice.

***

Abraço a tarde como se faz no amor.

Esqueço a pálida iniciativa de ser o mago,

O deus, o anjo.

Abraço o hálito da noite como se faz no amor.

Cuspo a vaidade do bufão que faz sonetos.

Só há copos, tigelas e chinelos vazios.

Os objetos da casa se desmancham.

Jogados no fundo do tempo,

Carregam lembranças e gestos que não vi.

Importância nenhuma. Memória tosca.

Amei uma mulher de cabelos negros.

Marcou-me a carne como sol da tarde.

Uma tirania vilã, um autoflagelo.

Perda irreparável daquilo que eu era:

Séculos antes, nos balanços sob as árvores.





sexta-feira, 24 de junho de 2011

MPB ALTERNATIVO - OLHO D'ÁGUA - 1995-2001/2

clara ilusão: uma das que mais gosto, JUNTO AO SOM DA FLOR (NOME PROVISÓRIO QUE TORNOU-SE DEFINITIVO)


O Som da Flor: progressivo folk mineiro "eu queria ter feito a página do relâmpago elétrico". O SOM DA FLOR, NESSE VÍDEO, TEM O SOM DO SHOW, MAS AS IMAGENS FOI A CLÁUDIA QUEM FEZ, SÃO IMAGENS ATUAIS SOBRE UMA DAS CANÇÕES QUE REALMENTE EU GOSTO E MUITO...



aproveitando que o bom e velho Alexandre&Vera estavam a ouvir OLHA D'ÁGUA no feriado, resolvi postar umas das canções que mais gosto e que não tem no CD (demo que fizemos), vou postar aqui para o Tom Vital também conhecer. ouvíamos muito CLUBE DA ESQUINA, Led Zep e Beatles. aí deu numa sequência de canções.


ABAIXO, Tom, uma lista de canções que o Samuel colocou no YOU TUBE, sob o nome Zenuck, são 25 vídeos... acima(no primeiro vídeo) são cenas de um show que fizemos em cruzeiro, no teatro capitólio. não foi bem um show, mas um recital para os amigos, uns 200. gravamos com câmera parada porque queríamos o som da mesa. dentre os 25 vídeos, Samuel fez por sua conta, a banda acabou mais ou menos por 2001/2. se tiver tempo, dê um bizu.


http://www.youtube.com/user/ZenucKy



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Quaresma

(Sobre texto de Mouzar Benedito)

..... Sua mãe o havia batizado como Quaresma. Trabalhava como ajudante numa borracharia. Vida dura, filhos pra criar e pouco salário. Mas às sextas-feiras o dono da borracharia liberava um churrasquinho; mas só depois do expediente. Em meio a pneus e ferramentas, sujos de graxa, os funcionários da borracharia recebiam no rosto a luz do carvão em brasa, em meio aos tijolos improvisados como churrasqueira. Sonhavam com tempo melhores, que seria igual a dinheiro no bolso. Além da carne, havia a cachaça e, naquele dia, Quaresma pouco falou; apenas divagou pela própria cabeça.

Passou o fim de semana e na segunda-feira, bem pela manhã, se demitiu. O patrão, boquiaberto, não encontrou resposta para o ato. Só mais à tarde o vento trouxe as novas: Quaresma ia abrir uma igreja na garagem de sua casa. Agora ele seria o Pastor Quaresma. Junto dos filhos pintou o cômodo e até desenhou uma cruz na parede do fundo, que para pessoas mais minuciosas, Cristo ali crucificado, teria o braço esquerdo maior do que o direto; mas ninguém percebia a diferença, só se olhasse muito de perto.

Até ao fim da semana já tinha 10 freqüentadores. Com 10% de dízimo de cada um, detalhe: todos os freqüentadores recebiam salário mínimo, conseguiu o seu salário mínimo sem grandes esforços. Impulsionado pela demanda do mercado, calculou que 20 freqüentadores dar-lhe-iam 2 salários mínimos. 30 freqüentadores, a glória dos 3 salários mínimos. Sua garagem não suportaria 40 freqüentadores. Quando alcançasse um número maior do que 40, já seria hora de criar uma franquia. Quaresma era movido pelo sonho da prosperidade e tinha um espírito empreendedor.

Um dia, foi visitar os velhos amigos na borracharia, foi de roupa nova, já tinha 30 freqüentadores. O ex-patrão ficou curioso e perguntou ao Quaresma onde ele havia estudado para ser Pastor. Quaresma respondeu:

— Pela manhã escuto aos programas de rádio evangélicos e católicos e de noite repito tudo, no púlpito da minha igreja.

Era mamão com mel. O ex-patrão ficou encantado com a esperteza de Quaresma, mas depois pensou se isso não seria errado. Mas preferiu o silêncio, como todo o restante da sociedade que circundava o Quaresma.

Mas nem tudo são rosas e um dia, findado o culto, parou um carro à porta da igreja do Quaresma e homens de preto, gorro na cara, invadiram o local e quebraram as cadeiras, deram uma bolachas no pobre Quaresma e mandaram ele fechar, senão, quem apanhariam na próxima seriam seus filhos. Quaresma chorou diante do fim do sonho. Mais tarde descobriu que os homens trabalhavam para outro Pastor, que não queria concorrência, uma espécie de Al-Capone das igrejas. Quaresma ainda não podia arcar com a segurança de sua igreja. Resolveu fechar. A mulher o abraçou e disse a ele que era um bom homem. Talvez um dia chegasse lá.

Sem outro remédio, voltou pra borracharia e o ex-patrão tornou-se patrão outra vez. Quaresma tinha filhos e era um homem bom, tanto que quase virou Pastor da noite pro dia. Os colegas de trabalho também o consolaram; ainda lembraram que sexta-feira teria o velho churrasquinho de sempre.

E foi assim, de novo diante das brasas do carvão que um colega de Quaresma o tirou de sua tristeza, ao perguntar-lhe:

— Já pensou em abrir um centro espírita?




quarta-feira, 22 de junho de 2011

Celebração Celta: uma música simples, para homens do campo, três acordes, depois que sol se vai, é hora de dançar e cantar. música é isso:

eu tinha esse encontro de músicos adeptos da música tradicional irlandesa em VHS. há tempos tinha perdido a fita, mas o you tube me salvou. pelo menos uma música eu consegui encontrar. é massa, uma música pra festa da colheita; saca a dança dos músicos ouvindo a própria gravação. não se sabe o autor....pouco importa....a gente reverencia....


terça-feira, 21 de junho de 2011

SANTOS

fume Sartre


beba Niestzsche


Marx nas veias, nos canos
reze diabolicamente como Focault

escreva como Buarque




pense como Camus e volte a fumar Sartre e a beber Marx e a cheirar e a viajar como Foucault .....


....kerouac o mais santo
...

domingo, 19 de junho de 2011

Sigilo Abjeto


Max Weber e o conceito de Estado
A definição weberiana de Estado é talvez uma das mais famosas na Sociologia. No artigo Política como Vocação, o autor afirma que o Estado é "uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência legítima (isto é, considerada legítima)". Assim, na conceituação de Weber, o Estado é um aparato administrativo e político que detém o monopólio da violência legítima dentro de um determinado território, a partir da crença dos indivíduos em sua legitimidade.

Ideli Salvati
a ministra destacou, sobre os arquivos da ditadura, que o governo não defende o sigilo eterno, e sim a renovação dos sigilos em relação a três temas:
integralidade do território, segurança nacional e relações internacionais.


As pesquisa históricas estão proibidas no Brasil. Apagar o passado É A ORDEM. O PT é o grande irmão.


LAMENTÁVEL, O GOVERNO DILMA QUER TUTELAR O LIMITE HISTÓRICO DO POVO BRASILEIRO, AO DETERMINAR O SIGILO ETERNO DOS ARQUIVOS DA DITADURA, NO QUESITO GEOPOLÍTICA. SOMENTE AS INFORMAÇÕES LIGADAS À QUEBRA DOS DIREITOS HUMANOS, ATENTADOS CONTRA INDIVÍDUOS, SERÃO ABERTAS. HORROR, COMO UM HISTORIADOR FARÁ SUAS PESQUISAS? DILMA & PT E DERIVADOS ESCREVENDO UM CAPÍTULO DA HISTÓRIA DO BRASIL COMO SE FOSSEM OS GRANDES IRMÃOS DO LIVRO, 1984, DE GEROGE ORWELL. O PT É UMA ILHA QUE FICA CADA VEZ MAIS LONGE DO BARCO DOS TRABALHADORES. REZO A BRECHT A SARTRE, PORQUE A HISTÓRIA ESTÁ NO CÁRCERE E É UM PARTIDO SINDICALISTA QUEM ESTÁ A GOVERNAR.






ahh! 15/06/2011. ESPERO QUE CHICO BUARQUE TENHA PASSADO UM BOM ANIVERSÁRIO....

sábado, 18 de junho de 2011

Democracia, Benjamim Franklin, Tony Benn e a imprensa livre





Será que um dia conseguiremos discutir o papel da mídia de maneira democrática e não somente empresarial? Atrás de uma suposta idéia de liberdade de imprensa, as empresas de informação estão cada vez mais donas da verdade e do discurso único. Não há debates. É preciso livrar Benjamim Franklin(1706-1790) do estigma de sua frase, "a imprensa é mais importante do que os partidos políticos". Ele disse isso num contexto norte-americano, a imprensa a que ele se referia, era a imprensa que anunciava, em sua época, os avanços da ciência. Ele sabia que vivia numa sociedade formada por puritanos e que o frágil laicismo só podia ser mantido pelo constante transitar das notícias sobre os avanços da ciência; a ciência, hoje, ontem, amanhã é o grande antído ao criacionismo e às teocracias islâmicas e cristãs medievais, de ontem e de hoje e de amanhã.

já ao neoliberalismo, pouco importa o papel e o formato do Estado, desede que o mesmo mantenha seus diretos ao lucro especulativo e sigiloso (Liberdade, é o nome que dao a isso). por isso precisam da mídia empresarial, que age da mesma maneira que uma empresa comprometida com o lucro, e não com a verdade jornalistica.

Tony Benn: "O voto é um grande avanço nas sociedade modernas, mas agora precisamos usá-lo para discutirmos políticas públicas e programas sociais, não direitos constititucinais à iniciativa privada".

"Na Europa o hábito da leitura se iniciou pelo livro, nos EUA, pelos periódicos". Lucien Febvre


terça-feira, 14 de junho de 2011

Silêncio


Ao que parece, a música está morta. Sinto falta de um silêncio no mundo, a música necessita de um substancioso silêncio para alcançar profundamente a alma humana. A característica principal de nosso mundo, em termos musicais, é o ruído, mais uma ausência de harmonia. A afinação da voz não é mais necessária. Não há mais grandes guitarristas, nem grandes bandas, nem grandes canções. Apenas uma música para surdos, estampadas nos clipes e horda de fãs que se matam por pessoas que são famosas, mas não talentosas.

Proponho que passemos a ouvir o silêncio. Imagine que você possa entrar numa loja de CDs e comprar a Sinfonia do Silêncio. A capa branca, as faixas organizadas em Concertos do Silêncio; do número 1 ao 5.

A primeira faixa, o Concerto do Silêncio número 1, são cinco minutos de um silêncio absoluto. Já na segunda faixa, depois de três minutos de silêncio, se ouve ao fundo o suave espumar do mar na areia, aquelas espuminhas que explodem aos nossos pés, quando a onda lambe a areia e ainda reflete os raios do sol em suas costas; não, não haverá clipes para o Concerto do Silêncio, foi licença poética desse patético cronista.

Já na terceira faixa, além do silêncio, das ondas lambendo a areia e fazendo espuminhas, surgem vozes de gaivotas em ecos, como se o mar à frente fosse infinito, pronto para preencher adequadamente o coração de afetos e de projetar o ouvinte numa solidão infinita, que é o estar consigo mesmo; nenhuma outra voz na cabeça além do silêncio.

Na quarta faixa do Concerto do Silêncio, acrescenta-se o som do vento nos cabelos de uma sereia, de seios cobertos por algas, à toda estrutura já exibida nas três faixas anteriores. O auge da quarta faixa seria o sorriso dessa entidade do mar, devidamente ilustrado por um acorde de violão, um mi menor com baixo em lá, afinado no diapasão, exigência mínima do instrumento inventado pelos árabes.

O encerramento, no quinto movimento, inicia-se com a lua surgindo no horizonte, um som indescritível de mãos tocando a pele da mulher amada, e de novo o vilão em mi menor com baixo em lá, seguido de uma variação do mesmo acorde com uma pitada de dó maior, mais a nona nota. Depois o som gelatinoso dos remos de uma jangada, ‘onomatopaicamente’ incatalogável, embasado pela espuma do mar e elevados com as notas mais altas das gaivotas em vôo.

Mas se você não entendeu nada do que escrevi, então ouça Dorival Caymmi e então você entenderá o mar, a lua, a jangada, o violão afinado e as gaivotas. ‘O mar, quando quebra na praia, é bonito, é bonito”. O som do silêncio.

PS: como todo CD tem um bônus track, o Concerto do Silêncio trará uma sexta faixa, só que em veneração a floração dos ipês amarelos, que ocorre em todo mês de agosto, nossa primavera imaginária, ainda nos rastros do inverno.

domingo, 12 de junho de 2011

Ao beijaço e ao mamaço



peço licença aos habitantes da TERRA PLANA, jair bolsonaro e derivados, para inserir nesse pequeno blog o apoio incondicional ao beijaço contra a homofobia. licença também para o facebook, que censura fotos de mães amamentando seus filhos, ao que parece, considerado obsceno pela rede social mais famosa do planeta; esse americanos são de arrepiar. deveriam banir a bomba atômica, a imagem do bush, o criacionismo e mais republicanismos tucanóide.

clamo aos céus que bob marley possa nos ouvir e mandar um avatar seu às terras esféricas, porque elas estão oblongando-se em função do pensamento ortodoxo.

que homens e homens e mulheres e mulheres se beijem e casem e tenham filhos e filhas e sejam livres. só há essa vida, suguemos dela sua essência, o máximo possível; sejamos como os vagabundos do dharma, como os beats;

um dia irão proibir a pietá de michelangelo; ainda não viram direito seus afrescos: és um homem ou uma mulher, brilhantemente estampada no teto da capela sistina? responda vc.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

O mito da Criação


Adão e Eva

É claro que os judeus não acreditam no mito de Adão e Eva. Não, eu não errei, é sim um mito judaico, usado pelos cristãos, impresso no Antigo Testamento. Ou melhor: os cristãos chamam o Torá, um dos livros sagrados dos judeus, de Antigo Testamento. Não sei como ficou a questão legal dos direitos autorais, pois foi o primeiro ‘download’ que se tem notícia: os cristãos baixaram pra si o Torá e trocaram-lhe o nome. No começo do cristianismo, os cristãos podem ser entendidos como uma espécie de MST: Movimento dos Sem Testamento. Como Jesus era judeu, seus seguidores, séculos depois, ‘ocuparam’ o Torá e disseram ao mundo que aquilo era cristão.

Mas não é isso que quero dizer nesta crônica. O mito de Adão e Eva é um dos mais belos, desde que seja entendido como mito. Claro que a humanidade não nasceu de Caím, único filho homem do casal primordial que sobrou. Pra quem não se lembra, Caím matou Abel e todos não foram felizes para sempre. Quem é dado a leituras do Antigo Testamento, digo o Torá, sabe que há uma emenda no mito: no rodapé dá página onde Deus castiga Caím, fica escrito que ele vai para uma terra distante, onde há outros habitantes. Por isso é um mito, porque foi escrito por humanos e precisa de uma emenda em função de sua irracionalidade. Um ser perfeito criaria um mito falho?

Responda você, caro leitor: um casal branco, sim Adão e Eva eram brancos, pois os judeus são brancos, daria luz a toda diversidade étnica humana? Negros, amarelos, vermelhos, brancos, cinzas, todas nasceram do ventre de Caím? Claro que não. Mas em se tratando de fé, não há discussão.

Porém, por um minuto, vamos imaginar que os criacionistas, com os pés bem plantados numa Terra plana, pois para o antigo testamento a Terra é plana e não esférica, tenham razão: toda a humanidade nasceu do ventre de um homem, que seria Caím. É mais do que urgente avisar aos homofóbicos que, homossexuais não só podem se casar, como também podem dar a luz. O deputado Jair Bolsonaro, que anda a crucificar gays a toque de caixa, digo moralmente, e em nome de Deus, precisa ser avisado que está a ofender a ‘lógica’ do mito da criação: se homens podem dar a luz, como Caím, logo podem se casar também; ficar contra isso é crime. Ei, não fique bravo comigo, é o que está no Antigo Testamento! Se todos descendemos de Caím, homens podem ter bebês.

Comédias a parte, clamo a todos os céus e deuses que os homens dessa Terra, esférica a meu ver, possam ler Charles Darwin e entender o processo da evolução das espécies. Pra quem não sabe, a Igreja Católica é evolucionista-darwinista, entende em sua doutrina que a própria evolução é divina, uma vontade de um criador que, se é perfeito, criaria coisas perfeitas ao longo de um processo de bilhões de anos. E no frigir dos ovos, somos a platéia para admirar e proteger a ‘natureza’ em que estamos imersos. Pena que a destruímos em nome de um capitalismo nada divino, diga-se de passagem.

Se você ainda tem dúvidas sobre a Evolução das Espécies, na hora em que você for tomar banho, perdoe a invasão de sua privacidade, caro leitor, olhe para seus pés no chão, sustentando seu corpo ereto, — espero que você tome banho sem sapatos —, você irá ver uma coisa sagrada: um primata que evoluiu e que pisa o chão da Terra com o corpo ereto; sim, somos animais, e o formato de nossos pés, mãos e membros são os de um primata; nós evoluímos. Animais multicelulares que morrem e adubam a terra e que criam as mais belas histórias ficcionais que se tem notícia, entre elas, Adão e Eva.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ironias obscenas II



FHC e o THC: Fernando Henrique Cardoso quer a legalização da maconha, será sua bandeira para as eleições presidenciais de 2014. Interessante é que enquanto a molecada de São Paulo leva pancada da polícia administrada pelo PSDB de Alckmin, porque afinal é ‘crime’ simplesmente pedir a legalização da maconha em passeatas, Fernando Henrique faz o mesmo no Fantástico, programa da Rede Globo e em horário nobre. Pergunta que não quer se calar: FHC vai apanhar da polícia de São Paulo e/ou ser preso? O partido dele é a favor da maconha, mas reprime com força bruta as passeatas em prol de sua legalização, como a que ocorreu em São Paulo? O treco louco, sô! Será o efeito do Tetra-Hidro-Canabinol (THC), princípio ativo da maconha, no cérebro da alta cúpula do Tucanato?

Tinha um Palocci no meio do caminho: O PT, em nível federal, estadual e municipal, em todo o país, continua parecendo um elefante numa loja de cristais. Ainda não aprendeu a eficiência tucana de apropriação ‘indébita daquilo que não lhe pertence’. Palocci, se fizesse como os outros ministros ‘consultores’ de outros governos, e comprasse imóveis em Nova Iorque e/ou outros países, com suas gordas comissões, não passaria a vergonha de ter os seus dados vasados do sistema tributário do estado de São Paulo, governado pelos seus arqui-inimigos, os tucanos. Isso me fez lembrar que nas últimas eleições presidenciais, José Serra, PSDB, além do aborto, vivia falando do vazamento ilegal de dados de sua filha da Receita Federal. Será que ele vai reclamar do vazamento de dados da empresa do Palocci?

O KIT Gay: Dilma entendeu que orientar questões sexuais é mais para psicólogos e familiares dos alunos do que para pobres professores. Imagino o filme, que vi no YOU TUBE, nas mãos de educadores, os que ainda acreditam em Adão e Eva, tendo que explicar a bissexualidade sob a ótica biológica. Essa é a diferença entre ela e o Lula. Lula lançaria um KIT CORINTHIANO, uma estátua de São Jorge rodeada de miniaturas dos craques que jogaram no clube. Entre elas a miniatura do Rui Rei, com a camisa da Ponte Preta, que jogou a final do paulistão de 1977 contra o próprio Corinthians; onde ocorreu o fim do jejum do Timão de 22 anos sem títulos. Para os corinthianos mais novos, a presença do Rui Rei é em função de sua expulsão, logo no começo do jogo da final de 1977, prejudicando por demais a Ponte Preta; depois o Corinthians comprou o Rui Rei. Coincidência.

Mensalão da FIFA: Ricardo Teixeira foi flagrado, em gravação telefônica, dizendo o quê ganharia com seu voto em Josef Blat, espécie de Napoleão da FIFA, nas eleições que Blat concorreria sozinho; mais uma vez. Interessante é que a Rede Globo não fez nenhuma reportagem que aprofundasse o assunto. Será que tem alguma coisa a ver com os contratos de transmissão dos jogos das copas?

Os 12 de Realengo: Ninguém mais fala no assunto, até que aconteça outra tragédia. Enquanto isso, a comercialização de armas e derivados corre solta: revólveres, crack, corrupção, pedofilia (sacra ou mundana), roubos a caixas eletrônicos por policiais, novelas da globo, árbitros do brasileirão, Obama e Osama, professores agredidos, duplas caipiras, animais caçados no pantanal e ad infinitum. Ou seja, pra baixo qualquer santo ajuda. E as vítimas somos todos nós, culpados por conivência.

Acredito na Justiça: sim, não sou assim tão pessimista. Espero que o Vaticano beatifique e canonize também João Paulo I (sim, é primeiro mesmo; nome: Albino Luciani) que teve um pontificado brevíssimo; 33 dias. Morreu misteriosamente dentro das muralhas do Vaticano, depois de ter anunciado que doaria os bens do Banco do Vaticano, o Banco Ambrosiano, aos pobres, em 1978. Em seu lugar foi eleito Carol Wojtyla, que prestou uma bela homenagem a seu antecessor, escolhendo o nome de João Paulo II. Detalhe: João Paulo II não doou o dinheiro do Banco Ambrosiano aos pobres; nem Bento XVI pretende fazê-lo. Que Deus seja louvado!!