sábado, 29 de outubro de 2011

Caráter zero



Globo:
morre de amores pelo Brasil, mas não deu nem uma notícia se quer sobre os jogos Pan Amercanos. Só por que os direitos de transmissão são da Record? Quanta ética. O jornalismo da Globo não precisa de um ombudsman, mas sim de caráter.

Veja: Como disse o velho guatambú, Alício, a Veja eculhanbou o ENEM pela falta de questões de Literatura na prova. Detalhe: o governo estadual que a revista apóia, a tucangem, que gerencia a escola pública em São Paulo, criou uma apostila que não tem tal conteúdo. Detalhe: alunos de escola públicas, segundo os governos Serra/Alckmin, não precisam conhecer Graciliano Ramos, Jorge Amado, Guimarães Rosa e Machado de Assis. Ou a Veja não pesquisa dirieto para fazer suas reportagens, ou é uma filha d...., mesmo.

Folha de São Paulo: também conhecida com Falha de São Paulo, manteve sua censura ao blog, Falha de São Paulo. Quem diria, pois era esse mesmo o jornal que dizia, aos quatro ventos, que era o Lula quem desejava controlar o direito de expressão e o escambau... Agora é a Folha (Falha) quem censura um blog com processo na justiça. E não pensa duas vezes em falar de liberdade imprensa. O que há, na realidade, é libertinagem de interesses dos donos das empresas de notícias.





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Folha também defeca na cabeça dos leitores


Extra! Extra! Lord Frias Vader se filia ao PSDB!

Depois que Frias descobriu que o Tucano, ave símbolo do partido mais americano do Brasil é mal visto pela população rural do Brasil, pois é uma ave que não sabe voar direito, em função do bico e que come tudo o que vê pela frente, não deixou para amanhã o que poderia fazer hoje, filiou-se ao PSDB. Ainda tem mais, descobriu que o tucano anda em bandos e aniquila a produtividade de qualquer nicho em pouco tempo. E quando resolve voar para atravessar um rio, em busca de novas áreas para privatizar, quer dizer, sugar, se houver uma rajadade vento mais forte a ave retorna de onde iniciou seu vôo; ou seja, e a única ave que voa de volta para onde estava, num círculo extraordinário. Isso encantou Frias e os americanos: a arte de voar para trás.

sábado, 22 de outubro de 2011

O curió real



Leonel Nepomuceno era um homem que conheci ainda menino. Tinha um bigode negro sobre uma pele morena, usava óculos e uma boina de guerrilheiro sobre os cabelos. Era um clone do falecido Saddam Hussein. Aposentado, sempre como uma gaiola nas mãos, propagava aos quatro ventos que seu curió era tataraneto de uma ave que pertencera ao Rei Pelé. Logo um pássaro de alta estirpe. Sempre tirava um recorte de jornal do bolso, onde mal se via Pelé com uma gaiola nas mãos, menos ainda o curió que ostentava com orgulho, e ‘provava’ a ancestralidade de seu pássaro a qualquer cético que pusesse em dúvida a nobreza de sua ave. Estava ali, na cara de todos, em pena e osso, um tataraneto do curió de Pelé. Um era a cara do outro. A foto e o artigo no jornal não o deixavam mentir, documento histórico irrefutável.

Outras peculiaridades comprovavam, segundo sêo Leonel, a descendência de seu curió: A) Em dia de jogo da seleção brasileira, o curió assoviava no mesmo tom do Hino Nacional. B) Se alguém se aproximasse de sua gaiola com uma camisa do Corinthians, o curió tinha queimação de estômago. C) Em dia de jogo do Santos, se cantava alegre, ficava claro que o time da Vila estava prestes vencer. Isso ainda lhe conferia mais status, além da nobreza, era um curió profeta.

Sêo Leonel não vendia o curió por preço algum, mas tinha uma tabela para acasalamentos. Se o proprietário de algum curió fêmea quisesse ‘cruzá-la’ com sua ave, ele não só cobrava como queria saber o pedigree do criador em questão: corinthianos, palmeirenses e tricolores que não batessem à sua porta. Seu curió real não iria misturar sua descendência com os principais rivais do peixe da Vila Belmiro. Torcedores de clubes de outros estados eram tolerados. Sêo Leonel ainda afirmava que as várias luas-de-mel de seu curió foram regadas ao som do hino do Santos, executados por sua ‘sonata’, numa rara gravação em vinil da Orquestra Sinfônica do Brasil, em performance exuberante na comemoração do primeiro título mundial do clube.

Em abril de 1984, o curió real subiu aos céus ao apito final de uma goleada de 5 gols do Flamengo no Santos, em pleno maracanã, pela Taça Libertadores. A ‘ave peixeira’ não suportou a humilhação da goleada. Em meio ao luto, e cheio de desejos de vingança, Sêo Leonel lançou uma maldição sobre o futebol brasileiro. Com habilidades até então secretas nos malefícios do vodu, preparou um boneco rubro-negro e lhe cravou espinhos e agulhas. Verdade ou não, o futebol brasileiro perdeu, dois anos depois, a copa de 1986, no México, quando o rubro-negro Zico desperdiçou o fatídico pênalti contra os franceses. Acredito piamente que a maldição da França começou ali, com o boneco vodu do Sêo Leonel, e teve seu ápice na copa de 1998. Ronaldo, não menos flamenguista, teve algo que nunca descobrimos o que foi, mas o suficiente para causar uma tragédia em três cocos em nossas cabeças. Final: França 3 X 0 Brasil.

Em fevereiro 2001, Sêo Leonel morreu. Seguiu o rumo de seu curió real. Deixou saudades, não havia quem não gostasse dele, suas histórias faziam a meninada sonhar de olhos abertos e acreditar na possibilidade de se controlar o universo com vodus e cantos de curiós reais.

Na Missa do Galo de 2001, encontrei com a esposa dele, Dona Maria Silva de Nepomuceno. Ela se lembrou de mim e eu não evitei comentar sobre as histórias de seu falecido marido; o espírito de Natal nos permitiu lembranças alegres. Então lhe perguntei:

— ...a senhora se lembra do boneco vodu do flamengo que ele fez?

Se lembro! Queimei ontem. Ano que vem tem Copa.

Coincidência, ou fim do malefício, em 2002, o Brasil se sagrou Penta Campeão na Coréia e com ressurreição de Ronaldo Fenômeno. A maldição havia passado.

Depois o tempo passou e fiquei curioso: o vodu de sêo Leonel só não afetara a copa de 1984, nos EUA, onde Romário, Dunga e CIA venceram a Itália por 0 x 0. Vitória com gosto de empate, semi-maldição. Então confesso: em 2006 fiz um vodu do Roberto Carlos. Deu no que deu. Mal eu sabia que ele tinha validade até Felipe Mello 2010. Depois dos dois cocos holandeses, incinerei o boneco ao som do Hino do Santos. Sêo Leonel, onde estiveres, perdoe-nos, meu bom homem. E lembre-se: em 2014 a copa é aqui, final no Maracanã, palco rubro-negro.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Jacques Tati


Há homens com caras de santos que me condenam.

Eu sou o resto.

Sobra acadêmica.

Uma ilusão em carro motorizado.

Eu sou pontual no trabalho.

Quem se importa? As caras feias continuam.

Vou faltar pra ver o sol.

Ver o sol.

A árvore banhando-se de sol.

Enquanto isso o capitalismo destrói a si mesmo.

E todos alardear-se-ão como testemunhas da modernidade.

Eis a qualidade.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

No more Wall Street



Perdoe-me, vento suassuna,

Mas também comunico fatos

E me perco dos versos.

Vencido por moinhos imóveis,

Pelas catedrais sangrentas,

Espero medroso o dia em que os filhos me verão estúpido.

Alma penada que perdeu os dentes.

Vendi a alma.

Como todo homem tolo e hábil,

Vendi a alma. E a pouco soldo.

Esse monstro inumano que nos traga, é vencedor.

É esplendor de mutilações.

O moinho cravou a lança em minha coragem.

Meu coração é mera palha na boca dos porcos.

Não há sonho.

Só a lata do tempo maquinal me sangrando.

Monstro! Bestialidade! Te dei minha alma

E pela boca, recebo alimento.

Proteína e carboidrato.

Há que se lamber os fatos nas conversas de história.

O capitalismo é fonte que me inverte.

Eis-me verme e não mais homem.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sertão renascentista - Elomar Figueira



Vou cantá no canto di primero
as coisa lá da minha mudernage
qui mi fizero errante e violêro
Eu falo sério e num é vadiage
E pra você qui agora está mi ovino
Juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui ôve o queu digo
Si fo mintira mi manda um castigo

Apois pro cantadô i violero

Só há treis coisa nesse mundo vão
Amô, furria, viola, nunca dinhero
Viola, furria, amo, dinhero não

Cantado di trovas i martelo

Di gabinete, lijêra i moirão
Ai cantado já curri o mundo intero
Já inté cantei nas portas di um castelo
Dum rei qui si chamava di Juão
Pode acriditá meu companhero
Dispois di tê cantado o dia intero
O rei mi disse fica, eu disse não

Si eu tivé di vivê obrigado

um dia i antes dêsse dia eu morro
Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro
já vi iscrito no livro sagrado
qui a vida nessa terra é uma passage
Cada um leva um fardo pesado
é um insinamento qui desde a mudernage
eu trago bem dentro do coração guardado

Tive muita dô di num tê nada

pensano qui êsse mundo é tudo tê
mais só dispois di pená pela istrada
beleza na pobreza é qui vim vê
vim vê na procissão do Louvado-seja
I o assombro das casa abandonada
côro di cego na porta das igreja
I o êrmo da solidão das istrada

Pispiano tudo do cumêço
eu vô mostrá como faiz um pachola
qui inforca o pescoço da viola
E revira toda moda pelo avêsso
i sem arrepará si é noite ou dia
vai longe cantá o bem da furria
sem um tostão na cuia u cantado
canta inté morrê o bem do amo.




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O crepúsculo dos mortais

Os ídolos morrem, primeiro, na arte. Depois não param mais de morrer.


Espero a melhor parte do dia.

Quando não é dia nem noite.

Talvez cesse o açoite.

O não riacho, a não nuvem e o não céu estancaram seu sadismo,

finalmente o fim da tortura.

Quando não é dia nem noite, espero a alma se tornar leve, apenas um pouco.

Penas, pássaros, homens na luz de quando não é dia e nem noite.


avisarei aos deuses que o crepúsculo é presente.

é ali, no horizonte que nos abarca, em cartões postais e fotos de calendário.

o tempo nos ignora, como a cigarra, toca sua guitarra.


não é dia, nem noite.

o sol descança em paz pro dia que não mais haverá carne e ossos.

os deuses se despedem,

e nós, humanos, dançamos à beira da estrada.


dá-me 'su mano'.


é a música ao fim do crepúsculo.

É noite, fechemos os olhos.

do nada ao vazio, e num piscar de olhos.


Esperança? quer saber se tenho esperança?


Sim, de que haja uma Valquíria após o fim dos tempos.





" o homem é uma invenção moderna e está prestes a se diluir naquilo que entende sobre si mesmo"


Não há arte possível na linha do horizonte, pois o homem nunca está lá, ele é sempre uma máquina desejante a posteriori, sempre.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A escola


O ruim de ir para escola, em minha época, era que isso implicava em deixar de assistir o Vila Sésamo; um dos poucos momentos da História moderna em que um programa de TV era mais educativo que a própria Escola

Eu tinha um profundo pavor quando andava de carro com meu pai e ele me mostrava pela rua, crianças um pouco mais velhas usando uniformes escolares. Todas meio que iguais, com expressões infelizes. Após baixar o dedo dizia, “ logo você estará assim também, indo para a escola”. Um vento frio cortava a minha alma durante a duração daquelas palavras. Eu, desesperado, perguntava quando ocorreria, com a voz fraca, com os olhos marejados; fazia de tudo para ele não ver minhas lágrimas.

O fato dele olhar para frente, para o trânsito aliviava mas ele respondia que seria só quando eu tivesse sete anos. Então ele perguntava, “quanto anos você tem?”. — claro que ele sabia, mas me testava e eu respondia, “cinco!”, com a mão aberta. Aqueles dedos brancos esticados eram o símbolo de minha idade. Aí, vinha resposta mais linda de minha vida, “daqui a dois aniversários”.

Como os aniversários demoravam para chegar, pois eram dias excelentes pra se ganhar presentes, respirava aliviado. Ainda haveria uma eternidade para percorrer. Poderia continuar a viver em paz.

Não, eu não queria ir para escola. Jogava bola no quintal, subia em árvores, conversava com meu cachorro e tinha uma cumplicidade com minha goiabeira. Que mais um ser humano poderia querer? Mas o tempo passava e eu não via; ele agia sorrateiramente. Como pode haver acordo entre uma criança e o tempo, se ele não avisa que passa? Acho que o tempo é o adulto disfarçado; sim o tempo é o adulto. É como tirar um índio da floresta e dizer pra ele que naqueles prédios todos da cidade, há felicidade. Céus, há quem acredite nisso!

O uniforme esticado sobre a cama no ano em que completaria sete anos, mefez infeliz. Tudo soava com um sinfonia de morte. O barulho de meus amigos gritando na rua, lá fora, soava como adeus. Não poderia brincar o tempo que quisesse. Estava prestes a atravessar um limiar e não o queria fazer. Se pudesse olhar o futuro, não o faria. Continuaria brincando na rua, correndo atrás da bola e subindo em árvores.

Mas fazer o quê? Há quem possa com pessoas que se acham superiores? Não, somente matando ou os enfiando em guarda-roupas.— imaginava fazer isso com pessoas chatas na esperança de encontrá-las devoradas por traças, mais tarde. Se tivesse feito isso, talvez tivesse livrado o mundo de uma série de burocratas. E olha que eu nem os conhecia direito, mas antes de o saber, já sentia que estavam na escola; conhecimento a-priori dito Kant? Talvez, mais o faro de criança que detecta um meliante dessa categoria e de longe, a cem mil quilômetros. O maldito tecnocrata sempre aparece e quer resolver tudo com regras e então fui para a escola, de uniforme, sem direito a réplica. Nela, todos estavam iguais a mim; mas engraçado, que na TV, diziam que aquele troço de comunismo era mal. E eu vestido igual a todos. Teria eu me transformado num comunista?

—...Não meu filho, uniforme é para por ordem! — naquele instante descobria que a ordem era sinônimo de cara fechada, brava, imparcial, sem cor. O que eu poderia querer com um lugar desses? Nada. Nem pude escolher o lugar que queria sentar. Depois, no recreio, aprendi o primeiro palavrão de minha vida. Foi muito educativo.

Comecei a aprender uma série de coisas, entre elas, que a existência pressupunha ser outra coisa, além do que eu já era. Começava a deixar de ser eu mesmo para percorrer um caminho recheado de conteúdos e avaliações, para ser alguém no futuro. “ Você não vai querer puxar carroça, não é?” Eu respondia que não, a essa pergunta da época, nos anos 70. Mas tinha inveja do cachorro que dormia ao sol, na calçada, em plena segunda-feira, sob o sol tropical do país que alugamos.—há quem não tenha casa e aluga uma; há quem não tenha país e aluga um. É assim que sempre me senti.

Assim, entrei para o mundo dos normais: A Escola. Era um lugar que me ensinava bastante. Ex: que Duque de Caxias era herói do Brasil. E que tudo era governado por adultos. Quanto mais conhecia adultos, mas entendia que eles eram sérios. Só sabiam ser sérios. E me rotulavam constantemente.

—Aquele ali não vai ser boa coisa. Olha como ele suja a roupa no recreio, jogando bola?

Realmente não me tornei grande coisa. Hoje sou professor e mais do que nunca, com vontade colocar burocratas nos guarda-roupas para que as traças não morram, — uma espécie franciscanismo de minha parte, associado ao desejo de poder trabalhar sonhando. Também para livrar a sociedade de tão enfadonho peso.

Junte-se a mim e vamos expulsar o burocrata que há em nós.

Nesse momento você está mais para um ofício, ou para um solo de piano?


domingo, 9 de outubro de 2011

The war is over - happy birthday, Mr. Lennon

" ...de uma chance a paz e faça desenhos como se você fosse uma criança"









"A vida é aquilo que acontence enquanto você faz seus planos"

sábado, 8 de outubro de 2011

Incredible String Band



no orvalho que paira sobre a terra amanhecida, sinto um desejo profundo.

É meu ser no mundo, desejando ser livre, vagabundo.

No formato da nuvem meu dia útil se faz.

Em abril quase não há nuvens.

Apenas o sol, cruzando o céu preguiçoso de meus desejos.

Meus beiços lambendo seios virginais.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Catecismo Tucano

Serra com a Bíblia Pentecostal nas mãos, nas vésperas da eleição 2010


Nenhum partido parece mais sem rumo do que o PSDB. Assisti a uma entrevista do Senador Aécio Neves, na UOL, com o repórter Kennedy Alencar, onde fica claro que a tucanada não sabe o quê fazer, parece aquela ‘biruta’ usada em pistas de pousos de aviões de pequeno porte: vira pro lado que o vento estiver tocando. E a culpa, claro, foi de José Serra, com seu discurso medieval nas últimas eleições, disse Aécio Neves.

O senador deixa claro na entrevista que, o PSDB, sempre esteve próximo de setores da sociedade com pensamentos mais avançados, afinal, é o partido da social-democracia. Porém, o apelo religioso, meramente eleitoreiro, de José Serra, junto a utilização hipócrita de temas como o aborto, a proximidade oportunista com pastores evangélicos, do tipo ‘malafaias da vida’ e de setores da CNBB, que andam de braços dados com a Opus Dei, transformou José Serra num cavaleiro medieval esdrúxulo, capaz de afirmar categoricamente que a Terra era plana e que Deus havia lhe dito, num momento tipo George Bush, que Dilma Rousseff era então o próprio demônio; desde que isso lhe desse votos.

Além dessa baboseira medieval, o PSDB ainda carregava e carrega a maldição das privatizações. De leve, vamos lembrar que todos os países que seguiram a receita que o partido sempre preconizou, quebraram exemplarmente. Vide Grécia, Espanha, Itália, Irlanda; ou seja, olhe bem pra cara dos apresentadores do Jornal Nacional, que sempre defenderam o neoliberalismo tucano, e cobre explicações mais claras do porquê dessa crise. Não querem falar, mas o fato é que esses países privatizaram até as privadas de suas respectivas mães e agora estão à beira do caos.

Se o povo brasileiro tivesse tido a insensatez de ter escolhido outro que não fosse Lula, a essa hora estaríamos usando madeira para fazer fogo para cozinhar, pescando peixes no rio Paraíba, ou até mesmo comendo carne humana, porque em momentos de crises profundas, só nos resta o canibalismo; mas tenha certeza de que, se estivéssemos hoje, num governo federal tucano, atravessando a mesma crise que os países europeus atravessam hoje, o Jornal Nacional, à noite, diria que tudo estava bem, tirando a crise, a eterna crise, que é coisa de país moderno e globalizado, bem a gosto do tucanato.

Pô, meu! Até energia elétrica faltou no governo desses caras. Não foram capazes nem de olhar o nível das represas das hidrelétricas. Por isso acho que o mais sensato de todos os tucanos é o Fernando Henrique. Ciente de sua incapacidade de administrar a economia, a cultura, a educação e a imagem internacional do Brasil, passou a lutar pela liberação da maconha. Fico feliz, pois encontrou seu verdadeiro caminho. Esse já não atrapalha mais a gente. Mas ainda sobraram alguns de alta plumagem, com crucifixo no pescoço e desejos de entregar o Pré-sal aos EUA.

Fico imaginando como serão as convenções do partido para as próximas eleições municipais: gente com bíblia embaixo do braço, apresentação de relíquias – dedos de santos, fotos do Papa -, download do Espírito Santo, hinos evangélicos, projetos de beatificação de José Serra e outras pérolas. Já outros assuntos: salário de professores, de médicos, dentistas, planos de carreira e aposentadorias, estrutura educacional, reforma política, projetos de geração de energia, fortalecimento do MERCOSUL, geração de empregos, extermínio do termo PRIVATIZAÇÃO da doutrina do partido e mais... AHHH! São assuntos chatos, que outros partidos cuidem disso. Para os tucanos serristas, as convenções não chamar-se-ão convenções, mas sim Concílios tucanos para eleições municipais.

Interessante é que, apesar de todo esse fervor religioso, os tucanos andam a tira-colo com os políticos do DEM, chamados de os demos pela voz do povo da blogosfera. Por essa o catecismo tucano não esperava.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dilma, os ratos e a imprensa... again


Acima, ficha falsa de Dilma Rousseff, publicada pela Folha de São Paulo, a mando de José Serra



"Incrível, é poder filosofar em alemão", como já disse Caê Veloso. Assim, o que explicaria os 71% de aprovação da pessoa Dilma Rousseff:

a) A Náusea que todos sentimos quendo assistimos ao Jornal Nacional, com sua velha forma de noticiária 'agrada eleite', tentando minar aos poucos a imagem da guerrilheira presidenta e a galera saca?

b) O extermínio de Ratos da base governista, (PMDB, PR, PT e quem mais vier)?

c) O patético discurso de José Serra na última eleição, uma espécie de pregador medieval, que só falava em aborto, religião e mais nada e transformou Dilma num demônio - detalhe que, ele até então, viria a perder para um demônio; êta candidato bom! - porém, depois se percebeu que ela não era nada daquilo que Serra, CNBB e mais escória haviam dito? Será?

d) O discurso inexistente de oposição? Afinal o PSDB defende a política que está quebrando o mundo afora, vide Europa, no qual a solução para a crise é uma CPMF no bloco europeu, de Bolsa para Bolsa, para gerar 55 bilhõe sde Euros ao ano.


e) O descrédito da Folha de São Paulo que censurou um blog (Falha de São Paulo) que fazia uma paródia do 'mangnânimo' jornal, vestal da liberdade, e isso não é permitido numa democracia?

Imagine se fosse a Dilma a propor isso o 'CPMF' na zona do euro, - foi a Merkel - o mundo viria abaixo com as trombetas neoliberais decadentes dos jornais corruptos do planeta: Globo, Fox, CNN, Folha de São Paulo, Veja e esgostos mais: em unissono: É COMUNISMO!!!!


Que Marx, oxalá, nos proteja.



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pearl Jam, A&V, Tom Vital, Pink Floyd: selvagens cães da noite




"A mãe do poeta retira a fralda do poeta

A mãe do poeta limpa a bunda do poeta

A mãe do poeta coloca o poeta debaixo do chuveiro

A mãe do poeta escova a boca do poeta

A mãe do poeta dá banho no poeta

A mãe do poeta passa talco no bumbum do poeta

A mãe do poeta coloca uma nova fralda no poeta

Agora a mãe do poeta dá papinha na boca do poeta...

Ufa! Que trabalhão meu deus! Exclama a mãe do poeta

Agora que o poeta adormeceu a mãe do poeta

Pode assistir a sua novela das oitos. Que começa às dez

Calma gente o poeta tem apenas um ano de idade"...


poema de Tom Vital: mother


http://tomvitalabsinto.blogspot.com/

domingo, 2 de outubro de 2011

Poema domingueiro: enfim, o tempo deu uma trégua


Eu fui bom.

Conheci as lágrimas e os abraços.

Vi noites de saudades.

E achei um cais no futuro:

O lençol e a carne de tuas pernas.

Enamorei-me da névoa,

Do tempo que não há,

Que sonha.

Agonia é dor de quem ama.

E o amor é bico de rapina.

Tudo em que pensava era falta.

Um corte na textura da carne que ninguém via.

Uma canção.

Uma alegria.

Cara cheia de tinta.

Máscara feita de vinho.

Inebriado.

Enlatado.

Estatelado.

Eu fui bom e jazz-me uma herança:

Silenciosa moralidade esquisita.

sábado, 1 de outubro de 2011

A morte


(escrita em 2000 e baseada em fatos reais; hoje folclóricos)

Eu vi a morte de minha avó, um clima tenso. Minha mãe chorando, minha tia, uma prima mais velha, a empregada, como se ninguém no mundo morresse. Como se fossemos imortais e só minha avó que não. Bem típico dos ocidentais. A morte como algo que não deveria ocorrer. Santo Deus, George Harrison fez uma música para se encontrar com o criador e curtiu numa boa sua vida. Quem acha que a morte não virá, é melhor pensar e repensar o fato.

Quando fiquei mais velho, vivi a morte de meu pai, de meus tios e de uma série de pessoas ligadas a minha vida. Às vezes ficava pensando na morte como algo cruel, que levava o doce sabor do viver. Uma armadilha inevitável. Viver era sobre tudo, fugir da morte. Quando me encontrava extremamente feliz, olhava para o lado, para trás, achava que a morte estava chegando. Pois sua aparição sempre fora numa hora feliz, em momentos de beleza.

A notícia da morte de meu pai chegou no meio de uma tarde ensolarada de outubro. Minha mãe com uma camisa amarela nas mãos se preparava para desenhar o número 10, seria minha primeira camisa de futebol com número. Eu tinha 12 anos. Ao fim daquela tarde iria estreá-la no campinho, no meio dos amigos. Sentia uma felicidade extrema, uma ansiedade saudável, maravilhosa. Mas não deu, bateram à porta e levaram minha mãe. Levaram-na ao hospital. Meu pai estava indo, subindo a escada para o céu, após ter o corpo batido várias vezes dentro de um carro que capou diversas vezes. Hemorragia interna. Perdi a camisa dez da seleção.

O tempo foi passando eu fui digerindo a morte. A gente vai ficando mais duro e até começa a dar risada. Dessa maneira pude prosseguir e cheguei até a idade adulta. Meus filhos nasceram e hoje já não tenho medo da morte. Acho que não. Sei que ela virá, mas se der para negociar, vamos enrolando. Eu não olho pra morte e ela não me vê.

Mas o que queria contar era outra coisa. Era sobre humor e morte. Quem faz os outros rirem, deve ir para o céu. Por isso, com certeza, dois primos mais velhos irão para o céu. Sabe o que eles fizeram certa vez? Não? Então ouça:

Era uma noite de sexta feira e os dois estavam num boteco chamado Senadinho. Era um lugar especial, um bar para senadores, uma espécie de sala de reunião de bebuns de primeira categoria.

O dono do bar lavava os copos silenciosamente, enquanto a dupla olhava o nada e conversava dois assuntos de forma simultânea. E se entendiam.

A certa hora do processo, um infeliz, que vinha em sua bicicleta, parou diante do bar, visualizou a dupla em suas respectivas cadeiras e foi logo dizendo, sem nenhuma preocupação.

—Vocês sabem quem morreu?

A dupla parou com os copos e olhou para o sujeito que trazia a notícia.

—Não!!— responderam.

Era um amigo da dupla, estava mal já alguns meses. O típico caso em que a palavra, “descansou”, aparece em meio à explicação da morte. Mas para dois bêbados não é bem assim. A própria ciência já diz que o álcool potencializa tudo. E com eles não foi diferente.

—PÁRA TUDO!! PÁRA TUDO!!— como se tudo já não estivesse parado àquela hora da madrugada. Em suas mentes o bar estava cheio. Pessoas em outras mesas poderiam estar bebendo e era preciso parar e por muitas vezes.

—PÁRA TUDO!!

O mensageiro deu a notícia e se foi, sem nunca imaginar o quê suas palavras causariam. Os dois ficaram em debate-monólogo. Cada um com o seu. Mas chegaram a uma conclusão: iriam ao velório. — às vezes um acordo entre professores nunca sai e vira uma eterna ladainha, mas entre esses dois bêbados a coisa foi rápida. Pagaram a conta e saíram. Seria o último adeus ao amigo que havia partido.

Chegaram à porta da casa e entraram. Eram conhecidos da família e foram abraçando todo mundo, que não perceberam, a princípio, o grau etílico da dupla.

Perto do caixão estava a mãe, que claro, conhecia os amigos de infância do filho. Lágrimas para um lado, lágrimas para outro e pronto, o assunto foi acabando. Quando isso ocorre, é hora de acender um cigarro.

O mais velho ainda fumava e enfiou a mão no bolso. Com uma agilidade incrível, conseguiu tirar um cigarro no formato de um clips e isso após uns dez minutos. Porém achar o fogo, o isqueiro, seria outra odisséia; talvez até desse cãibra no braço e então ele fez o óbvio: foi em direção as chamas dos castiçais que estavam na cabeceira do falecido.

Quando se está bêbado as paredes parecem de gelatina e claro, se mexem. E foi tal fenômeno que tirou o centro gravitacional daquele meu primo, que foi ao chão com castiçal e tudo. Fez-se mais silêncio ainda no velório, um espanto pela catástrofe tão cômica, não fosse a dor e o corpo do ‘Homem’ em seu fim eterno. As velas rolaram e a conseqüência foi lógica: foram expulsos do velório. E sem que o cigarro fosse aceso.

Acho que a solução para problemas como esses são simples. Basta um cara na porta dos velórios com o bafômetro na mão. ISO 14000 de funerárias, para quem não quer bebuns no velório. Quando aparecer um sujeito meio suspeito, é só conferir o grau alcoólico e pronto, tudo bem. Só que não quero isso para mim.

Quero que amigos apareçam com garrafas. Só assim saberei que valeu a pena ter vivido a vida. Deve ser duro estar ali, morto, enquanto alguém chega com um papel na mão, tal como um troféu póstumo, e com os olhos cheios d’ água, vai mostrando aos outros enquanto diz:

— Este foi o relatório mais importante que ele preencheu!!

— Ohhhhh!!! — responde a massa vestida de negro.

Seria uma vergonha. Pense no formulário que mais lhe atravanca o viver. Vai! Pára com isso, vai!

Saúde!! Tim tim!!